Unspoken escrita por sweetie


Capítulo 4
Capítulo Quatro


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente.

Eu demorei um pouco mais do que o normal para postar esse, porque eu fiquei revisando várias vezes, como é último, eu queria que ficasse bom.



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Sherlock não estava esperando que fosse John, ele só tinha aparecido duas vezes na Baker Street no último mês. Mas, sempre era bom receber a visita de John. Nenhum dos dois notou, mas os olhos de Sherlock se acenderam de surpresa quando o doutor entrou pela porta. John estava com uma expressão ansiosa, apreensiva. Algo estava errado.

“Desculpa, eu estou interrompendo alguma coisa?” ele perguntou, e olhou para o tabuleiro de Detetive em cima da mesinha. E lembrou-se que eles costumavam jogar, ou tentar jogar, nunca dava certo.

“Não, eu já estou de saída” disse Mycroft, levantando. “Meu tédio só está aumentando com esse jogo infantil”

“Já tentou atirar na parede?” perguntou John. “Sabe, para passar o tédio”

Sherlock sorriu.

“Imagino de onde você tirou essa idéia” ele olhou para Sherlock, e acrescentou. “Ou devo dizer, quem.” Mycroft checou o relógio. “Está tarde, eu realmente preciso ir. Boa noite, irmãozinho” cumprimentou John com um aceno, e saiu.

“Não tem nenhum caso essa semana?” perguntou John, olhando para o tabuleiro do jogo. Sherlock devia ter enlouquecido de tédio para jogar Detetive com o Mycroft.

“Tem o mistério do Moriarty” Sherlock respondeu. “Fora isso, nada que valia a pena perder meu tempo.”

John sentou na sua antiga poltrona, e por um momento sentiu falta de acordar todos os dias, e tomar o chá da Sra. Hudson enquanto esperava por um novo caso.

“Aconteceu alguma coisa? A Mary está bem?” perguntou Sherlock.

“Não, não aconteceu nada”

“Então... Qual é o motivo da visita?”

“Eu só posso aparecer aqui se tiver acontecido alguma coisa muito séria?” ele brincou, mas Sherlock permaneceu sério.

“Não, é só um pouco... Inesperado”

“Ah, eu não posso ter ficado tanto tempo fora assim”

“Até o Mycroft está aparecendo mais freqüência” Sherlock se arrependeu no mesmo momento que disse, ele não queria que John se sentisse culpado. É claro que ele não ia ficar indo visitar o velho Sherlock o tempo todo, ele tinha uma vida diferente agora.

“Desculpa. É que com o trabalho, e...”

“Foi só uma observação, John” Sherlock o interrompeu. “Não precisa se explicar”

“É que do jeito que você disse, até parece que eu me esqueci de você” Sherlock não respondeu. “Porque eu não esqueci”

“Bom”

“Então, você e o Mycroft estão mais próximos agora?”

“Ele veio discutir algumas suspeitas sobre Moriarty, e encher o meu saco” deu os ombros. “Pelo ao menos, me distrai um pouco jogando”

“Descobriu alguma coisa? Do Moriarty?”

“As suspeitas não tinha fundamento. Provavelmente foram implantadas por alguém da antiga rede secreta dele. Ou qualquer outra pessoa tentando causar um alvoroço”

“Talvez por ele mesmo”

“Ainda não temos certeza se ele está vivo ou não”

“John, você está aqui!” disse Sra. Hudson entrando, com algumas sacolas de compras.

“Oi, Sra. Hudson” ele sorriu. “Quer ajuda com as compras?”

“Não, não. Só vou deixar em cima da mesa” ela disse, andando para a cozinha. “Não quero interromper vocês”

“Não coloque nada no microondas. Está ocupado. Com alguns... olhos” Sherlock avisou.

“É ótimo ver você, John”

“Obrigado, Sra. Hudson”

“E apareça mais vezes, Sherlock fica muito sozinho” ela comentou. “E faça com ele coma alguma coisa. Vai morrer desse jeito”

“Pode deixar” ele disse, enquanto ela descia as escadas apressada.

“Ela vai se encontrar com o padeiro” disse Sherlock. “Ela o trás para casa quase todas as noites. E ainda acha que eu não percebo”

Eles ficaram em silêncio. John estava juntando as peças do quebra-cabeça. Sherlock não estava comendo, e o fato dele estar jogando Detetive com Mycroft, de todas as pessoas do mundo, comprovava que ele estava se sentindo sozinho. Ele não admitiria, nunca, mas ver o como eles estavam se distanciando fazia John se sentir culpado.

“Por que você matou o Magnussen?” perguntou John.

John sabia o porquê, ele tinha que saber. Sherlock nunca tinha confessado abertamente, mas era obvio para todos. Por que John nunca enxergará?

“Então, foi para isso que você veio?” disse Sherlock levantando da poltrona. “Depois de dois meses, você aparece para discutir sobre isso?” ele suspirou, e acrescentou. “E você sabe o porquê”

“Você não precisava ter assassinado ele!” John explodiu. Ele tinha ficado com raiva de Sherlock. Não necessariamente por ele ter matado Magnussen, mas porque ele quase foi embora, de novo. “E não foi por isso que eu vim” ele suspirou, se acalmando. Não queria brigar, não agora. “Eu briguei com a Mary... Uma briga muito feia”

“Por quê?”

“Por sua causa”

“Ah, então eu também sou o motivo das suas brigas domésticas? Fascinante, John!”

“Ela atirou em você” John disse, encarando o chão.

“Eu sei”

“Não, ela atirou em você, de verdade. Com a intenção de te matar... Mas, depois se arrependeu, e chamou uma ambulância”

John olhou para Sherlock. Ele não aparentava surpresa, só assentiu com a cabeça, como se já soubesse.

“Você sabia?”

“Eu desconfiava” admitiu o moreno.

“E por que você não mencionou essa desconfiança?”

“Por que... eu percebi que ela mudou de idéia, e chamou a ambulância para me ajudar. E, é verdade que se ela não tivesse chamado a ambulância primeiro, eu poderia estar morto. E ela é sua mulher, John. A pessoa que você escolheu, e ainda carregava um filho seu-“

“Mas ela atirou em você!” John o interrompeu. Se até mesmo ele tinha batido com a porta na cara dela, com tanta raiva que não seria capaz de colocar em palavras, por que Sherlock agia como se você fosse nada demais? “E se não fosse pelo falo de eu ter me apaixonado e casado com uma maldita assassina, nós não teríamos ido a Appledore, e você não teria atirado no Magnussen”

“Eu não atirei no Magnussen pela Mary” dessa vez, foi Sherlock quem o interrompeu. “Foi por você. E o fato dela fazer parte da sua vida, não importa. Você é o meu ponto de pressão, John. Você teria ficado na linha cruzada e eu teria matado o Magnussen ou, seja lá quem fosse para te proteger”

Sherlock não tinha a intenção de dizer nada, mas ele simplesmente não aguentou. Foda-se as consequências. Agora que ele tinha começado a falar tudo que esteve entalado em sua garganta durante todos esses meses, todos esses anos, ele não iria para até dizer tudo que queria, tudo que ele já tinha pensado em dizer, mil vezes.

“Eu voltei à vida por você” ele disse, quebrando o silêncio. John o encarou confuso. “Mary me matou. Ou, pelo ao menos, por alguns minutos, ou segundos... Eu estava no meu palácio mental, desde o momento em que a bala entrou em mim, tentando pensar em um jeito de sobreviver, um jeito de voltar, de não ser abatido pela dor. Então, eu pensei que você estava em perigo. Eu não tinha certeza na hora quem era a Mary, se podíamos confiar nela ou não, e eu simplesmente não podia deixá-lo com alguém que tinha a possibilidade de ter colocar em perigo”

Sherlock suspirou, e andou até parar a centímetros do rosto de John, e involuntariamente colocou as mãos no rosto do amigo, que não se deu o trabalho de retirá-las, ou se afastar.

“Perdoe-me, por ter ido embora há dois anos, eu não queria. E, eu realmente quase entrei em contado várias vezes, mas eu não podia arriscar te colocar em perigo. Eu ouvi você pedindo por mais um milagre, eu estava lá. Eu ouvi, e ter que me controlar para não sair correndo e te abraçar, te confortar, pedir desculpas e nunca mais sair do seu lado, me doeu de uma maneira que você não pode imaginar” John segurou as mãos de Sherlock, que encostou a testa na do amigo, ambos respirando pesadamente.

“Desculpe-me, por tudo, John. Porque você não merecia ter passado por nenhum sofrimento por minha causa. Você, John Watson, é o melhor ser humano que eu já conheci, você me salvou várias vezes, e de muitas maneiras. E eu vou ser eternamente grato por ter você na minha vida, mesmo que eu não mereça”

“Cala a boca, Sherlock” John disse, um pouco mais alto do que pretendia, e Sherlock se afastou. “Cala a boca, porque eu não posso mais ouvir nada. Eu estou me sentindo mais culpado ainda agora... Depois de saber-“

“Eu não disse nada disso com a intenção de que você sentisse culpa”

“Eu te disse, para calar a boca” John avisou, mais uma vez. “Por que você nunca me contou?”

“Qual parte?”

“Tudo! Merda, Sherlock. Você podia ter aparecido na porra daquele cemitério, você podia ter me abraçado, e ter dito tudo isso. Droga, eu iria para sei lá onde que você esteve durante esse dois anos, com você... Quando você estava indo embora, de novo, eu me controlei contra o impulso de correr e entrar naquele maldito avião, mas a Mary estava grávida, e você não me disse nada. Você nunca me disse nada” ele balançou a cabeça com raiva, de si mesmo, e de Sherlock. “Tudo o que você precisava ter feito, durante todos esses anos, era abrir a sua boca e falar. Era tão difícil assim?”

Sherlock, que estava de lado, voltou a encarar John, surpreso, pasmo. De todas as reações que ele esperara que eu amigo tivesse quando ele finalmente confessasse tudo que queria, essa não estava entre nenhuma das alternativas, mas era melhor do que qualquer uma delas.

“Eu não sei mais o que eu devo dizer” confessou John.

Sherlock estava pronto. Ele sabia. John sabia. Deus, e mundo deviam saber também. Agora que ele já tinha tido tempo para pensar, e admitir para si mesmo o que sentia por aquela pessoa parada na sua frente, e sabendo que o sentimento era recíproco, as palavras ficaram mais fácies de sair.

“Eu estou apaixonado” ele disse, e as palavras saíram de um jeito melhor do que ele esperava. Por que não dizê-las do jeito certo? “Apaixonado por você. Eu te amo, John Watson”

Um sorriso enorme, de orelha a orelha, se abriu no rosto de John, que correu até Sherlock e o beijou. Puxando o amigo pela gola do casaco, e ficando na ponta dos pés para que seus lábios alcançassem os de Sherlock, ele fez, finalmente, aquilo que sempre desejou secretamente. O moreno segurou John pela cintura, puxando-o para si, tentando diminuir ao máximo o espaço entre os dois.

Beijar Sherlock era intenso, ele realmente sabia o que estava fazendo, mas não era só isso. Esse beijo era o resultado de anos de palavras não ditas, olhares que transbordavam sentimentos que nunca foram confessados, e desejo. Um desejo que não seria saciado tão facilmente.

Quando John começou a descer a mão pelas costas do casaco de Sherlock, o moreno se afastou. Ainda mantendo as mãos no corpo do mais baixo, que o olhava confuso.

“Qual é o problema?”

“Eu-eu acho que você devia voltar para a casa, John” Sherlock disse, recuperando o fôlego. “Para a Mary”

“O que? Você está maluco?” ele perguntou, perplexo. “Eu não vou a lugar algum, Sherlock. A minha casa é aqui, na Baker Street, com você, sempre foi. Eu não deveria nunca ter saído daqui, assim como você deveria ter me abraçado na porra daquele cemitério, e me levado embora junto com você” Sherlock sorriu. “Mas, nós vamos consertar isso, e colocar todas as coisas no lugar, do jeito que tem de ser. Você foi à melhor coisa que já aconteceu na minha vida, e eu não quero nunca mais me separar de você. Eu te amo, Sherlock Holmes” ele disse, e sorriu, se sentindo ridiculamente bobo e feliz. Sherlock sorriu junto. “Eu te amo, Sherlock. Eu te amo”

Sherlock não pensou duas vezes, e voltou a beijá-lo, dessa vez com mais certeza, mais intensidade. Depois, simplesmente o abraçou, com toda a força que tinha. Abraçar John, tê-lo em seus braços, era como escorregar em um lugar acolhedor. É quente, é certo, e puxa e gira as entranhas de Sherlock de dói tanto como conforta.

John se afastou por um momento, só para o olhar o rosto do amigo – bom, esse rótulo mudaria a partir de agora –, que agora estava decorado com o sorrido mais lindo e sincero que ele já vira. Ele sorriu, e acariciou o rosto do moreno, se perdendo na imensidão de seus olhos azuis... ou eram verdes?

Isso fez com que Sherlock sorrisse mais ainda, o entusiasmo no rosto de John, a felicidade que ele transbordava, chegava a ser infantil talvez, um pouco exagerada. E por alguma razão, ele sabia que se pudesse ver o próprio rosto agora, ele veria exatamente a mesma expressão.

Eles voltaram a se beijar, porque era bom, porque eles precisavam desse contato mais do que qualquer coisas, porque nunca se cansariam disso. Sherlock envolveu John, e o carregou até o quarto, onde iriam terminar o que já tinham começado, o que iria se repetir milhares de vezes. E entre beijos, carícias, olhares apaixonados e declarações trocadas, os dois aproveitaram a primeira, de muitas noites que viriam pela frente.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que vocês acharam?

Obrigada a quem acompanhou até aqui.

E, deixem um comentário rapidinho, por favor.