Segunda-feira não é o meu dia favorito da semana, mas eu esperei o que me pareceu uma eternidade por hoje. Finalmente a Gina vai m explicar o que eu ainda não sei sobre ninguém falar com ela e aquilo tudo e ainda tem a apresentação do trabalho de biologia.

Acordei bem animado, tomei banho, me vesti e me olhei no espelho. Eu parecia bem, meu cabelo loiro caia um pouco sobre os meus olhos azuis e estava do mesmo jeito que da vez que Gina elogiou no ônibus outro dia na sexta. Me lembro que o Arthur ticou enciumado com isso.

Tomei o café da manhã, organizei a mochila e sai para a escola.

No momento que cheguei vi que Gina já estava lá, o estranho é que ela estava conversando com uma mulher (será que os pais dela voltaram de viajem e essa é a mãe dela?), normalmente ela não fala nem com as professoras ou professores.

Bateu o sinal. Todos indo para a sala.

A professora Gisele escolheu a ordem para os alunos apresentarem os trabalhos. Eu e Gina apresentamos depois do Matheus e da Ana. A apresentação foi fácil, fizemos como aviamos combinado e no final ocorreu tudo como deveria. Quando terminamos umas duas pessoas (uma delas era o Arthur) bateram palmas. Nossa gente, que animação..

–Agora falem os nomes completos e os números da chamada queridos. – pediu a professora Gisele enquanto ajeitava os óculos com aros grandes que insistiam em escorregar por seu nariz.

–Oliver Lovegood, número vinte e dois. – eu disse.

–Gina D'Angelo, número... –COMO VOCÊ OUSA? – Ariane gritou do outro lado da sala e Arthur levantou e depois de olhar para Gina que balançou a cabeça negativamente ele soltou um suspiro e sentou-se novamente – VOCÊ NÃO É DIGNA DE CONTINUAR USANDO O SOBRENOME DA DIANA!!! – Ariane estava gritando (por que a professora não faz nada? Quem é Diana?) e todos olhavam para ela.

–Engraçado Ariane, como se você fosse digna de alguma coisa. – retrucou Gina e logo em seguida Ariane estava pulando para cima dela e gritando: –NÃO OUSE FALAR DE MIM, SUA MALUCA PSICO..–JÁ CHEGA!!! – interrompeu Gisele (aleluia) enquanto Arthur afastava Ariane de Gina.

–ARIANE! VOCÊ SABE QUE É PROIBIDO FALAR DISSO! AS DUAS PRA DIREÇÃO! AGORA!!! – pela primeira vez eu vejo a professora Gisele gritar, e ela está muito irritada.

–Professora, eu posso levar elas até lá? – perguntou Arthur enquanto Ariane saia bufando da sala com cara de “quero-matar-um”. Gina ficou parada esperando a professora se pronunciar.

–Pode, explique para o diretor o que aconteceu e fique de olho na Ariane. – falou.

–Claro, profe. – Arthur olhou para Gina. – Vamos lá?

Os dois saíram da sala sem falar mais nada.

Durante os três primeiros períodos tivemos aula de biologia, duplas fazendo apresentações e mais apresentações... Eu estava inquieto e fiquei olhando para o relógio de cinco em cinco minutos, precisava falar com eles, ver se a Gina estava bem. O tempo não ajudava, passando lentamente, como quando você está com medo na sala de espera do dentista, esperando a sua vez de ter a consulta e ir logo embora daquele lugar (que na minha opinião é um lugar assustador).

(…)

Recreio. Finalmente.

Desci as escadas correndo o mais rápido que pude, escorreguei um degrau e cai de cara no chão. (claro, por que eu não iria cair?! Só me faltava dizer que alguém viu isso...)

–Nossa, você tá bem? – olhei para cima, era Gina. Ela e o Arthur estavam vindo da direção.

–Claro que não, né Gina?! Não tá vendo que ele deformou o rosto? – disse o Arthur rindo.

–Noossa... como o senhor é engraçado. – falei em tom de deboche e começamos a rir os três. Gina me estendeu a mão e me ajudou a levantar.

–Obrigado – falei para Gina. – O que aconteceu lá? – perguntei quando paramos de rir.

–Tô de “castigo” por ter respondido à vaca da maneira que ela mereceu. – Gina estava chateada.

–Suspensão, foi o que ela quis dizer. Ela acha que é um castigo, só que na verdade é um presente. Uma semana sem ter que vir a aula. – respondeu Arthur.

–Olha só – (ah não, essa guria de novo?) –, agora EU, uma ótima aluna, peguei suspensão de uma semana por sua culpa, maluca. – Ariane chegou e antes que Gina fala-se algo Arthur se pronunciou:

–Fala sério Ariane, o que você quer agora?

–Quero que essa maluca morra de uma vez! – disse.

–Não fale assim dela! – finalmente eu disse algo, estava me achando um covarde.

–Oliver, Arthur … Vocês vão defendê-la depois do que ela fez? – Ariane estava perplexa. – Você... – disse olhando para o Arthur – Eu já esperava isso de você, mas Oliver – ela se virou para mim – Ela é maluca, é completamente louca. – todos ficaram em silêncio –Isso ainda não terminou. Ouviu? Não terminou!

Saiu andando toda torta (isso que dá usar salto alto sem saber andar) e nós começamos a rir. Estávamos suscetíveis a risadas nesse dia. Arthur começou a ter uma crise de riso e Gina começou a rir dele e eu a rir dos dois. Tarde de mais. Estávamos os três rindo como idiotas.

–Ai, minha barriga dói de tanto rir. – disse Arthur ainda rindo.

–Minhas bochechas doem de tanto rir. – disse Gina também rindo.

[Uma crise de risos depois …]

–Vamos embora? – perguntou Arthur.

–Vamos. – respondeu Gina. – Vamos Oliver? – perguntou.

–Não né. Ainda tem aula. – eu disse.

–Eu tô suspensa. – Gina deu de ombros.

–E eu tô cansado. – Arthur falou como se isso fosse o fim do mundo.

–Isso é desculpa para matar aula? – indaguei.

–Eu não vou matar. – respondeu. – Vou pegar autorização na enfermaria.

–Para isso você precisa estar passando mal – eu disse (é verdade).

–Aaaai! – Arthur meio que gritou.

–Que foi? – perguntou Gina e ela sorriu como se soubesse a resposta.

–Que dor de cabeça… – encenando, colocando as costas da mão sobre a testa.

–Oh meu Deus! – Gina entrou na brincadeira. – Está queimando em febre. – disse colocando a mão na testa dele.

–Ok, dá pra ver que ele está mal, com essa cara de doente. – eu disse e ela deu um rizadinha, a risada dela é tão fofa.

–O que você pretende dizer com isso? – perguntou Arthur levantando uma sobrancelha.

–Nada não.– disse rindo. – Cuide dele Gina. Eu vou para a aula quando terminar o recreio.

–Tá, até mais Oliver. – ela disse.

–Tchau Oliver. – Arthur se despediu.

–Tchau.

Eles foram para a enfermaria e depois para casa.

(…)

Depois que eles já tinham ido embora eu lembrei que era hoje que eu ia falar com a Gina. (que saco! Me esqueci. Fica para amanhã… Amanhã ela não vem na escola...) Que saco!