Acordei chacoalhando, eu parecia estar em algum tipo de veiculo, alguém esfregava algo na minha testa limpando o liquido que saía da minha testa, abri meus olhos e focalizei o Boris sentado ao meu lado.

—Já acordou. — Ele disse. — como vocês... Vocês lutaram?

—Não... — Eu disse ainda confusa.

—O que? Então ele te bateu?

—Estou bem. — Disse com a cabeça doendo.

—Ele será castigado. Aguente firme, estamos quase no hospital. — Nesse momento eu me dei conta.

— Hospital?

—Precisamos fazer um exame completo pra ver se nada serio aconteceu.— Ele disse decidido. eu o chamei mais perto.

—Eles descobrirão que eu sou uma garota. —Sussurrei pra ele, ele ficou surpreso pelo visto não tinha pensado nisso.

—Com licença, por favor, pare o carro.

Boris fez um escândalo para que pudéssemos descer, quando enfim nos deixaram ficamos sentados num pequeno parque infantil, ele havia comprado kit primeiros socorros e uma garrafa gelada de suco pra que eu colocasse na cabeça.

— Obrigada. — Eu disse.

— Aquele Castiel. — Ele resmungou.— Eu disse ao Faraize que você iria ao hospital.

— Mas o Castiel não me bateu... — Eu mal terminei de falar o celular do Boris tocou.

—Oi Castiel. — Ele atendeu.— Nesse momento o Taylor está no hospital recebendo tratamento... O que? Por quê? Vai pedir desculpas? — De repente ele mudou a expressão pra submisso.— O Ok.

Ele me estendeu o celular, eu peguei confusa e coloquei na orelha.

—Ainda está no hospital? —Castiel perguntou.

—Ah, sim. menti.

—Que tipo de tratamento está recebendo?

—Só uma bolsa de gelo. —Eu olhei pra garrafa.— E por que está ligando, está preocupado comigo?

—Preocupado? —Ele pareceu meio irritado.

—Se for isso estou bem.

—Não estou preocupado.— Disse rispidamente.— Só quero que vá até o Faraize e diga que eu não bati em você.

—Pode deixar, eu farei isso.

—Está mesmo no pronto socorro?

—Claro que estou. — De repente passou atrás de mim um carro de som anunciando ovo, tentei cobrir o telefone mas já era tarde.

—Seu ...! Eu o ouvi dizer.

—Boris pegou o celular da minha mão, e imitou a voz de um medico.

—Enfermeira Kim, traga os ovos.— Ele tentou disfarçar e desligou na cara dele. — Diga que a ligação caiu.

Boris me levou de volta pra casa, e no caminho ficou me dando orientações do que dizer. Estava acontecendo um protesto em frente ao portão de fãs que queriam que eu saísse da banda. Passei por elas de cabeça baixa.

Assim que descemos do carro fomos interceptados por uma repórter.

—Taylor.— Ela disse se aproximando.— Sou a repórter Peggy, do diário nacional.

—Sra. Repórter, não é uma boa hora pra uma entrevista.— Disse o Boris.

—É algo rápido, parece que o Taylor e o Castiel não estão se dando bem — Ela me encarou — Algo aconteceu?

Eu fiz sinal com a cabeça que não, de repente os olhos dela focalizaram a minha testa e ela viu o grande curativo.

—Você está ferido. — Ela pegou a maquina dela para tirar uma foto, mas o Boris entrou na frente.

—Não, ele não está.— Disse o Boris.

—Alguém te bateu?— Ela disse ignorando o Boris.

—Não...

Ela olhou pra alguém atrás de mim, era o Castiel observando a cena.

—Foi o Castiel?— Ela perguntou.

—Não!— Eu disse— Castiel não me bateu!

—Publicarei o que disse. —Ela sorriu.

Quando ela foi embora, achei melhor ir para dentro e descansar um pouco, ao passar pelo jardim vi o Alexy brincando com seu cachorro labrador.

—Jolie pega! —Ele disse o nome dela.

A cadela veio pra cima de mim e me derrubou no chão ficou lambendo o meu rosto enquanto o Alexy ria.

—Jolie pare!— Ele disse vindo até mim, e pegou a Jolie pela guia. —Primeiro você derruba o Castiel e depois destrói o quarto dele?— Ele me olhou com raiva.

—Vou limpar o quarto dele. Disse me sentando.

—Vou me vingar pelo Castiel. Angelina Jolie pegue!

Antes que o cachorro pulasse em mim de novo, eu me levantei e corri dele, mas ele me abraçou por trás me segurando.

—Por favor, me solta! —Comecei a me debater.

Quando me livrei dele corri pra dentro da casa, ninguém nesse lugar era muito normal, corri pelos corredores e dei de cara com o Lysandre, quase o atropelei.

— Me desculpe.— Eu disse parando.

—Você está bem.— Ele esticou a minha mão pra tocar na minha testa, mas eu coloquei as mãos na frente. — Se agir assim todos vão descobrir.— Eu olhei atônita pra ele.

—Hã?— Eu disse.

—Só estou dizendo que é fácil perceber quando você está assustado.— Eu respirei aliviada, achei eu ele estava falando sobre eu ser uma garota.

—Ah, isso.— Eu disse, ele saiu andando.— Que estranho.

Quando dei mais alguns passos, dei de cara com o Castiel.

—Eu estava certo. —Ele começou.— Eu disse que você continuaria fazendo coisas que eu odeio. Você deveria parar enquanto há tempo ou eu vou realmente te bater. Eu pedi ao Faraize que ele te expulsasse daqui, mas como ele não concordou eu estou saindo.

Eu fiquei olhando ele ir embora e não disse nada. Isso tudo é tão difícil, se passou um dia, mas era como se tivesse passado um ano, fiz o Castiel deixar a casa deles tudo por minha culpa. Mas eu tinha que ser forte se quisesse ajudar meu irmão e encontrar minha mãe.

No dia seguinte Boris e a Rosalya queriam me arrastar para fazer uma sessão de fotos e ensaios pro palco.

—Por que essas fotos e ensaios agora? Eu ficarei só um mês, meu irmão poderá fazer isso quando voltar.

—A situação pede isso.

—Mas eu não posso fazer isso.

A Rosalya me puxou pelo braço pra entrar na van, quase fui forçada por ela a tirar as tais fotos, no fim acabou sendo divertido. Boris me fez usar jaquetas e óculos. A parte mais difícil foi ter que acompanhar os passos daqueles dançarinos na hora do ensaio de dança. Dancei desengonçadamente, eu estava completamente exausta. O suor pingava, mas eu não aprendi nada. De hora em hora Rosalya me levava pra uma sala pra me arrumar.

—Parece que perdeu o animo sendo perseguida pelas fãs iradas. —Ela disse.

—Sim... É a primeira vez que sou odiada por tantas pessoas. — Me olhei no espelho.— sei que estou enganando muita gente, mas assim que meu irmão retornar tudo voltará ao seu lugar.— Eu disse num tom triste.

—Isso é bom, é bom que pense assim, mas ... —Ele apontou pra minha calça.— Precisa colocar tanta coisa aí?

—Hã? —Eu levantei e tirei umas bolas de plástico que estava usando nas calças. — Me disseram pra usar isso então usei.

—Duas já servem. — Ela pegou da minha mão.

Quando eu voltei ao ensaio, eu fiquei um pouco melhor, conseguia seguir os passos, os outros dançarinos até me aplaudiram. Rosalya me puxou com pressa até a sala do Faraize.

—Aqui! — Ela me empurrou na parede. — Não tem ninguém aqui, isso é urgente abaixe as calças.

—Mas aqui é a sala do presidente...

—Não tem ninguém aqui não se preocupe, eu preciso arrumar. —Ela abaixou a minha calça um pouco e mostrou que uma das bolas de plástico tinha caído. — Peguei quando você derrubou enquanto dançava. Falei pra prender firme. — Ela as colocou no lugar.

Rosalya começou a me empurrar pra ver se as bolinhas de plástico não caíam.

—Pronto. Quando você enfaixa seus seios, parece que você nem os tem. —Isso deveria parecer elogio.

—Graças a você ninguém saberá que eu sou uma garota.— Eu sorri.

Voltei novamente para os ensaios e resolvi descansar um pouco no canto.

—Castiel você voltou. — O Alexy disse feliz.

Castiel o ignorou e passou pelo salão de dança andando bem irritado, ele veio na minha direção. Eu estava sentada na cadeira, mas à medida que ele se aproximou eu me levantei, parecia que ele queria falar comigo.

—Castiel? — Ele ficou parado me encarando sem dizer nada.— Bom te ver...— Eu já estava ficando sem graça.

Ele me segurou pelos ombros e eu fiquei olhando pra ele, surpresa. Ele me puxou pra um abraço apertado, tentei afastar, mas parecia que ele estava tentando sentir algo. Então ele me empurrou de novo e me encarou surpreso.

—Taylor. Você!— Ele parecia chocado.

De repente um flash de câmera disparou, me virei pro lado e era a tal repórter Peggy junto com o Sr Faraize.

—Olha só o Castiel cuidando do Tay.— Disse o Faraize para a repórter.— Eles estão se dando bem.

—Vocês dois, façam uma pose amigável. —A Peggy disse.— Uma foto com todos os membros da a.n.Jell.

Lysandre e Alexy também nos olhavam sem entender nada. Eu sorri pra câmera.

Quando a repórter terminou de tirar as fotos e foi embora, Boris me chamou num canto, disse que achou estranha a atitude do Castiel. Realmente o olhar dele me pareceu assustador, mas acho que ele só quis parecer bem pra imprensa.

—Agora que os ensaios terminaram você precisa tomar banho — ele disse. — Os outros rapazes usam o banheiro deste andar, então vá ao banheiro no andar de cima, já fui olhar e não tem ninguém por lá, você pode usar tranquilamente.

—Tudo bem. —Eu sorri.

O Boris ficou de guarda na porta, e eu pude tomar um banho tranquilamente, era bom poder tirar aquelas roupas e aquela faixa que me aperta. Assim que eu terminei, vesti a calça e coloquei a faixa já ia amarrar, mas ouvi vozes, vesti rapidamente o agasalho por cima e comecei a juntar minhas coisas. Era pro Boris estar de guarda, ele não me avisou que pessoas estavam entrando. Olhei por trás dos armários, os rapazes estavam tirando as roupas pronto pra tomarem banho.

E agora? E agora? E agora?

De repente alguém tocou meu ombro.

—Ei Tay, você já tomou banho. —Era um dos dançarinos, e ele estava nu.— Você é rápido hein, não vai sair?

—Já estou saindo.— Disse sem olhar diretamente pra ele.

Como eu iria sair com um bando de cara pelado no caminho?

Passei pelo meio deles sem olhar pra baixo, de repente o Alexy parou na minha frente, com a toalha enrolada no corpo.

— Finalmente tomou banho. —Ele disse arrancando a toalha do corpo como se quisesse se exibir. Eu fiquei completamente vermelha. Vi algo sem querer de relance.

Alguém jogou uma toalha em cima da minha cabeça, e segurou meus ombros me empurrando para fora. Me senti grata por aquilo.

—O banheiro está lotado, se já tomou banho, saia. — Pela voz era o Lysandre, ele me levou até a porta.— Não posso tomar banho com você aqui.

—S-Sim, já estou indo.— Disse aliviada.

Saí disparada pelo corredor, eu mal tinha arrumado minhas roupas, mas ao menos ninguém tinha descoberto nada. Quando me virei pro lado vi o Castiel me olhando com raiva, levei um susto como se fosse uma assombração.

— Eu descobri.— Ele disse de um jeito arrogante.

—Hã? —Eu disse surpresa, ele caminhou até mim.

—Eu descobri tudo.— parou a poucos centímetros de mim.

Eu fiquei encarando ele com medo, aquilo não podia estar acontecendo, eu tinha que ter entendido errado. Ele ergueu o celular e me mostrou um vídeo de mim e a Rosalya na sala do presidente Faraize, no vídeo eu dizia: Graças a você ninguém saberá que eu sou uma garota.

—Eu estava em uma vídeo conferencia com o Faraize, ele tinha deixado sua web CAM ligada e saiu pra buscar uns documentos, logo depois vocês entraram. — Ele disse, eu engoli em seco.

Fiquei olhando pra ele perplexa, eu tinha sido descoberta e logo por ele, não tive reação pra dizer nada. Deixei meus braços caírem flácidos ao lado do meu corpo, eu parecia estar em um pesadelo.

—Você foi descoberta. —Ele olhou pra mim e puxou um pedaço da faixa que uso pra esconder os seios, estava mal amarrada e dava pra ver.— Você devia amarrar isso melhor. —Eu peguei o pedaço e escondi debaixo da roupa novamente.

Fiquei olhando pros lados sem saber o que fazer, ele me encarava.

—Taylor.— Ele disse, eu olhei pra ele.— Você já era.— Ele seguiu andando pelo corredor.

—Castiel! —Gritei e fui atrás dele quando voltei a mim.

Tentei segurar o braço dele, mas ele me empurrava, quando ele ia entrar no elevador eu fiquei na frente dele impedindo que ele passasse.

—Por favor, me escute.— Eu disse.

—Não quero escutar. —Disse rispidamente.

—Só saiba como eu me sinto.— Eu estava desesperada.

—Não quero saber. —Ele disse com um ar superior.

—Por favor, não faça isso. —Eu segurei suas mãos.

Ele me empurrou e entrou no elevador, coloquei as mãos pra impedir que a porta se fechasse.

—Sinto muito.— Disse quase chorando.

—Vai começar? Esqueça, cansei de ouvir essas palavras. Não tenho que lidar mais com você. —ele me mostrou o celular. —vou mostrar isso pro Faraize. Não quero te ver mais Taylor... Zinha.

Ele apertou o botão do elevador, e eu me afastei, fiquei olhando fixamente o celular dele enquanto a porta se fechava, tive dois segundos pra pensar e decidi pegar o celular dele e sair correndo, foi o que eu fiz.