Rio de Janeiro, 24 de junho de 2014

O prédio da Ed. Abril estava uma confusão só. Faltava apenas três dias para o fim do mês e a preparação das revistas do mês seguinte estavam em andamento. Porém, nenhum andar estava tão agitado quanto o 16º andar. O andar da Nova Cosmopolitan. O andar estava uma loucura e era assim que Karina Duarte, editora chefe da revista, gostava de ver o local.

– Chefa, – Chamou Lírio, designer gráfico da revista. – Qual das duas merece a capa? – Questionou ele, mostrando a jovem mulher duas fotos, minimamente parecidas da cantora Katty Perry.

– A primeira. – Respondeu ela, – deixa a segunda foto que é mais divertida para decorrer da matéria dentro da revista.

– Valeu, K. – Disse o rapaz dando o beijo no rosto dela e saindo em direção ao escritório.

Karina sorriu. Essa era sua vida. No trabalho era a melhor chefe que os funcionários poderiam ter, todos a amavam. Exceto, quando a mesma saia do sério e virava uma fera. Mas, o grupo da Nova, sabia que quando a chefe se estressava, era porque alguma coisa havia desandado. Percorreu mais alguns setores da revista, avaliando o andamento das matérias e colunas, chamou a atenção de alguns funcionários que estavam com o material atrasado e finalmente foi para sua sala, sendo recebida na mesma por Jade, sua assistente e noiva do seu melhor amigo.

– Odeio o final do mês porque você nunca sossega nessa sala. – Resmungou Jade, entregando uma série de papeis para Karina assinar e se preparando para ler a agenda da mesma.

– Jade, sem drama ok!? – Disse a loira revirando os olhos. – O que eu tenho para fazer hoje?

– Você tem uma reunião com o chefão ás 18h00min hoje, e ele quer o esboço da revista para o próximo mês. E, – Jade suspirou. – Nada não, é só isso mesmo. – Comentou a morena um tanto apreensiva, o que não passou despercebido por Karina.

– Se é só isso, por que você está com essa cara estranha?

– K, mês que vem é o aniversário do seu pai. – Respondeu Jade.

– Hum.. é só mandar um presente como todos os anos. – Comentou a loira como se fosse a coisa mais obvia do mundo, o que fez com que Jade suspirasse. A noiva de Cobra sabia o quanto era difícil para a amiga o assunto “família”.

– Karina, eu acho ... – Porém Karina nem deixou a morena terminar de falar.

– Você não acha nada. E por favor, não me estressa. O dia está ótimo, vamos conseguir entregar a revista dentro do prazo e eu pretendo sair para comemorar esse fato ainda hoje, o que me faz lembrar que você já pode ir ligando pra aquela serpente que é seu noivo e comunica–lo que vamos sair hoje. Aproveita e me poupa do assunto “Gael e Cia”. – Dito isso, Jade apenas balançou a cabeça em sinal de negação e saiu da sala loira. Afinal, ela sabia que não dava para discutir com Karina. Sentou em sua mesa, pegou o telefone e discou para o noivo.

– Fala minha Dama. – Disse Cobra fazendo a morena rir.

– Vagabundo, falei com a K do aniversario do Gael e acredito que você já tenha uma noção do que aconteceu não é!?

– A novinha não tem jeito mesmo. – E Jade pode ouvir o namorado suspirar. – Vou avisar ao mestre que ela não vai aparecer. – A morena sabia o quanto o noivo se preocupava com Karina, ele tinha a mais nova como uma irmã, ainda mais depois do fato do rapaz ter sido o ombro amigo da loira quando a mesma pegou o namorado e irmã na cama.

– Aproveita e se prepara porque o furacão loiro já avisou que quer sair hoje. – Comentou a morena, que riu quando Cobra gritou um grande “puta que pariu” seguido de um “Só a Karina para inventar de sair para beber em plena terça–feira.”.

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Karina entrou no “Big Ben”, um barzinho carioca localizado no bairro de botafogo, que imita o estilo dos pubs londrinos. E que além do show de musica ao vivo, tem o famoso karaokê com banda da zona sul carioca. Assim que avistou o casal de amigos, foi na direção dos mesmos.

Jade e Cobra estavam de mãos dadas e logo se levantaram para cumprimentar a loira. A morena trajava um vestido azul na altura dos joelhos e uma sapatilha preta, os cabelos longos estavam presos num rabo de cavalo, o que a deixava com ar de boneca. Cobra vestia o de sempre, a calça jeans simples, uma camiseta preta e um tênis no pé. Karina analisava os dois e admirava que mesmo com as diferenças de estilo e objetivo de vida, se amavam. Cobra um lutador e Jade uma assistente de redação com sonhos eternos de se tornar uma dançarina profissional.

– Esta parecendo uma boneca Jade. – Disse Karina ao cumprimentar a amiga.

– E você veio para matar né Karina!? – E jade de fato estava certa. "sexy sem ser vulgar" foi o que jovem mulher pensou ao escolher a roupa. Karina trajava uma calça preta justa que moldava seu corpo e deixava sua bunda empinada mais que o normal, uma blusinha branca com transparência que deixa a mostra o sutiã azul a loira e nos pés um salto da mesma cor da calça. Os cabelos estavam presos em um coque bagunçado, estava com pouca maquiagem, pois não era muito fã. Somente um pouco de pó, rímel e blush e um leve rosado nos lábios. Simples, porém para uma mulher com a beleza e corpo de Karina, extremamente sexy.

– Não exagere Gardel. – E Jade torceu o nariz, detestava ser chamada pelo sobrenome. – Como você ta cobrinha? – perguntou Karina indo ate o amigo e abraça–lo.

– To bem novinha. E tu não acha que exagerou não? Mostrar o sutiã? – Comentou ele, torcendo o nariz. – Já não basta a Dama ter saído de casa com esse pedaço de pano.

– Relaxa snake, hoje to fechada pra negocio. Quero só comemorar e ir pro meu apartamento descansar.

– Ah ta e eu sou a Branca de Neve. Um dia as duas ainda vão me fazer enfartar. – Resmungou ele fazendo as duas mulheres rirem. Sempre seria assim, Cobra querendo matar cada homem que se aproximasse de Jade e tentando proteger Karina, ainda que muitas vezes fosse dela mesma.

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– Vamos Jade, canta comigo. – Suplicou Karina.

– Hoje não K. – Respondeu Jade, com a cabeça no ombro de Cobra. – Afinal, o que te deu? Geralmente, eu que tenho que te arrastar pro palco.

– Achei meu alvo. – Respondeu a loira rindo. – O guitarrista gato, acho que ele é novo aqui.

– Karina, eu já te falei pra parar de agir assim. – Repreendeu Cobra.

– Me deixa Ricardo. – Disse a loira revirando os olhos e se levantando da mesa, e indo em direção ao pequeno palco do bar. – Julio, eu quero cantar!

– Que milagre é esse, Karina? – Disse o baterista da banda e um dos donos do local rindo.

– Me deu vontade ué. – Respondeu ela. – Guitarrista novo?

– Ah, esse é o Pedro. – Respondeu Julio. – Pedro, essa é a Karina, sempre ta aqui. O Pedro ta substituindo o Felipe.

– Entendo. Prazer, Pedro. – E sorriu para o rapaz a sua frente e lhe estendeu a mão. E foi ali que ambos tiveram a certeza de que estavam ferrados.

Karina decidiu que cantaria “Eu tive um sonho” do Kid Abelha. Conforme a musica tocava, a loira remexia os quadris e encarava Pedro a fim de seduzi–lo. E estava conseguindo. Se só de vê–la sentada na mesa descontraida conversando com o casal de amigos, o musico já estava fascinado, agora que a mulher mexia o corpo e cantava a musica diretamente para ele, o rapaz estava praticamente enlouquecido. “Que mulher!” Era única coisa que Pedro pensava.

– "Não deixe de cruzar o seu olhar com o meu, eu vou jogar meu corpo em cima, em cima do seu." – Terminou Karina olhando diretamente para os olhos de Pedro, e em seguida foi aplaudida pelas pessoas que estavam no bar. A loira estava sendo parabenizada pelos amigos, quando sentiu uma mão a puxar pelo braço e a boca de Pedro encostar em seu ouvido.

– Aquilo no palco, foi um convite? – Sussurrou ele.

– Entenda como quiser. – Respondeu ela mordendo os lábios. E então ele a beijou.