Bem que si quis

Mas tanto faz,
já me esqueci de te esquecer porque
o teu desejo é o meu melhor prazer
e o meu destino é querer sempre mais,
a minha estrada corre pro seu mar

O quarto estava muito escuro e ela tentava focalizar alguma imagem com seus olhos esmeraldinos. Estava difícil respirar, não que tivesse algum problema pulmonar, mas o medo e ansiedade a sufocavam de uma forma mortal. Queria tanto fechar os olhos e quando abrir estar em sua zona de conforto. Queria estar na sua cama, no meio de seus lençóis e olhando para uma parede que lhe pertencia.

O problema todo começava com o fato de que ela estava em uma cama que não era sua, num quarto que não era seu e dormindo com uma pessoa responsável por suas últimas lágrimas. Ideias como usar um usar um jutsu de troca ou um clone passavam por sua mente. A situação seria mais desesperadora se ele estivesse acordado, até que naquele ponto estava com sorte. Ele parecia não tencionar acordar, mas aqueles braços em volta dela não permitiam qualquer tentativa de fuga.

Sakura suspirou pela vigésima vez naquela noite, segundo a sua contagem. Tinha que dar um jeito de sair dali. Havia sido um erro se aproveitar da primeira bebedeira oficial de Sasuke, ele havia ficado social demais, soltinho demais, e no fim os dois haviam acabado a noite na cama do apartamento dele.

Ela se esmurrou mentalmente. Quando ele acordasse além de estar coma dor de cabeça monstruosa estaria com toda razão de gritar com ela por ter se aproveitado da fragilidade na noite anterior. Sakura começava a se perguntar por que simplesmente não fugiu dele e voltou para sua casinha. A verdade é que ela não conseguiu sair dos braços dele quando ouvira palavras tão gentis saindo dos lábios dele.

Não podia ficar ali para sempre. Usando toda a flexibilidade que tinha modulou-se para fora dos lençóis, habilidades silenciosa dos ninjas foram bem utilizadas naquela situação. O que diria sua mestra Tsunade ao saber que ela estava usando o treinamento que recebeu para sair na calada da noite da cama de um homem. Catou todas as suas roupas e vestiu o mais rápido que pode.

—Onde pensa que vai?

Agora vem pra perto vem
vem depressa vem sem fim, dentro de mim
que eu quero sentir
o teu corpo pesando sobre o meu,
vem meu amor vem pra mim,
me abraça devagar,
me beija e me faz esquecer...

Suas pernas congelaram e seu coração acelerou de uma forma descontrolável. Não havia percebido que durante todo aquele tempo ele estava calado, mas muito acordado. Virou seu rosto para ele com uma expressão que beirava o desespero e o último nível de ansiedade existente na terra.

—Para minha casa, Sasuke-kun — Não soube como conseguiu formar uma frase com tanta lógica, mas que para o rapaz pareceu tão sem sentido. Como assim ela iria para casa depois de ter passado aquela noite com ele.

—Ficou maluca? — Ela viu quando ele se levantou e caminhou em sua direção puxando-a pelo braço fez com que ela se deitasse novamente ao lado dele, na mesma posição que haviam dormido. — O que estava pensando pra fazer isso?

— Bem... — Suspirou se aconchegando ao corpo atrás de si — Eu pensei que você ia estar bravo comigo.

— E porque eu estaria?

— Bem... Tecnicamente eu te seduzi quando você estava bêbado. — Sakura não esperava aquela reação dele. Ele riu. Não aqueles risos escandalosos de Naruto, mas um sorriso dele.

— Sakura, eu acho que fui que te seduzi. — Disse depositando um beijo rápido no ombro esquerdo dela. — E outra coisa, eu me lembro de tudo que aconteceu ontem e de tudo que te falei.

Ela se virou ficando em frente a ele, tentando encontrar naquele rosto bonito a veracidade de tais palavras. Ele estava sorrindo, e era muito difícil vê-lo sorrir. No final de tudo ele acabou por beijá-la novamente e os dois permaneceram o resto do dia na cama.

Quando foram visto nas ruas da vila caminhando de mãos dadas o que os amigos de ambos pensaram foi que já havia passado da hora daqueles dois assumirem o romance. As amigas de trabalho de Sakura agradeceriam o nível de tpm dela diminuir, e os companheiros ninjas dele agradeceriam pelo nível de mal humor dele , ou TDT ( tensão do teme) como Naruto mesmo havia nomeado, ser reduzido a quase nada.