Íroda: As Crônicas Dos Oito Reinos escrita por Dracul Lothbrok


Capítulo 2
Capitulo I - O Nascimento de Íroda


Notas iniciais do capítulo

Contando apenas o nascimento da cidade e dos reinos. Também dos homens e dos elfos. Caso não queira ler não é extremamente necessário, mas aconselharia a visualizar o glossário pois neste capítulo há muitas explicações importantes.



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Wolfrig andava pelo corredor do castelo, angustiado. Suas botas de couro e saltos de carvalho enchia o recanto de barulho, todos o fitavam de modo metediço, pois sabiam que aquela inquietação era causada por alguma mensagem desfavorável. O pergaminho que chegara preso na pata de uma águia negra estava lacrado com o selo pessoal do rei de Thuathan, o que significava que o rei Dhagdan ficaria extremamente alvoroçado e afetado com as palavras daquele jovem elfo.

As notícias já eram previsíveis, o rei de Ivernos, que sempre fora enfermo e sua esposa era uma mulher de delicadeza atroz, morrera e não deixara filhos para governar o grande reino. Neste ponto, seria feita uma assembleia em que decidiriam qual rei governaria em Ivernos. Wolfrig sabia que a centenas de anos Thuathan e Ivernos tinham um relacionamento forte e uma aversão em comum ao reino de Turim, uma desavença que nunca fora superada, Lugh, o rei elfo então, tinha grande chance de ser aclamado pela maioria e subir ao trono, ganharia mais domínios, aliados, exércitos e força para intimidar ainda mais Dhagdan. Quando chegou a sala com seu rosto aterrador de traços severos encontrou Dhagdan apoiado em sua mesa de cedro, visivelmente alterado. Conhecendo bem seu mensageiro já sabia muito bem do que se tratava aquela carta e também da notícia da morte do rei de Ivernos.

– Vossa graça, permita-me lhe entregar este pergaminho, é de origem do Rei Lugh de Thuathan, pai dos Ellyllons.

– Esqueça essa formalidade. –disse Dhagdan irredutível. –Sei muito bem quem é Lugh pai dos deformados.

– Perdoe-me senhor, procurava fazer meu trabalho da melhor forma possível. –Wolfrig se inclinou e abaixou a cabeça estendendo o pergaminho a Dhagdan.

– Poupe-me de ler estre vocabulários limpo e efeminado desses Thuatans, leia para mim.

– Sim senhor. – O homem rompeu o lacre do pergaminho e o abriu, passando o olho rapidamente pela caligrafia bem desenhada e pelo perfume leve de couro envelhecido que exalava do papel. – ‘’Prezado senhor e Rei das terras de Turim e Floresta de Rhodez, sabemos que nosso prezado rei Chettan foi levado da terra e todos lamentaram sua perda. Infelizmente, reinos precisam ser administrados, portanto a Assembleia Real em Ivernos foi convocada. O que quero lhe dizer é que muitos prezam por meu reinado e por minha proteção, é certo que serei o escolhido, dada às circunstancias, agradeceria se comparecesse a Assembleia como formalidade e respeito à tradição, mas perdoaria sua falta nela, pois sou sabedor de que és muito longevo e que tem suas dificuldades e limitações. Sugiro com toda a minha sinceridade que continue nos confortos e em seu aposento no palácio, já que o resultado da reunião é certo. Com todo meu apreço e respeito, Lugh de Thuathan, pai dos Ellyllons e Rei de Ivernos’’.

– Maldito! –trovejou. – Maldito seja este imundo! Ousa me chamar de velho enfermo e ainda goza de minha capacidade, aparecerei naquela assembleia, lutarei contra cada voto que derem a ele. Se intitulando rei, é isso que veremos.

– Senhor, quer que eu mande uma resposta ao senhor Lugh?

– Não, retire-se, já!

Lugh estava sentado em uma pedra que ficava no Bosque de Prata, era chamado assim, pois cada espada de um inimigo foi derretida para depois de transformar em árvores e flores de prata, desenhadas e esculpidas. Costumava ir a aquele local para pensar ou encontrar algum dos deuses quando estes resolviam subir a terra. Quando Íroda foi formada, os deuses estavam em posse da grande Eire, e a comandavam, porém após os Milesianos chegarem a ilha houve grandes batalhas e eles venceram com a ajuda da deusa trina, os Deuses foram obrigados a morar em sidhes, tocas em montanhas, esplendosas e enormes, eles ali ficaram e hoje sobem a superfície para ter com os homens e os elfos.

O Deus Dagda, muitas vezes visitava Lugh para desfrutar dos banquetes colossais que era preparado para sua vinda e tocava a sua harpa mágica, Daurdabla, que fazia o jovem Rei adormecer ou gargalhar. Os dois tinham uma ligação mais forte do que qualquer rei com algum deus. Certa vez, Dagda dissera que visitava Thuathan, antigo rei elfo, para fazer competições de bebedeiras, algumas vezes chegavam a esgotar 800 barris de hidromel e cerveja em poucas horas. Essas histórias dos antecessores de Lugh, o deixava ainda mais interessado em conversas frequentes com o deus.

Um de seus conselheiros adentrou o bosque com calma e cautela para não alarmar Lugh, e logo se pôs ao lado dele.

– A esta altura, Dhagdan já deve ter recebido sua carta banhada de ironias e provocações.

– Assim espero. –Lugh olhou Cian com os olhos brilhando e sorridentes. – Acho que a guerra não é feita só de batalhas em campo, acho que tem que mostrar ao adversário, cada vez e repetidamente, que tem audácia e não tem vergonha de encará-lo de frente.

– Houve um tempo em que os Thuatans se deitavam com as mulheres de Turiam, aquelas moçoilas são donas de macios e fartos seios, como queria que estes tempos retornassem.

– Macios e fartos. – Gargalhou Lugh. – Podemos acabar com os tiranos, e ficar com as mulheres. As moças daqui também são bastante interessantes, a filha do senhor general é perfeitamente comparável com as meninas de Turim.

– Bom, tenho certeza de que Ivernos será sua. As mulheres de lá são bastante frágeis, aquela maldição antiga parece abalar a mente dessas coitadas atormentadas.

– Ivernos será minha, mas não cobiço suas mulheres, sabe do que eu falo.

– Sei bem irmão. Eu vim aqui mesmo é lhe avisar de que está tudo pronto para partirmos para a tão esperada e óbvia Assembleia, quando estiver descansado podemos ir.

– Muito obrigado amigo, por sempre se adiantar. –Lugh se levantou e bateu a palma no ombro de Cian, se afastando depois para dentro das frias árvores de prata.

***

A carruagem de Dhagdan estava prontamente arrumada e preparada para recebê-lo. Os assentos estavam exageradamente acolchoadas com almofadas de penas de ganso e forradas de seda para que o velho não entortasse e nem esfolasse as costas no longo percurso. Era todo feito de mogno e carvalho e tinha uma cama do tamanho perfeito do corpo do Rei, do lado de fora, era puxada por 6 cavalos marrons avermelhados de grande porte e a carruagem era seguida por uma caravana de pessoas, que incluía sua guarda real com 200 homens e também todo o tipo de serviçal, desde massagistas até costureiros para deixar o visual de Dhagdan mais lustroso possível.

A esposa de Dhagdan era uma moça jovem chamada Bithe, ela era sempre muito retraída e nunca dava suas opiniões. O velho homem, apesar de ser explosivo e rude muitas vezes, a tratava muito bem, de forma que parecia mais ser seu pai do que seu marido. Ela vinha em uma carruagem separada, cercada por outras moças, filhas ou esposas dos generais e homens de importância alta.

Um druida da realeza dissera ao rei que seria melhor que ele partisse o mais cedo possível, que chegasse antes de Lugh. Ele acreditava que o elfo sairia mais tarde de Thuathan, já que Ivernos ficara próxima e tomava apenas alguns dias de viagem, porém estava errado, eles se preparavam para sair exatamente na mesma hora em que os Turianos partiram.

– Voltoan, mande um corvo a Ivernos, avise-os de que estou sendo favorável e que quero chegar o máximo possível. Diga que quero desfrutar do conforto e da hospitalidade dos bons homens e fazer o máximo que posso para consola-los da dor de perder o grande herói Chettan.

Dhagdan se ocupava no caminho todo em como agiria diante de Lugh, se demonstrasse desprezo poderia passar uma imagem completamente rude e desrespeitosa para os Iverneos, porém se agisse de forma cortês poderia parecer fraco e submisso para os Thuathans e ele não poderia de forma nenhuma deixar que isso acontecesse, nunca poderia dar brechas para que Lugh encontrasse uma fraqueza e tirasse vantagem disso.

– Tenho que agir de forma nobre, porém imparcial. Manterei minha postura intacta e não me submeterei a aqueles que dizem serem os novos donos de Ivernos. –Dizia Dhagdan a Wolfrig.

E assim a viagem foi conduzida calmamente, por todo o longo percurso o rei se preocupava em formular e pensar em argumentos que fizessem os líderes de Ivernos questionarem a ascensão de Lugh ao trono, e eles eram bastante fortes, porém ele sabia que precisava de mais para convence-los. As chuvas umedeciam a madeira de sua carruagem e a deixava gelada, mas aquilo o agradava, e também sabia que quando mais chuva ocorresse, mais perto de Ivernos estava. E em poucos dias o castelo de bronze podia ser visto, estava meio manchado e muitas partes foi substituída por pedra cinzenta e com musgo, mas ainda era de uma beleza incomum. Uma movimentação muito grande podia ser vista perto dos muros do castelo, acampamentos começavam a aparecer, e era possível ver a bandeira de Ivrea, branca com uma donzela de cabelos longos e ruivos no meio, em alusão a Ivernea, e logo ao se aproximar também havia outros grupos, de pequenos condados. Mas uma bandeira se esvoaçava imponente e erguida mais alta que as outras, e havia muito movimento, fumaça e pessoas cantarolando e andando em volta do lustroso acampamento. Dhagdan se mostrou completamente furioso, pois aquele alojamento pertencia a Lugh e seus homens, não aceitava que o elfo havia saído tão cedo de sua toca e que ainda dera uma festa regada de comidas e harpas e convidara também os juízes da Assembleia para desfrutar de sua companhia.

–Isso não vai ficar assim. –Brandou Dhagdan. –Tragam-me aquele druída falho!


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