Abri os olhos lentamente, havia acabado de voltar a realidade, o que havia ocorrido parecia um sonho, mas não era. Levantei o rosto para poder fitar a face do homem ao meu lado, eu havia dormido usando seu braço como travesseiro (mesmo não tendo lhe agradado a ideia quando pedi) e sua outra mão descansava suavemente em minha cintura.

Enquanto dormia parecia ser um anjo, sua beleza era grandíssima e divina, mas acordado era capaz de destruir cidades e famílias sem nenhum remorso. Um homem perigoso e dono de uma áurea semelhante. Não se brinca com ele e permanece vivo, mas isso é o que tanto me atrai, possuo um gosto nada saudável pelo perigo.

Foquei-me na tarefa de observar todos os traços delicados de seu rosto, cada marca, cada contorno, tudo. Sabia que não teria outra chance de poder observá-lo tão de perto, por isso tinha que me aproveitar ao máximo e assim estava fazendo quando me senti um tanto desconfortável, levantei o olhar e ele se prendeu nos olhos verdes penetrantes e frios do elegante moreno.

Vê-lo deitado tão próximo tornava quase impossível a tarefa de não sorrir. Seus olhos estavam fixados nos meus. Pude senti-lo me analisar com o olhar, cada mínimo detalhe de meu interior parecia estar sedo revistado, todos meus segredos expostos, minha mente quase era controlada por tais olhos.

Consegui desviar o olhar para baixo observando seus lábios finos, mas ainda podia sentir seu olhar sob mim mesmo seu efeito tendo sido amenizado. Ele pareceu ter notado onde minha atenção estava, pois seus lábios se desdobraram lentamente em um sorriso repleto de ironia e com resquícios de seu sentimento de superioridade sobre tudo e todos.

Ainda estava analisando seu sorriso quando o mesmo foi desfeito para que uma voz alta e forte soasse enchendo meus ouvidos.

-Já não cansou de me admirar, mortal?

Pelo susto levado com a fala repentina não tive habilidade suficiente para expulsar as palavras de minha garganta, apenas sorri envergonhada enquanto minhas bochechas ficavam rubras. Continuei a evitar contato visual.

A mão do moreno saiu de minha cintura e deslocou-se para seu cabelo alisando-os para trás, não resisti e direcionei meu olhar para seus olhos que agora estavam fechados. Antes que eu pudesse fazer ou dizer qualquer coisa seus olhos se abriram, desviei o olhar rapidamente, mas meu rosto foi puxado pelo Deus da Trapaça fazendo com que ficássemos próximos o suficiente para sentir sua respiração.

-Ousa desviar o olhar de mim, humana? – Seus olhos se encontravam perigosamente próximos. – Não vá se achando superior por ter a honra de acordar ao meu lado.

Senti-me incapaz de pensar em qualquer resposta decente, então apenas encostei minha cabeça em seu peito fechando os olhos desejando ficar um pouco mais com ele. O Deus apoiou seu rosto na palma da mão (ficando com a parte superior do corpo um pouco mais elevada) e me abraçou bocejando.

-Ainda com sono? – Questionei abrindo os olhos.

- Sim, e isto é tua culpa!

-Minha? – Me afastei um pouco para poder ver a expressão do moreno desejado que ele estivesse apenas brincando comigo, não queria um asgardiano furioso comigo ao meu lado. – Por que diz isso?

-Humana estúpida, não é óbvio que digo isto pelo fato de ter ficado se revirando na cama todo o instante?

-Mas a culpa não é minha, eu estava dormindo!

-Ousa dizer que estou errado? Você é uma simples mortal imunda e eu sou Loki, príncipe de Asgard e DEUS da Trapaça e da Mentira!

-... Você não é uma pessoa que lida muito bem com a manhã, não é mesmo?

-Seja uma humana útil e me traga o café da manhã antes que eu resolva puni-la por tal ousadia! – Um brilho perigoso encontrava-se em seu olhar. Sua fala foi dirigida a mim com uma atitude superior, obviamente ele não é alguém muito sociável de manhã.

Mesmo que ele tivesse ido à minha procura por vontade própria não o queria deixar irritado. Mesmo com a possibilidade de ser preso, Loki não deixa de fazer qualquer coisa. Sua personalidade forte já deve tê-lo posto em perigosas situações e ainda o colocará em muitas, não tenho duvidas disso, mas enquanto eu puder ficar ao seu lado, ficarei.

Comecei a me levantar para preparar o café assim como ele havia me “pedido”, mas o moreno segurou meu braço rapidamente me puxando contra si. Passou seus longos braços ao redor da minha cintura abraçando-me bem forte e enroscou suas pernas nas minhas. Estávamos deitados juntos bem próximos, já ia falar algo com meu rosto contra seu peito abafando minha voz quando ele se adiantou.

-Mudei de ideia, permaneça aqui comigo mais um pouco, mortal. – Dessa vez usava uma voz doce e suave, seus olhos estavam fechados. Resolvi aproveitar-me de seu momento de doçura aconchegando em seus braços e relaxando o corpo.

Momentos como esse em que ele demonstra seu lado suave são raros, o simples fato dele permitir que eu os presencie é o suficiente para fazer com que eu deseje ainda mais permanecer ao seu lado.