Seja Um Anjo escrita por LunaLótus


Capítulo 12
Nós


Notas iniciais do capítulo

"A linhagem do anjo Miquel seria de fato muito antiga, se tivesse existido ou se se conhecesse algo sobre sua existência. Miquel foi o primeiro dos dez anjos escolhidos para ter uma vida mortal. Naquela época, aquela era a maior honra que se era concedida a um anjo, ter a chance de gerar descendentes mais fortes para as tropas divinas. Mas, ao que se sabe, nenhum dos seus se tornou um ser angelical. Miquel adotou seu nome como seu sobrenome, como está escrito na árvore abaixo."

*Revisado em 21/05/2016.



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— RAEL! – grito, empurrando-o.

Suas mãos ainda estão na minha cintura, quando ele se afasta um pouco. Um sorriso safado surge em sua face, o que é bem estranho, porque “Rael” e “sorriso safado” não se combinam, de forma nenhuma.

— O que foi, meu amor? – pergunta ele, com um tom de voz descarado. – Não gostou?

Eu o olho e me pergunto se estou meio louca. Aquele é o Rael?

— Você bateu a cabeça? – questiono, tentando me passar por preocupada. – Está com febre, delirando?

— Claro que não – responde e completa, baixinho: – Imaginei que você gostasse de caras assim, Samantha. Não foi com um desses que você ficou há algum tempo?

Eu gelo. Ele não podia saber disso. Ele não tem como saber disso. Já foi há mais de dois anos! Eu precisava me enturmar, tinha um cara a fim de mim, e eu fiquei. Mas foi só isso. Nunca mais o vi. Como aquele intrometido do Rael descobriu isso?

— Andou investigando a minha vida? – rebato, com raiva. – Você não está aqui para isso, se preciso lembrar.

— Estou aqui para proteger você. Mas parece que seu maior perigo é si mesma. Esqueceu das regras? Envolvendo-se com mortais, Samantha? – pergunta, como se não acreditasse naquilo. Como se eu o tivesse decepcionado.

Mas e daí se eu o decepcionei? Ele não é o meu pai. Ele não é nada meu. Não devo nada a Rael. E fique quieto, coração, porque eu não lhe perguntei nada.

Como resposta, eu apenas o encaro.

— Não vai me responder?

— Precisa? Você já fez o favor de investigar e se intrometer em minha vida. Você pode descobrir o que quiser, certo?

Por um momento, noto uma certa surpresa em seu olhar. Então me viro e sigo para casa.

 

Não falo nada além do necessário com Rael. Chego em casa e vou direto tomar um banho. Depois de uns bons dez minutos tirando todo o suor e deixando as emoções escorrer pelo ralo, saio do chuveiro disposta a esquecer tudo o que aconteceu nestes últimos dias. Meu foco aqui é Neto. Nada mais importa.

Rael, a partir de hoje, é só mais uma pessoa. Não significa nada para mim.


 

No meu quarto, ligo meu notebook e tamborilo na mesa, enquanto o Windows carrega. Ultimamente, ele tem estado numa lentidão de dar nos nervos. Quando finalmente todas as janelas abrem, observo a foto de tela. As Vacas. As oito juntas, sorrindo para a câmera, no último dia do Hades – ou colégio.

Agora é até engraçado que eu sinta falta daquele local. Cada espaço tem uma história e aquele prédio com certeza ficou marcado pela presença das MAPS. Afinal, derrubamos uma parede… Não, brincadeira. Não derrubamos. Eu acho.

Pego meu celular, finalmente comprado depois de muito esforço, e disco o número da primeira que vem a minha mente.

— Sam! — Bárbara grita, ao atender. – Que milagre é esse? Nunca mais me ligou! — Ouço a voz de Laís ao fundo. Eu rio.

— Senti saudades! Sinto muita falta de vocês. Estava aqui olhando as foto.

— Awwwn… Eu sei que tu me ama! Calma, vey, eu também te amo!

— Me ama, mas nem vem me ver, né?

 Ô vey, como vou aí? A gente está quase arrancando os cabelos! Se bem que o de Laís já tá caindo sozinho mesmo…

A voz de Laís se torna audível:

— Vai jogar LOL, Bárbara! Oooi, Sam! Tô com saudades!

— Ooi, Lai, eu também! Quando vocês vêm aqui? Por favor, quero muito ver vocês.

— Ah, agora só no carnaval, Sam. Tu vai viajar? Tu é enrolada mesmo! Não disse que vinha aqui visitar a gente?

— Ô vey, como é que eu vou? Tô estudando também, lembra? São vocês que têm que voltar para casa!

— Afz, não fala comigo mais, não, vey!

— Sim, vey, e por que teu cabelo tá caindo? – pergunto.

— Por que ela tá ficando velha! — Bárbara grita.

— Mentira! Sai daqui, Bárbara! Pintei meu cabelo de azul, Sam.

— Oxe, o celular é meu!

— Mas eu tô falando com a Sam agora.

— Ela ligou para mim, e não para você!

— Liguei para as duas – falo, mas na verdade estou mais rindo.

— Sam, shiu! Não se mete.

— Ai, grossa! – Rio. – Vey, preciso desligar. Venham logo aqui, porque preciso mesmo ver vocês. Logo, logo, eu vou embora.

— Ui, gente, vai para onde? — pergunta Lai.

— Não sei ainda. Só sei que vou. Mas eu... – hesito e pigarro. – Eu aviso a vocês.

— Tá bom, Sam. Vê se não some de novo! Beijos, fica bem. I need you!

— Beijos, Sam! I need you!

— Beijos! I need you too!

Respiro fundo, deixando o celular em cima da cama. Falar com minhas amigas me fez lembrar de uma coisa: mesmo que um menino venha e deixe sua vida de cabeça para baixo, suas amigas sempre estarão ali para lhe lembrar que te amam e se importam com você. Um garoto pode te rejeitar, mas suas amigas de verdade... Bem, elas estarão contigo até o final dos tempos.


 

Saio do quarto. Tomei minha decisão. Eu vou até o fim desta história; tenho um leve pressentimento que ela está prestes a se acabar.

— Rael – cumprimento, ao chegar na cozinha. Não olho para ele, mas percebo que sua cabeça se ergue com expectativa e, talvez, um pouquinho de esperança.

— Oi. Oi, Sam… Olha, desc…

— O livro que você encontrou sobre Neto. Está fácil? – pergunto, sem deixar ele concluir. Enfio a cara na geladeira, procurando algo para comer.

— Sim, eu vou pegar. Tem comida no fogão, Sam… Acabei de preparar. É lasanha. Você ama, não é?

— Também amo chocolate – respondo, puxando uma barra de algum esconderijo. - Pode me trazer o livro, por favor? – Ele fez menção de se levantar, mas eu o interrompi. – Não precisa ser agora. Pode terminar de comer. Estarei na sala.

— Não vai almoçar? – questiona, um leve tom de mágoa na voz. Porém me recuso a sentir qualquer tipo de pena ou remorso.

— Não, obrigada.

Preciso sair da presença dele, e rápido.


 

Cerca de quinze minutos se passam até Rael aparecer com o livro em mãos. Durante este tempo, fiquei tentando ouvir algum ruído vindo da cozinha. Nada. Então deitei no sofá e fiquei esperando. Logo, Rael estendia o volume para mim.

— Aqui está – diz.

— Obrigada – respondo, pegando-o da mão dele.

— Posso sentar?

— Fique à vontade.

Abro o livro, uma raridade encadernada em couro, e começo a folhear. Provavelmente aquilo não tem índice, então tenho que olhar folha por folha. Por sorte, ele não é muito grande. Não tão grande quanto os outros livros da Casa.

— Vai encontrar alguma coisa a partir da página 236 – Rael fala.

— Hum, tudo bem.

Viro as páginas rapidamente, ansiosa para encontrar algo, qualquer coisa que me ajude a concluir logo esta missão. Quanto antes eu conclui-la, mais cedo me livrarei deste encosto do Rael.

— Aqui. – E começo a ler. – A linhagem do anjo Miquel seria de fato muito antiga, se tivesse existido ou se se conhecesse algo sobre sua existência. Miquel foi o primeiro dos dez anjos escolhidos para ter uma vida mortal. Naquela época, aquela era a maior honra que se era concedida a um anjo, ter a chance de gerar descendentes mais fortes para as tropas divinas. Mas, ao que se sabe, nenhum dos seus se tornou um ser angelical. Miquel adotou seu nome como seu sobrenome, como está escrito na árvore abaixo.

Debruço-me ainda mais sobre o livro, a fim de ler os pequenos nomes na árvore genealógica.

— Miquel se casou com uma mulher chamada Ângela – murmuro. - E eles tiveram cinco filhos, que se casaram. Cada um deles teve um filho. Então aí já seriam dez crianças… Mas os netos de Miquel também se casaram. E tiveram filhos. Olha só, o nome de um deles era Romualdo! – Corro o dedo pela página, percorrendo as linhas de ligações. – Ah, meu Pai, é isso! Olha, Romualdo gerou filhos, e também teve netos. E um destes netos…

— É Netinho, seu professor.

— Ah, meu Deus - sussurro. – Mas… Por quê? Por que Netinho tem essa aura? Não explica… Por que só agora, depois de quase cinco gerações?

— Não sei, mas dá uma olhada nisso. O nome da mãe de Netinho está marcado com um asterisco. Eu procurei mais informações e... – Ele vira algumas páginas. – Aqui.

E lá, escrito claramente, estava o nome da mãe de Neto.

— Então era esse o segredo… Com sangue angelical dos dois lados da família, a aura dele ficou mais forte – digo.

— Sabe o que isso significa?

Balanço a cabeça, ainda sem acreditar, e respondo:

 Provavelmente Neto se tornará um de nós. Ele será um anjo.


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Notas finais do capítulo

Anjinhooos, voltei! Gostaram do capítulo? Quem ficou com o coração apertado por causa do Rael? o/
Eu fiquei! rsrs' Queria escrever ainda tanta coisa neste capítulo... Mas iria ficar muito grande, então deixa para o próximo! Como vocês estão?
Obrigada as meninas que comentaram! E aos meus leitores fantasmas (que nem sei se estão acompanhando ou não :( ), um beijo enorme!
Beijoos!



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