Bem, provavelmente um mortal ficaria contente ou ao menos um pouco nervoso com seu primeiro dia de aula, mas não eu. Meu nome é Lilian Potter Grayhouse, filha de uma Nephilim com um bruxo. Meus pais? São ninguém mais, ninguém menos que Anna Potter e Alejandro Grayhouse. Enquanto mamãe é jornalista e editora chefe do The Guardian, papai é cantor de uma das bandas mais famosas do mundo: Winter’s Hill. Tirando toda a fama dos meus pais que recai sobre mim, sou uma Nephilim também, assim como meu irmão mais velho, Vincent.

Mamãe nos ensina a controlar nossos “dons” desde muito novos, enquanto papai nos ensina a tocar e/ou cantar. É, pode-se dizer que sou um anjo de pessoa, já meu irmão... Ele é incrível, mas tem uma tendência para o Lado Negro da Força. Embora ele pareça um “anjo” – cabelos negros, olhos castanho-chocolate e pele branca – a alma dele foi talhada para o mal. Vingativo, cruel e ladrão de doces, sempre foi muito protetor com relação a mim, mesmo ele sendo apenas 1 ano mais velho.

- Lily? Está acordada, querida? – Papai bate à porta e entra, me vendo sentada na janela. – Outro pesadelo, Lilian? – Pergunta, mesmo sabendo a resposta. Tenho tido sonhos estranhos há algumas semanas.

- Não, papai. Só caí da cama. Aí quis esticar as asas um pouco, dei uma volta por aí e voltei. – Sim, eu tenho asas. Sim, meu pai não liga para minhas escapadas noturnas. Sempre que tenho pesadelos, tenho a sensação desesperadora de que se eu não voar ao menos um pouco posso acabar morrendo sufocada. Voar me faz livre.

Enquanto voar é meu meio de relaxar e extravasar, Vincent escreve. Não, não é em um diário como tio Stefan, ele já escreveu 3 livros que foram publicados por editoras famosas e agora está se prendendo somente à poesias, sonetos, músicas e pequenos textos. Papai já cantou umas 4 músicas de Vincent e todas elas fizeram sucesso.

- Vamos, querida. Sua mãe quer conversar com você e com seu irmão. – Papai diz, me tirando de meus devaneios. Ele acaricia meus cabelos, beija minha testa e sai, me deixando sozinha.

Eu tomo um banho rápido, coloco uma das bilhões de roupas que tia Arya me deu e desço para tomar café e ouvir o que minha mãe tem a dizer. Eu acho que me esqueci de mencionar que estamos morando em Londres, não é? Sim, pois é. Eu estudo em Londres e com “mortais”, como meus pais dizem. Maravilhoso só por ser Londres, meus colegas são um pé no saco.

- Oi mãe. Bom dia, Vincent e oi de novo, pai. – Sento à mesa e pego uma torrada e passo geleia de morango, minha favorita.

- Bem, já que todos estão aqui, tenho um anúncio a fazer. Vincent, Lilian, vocês não irão mais estudar na St. Claire. Vão estudar em outro colégio, um colégio para Nephilins e outras criaturas como vampiros, lobisomens, híbridos e etc. – Diz minha mãe, segurando nas mãos do meu pai. – Mas há uma coisa que precisa ser dita: Só há mais 6 Nephilins no mundo. Vocês, seus primos Charlie e Mark e 2 de seus professores, que são, tecnicamente, descendentes de Arcanjos. Gabriel, “avô” de vocês, me avisou sobre esse colégio e eu entrei em contato com meus “primos” e consegui fazer a matricula. Levarei vocês lá hoje para conhecerem o colégio e amanhã será o primeiro dia de aula. – Eu já sabia que meu “avô” é o Arcanjo Gabriel, só que ele só pode nos visitar de 3 em 3 anos, só Deus sabe porque.

Exatamente amanhã o prazo de 3 anos expira e poderemos ver Gabriel, Ithuriel, Lucy e Lucian. Respectivamente: meu avô, anjo da guarda da minha mãe, anjo da guarda do meu irmão e por fim Lucian, como meu anjo da guarda. Lucy é legal, combina com meu irmão, não é a toa que eles têm essa ligação de protetor e protegido. Lucian é um cara que aparenta ter 20 anos, tem o cabelo castanho escuro, olho azul como o céu num dia claro de verão e a pele é dourada, outrora branca... É difícil saber com exatidão, mas ele é incrível.

Acabamos de tomar café e vamos pro carro, papai dirigindo, mamãe no banco do carona e eu e Vincent atrás. Se passa quase uma hora quando chegamos a um portão que dá para o que seria um castelo gigante. Geralmente há seguranças nos portões em propriedades assim, mas nesse não havia. Mamãe saiu do carro e sussurrou algumas palavras que logicamente estavam em Latim. Assim que mamãe terminou de conjurar aquelas palavras o portão se abriu e 3 pessoas foram ao nosso encontro. Um deles tinha uma aura muito poderosa e escura, logo percebi que provavelmente poderia ser um filho de Lúcifer ou um demônio. Ele era loiro e tinha olhos negros como a noite, mas um sorriso suave e acolhedor. A garota tinha uma aura dourada, tão poderosa quanto à do outro Nephilim. Era ruiva e tinha os olhos verdes, mas seu sorriso era meio cruel e assustador. Já o terceiro... Era indiscutível o cheiro de cachorro molhado.

- Anna! Bem vinda! Que bom que veio e trouxe sua família! Meu nome é Anthony, esta é Louise e este é Bryan. Eu e Louise somos Nephilins, como vocês, já Bryan é um...

- Lobisomem, filho do submundo. – digo, cortando Anthony. – Vovô disse que eu encontraria todos os tipos de seres aqui. Desde Licantropes a bruxos, sem contar os Nephilins, que infelizmente ou nem tão infelizmente assim estão em número menor.

- Por que “nem tão infelizmente assim”? – Diz Anthony, arqueando a sobrancelha. Eu senti vontade de me esconder atrás da minha mãe, mas Vincent passou o braço por meus ombros e eu sorri pra ele agradecida.

- Somos os seres mais poderosos do mundo, depois dos anjos. Alguns Nephilins só podem ser mortos por lâminas angelicais. Se não escolhermos o lado certo, podemos destruir o mundo facilmente. – Digo, recebendo olhares de todos e logo ouço uma risada. Vovô.

Sabe quando você fica o que parecem ser séculos sem ver alguém? Eu estava morrendo de saudade do meu avô. Ele abraçou a mim, mamãe e Vincent e apertou a mão do meu pai, sério, e puxando-o para um abraço logo depois. Gabriel vai até Anthony, Louise e Bryan e os cumprimenta. A partir daquele momento eu e meu irmão estávamos oficialmente matriculados na Sword & Cross.