Loucura escrita por Lola Carvalho


Capítulo 2
Apagão


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Passados alguns minutos, Hightower saiu de seu escritório sozinha e pediu para que Jane a acompanhasse, e então ambos dirigiram-se para a sala de Lisbon.

– Agente Lisbon – disse Hightower – Temos um suspeito chegando na sala dez e eu quero que você e Jane arranquem a verdade dele. Ele é acusado por assassinato.

– Eu e Jane? Por quê? – ela perguntou

– Porque eu quero. Algum problema, agente Lisbon?

– Não, senhora.

– Ótimo – ela disse e saiu da sala.

A agente e o consultor se dirigiram, calados, até a sala dez e, assim que entraram, Van Pelt trancou a porta silenciosamente.

– Alguém trouxe pipoca? – perguntou Cho na sala anexa a do interrogatório

– Rigsby foi fazer duas daquelas de micro ondas – contou Van Pelt

– Tomara que ele traga refrigerantes também. Só Deus sabe quanto tempo isso vai durar – disse Hightower.

Enquanto isso, dentro da sala de interrogatório, Patrick caminhava, aflito, de um lado para o outro e Teresa já havia tomado o seu lugar.

– Você quer parar de ficar andando de um lado para o outro? – irritou-se Lisbon – Eu já sei que você não está a vontade perto de mim, ok?!

– E de quem é a culpa? – retrucou Jane

– Ah, não! Não vamos entrar nesse assunto de nov-

A voz de Lisbon falhara quando a sala inteira se escureceu, de forma que a única luz provinha da janela onde tinha uma pequena lâmpada de emergência que ficava no corredor.

– Essa não, essa não! – disse Teresa ao tentar abrir a porta e constatar que ela estava trancada – Droga, estamos trancados... – a gente parecia desesperada, e começou a bater na porta com força

– Lisbon? – chamou-a Hightower – O guarda trancou a porta, ele não sabia que o suspeito não estava aqui ainda tinha chegado, e eu não estou conseguindo achar a minha chave. Você e Jane terão que ficar aí por algum tempo até a energia voltar, tudo bem?

Lágrimas encheram os olhos da agente e memórias ruins encheram sua mente.

– Huh... Está bem – ela manejou dizer e então se sentou no chão em frente da janela que deixava traspassar luz e, sem conseguir se conter, começou a chorar baixinho, abraçando as pernas.

– Lisbon? – preocupou-se Jane com o comportamento estranho da agente – Está tudo bem? – ela porém não respondeu.

Eles se aproximou dela, tentando visualizar seu rosto e confirmar se ela estava mesmo chorando.

– Não se aproxime! – ela alertou, revelando, entretanto, em sua voz, que ela de fato chorava.

– O que está acontecendo, Lisbon? – mas, novamente, ela não respondeu – Você está com medo de algo...

– Para, Jane! Eu não quero participar dos seus joguinhos agora.

– Bem, pela sua atitude eu posso presumir que não é de mim que você tem medo – observou ele – Você tem medo do escuro? – ela permaneceu em silêncio – A destemida agente Lisbon tem medo do escuro...

– Sim, Jane, eu tenho. Está feliz agora?

– Lisbon, não precisa ter medo – ele aproximou-se cautelosamente dela e sentou-se ao lado dela, passando um braço envolta da agente – Eu estou aqui. Não vou deixar nada nem ninguém te machucar, tudo bem?

– Está bem – ela sussurrou e apoiou sua cabeça no ombro do consultor

– Confortável? – ele perguntou após algum tempo

– Aham... Patrick?

– Sim?

– Me desculpa pelo outro dia, quando te deixei falando sozinha e depois por... Você sabe.

– Tudo bem. Já passou – ele permaneceu em silêncio, pensativo, por alguns segundos antes de prosseguir – Embora eu tenha que admitir que é um pouco impossível esquecer nosso beijo.

– É. Não me diga – ironizou

– Você realmente não sentiu nada? – perguntou Jane, esperançoso. Teresa, porém, tomou alguns segundos para responder

– Isso não deveria acontecer...

– “Isso” o quê?

– Isso. Essa “coisa” entre a gente. Eu não deveria ter... – a voz dela falhou. “Me apaixonado” ela, porém, completou mentalmente

– Por quê?

– Jane, você está aqui por vingança. O que vai acontecer depois que você matar Red John? Eu vou viver fazendo visitas para você na cadeia? Ou, pior, você foge e eu nunca mais vejo você... Se eu já sofreria agora, imagina se... – a voz dela falhou novamente

Patrick respirou fundo, digerindo todas as informações que Teresa lhe dissera.

Só haviam duas decisões a se tomar a partir dali. A primeira ele não aguentaria de jeito nenhum que era continuar com sua vingança, mas perder a Lisbon para sempre. E a outra, desistir de Red Joh por Teresa, seria um desafio constante.

– Você me ama? – indagou o consultor

– Jane...

– Apenas responda. Por favor

– E-Eu... – ela gaguejou – Sim, eu amo.

– Ótimo! Agora eu sei que vai valer a pena.

– O que vai valer a pena?

– É uma longa história. Quem sabe outra hora... – ele não revelou, afinal seria complicado demais explicar, ainda mais, dado o nervosismo de Lisbon com relação ao estar escuro.

– Está bem... – Patrick ponderou que o escuro realmente a afetava. Afinal, não havia uma situação que Lisbon se recusasse a insistir para que ele contasse o que quer que seja.

– Sabe de uma coisa que pode te ajudar com o seu medo?

– O que?

– Falar sobre ele.

– Você não vai entender, Jane.

– Tente.

– Está bem. Não ria...

– Não rirei, prometo.

– Bem... Você já sabe que meu pai entrou em depressão depois da morte da minha mãe, não é? – Patrick assentiu – Ele bebia muito, o tempo inteiro. Um dia eu cheguei da escola mais cedo que os meus irmãos, porque eles tinham treino de futebol e... Meu pai estava em casa. Não era o costume dele estar em casa naquele horário. Ele parecia muito nervoso. Muito mais do que quando ele batia em mim e meus irmãos. Ele me perguntou o porquê de eu ter gasto o dinheiro que ficava no pote de doces e eu disse que eu só usei porque não tinha mais comida em casa. Antes que eu pudesse saber, ele... Ele me bateu e eu caí no chão. Depois eu lembro dele ter me segurado no ar pelas minhas roupas e ter me jogado de qualquer jeito no porão. Acontece que o porão estava sujo e tinha muitos insetos e antes dele me jogar, eu pude sentir o cheiro do meu pai. Ele estava cheiroso... Entende? Não parece que tinha bebido... Acho que essa foi a parte que mais doeu. Ele não estava bêbado e mesmo assim... – ela soluçou com o frequência que as lágrimas caiam de seus olhos – Ele fez isso por mais outras duas vezes. Eu nunca contei para os meus irmãos, nem pra ninguém...

– Eu sinto muito, Teresa.

Hightower e os outros acharam que já era a hora de religar a luz do prédio, que eles haviam desligado para fingir uma falha na rede elétrica.

Assim que as luzes se acenderam, eles ouviram suspiros de alívio vindo de dentro da sala do interrogatório, e Hightower correu para destrancar a porta.
– Se não se importa, chefe, eu vou tirar minha hora de almoço agora – disse Lisbon

– Sem problemas, agente. Eu mesma vou cuidar do caso de assassinato – respondeu Hightower

Jane saiu atrás dela, afinal, não podia deixa-la sozinha no estado que estava.

Quando estavam na garagem, Patrick se antecipou e guiou Teresa para o banco do passageiro. Ela não reclamou e até entregou a chave do carro para ele dirigir.

O primeiro restaurante que eles viram aberto foi um de comida italiana. Logo que eles entraram e foram atendidos, pois o lugar estava vazio.

– Está mais calma? – Patrick perguntou sem saber como iniciar a conversa

– Sim, estou. Obrigada.

– Por nada... Está gostando da comida?

– Aham. Está uma delícia!

Inevitavelmente o silêncio se instaurou entre os dois, porém seus olhos continuavam presos um no outro, até que, tímidos, os dois desviaram o olhar e riram para tentar disfarçar o constrangimento.

– Estamos parecendo dois adolescentes – comentou Patrick

– Pois é

– Mas... Sobre o que estávamos falando, eu... Quero saber se... Você quer sair comigo, algum dia desses, para um encontro.

– Patrick, eu acho que você está se precipitando. Eu já disse que não vou concorrer sua atenção com Red Jo-

– Eu desisti de Red John – ele interrompeu-a

– Jane...

– Não. Por favor, não diga nada. Eu já me decidi.

– Mas, Jane...

– Teresa, por favor! Considere meu pedido. Se você acha que estou me precipitando, podemos deixar o encontro para daqui uma semana... – Patrick viu a confusão na expressão de Teresa – Por favor!

– Duas semanas – ela contrapropôs – E se você não tiver mudado de ideia até lá, nós conversamos.

– Duas semanas – ele repetiu – esperarei ansiosamente – Lisbon sorriu envergonhada

Durante as duas semanas que se seguiram, Patrick fazia questão de chegar mais cedo no escritório e deixar em cima da mesa de Teresa um mimo.

No primeiro dia ele deixou um ursinho de pelúcia fofinho. Sem cartão ou assinaturas. Não era necessário.

No segundo dia um buquê de flores e um cartão desenhado com um coração dentro. Sem assinaturas.

Patrick podia ver o rubor nas bochechas da agente quando ela via o que ele havia deixado.

Todas as mulheres do escritório ficavam com inveja de Teresa, e, por mais que nunca fosse admitir, ela estava adorando tudo aquilo.

Com o findar das duas semanas, Patrick não apareceu no escritório, nem deixou lembrancinha alguma na mesa de Lisbon.

A agente estranhou, mas fingiu não se importar. Nem com a falta da lembrancinha, nem com a ausência de Jane.

O dia passou relativamente rápido, como qualquer outro. Antes de ir embora, Teresa ponderou tristemente que Jane devia ter mudado de ideia quanto a desistir de Red John.

Pegou sua bolsa e fez seu caminho até o elevador, mas antes que pudesse chegar até lá, algo lhe chamou a atenção: Um sapo de origami, que pulou em sua direção.

Um sorriso se plantou em seu rosto, e ela então abaixou-se para pegar o sapo. Na parte superior ao origami, estava escrito “Suba”, e as suspeitas dela foram confirmadas: era Jane.

Sentindo os nervos à flor da pele, a agente subiu as escadas que levavam ao ático e encontrou a porta que Jane ficava, aberta e as luzes apagadas.

– Jane?

– Seja bem vinda, senhorita Teresa – disse ele sorrindo e foi aí que Lisbon viu uma pequena mesa iluminada com duas velas. Duas taças de vinho repousavam na pequena mesa, junto a dois pratos que fumegavam por conta da quentura.

– Uau, Jane...

– Achou que eu tinha desistido de... desistir do Red John?

– Bem, para ser sincera, quando eu não te vi hoje, eu pensei que sim.

– Eu não mudei de ideia, Teresa.

– Bom...

– Bom? O que isso significa?

– Significa que eu... Que eu já tenho a minha resposta para você.

– E qual é? – ele sorria como uma criança que estava prestes a receber o melhor dos presentes de natal

– Sim. Eu senti algo enquanto nos beijávamos.

– E o que foi que você sentiu? – ele incentivou-a a continuar, mesmo já sabendo que ela o amava

– Senti que... Senti que quero poder sentir isso sempre – ela avançou na direção dele e beijou-o muito delicadamente no lábios.

– Sua reposta é sim? – ele murmurou entre um beijo e outro

– Uhum – ela grunhiu

– Diga de novo – ele pediu

– A minha. Resposta. É. Sim – ela pontuou a frase com beijos

Aproximadamente um ano depois...

– Teresa Lisbon, você aceita Patrick Jane como seu esposo, para amá-lo e respeitá-lo até que a morte os separe?

– Aceito.

– E você, Patrick Jane, aceita Teresa Lisbon como sua esposa para am-

– Aceito – precipitou-se fazendo com que os presentes na cerimônia rissem

– Então, eu vos declaro marido e mulher – o juiz aproximou-se de Patrick e cochichou – Já pode beijar noiva.

O loiro sorriu e se aproximou de Teresa tomando seus lábios contra os dele, selando aquele momento único.

O momento que mudará tudo na vida de ambos. Uma loucura de amor.


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Notas finais do capítulo

Awnn *-* Que fofo
Vou confessar uma coisa: Essa fanfic eu tinha escrito no meu caderno, mas quando fui passar para o computador, mudei um montão de coisas hahahahahaha
Acho que ficou bem melhor assim. :D
O que vocês acharam da história?
Quero também aproveitar para agradecer a todos os comentários lindos de vocês e os favoritos também ^_^
Valeu mesmo :3
Até a próxima fanfic, galera!
Beijinhos :*