Ellie: A última sobrevivente [One-Shot] escrita por Lallolaz


Capítulo 1
Capítulo Único.


Notas iniciais do capítulo

Oie gente! Minha primeira One-Shot. Fiz ela em homenagem para uma pessoa muito legal, mas vou deixar para desejar os parabéns lá em baixo.Bom, essa fic se passa anos depois da revolução, e me inspirei em fazê-la a partir de um RPG que eu e Ellie participamos. Não conheço ela pessoalmente, somos amigas virtuais, porém, um dia irei conhecer todos os meus amigos virtuais ♥Espero que gostem, e se teve tempo para ler, terá tempo de passa para deseja um "Feliz Aniversário Ellie!" Certo, boa leitura :3 Beijos da Nick.



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Capítulo único.

Meu nome é Ellie Ohanson, tenho 14 anos de idade e moro no distrito 4. Panem já foi o centro de muitas guerras, rebeliões e mortes, mas depois do novo governo, tudo está em paz. Ou pelo menos... Estava.

Há dois anos, um sucessor de Paylor assumiu o governo, e o mesmo resolveu agitar um pouco as coisas. Seu nome é Sally. Com seus 32 anos, a nova presidenta de Panem transformou tudo num pleno caos. Tudo aquilo que os rebeldes conquistaram e construíram, toda a revolta, tudo foi em vão.

Amanhã será a colheita para os 78º Jogos Vorazes, e sinceramente? Estou com medo. Medo por mim e por minha família, o que eles farão sem mim? Quase não temos comida aqui no distrito, mas sem mim, minha família teria menos ainda. Meu irmão é mais velho e trabalha como pescador, eu como artesã. E ambos são essenciais para o mantimento de casa.

Creio que estou me preocupando por nada, afinal, quais as chances de que eu seja sorteada apenas com quatorze anos, em meio e milhares de jovens?

***

– Ellie Ohanson.

Não acredito nisso, realmente não pode ser. Eu fui colhida, meu nome foi colhido. Olho para minha mãe, que tem uma expressão impassível; apenas uma lágrima solitária cai de seu rosto.

Ando até o palco onde se encontra o prefeito; sua mulher e aquela que me sorteou. Se não me engano, seu nome é Edith Casthell. Ela tem cabelos loiros e cheios, com uma maquiagem leve. Totalmente diferente daquilo que vejo em meus livros de história.

A mesma gesticula com sua mão para que eu me aproxime e me cumprimenta com beijos em ambas as faces. Respondo algo que ela me pergunta e simplesmente me desligo do mundo, me desligo da plateia, de mim, de minha mãe, de tudo. Só o que posso pensar é que eu tenho que ganhar. Tenho que ganhar por mim e por todos aqueles do meu distrito que foram mortos nos anos anteriores.

Após a colheita do tributo masculino, somos guiados até o edifício da justiça, onde me levam até uma pequena sala com alguns sofás e umas janelas. Poucos segundos depois, minha mãe está passando pela porta com um pacificador alegando que tenho apenas poucos minutos.

– Ellie, você sabe que seu pai morreu naquela revolta, não sabe? Sabe que se continuar com isso outra revolta será iniciada. Você pode não só ganhar, mas pode destruir os jogos. Não vim aqui para me despedir, pois sei que retornará para casa, vim aqui para pedir-te que, por favor, faça algo a respeito disto. – disse minha mãe, ao se sentar em um dos sofás.

Fiquei incrédula com tamanha frieza de sua parte, tão incrédula que tudo que pude sussurrar foi:

– Como eu posso fazer isso? Sou apenas uma garota, não um exército. Deveria estar triste, porque sua filha vai para a morte, mas não, você quer que eu me rebele contra a capital!

Minha mãe deu de ombros, como se não fosse muito importante aquilo que eu acabara de falar.

– Mate Sally.

***

A Capital é um lugar muito grande, após ser reconstruída ficou melhor ainda. As pessoas não usam mais aquelas roupas chamativas das histórias que me contaram, mas ainda posso perceber o mesmo espírito de cidadania que funcionava antes.

Sou guiada até um grande prédio, onde eu e meu parceiro de distrito somos separados em espécies de salas com uma equipe de “preparação”. De acordo com algumas instruções, eles estão aqui para me deixar apresentável para a Capital.

Depois que acabam de me preparar, estou com meus cabelos totalmente firmes e brilhantes. A cor ruiva dele foi restaurada, e isso é a única semelhança que tenho com meu pai. Não há uma pelo sequer que ainda tenha ficado em minha pele, e isso me causa uma sensação totalmente desconfortável, pois sei que as pessoas da Capital julgam muito a imagem.

Levam-me até outra sala, onde se encontra uma mulher por volta de seus 29 anos, com cabelos curtos e negros, e olhos de mesma cor. Ela me encara por alguns instantes e logo torce o nariz. Ótimo, minha estilista não gostou de seu brinquedo novo.

Após algumas horas, estou vestida com uma espécie de roupa azul, que simboliza o mar do distrito 4. É um vestido longo e com pequenos cristais, sua calda transmite a falsa impressão de que seja realmente a calda de uma sereia. Meu parceiro de distrito, que descobri se chamar Thomas, está usando uma roupa de príncipe marinheiro, com um tridente em mãos. Como se ele fosse um capitão de navio e quisesse realmente matar a sereia.

Subimos nas carruagens que nos foram dispostas e logo o Hino de Panem toca. Antes de adentrarmos a frente da grande mansão, escuto Thomas dizer:

– Salve-nos, Ellie.

***

Acordo assustada em meu quarto. Mas esse não é meu quarto, não realmente. Esse é o quarto que a Capital dispôs para que eu ficasse até os Jogos. Tento voltar novamente para o sono, onde poderei então, retornar para minha casa. Mas percebo ser inútil. Não dormirei novamente.

Levanto-me e vou até a sala de jantar, lembro-me da refeição que tive horas atrás com minha equipe. O jantar inteiro as palavras de Thomas ficaram marcadas em minha mente. “Salve-nos, Ellie”. Quem sou eu para salvar alguém? Tenho apenas 14 anos, recém fiz 14 anos. Sou provavelmente a tributo mais nova da arena, até mesmo Thomas tem 17 anos.

Meus pés guiam-me até a parte de fora do apartamento, mas não posso evitar, apenas quero sentir o ar. Entro no elevador de trabalho, pois o principal está desativado para que ninguém saia. Vou até o décimo terceiro andar e as portas se abrem, revelando duas outras garotas. Reconheço uma delas sendo do distrito 2, e a outra não sei dizer ao certo. A carreirista tem cabelos escuros e longos, a outra tem seus cabelos de um tom quase loiro, com a mesma estatura pequena que eu.

Ambas voltam sua atenção para mim, e me olham com expressões assustadas. Logo a loira começa a falar:

– Não veio aqui nos castigar por sair, certo? Se for isso, sentimos muito, nós só estávamos...

– Quieta Lynn, quer piorar as coisas? – questionou a morena, e Lynn se encolheu.

– Eu... Não... É que... – mal consegui terminar de gaguejar minha frase, porque escutamos um barulho no corredor e logo a garota do distrito 2 começou a correr para uma escada que havia ali. Lynn me pegou pelo pulso esquerdo e me puxou até o mesmo local.

Atravessamos a porta no final da escada e logo estremeci por sentir o vento gelado tocar minha pele.

– Lynn! Por que a trouxe aqui? Com certeza deve ser uma espiã da Capital.

– Calma Ammy, como queria que eu a deixasse lá? Tinha alguém vindo. – ambas estavam com uma fúria contida, e logo me pus a falar:

– Com licença? Eu estou aqui, ok? Não sou espiã da Capital, sou tributo feminino do distrito 4. E sinto muito se atrapalhei vocês, estava apenas procurando o terraço. – terminei, fazendo movimentos com as mãos para apontar o local onde estávamos.

– Desculpe, estou apenas nervosa com tudo isso. Sou Ammy Khest, tributo do distrito 2. – disse, estendendo sua mão, e eu a apertei.

– Eu sou a Lynn, mas acho que você já sabe. Distrito 3 – sussurrou a loira, suas bochechas havia uma coloração vermelha, e pude notar que ela era tímida.

– Sou Ellie Ohanson .

Ficamos ali em cima por um bom tempo, conversando sobre a vida de cada uma, sobre as comidas da Capital. Mas nós não mencionamos nem uma vez o assunto Jogos. Acho que é pelo fato de que não queríamos perder aquela pouca paz que aquele espaço livre nos proporcionou.

Logo estávamos descendo as escadas novamente, Ammy para o segundo andar, eu para o quarto andar e Lynn para o terceiro. Abri a porta do meu quarto e finalmente consegui algumas horas de sono.

***

Fui acordada por Edith, dizendo que eu já tinha me atrasado para o treinamento. Havia me esquecido de que teria de treinar com os outros tributos. Tomei um rápido café da manhã, notando que Thomas já havia descido para seu treino.

Coloquei o uniforme que me foi disposto e desci até o subsolo, onde ocorria o treinamento. Muitos já estavam treinando, então resolvi começar por aquilo que não sabia muito bem, fui direto para a seção de plantas venenosas e comestíveis. Fiquei lá por algumas horas e parti para a seção de combate corpo-a-corpo. Comecei treinando com um dos instrutores, mas logo escutei uma risada sarcástica.

– Não adianta nada treinar com essas pessoas Ellie, não vão lutar para valer. – disse Ammy, que estava acompanhada de um garoto, provavelmente seu companheiro de distrito.

– Não mexa com a garota Ammantys, não vê que ela é do distrito 4? Eles não são obrigados a aprender luta. – falou o garoto, com um ar superior. Isso realmente me irritou.

– Me ensina a lutar então. – cortei o que Ammy iria dizer, e recebi um olhar incrédulo de sua parte.

– Está brincando, certo? – questionou.

– Não, me ensine a lutar.

***

Droga! Maldita hora em que proferi aquelas palavras. Ammy e eu estamos lutando a boas horas, sequer paramos para comer. Melhorei bastante minhas técnicas, mas lutar com dois carreiristas não é fácil.

– Ammy, Ellie! Achei vocês! – gritou Lynn amavelmente, atraindo olhares feios dos outros tributos.

– Aconteceu alguma coisa? – questionei, notando certo desespero em sua voz.

– Os Jogos serão diferentes esse ano. – sussurrou, e vi todos arregalarem seus olhos.

– Vamos sair daqui. – disse Curths, o tributo do distrito 2.

Nós quatro fomos até um canto mais reservado, onde se encontrava a seção de cordas. Muitos acham isso inútil, mas eu sei que é uma boa salvação nos jogos.

– Eu estava andando por aí quando escutei vozes vindas de uma porta no fim do corredor. Fui até lá e escutei a presidente Sally dizendo que os Jogos seriam diferentes. A Arena será em sua própria casa. Quero dizer, Há uma espécie de floresta perto da mansão presidencial, e ela pretende lançar um campo de força sobre ela. Levando em conta que boa parte das antigas Arenas foi destruída, essa é uma das poucas opções.

Eu estava levemente chocada. Como poderia ser possível?

– Não contem a ninguém. Caso contrário, seremos todos mortos. Vamos tentar tirar proveito da situação. – dito isso, Curths saiu dali em passos longos e rápidos.

***

O resto da semana passou mais rápido que nunca, já havia feito minha apresentação individual e tirado uma boa nota usando tridentes e arco e flecha. Quando percebi, já me encontrava dentro de um vestido vermelho, com pequenos cristais na ponta, um salto enorme e uma grande tatuagem em minhas costas nuas. Era o desenho de um grande ser aquático; seu corpo era transparentemente azul, e tinham linhas tênues em volta dele, como se o mesmo estivesse preso. Não era um peixe, tinha asas longas e finas, tão delicadas que ao mínimo toque poderiam se quebrar.

Minha estilista disse que quando chegasse a hora, eu entenderia o real motivo das cores do vestido e do animal.

A primeira coisa que notei ao me posicionar nos bastidores, era que Ammy e Lynn estavam logo à minha frente, com seus respectivos parceiros. Olhei para Thomas, que tinha uma expressão apreensiva, dei-lhe um peque sorriso, que foi correspondido com um aceno de cabeça.

– Ammantys Lorran. – chamou o apresentador, já dispensando o tributo masculino do Distrito 1.

Ammy e Lynn foram muito bem em suas entrevistas. Ammy com seu jeito forte e confiante, confrontando sempre sutilmente o novo governo. Lynn apaixonante e meiga, tenho certeza que ninguém pensa que todo esse poço de timidez é muito inteligente e muito boa com lanças.

– Do Distrito 4: Ellie Ohanson! – falou o apresentador e eu adentrei o palco.

Eu estava nervosa, minhas mãos escorregadias e geladas. Mas eu preciso fazer isso, eu vou conseguir fazer isso.

O homem me fez varias perguntas, e logo após disse que meu tempo chegara ao fim. Quando me levantei, meu vestido começou a se dissolver, como papel quando entra em contato com a água. Todo meu corpo foi tomado por uma cor cristalina de azul, e o desenho feito em minhas costas foi se ampliando até tomar meu corpo por completo com suas asas e linhas. Eu não estava realmente nua, os desenhos cobriam bem aquilo que não deveria ser visto pelo público. Eu era como o mar; abrigando um ser enorme e brilhante em mim. E naquele momento, naquele monte de palmas e gritos do público, eu entendi o que significava aquele desenho. Aquele grande ser não era um peixe, ou uma ave. Era tudo. Era uma vida. Era isso que significava: vida.

***

10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1.

Corro para a cornucópia e percebo que muitos tomaram o mesmo caminho. Apanho uma mochila no caminho e consigo pegar um tridente no Banho de Sangue. Pelo que percebi, a Arena é dividida em quatro zonas: Outono, Inverno, Primavera, Verão. Corro direto para a última zona, e percebo com o canto dos olhos, que Ammy, Lynn e Curths estão fazendo o mesmo. Aliei-me a eles na noite anterior.

Só paro de correr quando chego perto de um pequeno lago, meus aliados chegam logo depois.

– Droga! Aquela idiota do 1 me cortou! – rosnou Ammy, mostrando um corte não tão fundo em seu braço.

– Sem frescuras agora Ammantys. Olhe para Lynn, ela parece aterrorizada. – apontou Curths. Seus cabelos escuros estavam suados e grudados em sua testa.

Abri minha mochila e vi que lá dentro haviam dois pães, um pote de alguma coisa parecida com remédio, uma garrafa e um mini tridente.

Ammy tinha uma espada e algumas facas, sua mochila era de uma cor diferente da minha. Lynn conseguiu uma lança, um saco de dormir e mais uma pequena mochila. Curths me assustou um pouco, tinha sinais de luta em todo o corpo, mas conseguiu facas, um arco, algumas flechas e uma grande mochila preta.

– Encham suas garrafas, não passaremos a noite num lago. – disse Lynn. Todos olharam para a mesma e eu questionei:

– Por quê?

– Não é obviu? Aqui tem água potável, muitos virão aqui para beber. – respondeu normalmente e começou a andar.

Com sua espada, Ammy foi cortando caminho floresta adentro e logo encontramos uma cadeia de grandes e altos pinheiros. Juntei todo meu conhecimento sobre artesanato e peguei as cordas que Lynn havia conseguido, juntando as mesmas com grandes folhas para construir uma barraca discreta.

Tínhamos muitas armas, e comida suficiente para uns dois dias. Quando começou a anoitecer, concordamos que dois dormiriam primeiro e os outros dois vigiariam. Como estava consideravelmente frio, Lynn pegou seu saco de dormir e Ammy pegou o de Curths, assim as duas dormiram primeiro.

Por volta das onze horas, o Hino de Panem começou a tocar e rostos dos tributos mortos foram colocados nos céus da Arena. Pelo que contei, no total foram 14 mortes, um número consideravelmente bem alto para o primeiro dia dos Jogos.

– Aliviada por não ver o rosto de Thomas lá em cima? – perguntou Curths.

– Na verdade, sequer nos falamos enquanto estávamos aqui... Digo, na Capital. – corrijo-me a tempo, para que ninguém perceba que eu sei que estamos mais perto do que deveríamos.

– Sério? Ele te olha de um jeito tão... Diferente.

– Como se eu fosse uma capivara depilada? Eu reparei nisso também. – comentei, tentado fazê-lo rir, o que de certa forma funcionou.

– Não... Quer saber? Deixa pra lá. De onde tirou a história de capivara depilada? – fez graça e recebeu um rolar de olhos de minha parte.

Estava prestes a respondê-lo quando uma voz fez isso por mim.

– Ela é muito engraçada, não é mesmo? – falou Thomas, que tinha uma grande lança nas mãos.

Logo Curths se pôs em seus pés, entrando em posição de combate. Tentei dizer algo, mas Thomas e ele já estavam um em cima do outro, brigando de um jeito horrível.

– Parem! Parem agora! – eu gritava, mas tudo que consegui foi acordar Lynn e Ammantys.

Ammy jogou duas facas neles, e por um momento, temi que fosse mata-los, mas suas facas se cravaram à centímetros de suas cabeças.

– Levantem-se! Ou eu mato os dois! E estou falando sério Curths!

Ambos se levantaram, e percebi que a perna de Thomas estava ferida.

– O que está fazendo aqui? Como nos achou? – perguntei, a raiva correndo liquida por minhas veias.

– Vim te avisar que nada do que parece é real. Aqueles que você pensa ser seus amigos, só querem o bem deles mesmos. – cuspiu as palavras.

– Saia daqui. – disse Lynn, pela primeira vez.

– Me obrigue.

Nesse instante, escutamos passos vindos em nossa direção, passos rápidos. Só tive tempo de pegar meu tridente e colocar a mochila nas costas. No instante seguinte, estavam todos correndo; ao olhar para trás, notei que os donos dos passos eram na verdade, bestantes.

Altos, brancos e peludos. Eles corriam muito rápido, e haviam, no mínimo, cinco. Corríamos o máximo que podíamos, mas eu sabia que logo seriamos alcançados. No momento seguinte, Curths nos empurrou todos para uma espécie de recline, mas os bestantes não nos viram. Ainda sim, pude enxergar quando eles alcançaram Curths e acabaram com sua vida. Ele sequer gritou, foi forte até o final. Segundos depois, o sinal da morte de mais um tributo tocava.

***

Estamos andando há muito tempo, faz dois dias que Curths morreu. Quando ele nos empurrou naquele barranco, o corte do braço de Ammy piorou, então, descobri que aquele meu remédio não serviria para nada nas atuais circunstâncias.

Em dois dias, apenas um tributo morreu, além de Curths. Então, nesse momento caçávamos o parceiro de distrito de Lynn.

– Precisamos parar. Ammantys não aguenta andar assim. – falou Thomas, que havia se juntado à nossa aliança.

Paramos em uma clareira, próxima do canto Oeste da Arena, logo Ammy bebeu quase uma garrafa toda de água.

– Vamos passar a noite aqui. Louis não virá nos incomodar. – afirmou Lynn.

Montamos nosso acampamento, sabendo que mesmo que apenas sobrasse um inimigo na Arena, não era seguro dormir. Poderiam mandar mais bestantes.

Dessa vez, eu e Ammy dormimos primeiro, e eu garanto que meu sono não foi dos mais agradáveis.

***

Fui acordada de meu sono por gritos de agonia pura. Olhei para os lados, afastando a névoa da inconsciência e notando que os gritos vinham de Ammy.

– O que aconteceu?! – gritei para Thomas, que também tinha uma expressão assustada no rosto.

– Eu não sei, eu... Do nada Ammantys acordou gritando assim.

– Formigas! Formigas morderam o corte do braço dela! – gritou Lynn, enquanto tentava limpar o machucado com água.

Notei que a pele da morena estava totalmente vermelha e inchada, ela deveria estar sentindo muita dor.

– Por favor, por favor, Lynn! – gritava Ammy, enquanto chorava de dor.

– Não! Nós prometemos que sairíamos juntas! – gritava a loira de volta. Eu já não entendia mais nada.

– Eu não aguento isso Lynn! Faça aquilo que combinamos, hoje! Eu juro que nos veremos novamente, mas não posso mais suportar! Você não sabe o quanto isso dói!

– Lynn, o que ela quer dizer com isso? – perguntei, mas Ammy foi mais rápida:

– Cuide de Lynn, por favor, não a deixe morrer. – virou-se para a menina – Eu te amo maninha.

Thomas lançou meu tridente em Ammantys, fazendo a mesma parar de gritar, e assumir uma expressão impassivelmente calma. Ele havia morrido.

Lynn começou a chorar descontroladamente, e tudo que pude fazer foi abraça-la. Ficamos assim por minutos ou horas, mas quando nos separamos, eu estava encharcada de lágrimas, o Sol estava nascendo e Lynn tinha um rosto inchado e vermelho.

– Ela era minha irmã, fomos separadas quando ela completou 9 anos e eu 6 no Distrito 3. Naquela época, estavam precisando de mais pacificadores e ela era apta para o serviço. – sussurrou a loira, e eu juro que senti plena vontade de quebrar a cara de alguém.

Olhei para Thomas, que tinha uma expressão indescritível, ele era frio. Tão frio quanto os carreiristas dos Distritos 1 e 2.

– Eu precisava fazer aquilo, e você sabe. A menina estava urrando de dor, ela só nos atrasaria.

– Não fale dela como se fosse um objeto! – gritei, mas senti Lynn puxar meu pulso.

– Não, ele está certo. Era preciso. – disse, lutando contra o choro.

Fiquei sem reação, e antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ouvi um grande estouro e do nada, todo o chão tremeu.

– Corram! Ele quebrou a barreira! – escutei um dos dois gritar, mas graças à explosão, meus tímpanos estavam doloridos e sensíveis.

Thomas me pendurou em seu obro e saiu correndo comigo em seus braços, puxando Lynn consigo. Tudo que pude ver antes de ser arrastada para a inconsciência foi Ammy, com uma expressão calma e tranquila. Deus sabe o quanto eu queria ter aquele expressão agora.

***

Abro os meus olhos, tentando me acostumar com a claridade do local onde estou. Uma forte dor de cabeça me atinge, e quando tento levantar, percebo que estou em um quarto de hospital, com uma enfermeira de costas para mim.

Estou na Capital. Pegaram-me. Vão me matar.

Vasculho o pequeno local e noto que há um bisturi na mesa ao meu lado, estico minha mão e a pego. Bem em tempo de a enfermeira virar e me pegar no ato. Antes que ela possa gritar, tampo sua boca com minha mão esquerda.

– Desculpe por isso. – digo e então a mato com a faca. Nunca havia matado antes, mas vi o suficiente para saber que com há Capital não há perdão.

Abro a porta do quarto, notando que têm outras portas ao longo do corredor. Olho pela pequena janela disposta em uma das portas e noto que lá dentro está Thomas. Volto para dentro de meu quarto e coloco o uniforme de enfermeira.

– Com licença, vim ver como está o paciente. – disse, entrando no quarto de Thomas.

A enfermeira estava enchendo uma seringa com algum liquido laranja, e sem olhar para meu rosto respondeu:

– Está melhorando, vou aplicar morfina para que continue dormindo.

Concordei com um murmúrio e logo arranquei a seringa de suas mãos. A mulher fez uma expressão confusa, mas logo seu rosto se encheu com a compreensão de quem eu realmente era. Tarde de mais, pois no mesmo instante, injetei o liquido na veia de seu pescoço e a mesma desabou no chão.

Corri até a maca de Thomas e o chacoalhei enlouquecida, fazendo o garoto acordar com uma expressão assustada.

– Mas o que... Enfermeira sexy? Gostei. – falou, mas colocou a mão em sua testa. Com certeza também estava com dores.

– Vamos, Lynn deve estar no quarto ao lado. – dito isso, ele se levantou e fomos para o quarto de Lynn. Thomas foi tão delicado quanto possível, arrombando a porta e batendo a cabeça da enfermeira na parede.

– Lynn, acorde! Acorde agora! – gritei, dando tapinhas em seu rosto.

A loira acordou desnorteada, mas logo percebeu o que estava acontecendo e se levantou.

Fomos escondidos pelos corredores, e descobri que o plano de quebrar o campo de força da Arena havia sido planejado desde o começo. Chegamos até uma sala e Lynn alegou que sabia andar pela mansão porque sua mãe trabalhava na tecnologia do local.

– Quietos, estamos chegando à sala de controle. – avisou Lynn.

– O que é a sala de controle? – perguntei.

– É o lugar de onde são controladas todas as forças do país. Uma vez lá, podemos liberar os comportes de comida, água, e o mais importante: armas. Todos poderão lutar. – respondeu Thomas.

Antes que eu pudesse falar algo, escutamos passos vindos em nossa direção. Passos rápidos e pesados. Pacificadores.

– Vão! Eu trancarei a porta da sala por fora e vocês trancam por dentro. Não olhem para trás. Façam aquilo que for preciso.

Lynn foi correndo em direção à porta, mas antes que eu pudesse acompanha-la, Thomas me puxou e me deu um leve beijo nos lábios.

– Eu não poderia morrer sem beijar uma garota antes. – murmurou sarcasticamente, e em seguida me empurrou para dentro da sala de controle.

As portas se fecharam, Lynn trancou-as por dentro. Não havia volta. Em breve meu companheiro de Distrito estaria morto.

– Venha, temos que acessar o computador central! – disse a garota, me puxando pelo pulso.

Lynn tinha apenas 13 anos, pelo que eu sei, mas era incrivelmente inteligente. Ela meio que hackeou o sistema de segurança do computador, e estava prestes a clicar na opção ‘sim’, quando um barulho irrompeu o local e Lynn desabou no chão.

– Pobre Lynn, ela achou mesmo que poderia destruir-me? – ouvi a voz de Sally, e então, seu corpo saiu das sombras do local.

– Lynn... – sussurrei ainda em choque.

Tudo começou a passar por minha cabeça; minha mãe pedindo por vingança, Curths morrendo para nos salvar, Ammy se despedindo da irmã que não via há anos, Thomas dando a vida por isso, e por fim, Lynn. Era tão meiga, tão jovem, tão esperta. Como aquela mulher pôde ser tão ruim?

Então, do nada, uma luz se ascende em minha cabeça. “É o lugar de onde são controladas todas as forças do país. Uma vez lá, podemos liberar os comportes de comida, água, e o mais importante: armas.”

Isso não será o começo de alguma coisa, será o fim de tudo. O computador não é a salvação, é a destruição.

– Quais são suas ultimas palavras? – perguntou a mulher, dei um passo para trás, e meus dedos encostaram-se à mesa do grande computador.

– Minhas ultimas palavras? As mesmas ultimas palavras que minha mãe me disse: “Mate Sally”. – disse, e ela fez uma cara de descrença.

– Como pode me matar? Não pode simplesmente... – mal terminou sua frase, pois no momento seguinte, o computador iniciou uma contagem regressiva de um minuto.

Um tiro foi disparado em meu estômago, e eu caí no chão. Uma forte dor se espalhando em meu corpo. Minha visão ficou turva, e pude ver Sally correndo até o computador, mas seria em vão.

Pensei em minha mãe; meu irmão; meus poucos amigos do Distrito 4; pensei nos amigos que fiz aqui na Capital; pensei em meu primeiro e provavelmente último beijo, que dei minutos atrás. E mesmo sabendo que iria morrer, eu estava em paz.

Sei que os seres humanos não podem simplesmente brincar de Deus, mas eu acho que dei a chance Dele começar de novo, dessa vez, quem sabe a humanidade não siga o caminho certo?

Meu nome é Ellie Ohanson, tenho 14 anos de idade e moro no distrito 4. Panem já foi o centro de muitas guerras, rebeliões e mortes, mas depois do novo governo, tudo está em paz. Ou pelo menos... Vai ficar. Eu salvei o mundo, ou melhor, eu o destruí.

E então, a contagem regressiva chegou ao zero.


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Notas finais do capítulo

Parabéns Ellie! Espero do fundo do meu coração que você seja feliz, que continue sendo essa pessoa engraçada, brincalhona e ótima que você é! Fiz essa fic como presente, porque não posso te dar um de verdade. E acredite, escrever quase 5.000 palavras em um dia não é fácil hehehe. Muitos anos de vida, e que a cada ano você ganhe mais sabedoria, mais amigos e alegrias. Tenha uma ótima vida, e viva, porque o tempo nunca volta. Espero que aprenda alguma coisa com a fanfic, pois assim como a Ellie Ohanson, você pode para, respirar, e recomeçar. Beijos da Nick.