Oceano (Djavan)

Assim
Que o dia amanheceu
Lá no mar alto da paixão
Dava pra ver o tempo ruir
Cadê você? Que solidão!
Esquecera de mim

Quando uma pessoa entrava no Hospital de Konoha, seja para ser atendido ou para visitar alguém, era comum ver os médicos e funcionários caminhando de um lado para o outro, sempre preocupados com alguma coisa. Alguns analisavam prontuários outros trocavam informações entre si sobre algum caso especifico. Ou seja, o ambiente era de preocupação e de cuidado, mas diferente de alguns médicos, havia uma que sempre estava com um sorriso nos lábios e com uma bala no bolso para alegrar qualquer pequeno paciente que desse entrado no setor infantil daquele hospital.

Já era rotina ver Sakura andando pelos corredores e parando para cumprimentar cada paciente ou visitante daquele lugar. E todos sabiam o motivo de toda aquela felicidade que ela emanava por todos seus poros. Além da costumeira alegria que era característica inata dela, havia o fato de que ela finalmente havia conseguido estar perto do homem que sempre amou na vida. Não cabe aqui explicar os motivos e condições, ou o que aconteceu, para que ele retornasse o que importava pelo menos para ela, era que finalmente estavam juntos.

O estranho naquele dia tão bonito era que Sakura estava diferente. Não tinha um sorriso nos lábios, e seus olhos estavam opacos. Não andou como costumeiramente fazia pelos corredores brincando com as crianças e sorrindo para os velhinhos. A médica havia passado toda manhã trancafiada no seu consultório fazendo sabe-se lá o que. O único momento em que saiu foi para cumprir seu horário de almoço e sua ronda na CTI infantil, fora isso em nenhum momento as paredes do prédio ouviram o ressoar de sua risada naquele dia.

— Você sabe o que esta acontecendo com a Haruno-san? — Uma das enfermeiras de plantão perguntou a Ino, que naquele dia também cumpria seu horário de trabalho no Hospital.

— Não, porque? A testuda está com algum problema? — A jovem enfermeira riu da maneira que Ino se dirigia a médica de cabelos rosa.

— Não a vi sorrindo ainda hoje, esta trancada no consultório o dia todo. E nem esta com a costumeira alegria.

— Não se preocupe. — Ino sorriu, sabia muito bem o problema de sua amiga — É que o Sasuke-kun está em missão fora da vila há quase 15 dias, e a testuda não ta se aguentando mais. Você sabe como ela é.

Enfim
De tudo que há na terra
Não há nada em lugar nenhum
Que vá crescer sem você chegar
Longe de ti tudo parou
Ninguém sabe o que eu sofri

Sakura caminhava pelas ruas de Konoha pensando no tamanho das saudades que estava sentindo de seu namorado. Quinze dias era muito , muito, MUITO tempo mesmo longe dele. Claro que, depois de passar quase seis anos afastada dele, quando ele passou o tempo em busca de vingança, fazia aquela saudade agravar mais. Desde que Sasuke voltara a vila e que eles tinha engatado o namoro, aproveitavam cada espacinho de tempo que tinham fazendo coisas em companhia um do outro.

Era sufocante não tê-lo por perto, nada fazia sentindo, ela não conseguia se concentrar em nada. Fora aquele medinho, no fundo do coração dela, de que algo ruim acontecesse. Quando ela comentava isso ele sempre dava aquele sorriso torto que fazia o coração dela se derreter e dizia que sabia se cuidar muito bem, afinal, era um Uchiha. Sasuke e seu orgulho pelo clã eram uma coisa que nunca mudaria.

Subiu as escadas de sua casa com o animo em nível zero. Queria tanto que ele chegasse logo. Abriu a porta e jogou sua bolsa em cima do sofá. Sua casa continuava em perfeita ordem, da forma que ela deixara. Seu estomago fez um barulhinho que ela reconheceu. Era fome em seu estado mais avançado. Atacou o que tinha na geladeira e subiu para tomar um bom banho e aproveitar o resto da noite...sozinha.

Vem me fazer feliz
Porque eu te amo
Você deságua em mim
E eu oceano
Esqueço que amar
É quase uma dor
Só sei
Viver
Se for
Por você

Seus pés correram até o banheiro quando ouviu o barulho da agua do chuveiro. Seu coração aumentou o ritmo consideravelmente e um sorriso já aparecera nos seus lábios. Abriu a porta com um empurrão de felicidade. Era ele. Nem se importou com o fato de que ele e estava tomando banho e nem se lembrou de sua timidez quando correu e se jogou nos braços dele, ainda dentro do chuveiro; só queria sentir que ele esta ali. Com ela, e finalmente, depois de quinze dias, sentir novamente o gosto dos lábios que tanto amava.

—Isso tudo é saudades? — Ele perguntou quando conseguiu desgruda-la de sua boca por alguns instantes.

—Mais do que saudades, Sasuke-kun!! — E ele sorriu , Eram momentos como aquele que faziam sua vida valer a pena. E se fosse para receber todo aquele carinho e tantos beijos, talvez ele devesse começar a demorar um pouquinho mais nas missões, mas só um pouquinho, porque ele também sofria de saudades dela.