O sangue corre em minhas veias, ouço o barulho da minha respiração ofegante e franca ao mesmo tempo, mas é como se eu estivesse morta. Minha mãe pensa que estou louca, meu pai nem si quer sabe que eu existo, ele pensa que seu dinheiro preencherá seu lugar de pai ao meu lado. Já faz 3 anos e eu ainda me culpo. Eu era apenas uma garotinha ingênua que estava no lugar errado e na hora errada. E mal sabia que aquela noite marcaria a minha vida para sempre.

Dias Atual

Já faz três anos que mudamos de um lugar para o outro sem saber exatamente onde ficar. Depois daquele dia minha mãe não para em um trabalho se quer. Eu até queria trabalhar para ajudar em casa, mas tenho que terminar os estudos, depois de ter ficado um ano longe da escola. Acho que já estou atrasada o suficiente.
- Acorda! Já arrumei suas malas – diz minha mãe abrindo as cortinas.
Abro os olhos ainda um pouco sonolenta, levanto tirando minha coberta, olho nos olhos da minha mãe e viro os olhos de repente.

- Deixe eu lhe ajudar – diz John o corretor da imobiliária já pegando as minhas malas e colocando dentro do carro.

- Aqui está a chave – diz minha mãe com olhar pensativo.

- Não se preocupe Helena, já está tudo certo – o corretor afirma para minha mãe – Tchau Helena, e boa sorte na nova cidade – conclui o corretor.

- Obrigada John! - diz minha mãe entrando no carro, e ligando-o.

John narrando ...

Entra no carro!Helena linda como sempre, aceno para elas e o carro se vai, pego imediatamente meu celular dentro do bolso da minha calça e ligo para o meu patrão.

- Elas já foram – digo com cara de malicioso.

- Me mantenha informado John e você será muito bem recompensado – diz o patrão com uma voz maléfica.

- Sim! Claro, tenho informantes lá na cidade em que elas vão morar, a Lia vai cuidar das coisas agora, não se preocupe patrão você não irá perder elas de vista – digo confiante.

- Certo! – diz o meu patrão desligando o telefone.

Logo tranco a casa e entro em meu carro, tenho muitas coisas para fazer preciso manter meu patrão informado sobre a rotina de Abby e sua mãe, ainda bem que elas saíram daqui, não via a hora de parar com esse disfarce de corretor, isso não combina comigo, e agora com a grana que meu patrão me prometeu terei outra vida. Pego novamente meu celular e ligo agora para a Lia corretora da imobiliária da nova casa de Helena e Abby, bom ela é uma falsa corretora assim como eu.

- Oi minha rainha – dou um sorriso maldoso.

- Ah John já era hora de me ligar – diz Lia com um tom sorridente na voz.

- Elas já estão a caminho em duas horas estarão ai, não perca elas de vista principalmente – antes que eu terminasse de responder Lia me corta dizendo:

- A Abby eu sei, deixa que a minha parte eu garanto, beijo delicia – diz ela desligando o telefone.

Meu trabalho aqui terminou, mesmo assim vou continuar trabalhando para meu patrão temos um contrato um pacto. Isso aqui ainda não acabou.

Abby narrando ...

Sem falar uma palavra se quer, vamos em direção à nova cidade duas horas de viagem, e assim chegamos em Avaré, é bem bonito aqui. Vou olhando pela janela as ruas da cidade, finalmente chegamos na casa que minha mãe alugou.

- Não é linda – diz minha mãe como sempre tentando me animar.

- Sim, você se superou dessa vez mãe, gostei – digo com um sorriso falso em meu rosto.

Logo vem uma moça bem bonita em nossa direção com as chaves na mãe.

- Olá meu nome é Lia, sou a corretora com quem você falou a duas semanas, Você só pode ser a Helena não é? – diz ela sorrindo.

- Sim claro, que bom que já está aqui – diz minha mãe sorrindo.

- E você é a Abby – diz ela se aproximando de mãe e me dando um leve abraço – Que linda!

- Obrigada! – digo desconfiada.

- Bom! Não posso demorar, aqui estão às chaves, espero que gostem daqui – diz Lia entregando as chaves para minha mãe e entrando no carro – Até breve, TCHAU!

- Bonita ela, não tem cara de corretora – digo intrigada.

- Quer dizer que corretora deve ser feia? – diz minha mãe rindo alto.

- Não! – digo rindo também.

- Aqui estão suas malas, seu quarto é o do fim do corredor lá em cima, espero que goste, parece que tem papel de parede – diz ela tirando minhas malas do carro.

Imediatamente pego as malas e entro na casa, não é parecido com a outra, ela é maior, subo as escadas, tem um corredor longo para chegar até meu quarto, fiquei com um pouco de medo, era uma casa grande para duas mulheres morarem sozinhas, mas já estava acostumada com essa vida.

Deixei as malas no canto perto da porta e me joguei na cama, olha até que a cama é boa, minha mãe preferia alugar casas já mobiliadas, facilitava na hora da mudança, era só ela e eu, e as malas como sempre.

Levanto, organizo minhas roupas nas gavetas e guarda-roupa, tinha um espaço bom, sentei na minha cama, logo minha mãe entrou em meu quarto.

- Aconchegante não é? – diz ela sorrindo – Você precisa virar a paginas Abby, não precisa ser assim, não mesmo, estou fazendo o máximo que eu posso, só que não consigo sem você – ela diz agora com a cabeça baixa e chorando.

Me levanto e abraço ela bem forte, e ela me abraça também, eu fico pensativa, não sei o que fazer, não posso deixa-la nessa situação, ainda mais ela que me ajudou tanto.

- Tudo bem, só quero que você fique bem, não chora isso parte meu coração – digo para minha mãe já aflita.

- Não querida, eu que quero vê-la bem, por favor refaça sua vida aqui, conheça pessoas novas e saiba que aqui será uma novo começo, tanto para você quanto para mim – ela diz me soltando e saindo do meu quarto, enquanto ainda estava na porta – Pense nisso Abby – conclui ela.

Me Viro e vejo que minha mãe deixou os documentos para matrícula da escola, para falar a verdade não estou nada empolgada, no entanto ela tem razão preciso refazer minha vida.

Quando terminei de organizar minhas coisas já era a noite, coloquei um pijama escovei os dentes, peguei meu coberto e travesseiro e deitei, sabia que enfrentar a nova escola no começo seria difícil.

Fiquei olhando para o teto enrolando meu cabelo tentando pegar no sono, depois de duas horas consegui finalmente dormi, toca o despertador, pulo assustada da cama, já estava na hora de ir para a escola, fazer a matricula e assim já começar.

- Querida? – diz minha mãe abrindo a porta do meu quarto.

- Oi – olho para ela espantada.

- Está na hora de ir para escola, o café está pronto só descer, vai querer que eu vá contigo? – diz ela sorrindo.

- Não precisa mãe – digo me espreguiçando.

- Qualquer coisa só me ligar, tá por favor – diz preocupada.

- Sim, fique tranquila – digo pegando minha roupa e indo em direção ao banheiro.

Escovo os dentes e entro no chuveiro, a água está quentinha que delicia, saio rápido e me seco, coloco uma calça jeans, uma blusa de manga comprida preta, pego minha bolsa e desço as escadas em direção à cozinha.

- Olha que delicia omelete seu café da manhã favorito – diz minha mãe empolgada.

- Tá com uma cara boa! Vou comer – digo com um leve sorriso.

- Que bom – conclui.