A Bruxa Negra do Bosque da Lua escrita por Tyler
“Ela sai de noite com sua legião de odores podres, ela não corre, ela não anda, ela flutua na própria loucura. Apenas alguns sabem o segredo da Bruxa Negra e os que sabem gostariam de não saber”
Era lua cheia quando minha curiosidade me levou ao bosque verde, agora negro e cinza por conta da pouca luz. Eu caminhei por algum tempo respirando profundamente os odores escondidos da noite, o ar era frio e úmido. O chão era traiçoeiro, as plantas de sombra se enroscavam aos meus pés e me lembro de ter caído uma ou duas vezes antes de encontrar o lugar.
Encontrei uma clareira anatural no meio do nada, a luz da lua caia prateada sobre todo o lugar e a neblina da noite parecia dançar conforme o ritmo do meu coração e de meus pensamentos. A clareira era confortável, um círculo perfeito de sete metros, decidi que era um bom lugar para se pensar e deitei me bem ao centro.
A lua estava incrível, imperando perante as estrelas douradas e azuis, quase podia ouvir os tambores da corte lunar tocando em festa. Quase não! Eu podia! Eu ouvia! As batida ritmadas em tambores de couro, as risadas das estrelas, a voz da lua...
“Sabaton, amigo e companheiro da noite. Tu que exultas com o uivar dos lobos, tu que traz a peste, tu que toca os sinos do inferno, tu que és amigo da volúpia e do vicio. Sabaton, rei dos hipócritas e das prostituas. Tu que faz as sombras se curvarem, tu que anda pelos bosques profundos e os profana, tu que se alegra perante o precipício negro da maldade humana, tu que tem os odores do inferno. Ouve a prece de tua serva fiel! Vê com amor os meus sacrifícios e aceita me como tua esposa. Aceita minha mão perante este sangue que ira escorrer até o teu reino!”
A cada palavra da lua meu coração batia ainda mais forte e mais rápido, em que terra maldita eu havia caído? A neblina havia se densificado com o fim das palavra e agora eu não ouvia apenas os tambores, ouvia passos. Rápidos e surdos como se feitos por cascos, mas não enxergava nada. Então eu vi dois pontos flutuantes brilhando em vermelho, como dois olhos de um demônio. Os pontos se multiplicavam, o nevoeiro se densificava próximo deles, os passos param. Todos aqueles olhos me observavam brilhantes com desejo evidente. Os corpos não eram visíveis o nevoeiro era parte deles, mas não se densificava em algo sólido.
O tambor parou, agora era ponto máximo, os olhos esperavam, a nevoa esperava, o bosque esperava, a noite esperava. E como que vindo do inferno a risada cortou o silencio da clareira, uma risada doentia de velha, uma risada que faria qual quer um enlouquecer e se esconder no buraco mais sujo e escuro. Estava paralisado o medo enrijeceu meus músculos e nada fiz quando ela surgiu na minha frente.
A mais horrível das aranhas se assustaria perante ela. Surgiu de lugar nenhum, sorrindo com as gengivas cortadas e podres, o cheiro também veio com ela, uma fragrância doce como a decomposição impunha as sombras da morte certa na minha mente. Os olhos negros e perdidos na loucura do vazio, a ausência do fogo da alma era evidente. Um dedo fino e gélido percorreu minha bochecha em um gesto irônico de carinho que contradizia numa perfeição assombrosa com a faca cheirando a ferrugem encostada de leve na minha garganta.
“O Sabbath não pode parar”, ela disse e os braços frios da morte se abraçaram a minha alma.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Para quem leu tudo, eu agradeço. Não sei se vou fazer alguma continuação, sinto que a ideia é boa, mas não sei se vale a pena continuar. Enfim agradeço por dicas e ideias desde já.