Batia o pé ritmicamente me baixo da mesa, rápido e silenciosamente, o lápis balançando entre os dois dedos e tentando fazer cara de que estava tudo normal.

“Faça!” Ouvi a voz sussurrada sombriamente em minha cabeça, a fazendo latejar horrivelmente. Respirei fundo tentando me manter calmo.

–Stiles, tudo bem? –Scott me perguntou, percebendo que algo estava errado.

–Ham... Sim, tudo bem.

“Você sabe que foi você, e que fará muito mais! Você não é mais frágil, agora você tem poder... Use-o!”

–Não... –Sussurrei para mim mesmo, em concentrando em não deixar que ele penetrasse minha mente tão profundamente. Corri os olhos pela sala de aula procurando por Lydia. Ela não estava ali, sua aula era diferente da nossa naquele horário. Fechei os punhos me concentrando ao máximo para me manter o mais lucido possível. Não parecia estará ajudando muito. Senti minhas mãos esquentarem e uma movimentação estranha começou na sala, pessoas sussurrando uma com as outras e o professor tentando manter a sala em silencio. As luzes piscavam e faziam ruídos estranhos de eletricidades, como se fossem estourar a qualquer momento. Uma das janelas se abriu batendo fortemente contra a parede do lado de fora, fazendo o vidro se quebrar. As pessoas começaram a gritar assustadas, se levantando de suas meses ameaçando sair da sala.

–Calma, mantenham a calma todo mundo, não deve ser nada. –Dizia o professor.

Senti uma mão em meu ombro e Scott entrou em meu campo de visão.

–Cara se acalma, vamos Stiles, respira. Precisa controlar isso.

Senti uma onda estranha percorrer o meu corpo e retorci o pescoço lentamente.

–Estou tentando...

Puxei o ar com força, sentindo minhas mãos tremerem. A mesa do professor começou a se remexer, as luzes começaram a piscar ainda mais, nos mantendo no escuro por mais tempo antes de ascender novamente. Os barulhos de eletricidade aumentando cada vez mais. Outra janela se abriu e bateu, também quebrando. Os alunos não deram mais atenção para o professor, simplesmente abriram a porta e correram para fora.

Scott agarrou o meu braço e me puxou para fora da sala, em meio a multidão de alunos que se aglomerava no corredor, os alunos das outras salas também saiam assustados e gritando de la. Scott olhou em volta parecendo pensar onde me levar.

–Tudo bem você esta indo bem, continue respirando e tentando manter o controle Okay. Aguenta só mais um pouco. –Ele disse, começando a me puxar por um corredor. Logo senti o ar fresco bater contra meu rosto. Estávamos no campo de lacrosse.

Minhas mãos queimavam como se eu estivesse colocando-as no meio do fogo, mas sem a dor. Meus olhos ardiam e os senti aquentes também. Minha respiração estava ainda ofegante. Não me sentia começando a ter controle, na verdade, me sentia perde-lo cada vez mais. Ouvi gritos em minha cabeça, gritos que eu ouvia constantemente em meus pesadelos. Gritos das pessoas que eu matei.

“-Você já fez antes... Porque não pode fazer de novo?” Ouvi a mesma voz do Nogitsune sussurrar em minha mente.

–Porque não era eu. –Disse com dificuldade.

Scott me olhou confuso, dizendo palavras que eu não conseguia mais ouvir, apenas via seus lábios se mexerem, tentando inutilmente me fazer entender.

“-Era você sim... Você queria tanto quanto eu... Você gostava do poder... E agora você tem mais do que antes. Imagina o quanto poderemos ser grandes juntos novamente.”

–Não... Eu não quero.

“-Quer sim... Imagine sentir todo aquele poder novamente, Stiles... Eu lhe dou o controle dele, o controle que você nunca conseguirá sozinho. Se ficarmos juntos novamente eu lhe dou o controle de seus poderes e você me dá alimento... Deixe-me entrar Stiles...”

Segurei a cabeça entre as mãos, desesperado para tirar aquela voz perturbadora de minha mente.

–Stiles! –Ouvi o som a minha volta voltar lentamente, e agora não era mais Scott quem me chamava. –Stiles hey, vamos, se acalme, respire comigo.

Olhei Lydia a minha frente, tentando me ajudar a me acalmar.

–Hey, tudo bem. Não o deixe ter esse poder sobre você. –Scott a olhou intrigado, parecendo não entender do que ela falava. Mas realmente, como Lydia sabia que era Nogitsune que estava fazendo aquilo comigo?

“-Deixe-me entrar...”

Senti a mão pequena e macia de Lydia envolver a minha, e a outra se colocar em meu rosto me obrigando a olha-la. Meus olhos encontraram os seus, tão fixos e concentrados em mim.

–Não! –Respondi ao Nogitsune, decidido. –Não deixo...

Aquilo só pareceu aumentar minha dor de cabeça.

–Isso... Respira, não liga pra ele, só foca-se na minha voz Okay.

Eu o fiz, sentindo minha respiração se acalmar lentamente.

–Isso...

Dei um ultimo suspiro, tremulo e calmo. Percebendo que minhas mãos tinham voltado á temperatura normal. Olhei Lydia agradecido, não me surpreendia com o poder que ela tinha em me dar paz e de muitas vezes me ajudar a “voltar” para a realidade a minha volta. Isso já ocorreu várias vezes. Ela pareceu pensar o mesmo, sorriu levemente para mim e me abraçou.

–Viu? Não foi tão ruim, você conseguiu controlar, ninguém se machucou e já esta tudo voltando ao normal lá dentro.

–Algo poderia ter acontecido. –Disse, me afastando levemente dela. –Eu não consegui controlar por conseguir. Consegui porque você me ajudou, e se... E se da próxima vez você não estiver por perto? –Perguntei em um sussurro, temendo o que eu poderia fazer se não conseguisse controlar logo tudo aquilo.

–Hey, vamos dar um jeito. –Disse Scott, que estava calado até então. –Já passei por isso e sei o quanto é assustador, ter... Medo de machucar as pessoas e tudo o mais. Mas vai melhorar, eu prometo. –Ele disse com uma confiança tão grande, que me senti melhor.

–Hey! O que vocês adolescente problemáticos estão fazendo aqui fora? Estava um caos lá dentro, vão pra la! –Disse o treinador, gritando para gente da porta que dava para dentro da escola.

Nos apressamos em entrar, antes que ele começasse a gritar nossos sobrenomes.

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POV Vitima

Corria entre as árvores, seguindo a trilha e ouvindo musicas aleatórias no fone de ouvido. Logo escureceria, talvez fosse melhor eu voltar logo para casa. Parei e fiquei ali em pé uns minutos, respirando. Abri a garrafa de água e bebi uma grande quantidade do liquido, jogando um pouco no pescoço, fechei a garrafa e a guardei, me preparando para voltar.

Olhei o caminho de volta me assustando com a pessoa que apareceu ali, do nada.

–Ahn oi. –Eu disse hesitante. O cara me olhava de um jeito muito esquisito. Franzi o cenho pensando, ele me parecia familiar. Mas da onde eu o conhecia? –Então... Boa tarde, eu já estou seguindo meu caminho então, até mais. –Eu disse, estranhando ele não ter dito nada.

Comecei a andar e quando fui passar por ele colocou a mão em meu ombro o apertando forte, na verdade, era mais forte do que aparentava. Resmunguei de dor, afastando sua mão e dando um passo para trás, o encarando. Levei minha mão ao meu ombro, o massageando.

–Qual o seu problema?

Sua mão foi forte para o meu pescoço o apertando, coloquei as mãos em seus braços tentando fazer com que me largasse, em vão. Ele me levantou do chão e me jogou a frente dele, quase me fazendo bater a cabeça na árvore.

–Hey. –Reclamei, apoiando as mãos no chão, me preparando para me levantar. Ia acabar com aquele maluco, eu era quase o dobro do tamanho dele e com certeza tinha muito mais músculos. Ele parecia tão magrelo e indefeso.

Me levantei e fechei os punhos, nem ao menos pensando antes de avançar sobre ele pronto para lhe dar um soco na cara. Ele desviou com reflexos impressionantes, voltando a posição anterior e segurando meu punho. O apertando. Senti meus ossos se estralarem e a dor correr pela minha mão e braço.

–Não sou mais frágil. –Ele sussurrou com a voz rouca e um tanto sombria para ser um adolescente normal. Era a voz de alguém de trinta anos pra mais.

Novamente ele me jogou longe, agora me fazendo bater com força na árvore atrás de mim. Minha visão ficou turva e tudo a minha volta parecia girar. Pontos pretos aparecendo a minha frente, estava ficando inconsciente. O garoto se aproximou de mim e fez um movimento de mão no ar. Senti meu pescoço arder e algo quente escorrer por ele. O ar me faltar e não consegui engolir saliva. A escuridão tampando cada vez mais minha visão. Mas consegui ver ele se aproximar e se ajoelhar ao meu lado. Pegou meu pulso e fez uma expressão estranha, como se estivesse se apoderando de algo. Algumas linhas pretas destacadas subiam por seu pescoço. Ele respirou fundo e me olhou com um olhar insano, foi tudo o que vi antes de apagar completamente.

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POV Scott.

–Já disse Deucalion, eu não vou para o seu bando.

–Tem certeza Scott? Pois logo iremos conseguir seu amigo novamente. Alias sua amiga Malia esta se dando muito bem no bando sabia? Tão empenhada em achar a mão... Seria realmente uma pena se isso não fosse possível.

–O que quer dizer com isso.

–Quero dizer que seu tempo de decisão esta acabando.

–O que te faz pensar que conseguira vencer dessa vez? Stiles esta bem protegido, assim como nossos pais. Não pense que só porque você tem Jeniffer ao seu lado que algo vai mudar.

–Não é apenas Jeniffer que tenho aliada a mim Scott... Bem, você se preocupa tanto com seus amigos. Seria uma pena se um deles te traísse horrivelmente e se tornasse o vilão não? Bem, logo estaremos tão indestrutíveis como nunca antes. Se eu fosse você ficaria bem esperto com seus amigo, em um em particular. –Ele disse, encerrando a ligação.

Não entendi nada, mas aquilo de certo modo e assustou e alertou. O que eles estavam tramando?

Disquei o numero de Stiles e liguei, esperando.

“-Olá, aqui é o Stiles, deixe uma mensagem...”

Desliguei. Isso raramente acontecia. Liguei novamente e esperei. Ele atendeu e ouvi sua respiração do outro lado da linha. Um alívio percorreu o meu corpo, ele estava bem.

–Stiles? Nossa, eu achei que algo tinha acontecido, Deucalion...

–Scott. –Ele me chamou, sua voz estava estranha, tremula.

–Stiles? O que foi.

–EU não sei eu... Estou na floresta, em algum lugar na trilha de caminhada e... Eu não tenho ideia de como...

Ele parecia estar assustando e talvez chorando.

–Scott... Tem sangue.

–Sangue? Você esta ferido?

–Não... Esse é o problema, o sangue não é meu.

–Calma cara, eu estou indo Okay, fica ai e não se desespere.

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Pov Stiles

Desliguei o telefone, sentindo minhas mãos tremerem enquanto eu o soltava no chão. O que eu estava fazendo ali? Meu coração batia rápido enquanto eu me levantava do chão com folhas e galhos me espetando. Olhei em volta hesitante, com medo de encontrar algo indesejado. Estava tudo se repetindo...

Uma certo desespero começava a crescer dentro de mim.

–Calma, Stiles... Você só tem que esperar Scott.

Como ficar calmo? Havia sangue em minhas mãos e eu estava em um ligar no meio da floresta e não tinha ideia de como tinha chegado ali.

Meus ouvidos doeram horrivelmente assim que ouvi um grito muito conhecido. Não durou muito até que tudo se silenciasse novamente. Não parecia estar longe dali. Corri pelo caminho onde o grito de Lydia pareceu ter surgido e um certo alivio e medo me dominou ao vê-la virada de costas para mim, olhando algo a sua frente.

–Lydia? –A chamei.

Ela se virou para mim com uma expressão aterrorizada. E com razão. Olhei para o ponto onde ela olhava antes e ali havia um corpo... Era um garoto. Morto. Havia muito sangue em volta dele, principalmente no pescoço. O sangue ainda jorrava do enorme corte em seu pescoço.

Meu coração bateu rápido e ergui minhas mãos ensanguentadas e as olhei. O sangue parecendo ainda fresco.

–Não... –Sussurrei para mim mesmo.

–Stiles? –Ouvi a voz suave de Lydia me chamar, hesitante.

Dei alguns passos para trás, e se eu chegasse perto demais e a machucasse também.

Olhei para o garoto morto mais a frente e rapidamente um fleshe veio em minha mente, rosto assustado dele a minha frente.

“-Qual o seu problema?” A voz ecoou vazia em minha mente.

Eu havia feito aquilo. Não, tudo de novo não.

–Stiles. –Lydia ergueu a mão tentando em tocar. Me afastei novamente.

–Não, eu... Não quero machuca-la, você tem que ficar longe.

“-Stiles...” Ouvi aquela conhecida voz do Nogitsune me assombrando novamente. Não, ele não poderia dominar minha mente enquanto eu estava com Lydia, não suportaria machuca-la.

–Eu... Tenho que ir. –Disse enquanto me virei e corri, ignorando seus gritos me chamando. Ela pareceu correr atrás de mim por um tempo, mas log não conseguia mais ouvir seus passos ou gritos.

Cheguei em frente a um pequeno riacho ali e me ajoelhei, lavando o sangue de minhas mãos de forma agressiva. Terminei de lavar e olhei meu reflexo na água.

“-Todos tem... Mas ninguém pode perder...”

–Não... Me deixe em paz.

–Sou sua sombra Stiles... Você não pode fugir de mim. Faço mais parte de você do que você imagina.

Olhei para o outro lado do riacho e ele estava ali, ajoelhado como eu e me olhando. Parecendo imitar meus movimentos. Como... Uma sombra.

–Deixe-me entrar, Stiles...