Cheguei a oficina de North e já fui entrando. Ele estava escrevendo algo e levantou a cabeça, alarmado. Ao me ver, relaxou

– É você. Achei que não viria tão cedo - ele disse

– North, que história é essa de criaturas mágicas da floresta de Arendelle? Você não me disse nada disso! - nem dei tempo dele continuar a falar

Ele me encarou assustado

– Respire garoto! E em relação as "criaturas mágicas" relaxe - ele disse, sinalizando aspas com a mão quando falou criaturas mágicas - São trolls. Vivem lá a décadas e são muito bondosos e sábios. Eu conheço o líder deles, Pabbie. Mas porque você ficou tão agitado com essa informação afinal?

Suspirei aliviado ao saber que tais criaturas não eram do mal como pensei e contei tudo à North: a carta do irmão do rei, sua fúria, a visita das outras governantas, o mal pressentimento de uma delas (e o meu) e o conselho de Lana procurar os trolls

North ouvia tudo atentamente e ficou pensativo por um momento

– Ao que você relacionou o mau pressentimento? A que sensação ele se encaixava? - ele perguntou, me encarando e alisando a longa barba branca

– De cara o relacionei à Pitch e me senti... ameaçado. Perigo seria a palavra correta - respondi

– Jack... não estava pronto para lhe contar agora. Esperava que você retornasse mais tarde e nesse meio tempo poderia pesquisar mais à respeito. Aconteceu algo... importante, que poderá mudar a vida da pequena Elsa e a sua, mesmo antes dela chegar - ele disse, levantando e olhando através da gigante janela atrás de si, me dando as costas

– O que houve North? Está me assustando! - me levantei exasperado. Droga. Agora eu tinha certeza que não haveria mais paz

– Calma, é melhor você se sentar - obedeci, afinal se a notícia fosse realmente ruim, era melhor estar sentado

Ele foi até alguma prateleira de livros e retirou um antigo, que eu nunca havia percebido antes. Voltou à sua mesa e me encarou

– Jack, creio que esse pressentimento que você e a outra rainha sentiram,não foi em vão. Pitch realmente atacou de uma forma que eu nunca havia visto. Neste exato momento, os outros três guardiões estão espalhados ao redor do mundo, tentando achar uma solução ou alguém que possa desfazer a confusão que Pitch arrumou e tentar amenizar um pouco o sofrimento da pequena Elsa

Meus pelos da nuca se eriçaram

– O que ele fez? - indaguei, já temendo a resposta

– Acreditamos que ele tenha feito uma viagem no tempo - ele abriu o livro em uma página, que estava em uma língua pra mim desconhecida. Porém, reconheci as letras riscadas à parte no livro. Pitch

– Uma viagem no tempo? Ele viajou no passado, foi isso? - perguntei

– Não Jack, ele foi além... Ele fez uma viagem temporal sim. Mas ao invés de ir ao passado, ele viajou ao futuro - North disse - Temos certeza que ele mudou as ordens dos fatos, fazendo Elsa sofrer mais, criar mais medo e mais tarde, vir se aliar à ele. Essa foi a única teoria lógica que criamos, que explica o fato dele viajar à um futuro um pouco mais distante

Fiquei nervoso. Aquele cretino foi capaz disso? Mudar a vida de algém, que ainda nem havia começado? Ele podia fazer isso?

E a única resposta pra isso martelava na minha cabeça: sim, ele podia. Tanto podia, quanto já havia feito. E esse fato me deixava com raiva e vontade de socar algo. O alvo foi a parede e North não pareceu se assustar ou ficar nervoso depois de eu ter socado a parede com uma força que eu desconhecia.

Assim que me acalmei, encarei o livro na mesa

– O livro? - perguntei

– Sim, é dele. Mas pertenceu à algum feiticeiro poderoso que também planejava uma viagem nessa proporção, mas não obteve sucesso. Pitch acrescentou algumas coisas e conseguiu a façanha

– Como conseguiram?

– Já estava planejado uma invasão no covil de Pitch, no dia do nascimento de Elsa. Assim, ele se distrairia por um tempo e o parto seria seguro. Porém, chegou nos ouvidos de Coelhão algo como um plano de Pitch. Ele nos avisou e partimos imediatamente para o covil, mas já era tarde. Ele havia acabado de voltar, mas o "passeio" cobra sua taxa: Pitch estava exausto, e por isso, se mandou de lá, mas não sem antes dar um daqueles sorrisos de vitória. Pegamos o livro e saímos daquele lugar o mais rápido o possível.

– Vocês ainda planejam o ataque no dia do parto? - perguntei, a raiva já tomando conta de mim novamente

– É difícil dizer. Não sabemos o quanto ele viu, mas com certeza já está com conhecimento de que iríamos atacar, teremos que mudar o jogo e precisaremos de você - ele me encara

– Pode falar

– No dia do parto, você vai estar lá a todo momento. Vai assistir tudo, por mais desagradável que seja. A partir do momento da primeira respiração de Elsa, você se torna seu protetor oficial - ele disse -Não sairá do lado dela por nada e , se precisar por motivos fortes se afastar, deve criar uma barreira de proteção ou um amuleto para protege-lá, entendeu?

– Entendi - ele nem precisava me pedir isso, logicamente eu assistiria o parto, o que, para mim, não havia desagrado nenhum - Para agora, não posso fazer nada?

Ele pensou e seu rosto iluminou. Uma ideia

– Pode, você irá falar com os trolls, mais especificamente, com Pabbie. Ele poderá ter alguma noção do que fazer. Fica em Arendelle, por isso não haverá problema de lhe encarregar dessa tarefa. Tudo bem pra você?

– Tudo ótimo - respondi - Então, acho que não nos veremos tão cedo

North deu um pequeno sorriso

– É, talvez - ele me abraçou e depois me encarou - Estou apostando em você e sei que irá fazer um ótimo trabalho.

– Obrigado North - disse com sinceridade. Eu o via como um pai, já que não tive um em outra vida. Era importante escutar isso vindo dele.

Me trazia força e, mais que isso, esperança

– Daremos um jeito de nos comunicarmos, sem que você precise sair de Arendelle - ele disse - Mas você não tem mais tempo, vá

Sem perder tempo, levanto voo

Mas na minha cabeça, só havia uma frase na minha cabeça, quase uma prece:

" Não se preocupe Elsa. Você ficará sã e salva"