Como as coisas, a segunda-feira, também estava nublada. O outono em Londres estava chegando. Me levantei e me arrumei, colocando uma roupa mais quente. Fui até o quarto do Tom e do Teddy para chamá-los para tomar o café da manhã, e então nós descemos. A comida do hotel era muito boa, então mesmo sem fome, comi mais do que eu desejava.

Terminei, esperei um pouco até que eles terminassem, e subimos novamente.

–Eu estava pensando, acho que vou até o hospital agora, assim nossos pais vão poder vir descansar. –O Teddy falou.

–Bom acho que nós três podemos ir juntos, já que vamos ficar na recepção. Vamos subir para nos arrumarmos e nos encontramos aqui em baixo. –Falei.

Subimos, eu entrei no meu quarto, escovei os dentes e juntei umas coisas que estavam espalhadas. Nos encontramos novamente e fomos.

Chegamos um tempinho depois, e a recepção estava bem vazia. Logo avistei Julie e Kyle, estavam conversando com os pais do Christian. O Teddy logo explicou ao pai porque estávamos ali.

–Não precisavam se preocupar meninos, eu e sua mãe estamos bem. –O Kyle falou, em inglês.

–Mas vocês podem ir para hotel, tomar um banho, descansar, eu e os meninos ficamos aqui. –Falei.

Os dois foram vencidos pelo cansaço, dava pra perceber como tinha sido difícil passar a noite naquele lugar.

–Nós vamos então, mas prometam que qualquer coisa, qualquer notícia, vocês ligam para mim? –A Julie falou.

O Tom assentiu com a cabeça, o que para a Julie, acho que foi o suficiente.

Sentamos nas poltronas da recepção. No início, ficamos conversando, tentei evitar ao máximo assuntos sobre o acidente, depois cada um pegou seu celular para jogar, e eu fiquei ali olhando para as pessoas que chegavam e saiam.

–Será que vocês se importam se eu for em alguma cabine de telefone mais próxima, preciso falar com a minha mãe. –Falei.

–Mas você pode usar nossos celulares, ou voltar para o hotel, ela está lá. –O Tom falou.

–Não meu bem, é minha outra mãe, a do Brasil! –Falei, tentando explicar.

O Teddy falou que eu não precisava me preocupar, mesmo assim falei que voltava em alguns minutos.

Comprei o cartão que eu precisava utilizar para falar nas cabines, que por sorte, não foram caros. Encontrei uma no fim da rua e entrei. Eu ia ligar para a minha mãe, mas decidi ligar primeiro para o Leo, precisava saber como estavam as coisas, e contar para ele sobre minha volta, meio antecipada, para o Brasil. Chamou três vezes, e logo ouvi a voz mais maravilhosa do mundo.

Leo: Alô?

Fani: Leo! Que saudade meu amor!

Leo: Fanizinha! Que saudade, como é que você ta?

Fani: A Leo tudo na medida do possível, é muito triste pensar nisso ainda.

Leo: Princesa não fica assim, logo logo eu to voltando aí pra Londres, e eu aposto que a Tracy e o Christian vão estar bem melhores.

Fani: Espero que sim... Ah Leo, eu vou para o Brasil nessa semana ainda, quando você volta para Londres?

Leo: Estou pensando em voltar na quinta ou na sexta...

Fani: Minha mãe, ela ligou para a Julie, agora a Julie e ela querem que eu vou para o Brasil, enquanto as coisas aqui não estiverem boas. Porque você não vai para o Brasil?

Leo: Pode ser então. Mas como eu já comprei a passagem para Londres, eu vou ter que trocar, e isso vai demorar pelo menos mais um dia.

Fani: Vou comprar uma passagem para amanhã mesmo.

Leo: Tudo bem princesa.

Fani: A gente se vê no Brasil! Tô morrendo de saudade. Te amo.

Leo: Também te amo muito. Um beijo.

Desliguei. Liguei para a minha mãe e falei bem rapidinho com ela. Disse que iria comprar um passagem hoje mesmo, e que não tinha notícias da Tracy. Depois disso saí da cabine, e voltei para o hospital.

Perguntei aos meninos se tinha alguma notícia e eles fizeram que não, com a cabeça. Resolvi que a gente já podia almoçar, eu estava morrendo de fome! Fomos para a cantina do hospital e almoçamos.

A comida não era tão boa quanto a do hotel, mas também era muito gostosa. Voltamos para a recepção, eu vi que tinham dois rostos conhecidos, era a Ana Elisa e a dona Agnes!

–Aninha que saudade! –Falei, dando um abraço nela.

Logo em seguida, abracei a dona Agnes, e meus dois irmãos também cumprimentaram as duas. Ficamos conversando, eu expliquei para as duas a situação da Tracy e do Christian, expliquei que não podíamos vê-los por enquanto e que a Julie e o Kyle estavam no hotel descansando um pouco.

–Ah Fani, só você sabe o quanto acidentes doem pra mim, lembro sempre do Felipe, aquele namorado da Ana. –A dona Agnes falou.

–Dona Agnes, pra mim também, me lembro direitinho como a Ana Elisa ficou arrasada. –Falei.

Percebemos que ela estava conversando com o Tom e o Teddy, mas que olhava para nós. Resolvi me aproximar. Ficamos conversando um pouco, até que o Kyle apareceu.

–Onde está a mamãe? –O Tom perguntou.

–Ela ainda está no hotel, ela já deve estar voltando, está muito cansada. –Ele respondeu.

–Pai acha que já podemos ir? –O Teddy perguntou.

–Claro! Vocês devem estar cansados.

–Mas eu posso ficar. –Falei.

–Não Fani, não será preciso, a Julie já está voltando. Nós dois vamos ficar aqui. -Ele me respondeu, em inglês.

Concordei, eu realmente não sabia o quão cansativo era ficar num hospital. Me despedi dele, da Ana Elisa e da dona Agnes, elas também já estavam de saída.

Fui com meus dois irmãos de volta para o hotel, eu compraria as passagens amanhã. Me despedi deles, e entrei no meu quarto.