Era manha. Hinata suspirou contente, ainda deitada. Levantou-se, dando bom-dia para seus meio-irmãos e irmãs e indo para o banheiro. Hoje alguns campistas iriam a cidade buscar suprimentos. Como Iris não chamava tanto atenção como o aroma de outros deuses mais poderosos, Hinata podia ir e vir quase sempre sem problemas. Quase.

Ela ainda se lembrava do incidente algumas semanas atrás, quando uma das invenções de Hefesto tinha saído de controle. Um lobo de metal, olhos brilhantes como prata. Por sorte, Temari tinha ido como o grupo naquele dia e ela acertou a criatura em cheio na cabeça com seu leque gigante.

A garota de cabelos azuis se lembrava sentindo-se incrivelmente indefesa. Suas mãos tinham congelado e não conseguiam firmar a flecha no arco. Temari por outro lado  não tinha nem hesitado.

Tão tranqüilamente, como se aquilo não estivesse soltando fumaça acida, ela saltou de um lado a outro para distraí-lo e finalmente o destruiu. Durante todo o tempo, os olhos de Hinata seguiram a loira, admiração e um pouco de inveja.

Ela sabia que era muito meiga e seus movimentos muito suaves para lutar como uma semideusa. Seu próprio pai havia lhe dito.

Chacoalhando a cabeça para se livrar dos pensamentos ruins, ela terminou de se arrumar e saiu, se dirigindo ao limite do acampamento, onde Argos já esperava, junto com um grupo de quatro semideuses.

Ino e Shikamaru conversavam perto da parede de escalada e a loira acenou para ela, enquanto o garoto apenas meneou a cabeça como cumprimento.

Hinata riu. Ele era realmente preguiçoso. Quando se aproximou ela reconheceu alguns campistas filhos de deuses menores, mas seus olhos se arregalaram quando pousaram em Naruto.

Era conhecimento comum que o loiro era criador de problemas, mais do que o esperado para um meio-sangue. Para ele ter recebido autorização para sair do acampamento...

 - Hei Hina! – Ele acenou, o sorriso tão largo que a filha de Iris não pode resistir e sorriu de volta, o rosto ficando levemente vermelho.

Sakura estava la também. A de cabelos rosas revirava os olhos para o loiro na sua frente, mãos na cintura. Kankuro, filho de Aries seria o guia do ‘passeio’, falou:

 - Então eu acho que esses são todos. Vamos nessa pirralhos! – E dizendo isso, ele pulou no carro, no banco da frente, enquanto os outros quatro jovens entravam atrás.

Argos os levou ate a cidade, mas não saiu do carro. Kankurou saltou para fora e acenou para o homem com múltiplos olhos. O jovem de cabelos escuros tinha uma lista nas mãos cheias de calos.

 - Vamos ver... – Ele disse, examinando o papel. – Primeiro vamos ao supermercado. Depois precisamos de ferramentas novas para os filhos de Hefesto e suprimentos para arte e pintura e novos livros de arquitetura para o pessoal do chalé de Atena...

Ele continuou citando o que eles precisavam fazer, mas a atenção de Hinata não estava mais ali. Seus olhos seguiam ansiosos Naruto, que olhava tudo ao redor com um brilho traquina nos grandes olhos azuis. Isso não era bom sinal, ela pensou consigo, fazendo um careta.

:::

De volta ao acampamento, Neji estava no chalé, em pé de olhos fechados, as mãos a frente de si. Respirou fundo duas vezes e abriu os olhos quase transparentes. Então, vinda de lugar nenhum, uma nuvem cinzenta começou a encher o quarto.

Temari, que estava do lado de fora montando guarda foi a primeira a sentir os efeitos. Uma dor aguda em seu peito a fez curvar-se, agarrando a parte da frente de sua blusa.

Ela começou a deslizar pela parede do chalé, mas seus ouvidos captaram o som de vozes se aproximando e ela estava alerta novamente.

 - Se afastem.  – Ela disse aos dois campistas que estavam dentro do perímetro do chalé de Tânatos. – Não se aproximem mais.

Sua vez era um comando firme, mas suas pernas tremiam. Um dos garotos fez menção de se aproximar mas ela levantou a mão e repetiu a ordem, dessa vez sua voz rouca.

Quando os dois se afastaram rapidamente, assustados, ela se voltou para o chalé.

Ela já havia experimentado isso antes, mas isso não fazia a tarefa de vigiar o filho de Tânatos enquanto ele treinava com seus poderes nem um pouco mais fácil.

E aquilo não era nem metade do que ele seria capaz se pudesse controlar os seus poderes corretamente sem criar vitimas indesejadas. Mas ele ainda tinha um longo caminho ate lá.

Se apoiando no umbral da porta, ela colocou a cabeça para dentro, respirando com dificuldade.

 - Neji... – Ela chamou uma vez. Ele não pareceu ter ouvido, o fumaça enroscando-se nele como um animal de estimação muito bizarro. – NEJI!

Ela gritou dessa vez, tossindo e caindo de joelhos.

O barulho o despertou do transe e ele deixou de produzir a fumaça de uma vez, assustado. Temari se colocou de pé novamente, tentando se compor. Ela começou a dizer algo, mas nesse momento a fumaça começou a sair das mãos de Neji novamente. O garoto olhou para as próprias mãos aterrorizado. Ele não conseguia...

 - Eu não consigo parar! – Ele gritou, chacoalhando as mãos em desespero. A loira saltou para trás, mão voando para seu leque. Se pensasse de mais, aquilo poderia se espalhar pelo acampamento e os deuses no ajudem se isso acontecesse, ela raciocinou e reagiu rápido.

Abanou uma ventania contra o garoto, fazendo a fumaça retrair para dentro do chalé. É agora ou nunca. Neji se concentrou e conseguiu deter a fumaça novamente, apertando o rosto no esforço de sugar tudo novamente para si.

Quando finalmente conseguiu, ele cambaleou onde estava e caiu de encontro ao colchão. Temari ainda se sentia fraca pela exposição ao que quer que fosse que existia naquela nevoa, mas se aproximou do garoto e o pegou no colo. Os dois teriam que ir para os filhos de Apolo pronto dente, antes que aquilo os afetasse ainda mais.

Ao se distanciaram do chalé, ela olhou para trás, seus olhos verdes observando a pequena destruição que seus poderes tinham causado. Às vezes era complicado ser filha de Zéfiro, mesmo que ela amasse seus poderes. Vento não era um elemento que gostava de ser controlado.

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