Thoughts escrita por Havhe


Capítulo 1
Capítulo Único




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Percy Jackson estava determinado a quebrar o gelo entre Nico di Angelo e ele mesmo. Não porque havia muita diferença entre os dois filhos dos Três Grandes deuses, mas, essa barreira seria, talvez, o obstáculo mais difícil entre eles, no qual filho de Poseidon necessitava de todo o seu esforço para passar. Percy estava tentando, por um longo tempo, quebrar o gelo ao redor do coração de Nico para finalmente obter o pequeno semideus e aquece-lo das mais variadas maneiras.

Embora Nico não estivesse mais com raiva de Percy pela morte de Bianca –e até mesmo havia se tornado um amigo para ele –o filho de Hades ainda era muito distante em relação a isso. Annabeth e Grover tinham-lhe dito que o pequeno semideus era assim com todo mundo, e, até certo ponto, isso era verdade; Nico guardava para si, na maior parte, a escolha de apenas um grupo seleto para se socializar – Assim pode-se considerar a presença de Nico, no qual apenas acena e assente com a cabeça como forma de se socializar, pois palavras lhe faltam para falar com quem quer que seja.

Percy sabia, apesar de reafirmação de seus amigos, que Nico era blindado e muito bem trancado em si, especialmente com ele. Viu como Nico agiu com Annabeth e Rachel, até mesmo com Travis e Connor – que mesmo o filho mais distante de Hades não poderia evitar olhar com cara feia para as bagunças que faziam –, e percebeu com seus próprios olhos a frieza de como o pequeno semideus agiu com eles. Estava longe de discernir o quão incrivelmente frio e bruto era o filho de Hades, e isso o afastava cada vez mais de Percy.

Foi sutil ver as diferenças de como Nico agia perto do filho de Poseidon, e, com olhos verde-mar que tudo viam, o semideus mais velho tinha pegado até o menor detalhe em cada sinal de fraqueza por parte de Nico, embora o adolescente agisse timidamente em torno Percy. Ele tinha pouco a dizer que, ali surgia, um indício de que o pequeno semideus estava escondendo algo que o filho de Poseidon nunca saberia. Nico observava Percy com o canto dos olhos ao invés de diretamente, sentava-se ainda mais longe, ele ficou tenso quando o filho de Poseidon tentou aproximar-se dele. Na primeira tentativa, Percy pensou que pequeno semideus estava apenas segurando algum ódio persistente, um pingo de raiva pela a promessa que ele não tinha conseguido manter.

Então, Percy tinha aprendido a ler os olhos de Nico. Uma das maiores mudanças no pequeno semideus desde que o mesmo tinha descoberto sobre seu pai e perdeu sua irmã, foi nesse momento que ele quase parou de se expressar e manter ligações com os outros jovens do Acampamento no qual era rodeado – ele havia se fechado e jogado a chave fora, manteve-se longe de demonstrar suas emoções, apenas para salvar o capricho ocasional de seus finos lábios e ver o quanto ele estava se divertindo ao confundir a cabeça de Percy –.Exceto que, seus olhos às vezes mostravam mais do que talvez ele mesmo queria. Foi só por acaso que Percy tinha pegado o caminho certo para o interior dos olhos de Nico depois de tanto sofrimento.

Tornou-se uma espécie de jogo para Percy depois da primeira vez, ele percebeu como os olhos de Nico brilharam quando o Stolls haviam pregado uma peça, particularmente divertindo-se à custa dos semideuses de Afrodite. Toda vez que ele via Nico, Percy observava o filho de Hades com o canto dos olhos – igualmente como o menor fazia –. Observava como as íris escuras do adolescente se acendiam ou escureciam dependendo de com quem ele falava e sobre o que falava. Com Annabeth os olhos de Nico ficaram um tom neutro, ligeiramente opaco, quando a filha de Atena falou de seus planos para o Olimpo. Com Travis e Connor, o filho de Hades teve um leve sorriso enigmático nos lábios, mas seus olhos brilhariam com diversão genuína – até mesmo para que ele não podia escapar de seu senso de humor.

Tendo em mente as suas observações, Percy se aproximou Nico em um dia de hora livre. Era mais um dia perante outros quando inverno se tornou mais frio e rigoroso, com um centímetro de neve sobre os terrenos dos campos de morangos e com mais neve que ainda estava em queda livre pelo céu. Foi no final da tarde e já estava ficando escuro, como aconteceu em dezembro. Nico estava sentado nos degraus de seu chalé, quase escondido contra a obsidiana negra. Se não fosse pela a neve em torno do pequeno semideus, o adolescente vestido de preto provavelmente teria sido mais difícil de detectar.

— Ei, Nico! — Percy cumprimentou, oferecendo a Nico um sorriso.

Previsivelmente, Nico ficou tenso quando Percy falou. Ele não olhou para cima e nem desviou o olhar de onde ele estava tentando se concentrar em polir a lâmina de sua espada de ferro estígio, correndo com a lâmina em um pano preto. O anel de caveira de prata que ele usava brilhou na luz restante do dia, Nico ofereceu seu próprio cumprimento, idêntico ao de Percy.

— Se importa se eu sentar? — Perguntou Percy, quando seu amigo apenas deu de ombros em resposta. O filho de Poseidon se agachou e se sentou no degrau ao lado de Nico. Ele olhou para o adolescente e acabou por pegar novamente o caminho certo nos olhos do pequeno, apenas olhou para ele debaixo dos seus fios desiguais na franja preta. Não foi o suficiente para Percy identificar nada de novo em seu olhar escuro, no entanto, ele queria ser capaz de ver o interior dos olhos de Nico, tentar descobrir o que o pequeno semideus estava escondendo, ver se ele poderia finalmente entender por que o filho de Hades era tão distante em comparação a todos os outros.

— Você quer alguma coisa? — Perguntou Nico com a voz suave, mas, contundente.

— Só queria sair, nós não nos falamos muito durante o dia. — A mente ex-viciada de Percy em TDAH foi rápida o suficiente a fornecer-lhe uma resposta igualmente contundente, mas ele mordeu as palavras de volta, não querendo dar as suas intenções.

Nico fez uma pausa em seu polimento e ergueu sua espada até verificar o seu progresso. Presumivelmente, ele achou não satisfatório e deixou cair à espada novamente, arremessando-a no chão congelante na frente dele e apoiando o braço sobre o protetor de mão enquanto olhava na direção de Percy. Aqueles olhos escuros no qual eram apenas visíveis sob a franja ainda não eram o suficiente para Percy.

— Diga logo o que você quer. O que quer falar? — Nico suspirou e começou a fitar o chão a sua frente, não muito animado com quaisquer palavras que viriam a sair da boca de Percy.

— Bem, como está o seu pai? — Percy começou, atropelando alguns possíveis temas em sua mente.

A testa de Nico arqueou sob sua franja, como se ele não acreditasse Percy tinha realmente vindo apenas para perguntar sobre Hades.

— Ele está ocupado, como sempre. Perséfone está lá para lhe dar uma mão, por isso estou aqui. — Respondeu ele, parecendo ir junto à pergunta do semideus mais velho.

— Ela ainda não se acostumou com você? — Percy olhou com uma expressão triste em seu rosto, como se quisesse consolar o menor a qualquer custo.

— Não, ela está bem comigo. Mas nós temos uma regra silenciosa para quando ela está lá. Eu tenho que ficar fora do caminho. É bom para mim, realmente. É fácil ficar longe dela, apenas pelo fato de ter medo de ela me transformar em qualquer coisa. — Nico balançou a cabeça e deu de ombros.

Percy sempre quis saber o porquê de Hades ter de casado com ela. Para começar a distrai-lo, Percy começou a “brincar” com seus próprios lábios, o filho de Hades o encarou com tanta força que ele jurou que podia sentir a temperatura em torno dele cair alguns graus. Então, ele deixou o assunto passar e se concentrou em apenas falar sobre qualquer coisa com Nico.

Enquanto conversavam, Nico pareceu relaxar um pouco, lentamente, facilitando cada vez mais a conversa. Embora Nico estivesse agindo de forma diferente com ele, o pequeno semideus sempre parecia falar mais com Percy do que com ninguém. Foi esse fato que levou o filho de Poseidon a acreditar ainda mais que Nico estava escondendo algo. Percy se concentrou nos olhos dele quando o filho de Hades finalmente começou a realmente olhar fixamente para ele. O que viu o surpreendeu.

Era quase como se Nico tivesse regressando para a versão mais jovem de si mesmo, excitável, íris brilhantes com o mesmo entusiasmo de que o adolescente tinha para o jogo de cartas que ele tinha havia há muito tempo abandonado. Havia admiração nos olhos de Nico, a mesma admiração que ele tinha mantido com Percy quando o filho de Poseidon tinha resgatado ele e sua irmã do Dr. Espinheiro. Havia mais, porém, entre o entusiasmo e a admiração, Percy não conseguia colocar o dedo nele.

Como a escuridão da noite caindo em torno dos dois filhos dos Três Grandes, as tochas na frente do chalé de Hades cresceram e brilhavam com chamas verdes, lançando um brilho estranho na neve branca. O ar ficou mais frio, mas, com o brilho das chamas, veio uma sensação de calor que cercava tanto Nico e Percy. Às luzes emitidas pelas tochas de fogo grego, os olhos de Nico brilharam mais, parecendo ainda mais com o seu antigo ser. Percy sabia que os olhos do filho de Hades nunca brilharam assim com ninguém, foi isso que trouxe um sorriso a seus lábios.

— O que houve? — Nico perguntou, pegando a curva dos lábios de Percy, como se o seu sorriso o irritasse. Seus olhos mudaram, ainda brilhando, mas agora com uma luz curiosa. Com um inexpressivo rosto, como geralmente era o filho de Hades. Parecia um pouco mais brilhante, com um sorriso quase genuíno em seu próprio rosto.

— Eu simplesmente não consigo te entender. Você não tem sido aberto comigo, ou com qualquer um, por um longo tempo. — Murmurou Percy. Nico arqueou a sobrancelha novamente.

Nico deu de ombros e olhou para longe de Percy, o que desanimou o filho de Poseidon. Ele tinha pensado que ele estava fazendo progressos aproximando-se do pequeno semideus, mas com essa ação, parecia que os dois estavam de volta em uma praça, cada um no seu canto. Foi um momento depois que Nico se inclinou para trás, com as mãos contra a pedra negra e fria atrás dele para apoiar-se, deixou cair à cabeça e reclinou-se para trás para olhar para o céu à noite. A neve tinha parado de cair a um tempo atrás, e as nuvens haviam se dispersado o suficiente para que Nico pudesse ver algumas estrelas.

— Não é mais como os tempos passados. E, as coisas mudam Percy. Eu não sou o garotinho que eu costumava ser. — Nico admitiu. Ele levantou a cabeça e lançou um olhar para Percy novamente, antes de dar um pequeno sorriso em vez de usar um tom melancólico, o que fazia parecer mais velho do que seus catorze anos.

Não que Percy achasse realmente necessário saber mais sobre o menor. Nico ainda era mais jovem do que ele, o filho de Hades teve a maturidade de alguém mais velho. Onde ele uma vez foi um garoto excitável com um monte de perguntas – muitas vezes irritantes – e um jogo de Mitomagia que Percy nunca se preocupou em saber do que se tratava, Nico era tão diferente agora. Ele certamente não parecia uma criança, apesar de ser calmo e retraído, Nico estava confiante, forte, à vontade com quem ele era. Manteve-se de forma diferente, com um orgulho silencioso que com certeza lembrou Percy fortemente do Senhor do Mundo dos Mortos.

— Você sabe o porquê, Percy? — Nico perguntou, de repente, quebrando o silêncio que havia caído entre os dois. Ele olhou diretamente para o semideus mais velho, provocando um encontro de olhos escuros com os verde-mar brilhantes de Percy. — É por sua causa que eu mudei tanto.

Bem, isso não parecia justo para Percy. Ele arqueou sua sobrancelha para o adolescente e estava prestes a perguntar o porquê de ele ser o motivo, mas Nico balançou a cabeça e levantou uma mão para interromper qualquer coisa que ele poderia dizer.

— Não é ruim.—, ele prometeu. Aquele pequeno sorriso, apenas um gracejo de seus lábios, estava de volta ao rosto do filho de Hades. — Na verdade, eu tenho muito a agradecer. Você me salvou juntamente com Bianca do Dr. Espinheiro e me trouxe até aqui. Por sua causa eu sei quem eu sou. Você é o único que me ajudou a salvar de meus pensamentos obscuros e conseguiu fazer com que eu perceba que eu mesmo estava errado jogando a culpa pelo que aconteceu com a minha irmã em você. — Ele se moveu um pouco mais perto de Percy, apenas alguns centímetros. — Você já esteve lá para mim. E eu sempre fugi. Fugi quando você me contou sobre Bianca. Fugi quando você tentou me manter seguro no labirinto. Fugi do acampamento após a batalha, e em seguida, também. Mesmo depois que ganhamos a guerra, eu ainda estava fugindo.

— Você não fugiu. Seu pai... — Percy apontou, ainda com a sobrancelha levantada. Nico tinha ocasionalmente deixado o acampamento desde seu chalé havia sido construído, mas normalmente, isso foi porque Hades chamou-o para o submundo para ajuda-lo, dando a ele tarefas.

— Eu não estou falando sobre meu pai. — Nico disse a Percy, interrompendo-o. Lançou a ele um pequeno olhar. Foi provavelmente uma das expressões mais diretas que Percy já tinha o visto fazer. — Eu estou falando sobre você, Percy. Fui correndo para longe de você, eu sei que você já percebeu. Porque, senão isso, você ainda estaria aqui?

Percy sentiu uma alegria interior caminhando em rumo à vitória por finalmente obter uma resposta para a pergunta que havia, de fato, o levado diretamente para o filho de Hades. Ele estava um pouco surpreso de que Nico estava sendo tão aberto no momento.

— Você me pegou. E agora? — Percy admitiu e fez uma expressão nada convincente demonstrando sua “surpresa”.

— Agora, eu vou fazer o que eu deveria ter feito meses atrás. — Nico respondeu com uma confiança familiar em sua voz. — Pela primeira vez na minha vida, eu não vou fugir. Vou correr e seguir em frente com o que eu mais quero em minha vida.

Dito isso, o adolescente aproximou-se de Percy e antes que o mesmo pudesse perguntar o que ele estava fazendo, Nico se inclinou e aproximou seus lábios contra o filho de Poseidon. O beijo foi tudo o que Nico sempre quis, estava tranquilo e confiante, sobre a sombra suave de seu chalé, Nico estava se sentindo mais forte. Percy não o puxou para trás com beijo no mesmo instante, ele estava muito surpreso com isso. Era diferente de qualquer outro beijo Percy tinha recebido – não que ele tinha sido beijado muitas vezes –. Os lábios de Nico eram firmes contra o dele, e, quando Percy começou a devolver o beijo e se aprofundou, ele descobriu que o pequeno semideus era muito mais dominante no beijo que ele, um doador dominante e tomador sagaz ao mesmo tempo.

Foi, Percy percebeu, um dos melhores beijos que ele já recebeu. Quando ele se afastou de Nico passou a língua sobre os lábios, saboreando apenas uma pitada de especiarias que ainda havia restado, como as que a mãe colocava na cidra de maçã quente no Natal. De alguma forma, o gosto parecia perfeito para o filho de Hades. Por um longo momento, nenhum dos dois falou, apenas tentando recuperar o fôlego depois de tomá-lo um do outro. Quando Nico levantou os olhos para encontrar Percy, o filho de Poseidon viu a maneira que as orbes escuras de Nico brilhavam com a mesma confiança que o beijo tinha se realizado.

— Há quanto tempo você estava esperando para fazer isso? — Percy perguntou, com um sorriso nos lábios.

Nico, combinado aquele sorriso com o brilho da Lua, provavelmente, foi um dos sorrisos mais largos e mais sinceros que ele já tinha dado desde o tempo em que Percy o havia conhecido.

— Desde o dia em que você se tornou o meu primeiro e único herói. — Nico sorriu e, calmamente, o abraçou.

— Isso é provavelmente a coisa mais linda um filho de Hades já disse. — Percy deu uma risada e envolveu seus braços na cintura fina de Nico.

— Diga isso a qualquer um e você vai ver o que eu vou fazer com você! — Nico disse a ele com o tom grave, mas, com o sorriso ainda no rosto. Ele ficou perto do semideus mais velho, disposto a voltar atrás, no momento exato do beijo.

— O seu segredo está a salvo comigo. — Percy prometeu, trazendo uma mão para embalar a parte de trás da cabeça de Nico, os dedos brincando com o cabelo preto macio do adolescente. Ele puxou Nico para mais perto, parando apenas quando os lábios do filho de Hades estivessem a um centímetro dos seus. — Então, eu quebrei o gelo entre nós dois?

— Nunca houve qualquer gelo entre nós para quebrar. — Nico respondeu. Seus olhos estavam dançando, brilhantes e claros como quando ele olhou pela primeira vez para Percy. — Não é você, mas, eu tive que quebrar meu próprio gelo para obter a felicidade.

Percy sorriu e puxou Nico para fechar a lacuna entre os seus lábios. Nico o puxou pela a gola da camisa e ambos ficaram abraçados, desfrutando do calor que era emitido pelos seus corpos à luz da Lua. Percy estava feliz por ser o herói de Nico.


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Notas finais do capítulo

Três vivas ao chalé de Hades e Poseidon o/
E então, o que acharam? Estou livre pra críticas/elogios e essas coisas ♥



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