O Segundo Reino escrita por Jay


Capítulo 1
I - Inferno Florestal


Notas iniciais do capítulo

Terror, mistério, aventura e muito mais vai rolar nessa história!

Espero que gostem! ;)



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Sempre achei que o Inferno não existisse. Muito menos pensei que se existisse, fosse o lago de fogo e enxofre que todos falavam... Ao me deparar com o próprio, me surpreendi muito. O Inferno Florestal. Nome engraçado, não é? Era assim eles chamavam aquele reino e assim fui obrigada a chamar.

Não existiam nuvens, mas era como um céu nublado prestes a cair uma tempestade. Não via fogo, só sentia frio. O frio dominava todo o lugar e o interior da floresta escondia monstros. Sim, aqueles que foram humanos, algum dia, se encontravam no Inferno Florestal. O bosque que eu via nos sonhos.

— Esse é o seu novo lar, Haven! — Johnny me disse quando pisamos os pés na entrada da floresta. — Está vendo o castelo no alto da colina? É a minha casa, e que agora será nossa.

Meu estômago revirava de medo, mal conseguia falar naquele momento. Mas falar o quê? Nada poderia me levar de volta para casa.

— Só há um mínimo detalhe. — ele sussurrou no meu ouvido. — Para chegar lá, — apontou para o alto da colina — Precisa atravessar esse monte de árvores e não são árvores comuns. Não é uma floresta comum. Aqui é uma parte do famoso Inferno. — meu coração saltou ao ouvir isso e ele só se divertiu mais.

— Inferno não existe. — falei o mais alto que consegui. — É tudo um sonho... Só um sonho...

Johnny me deu uma bofetada na boca e eu caí no chão, em meio a grama molhada.

— Não seja estúpida! Seus esforços para acordar são inúteis. Você é minha!

— Não, não sou!

Ele conseguia implantar imagens na minha mente e, nesse momento, pôs lembranças dos meus pais me tratando mal, me desprezando, como sempre fizeram.

— Não consegue ver? Eles te tratavam mal porque sabiam que essa hora ia chegar e não queriam lidar com as sombras novamente. Eles leiloaram sua alma pela vida do seu irmão!

O canto da minha boca sangrava e eu fechei os olhos tentando amenizar a dor que as suas palavras me causavam.

— É mentira!

— Você sabe que não é. Pare de se odiar e os odeie, Haven. Eu sei que você guarda rancor e deve se libertar dos laços que te impedem de desejar a morte deles. — ele estendeu a mão para mim, mas ao invés de pegá-la, caí em um choro profundo. Soluçava de agonia cobrindo o rosto com as duas mãos. — Não me venha com sentimentalismo. Vamos, você tem uma longa jornada até o castelo.

— Como assim? — olhava incrédula para o sorriso cínico estampado em seu rosto.

— Ah, esqueci de te dizer... Tem de atravessar o Inferno sozinha, querida. — as lágrimas rolaram com mais vontade. — Prove ser merecedora da coroa.

— Coroa? — indaguei o óbvio.

— Sim, minha futura rainha. — ele me pegou pelo braço, enquanto eu ainda digeria suas palavras, e me atirou no breu da floresta. — Te vejo no castelo.

Tentei correr de volta por onde ele me jogou, mas algo me lançou de encontro a um tronco. A escuridão e o silêncio eram completos. Jurei ser forte e conseguir chegar até o fim, não ia desistir na primeira batalha...

Aquele lugar não me deixaria sair tão fácil, o medo me dominava a medida que o tempo ia passando, e eu só havia dado alguns passos... Sentei no que me parecia um galho caído e chorei baixinho por causa da solidão. Logo, me arrependi amargamente por querer alguém ao meu lado.

Johnny não mandou alguém, mandou algo. Ouvi um rosnado do meu lado direito e levantei cuidadosamente. Seja lá o que fosse que estivesse ali, conseguia ver e isso só me deixava mais insegura. A coisa pulou em cima de mim, era uma espécie de cachorro gigante.

— Socorro!

Gritei desesperadamente, enquanto o animal debruçado em cima de mim deixava sua baba gosmenta cair no meu rosto. Procurava a todo custo achar algo que pudesse bater nele antes que arrancasse a minha cabeça com uma mordida.

"Mostre que você é a rainha. Dê uma ordem e ele obedecerá."

As palavras de Johnny ecoavam dentro da minha cabeça, mas como eu faria isso?

Achei um galho e bati na barriga do bicho, o fazendo sair de cima de mim. Passei a mão no rosto limpando a sujeira e já podia sentir ele vindo me atacar novamente, nesse instante gritei, com a voz esganiçada, o mais alto que pude:

— Pare!

Fiquei ofegante esperando o seu próximo movimento e nada. Ele simplesmente sumiu. Desabei no chão depois de alguns minutos. Isso era completamente surreal, como minha vida pôde dar essa reviravolta? Meus pensamentos estavam tão embaralhados naquele momento que nem a aproximação de outro alguém eu notei. Só senti a lâmina passando lentamente na minha testa, o sangue escorreu e eu levantei. Corri o mais rápido que pude.

Parecia que eu estava ali há horas e quanto mais corria, não encontrava a saída. Ouvia murmúrios, gritos, gemidos... De tudo se podia ouvir e medo já nem era a palavra certa, estava completamente apavorada. Sentia meu corpo dolorido e os cortes dos galhos nas pernas e braços já nem ardiam tanto.

Estava pronta para desistir e deitar, esperando mais algum monstro me atacar e finalmente morrer quando tropecei em algo. Caí de cara no chão, pude sentir o gosto da terra nos meus lábios. Ao levantar a cabeça e olhar para cima, vi que tinha conseguido, estava nos portões do castelo. Apesar de muito pouco, havia luz e corvos voavam para todo lado fazendo aquele barulho irritante, toquei os portões com a ponta dos meus dedos e um lado abriu lentamente. Agora, só me restava subir a enorme escadaria até a porta...


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Notas finais do capítulo

Curiosos? :3 Tô muito feliz em voltar escrever aqui e espero que vocês comentem com críticas ou qualquer coisa que queiram dizer aí na caixinha de comentar!

Até o próximo õ/