Quando ele era criança, bastava sua mãe desviar o olhar que ele escapava, nem se quer para trás olhava.

Corria pela fazenda de mãos dadas com o vento, o rosto corado com o calor da tarde, corria com os pés descalços para sentir a terra por debaixo deles.

Para ele não existia nada melhor do que o cheiro da terra molhada após uma chuva de verão ou um banho no lago após uma tarde quente.

Ao escurecer só se escutava o grito da sua mãe ao longe:

–Para dentro menino!!!

Corria de volta, e não se importava com quantos puxões de orelha levasse, no dia seguinte, lá estava ele novamente explorando cada pedacinho de chão, se sentindo livre como o vento que escapa entre os dedos.

Olhando para trás já adulto sente saudade de tudo aquilo, quando achava que o céu era o limite, mesmo agora tão distante de sua terra natal, ainda consegue lembrar da sensação dos seus pés no solo molhado. Quando fala para mim de sua terra, fala com paixão, com um certo brilho no olhar, que até eu mesma que nunca estive lá, passo a gostar do lugar.

Para ele aquela terra é o paraíso, para ele aquele lugar é seu lar.

Já me disse que quer voltar para aquele lugar tão gostoso de se viver. Com aquele jeito tão simples de falar, não sei se consigo vê-lo partir... Porém sei que seu coração sempre estará lá...

Se um dia não me encontrarem por aqui, pode ter certeza que estarei correndo por ai... Ao lado do menino dos pés descalços.