Os meio-sangues - Interativa escrita por Dilty


Capítulo 6
Os romanos / Os olhos de um semideus


Notas iniciais do capítulo

Coloquei dois títulos porque eles estão separados e talz.
Seguinte, eu não cobro comentário e não vou matar seu personagem se você não comentar. Mas, se eu não souber que você está lendo, seu personagem vai ter pouco destaque.
Esse capítulo foi focado no Will e no Cale, os outros terão suas vezes, então acalmem-se



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O mundo estava turvo.

Will, Ashley e Melissa estavam tontos, eles não conseguiam sentir o chão sob seus pés e não conseguiam enxergar a um palmo de distância com clareza. Era a primeira vez que viajavam nas sombras.

— Preciso descansar um pouco — dizia Demian hiperventilando — É a primeira vez que carrego três pessoas junto comigo.

Demian sentou ali mesmo. A visão voltava lentamente aos olhos dos demais semideuses. Will olhou ao redor, estavam em uma praça, haviam balanços, gangorras e até mesmo um gira gira. Nas redondezas um grande prédio com um relógio chamava atenção, provavelmente uma prefeitura de alguma cidade ou algo parecido.

Ele consultou o GPS em seu iPod. Sabia o quanto era arriscado um semideus usar um aparelho eletrônico, mas fazia tudo com cautela.

— Indianápolis — Will comentou em alto — até que andamos bastante…

Os quatro ainda estavam atordoados pela velocidade com que as coisas tinham corrido. Enquanto Demian se sentia culpado por ter deixado Kenny com aqueles dois, Will se culpava por ter dado a liderança a Cale.

— Eu não queria estragar esse clima de relaxamento pós viagem nas sombras, mas... — começou Ashley — Esse lugar fede a Romanos.

Apesar de Demian tecnicamente ser um semideus romano, ele não se sentiu ofendido por aquele comentário. Sim, ele era um filho de Plutão, mas já tinha assimilado o cheiro dos gregos.

— Graecus! — um semideus gritou enquanto pulava de uma águia gigante. — O que buscam por esses cantos.

Existia uma trégua entre os dois acampamentos, mas a rivalidade entre gregos e romanos sempre falava mais forte.

— Somos o grupo da profecia — Will tomou a dianteira na discussão.

— Só quatro? — o romano perguntou com um certo ar de deboche. Era como qualquer romano aos olhos de um grego, um homem alto trajando uma armadura completa.

— Tivemos um problema, estamos desfalcados — Melissa disse defendendo a honra de seu grupo — O que você, romano, faz aqui?

— Estou com o grupo da profecia bem ali em cima — ele apontou para as águias que voavam em círculos — Vocês sabem, grandes profecias são universais.

Will sabia disso, mas não esperava ter de esbarrar com eles.

— Pra onde vão? — Will perguntou buscando pistas.

— Nova York. — o romano respondeu com desgosto — A propósito, sou Hector, o centurião da segunda coorte, filho de Júpiter e líder da missão.

— Will, filho de Atena, também líder da missão. — Will se apresentou de volta — Estamos partindo para a Califórnia.

— Você devia ter vergonha de perder quatro soldados! — Hector exclamou enquanto subia em sua águia — Sinto que o futuro nos aproximará novamente, Will, filho de Atena.

Nisso, o centurião decolou e continuou seu caminho. Se realmente fosse o ano em que a grande profecia se realizaria, ainda tinha cinquenta por cento de chances de tudo acontecer com os romanos ao invés deles.

Ele não tinha tempo para pensar nisso, como líder da missão não podia exitar, precisava passar uma imagem de tranquilidade e confiança, como tinha feito o tempo todo.

— Volto em dez minutos — Will disse recobrando seu semblante tranquilo — Não sei se é o cheiro do Acampamento Júpiter, mas esse lugar fede.

Ele saiu correndo por dentre os becos da cidade, deixando para trás um semideus cansado com duas guarda-costas.

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— As rodas do carro giram, giram… — sussurrava Nina para si mesma — Pela cidade…

Jace e Cale eram melhores amigos há anos, mas ele nunca o havia visto daquela maneira. A cada metro que andavam a expressão de Cale ficava cada vez mais tensa e o amigo começava a ficar preocupado. Ninguém sabia o que se passava por baixo daqueles óculos escuros.

— Preciso fazer uma parada em Chicago. — Thomas disse com melancolia — Preciso encontrar uma pessoa lá. Algum problema?

Todos viam sim um problema nisso. Cale estava se aproveitando de uma missão pra encontrar alguém, que tipo de profissionalismo era esse? Apesar disso nenhum deles disse uma palavra, Cale era um garoto travesso e vê-lo daquele jeito preocupava a todos.

Demorou cerca de meia hora para chegarem ao centro de Chicago. Nenhuma palavra foi trocada durante todo o trajeto.

— Cara, tudo bem? — Jace perguntou quebrando o gelo — Você sabe pra onde está indo?

— Na verdade estou meio perdido… — Cale disse recuperando o sorriso de costume — Tem bastante tempo que não venho aqui, estou procurando por um prédio bem simples.

Aquela descrição não ajudou em absolutamente nada. Procurar um prédio em uma cidade grande era loucura, nenhum deles nunca entenderiam o que estava se passando na cabeça de Cale.

— Tem um cara que eu conheço por aqui — Cale pareceu se lembrar de algo — Ele é dono de uma loja de quadros, não sei se ele se lembra de mim, mas vale a pena procurá-lo para pedir informação.

Novamente ninguém se opôs e após longos dez minutos, que mais pareceram duas horas, eles estacionaram na frente da tal loja de quadros.

— Pinturas Pitorescas — Jace leu com dificuldade. Esse era o lado ruim de se ter dislexia.

Eles adentraram no lugar. Tinha ar de antigo, haviam teias de aranha por toda parte, porém, deve-se admitir que aqueles quadros eram de ótima qualidade.

— Cadê o senhor Jefferson — Cale perguntou indignado.

— Temo que o senhor Jefferson está um pouco indisposto para atendê-lo no momento — a atendente dizia enquanto chegava perto dos semideuses.

De alguma maneira, ninguém havia notado a atendente até aquele momento, o que era impressionante. Ela era uma mulher muito alta e assim como Cale usava óculos escuros, suas roupas eram de um tom de laranja bastante chamativo e seus curtos cabelos negros dançavam com o vento. Espera, que vento?

— Posso ajudar você semideus? — ela perguntou ironicamente enquanto seu cabelo se transformava em serpentes raivosas. — O senhor Jefferson ficaria bem feliz em ter visitas, se ainda estivesse vivo.

— O que você fez com ele? — perguntou Cale com raiva. Ele já estava segurando sua foice.

— Aquilo que eu faço com todos, transformei em uma estátua de pedra, não é óbvio? — ela respondeu abaixando seus óculos escuros lentamente.

— Thomas, cuidado, não olhe nos olhos dela! —gritou Kenny preocupada com o amigo.

— Não se preocupem comigo — Cale disse sorrindo e fazendo um sinal de positivo com a mão — Saiam daqui e me esperem lá fora, eu cuido da Medusa.

O que aconteceu em seguida foi tão rápido que talvez nem Hermes tenha conseguido acompanhar. Medusa tirou seus óculos e partiu pra cima de Cale, que por sua vez, se defendeu da investida e a empurrou para trás, fazendo com que arruinasse pelo menos uma dúzia de pinturas.

Medusa estava um pouco confusa, não entendia porque o menino não tinha simplesmente se transformado em pedra. Ela investiu novamente, mas dessa vez desviou do contra ataque e quebrou os óculos no rosto do semideus. Naquele momento ela teve uma surpresa, os olhos de Thomas eram completamente negros, não havia vida, não havia nada.

— Você quebrou a droga dos óculos — Cale disse com raiva enquanto se aproximava do monstro — Desculpe, mas seu poder não funciona com pessoas cegas, não é mesmo?

Ao dizer isso, terminou com a vida do monstro balançando sua foice apenas uma vez.


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Notas finais do capítulo

Sim, ficaram muitas coisas sem explicar, mas vai tudo vir no próximo, relaxa.
Críticas, teorias, sugestões, elogios. Pode mandar o///