(Não) Leia meus pensamentos escrita por Strife
Notas iniciais do capítulo
Olá pessoal *------------*
Dessa vez é uma one-shot, a princípio planejei fazer uma short fic, depois desisti e deixei uma one shot mesmo.
Comentem pessoinhas.
- Agnes, poderia levar esses papéis até a sala de professores? -perguntou a professora de artes, Ana.
- Claro. -me levantei e peguei a montanha de papéis.
Eu sou uma garota baixinha, magra, que usa óculos fundos de garrafa, com cabelos na altura do ombro, muito lisos e castanhos e que estão sempre lambidos, olhos castanhos que todo mundo acha que é preto, uniforme largo e desajustado, fraca, tímida e... a nerd.
Já tinha me acostumado com a minha não presença na vida das pessoas, parecia até que eu era a garota invisível do colégio.
- São... Pesados... -sussurrei descendo as escadas.
Deviam ter toneladas de papéis em minhas mãos, pois estava muito pesado, e somando com a minha falta de força resultaria em um belo encontro com o chão. Escadas + papéis + Agnes = problemas.
- GYAHHHH! –uma garota gritou e eu me assustei.
Escorreguei na escada e em vez de descer de bunda ou de barriga, voei até lá embaixo. Estranho... nunca senti um chão tão macio como esse.
- Aiii... –massageei minha cabeça e tateei o chão em busca de meus óculos.
- Quem você pensa que é, sua desmiolada? –alguém me puxou pelo cotovelo e me levantou.
- D-Desculpa... –ajeitei meus óculos.
- Matheus, você está bem? –um garoto o ajudou a levantar.
- Estou... –forçou um sorriso.
Mentiroso. Eu quase te matei.
- Huh? –ele me encarou, confuso- Disse algo?
Mentira. Será se ele me ouviu? Não. Isso não é possível.
- Estou te ouvindo sim. –falou uma voz na minha cabeça.
Que coisa é essa???
- Não grite te escuto em alto e bom som. –fez uma cara de dor.
- Desculpa. –gritei e sai correndo dali.
E agora? O que faço? Ele consegue escutar tudo o que eu penso. Ai meu deus. Quer dizer que ele está me ouvindo agora, não vou poder mais pensar em nada. Nãããããooooo...
- Eu já disse que estou te ouvindo.
Não escute os pensamentos dos outros!
- Não é como se eu quisesse ouvir, sabe...
AHHH! Tarado de pensamentos!
- Qual seu nome? –ele me barrou no corredor.
- Não se aproxime. –comecei a recuar alguns passos.
- Que rude. E eu ainda tive todo o trabalho de recolher seus papéis e traze-los aqui... –fingiu estar chateado.
- Está brincando. –peguei os papéis e quase caio de bunda no chão.
- Que força hein. –debochou
- Não ria. –senti minhas bochechas quentes.
- Oh. Você está vermelhinha. –apontou para o meu rosto e tentou segurar o riso.
- Você que é. –pensou (?) de volta.
- Argh. Não invada meus pensamentos! –gritei.
- Você... Está gritando...? –gargalhou.
Fiquei morrendo de raiva dele por causa daquele comentário.
- Está com raiva? Está vermelha de novo. –colocou as mãos nos bolsos da calça.
-Estou. –andei lentamente em direção a sala de professores, já que o peso dos papéis estava me matando aos poucos.
- Fala sério... Deixe-me levar isso. –pegou os papéis com apenas uma das mãos.
- Até que você é forte... – o encarei.
- Não sou. Você que é fraca... E baixinha também. – riu.
Não vi graça nenhuma, você só ri porque não é com você. Idiota.
- Desculpe. – coçou a cabeça - Foi sem intenção.
- Hum?
Meu nome. Agnes.
- Matheus.
- Bom... obrigada. Até mais. –me despedi.
- Até... Agnes.
Isso foi muito constrangedor, você sabe.
- Aposto que você está vermelha.
N-Não estou.
- Está sim.
- Não estou! –gritei no meio da aula.
- Algum problema Agnes? Está se sentindo bem? –o professor perguntou.
- Ah... sim, claro. –dei um sorriso amarelo pra ele e me sentei, morrendo de vergonha.
Seu idiota. Paguei o maior mico por sua causa.
- Então você está vermelha...
Pare com isso e me deixe me concentrar na prova, ok?
- Nerd...
Hum?
- Me passe às respostas.
Nunca. E pare de pensar um pouco, por favor.
- Entendido, senhorita.
(...)
Uma semana havia se passado depois disso, já havíamos tentado de tudo para voltar ao normal. Inclusive quase nos matamos batendo nossas cabeças uma contra a outra diversas vezes, já que concluímos que foi na queda da escada –onde batemos nossas cabeças com muita força- que começamos a “compartilhar” pensamentos. Isso até que não está sendo tão ruim depois de tudo. Afinal, nem me lembro de quando foi à última vez que conversei tanto com alguém.
- Agnes.
O que?
- Me deve um encontro amanhã.
Não estou não. Você roubou naquele ultimo jogo.
- No sábado então. Vemo-nos amanha no colégio, boa noite.
Boa noite.
(...)
- Agnes.
- Oi?
- Por que você está matando aula?
- Porque você pediu. –o encarei.
- Não foi bem assim.
- Sério? Tenho certeza que não fui eu quem disse “Agnes querida, por favor, fique comigo. Não gosto de ficar sozinho, oh Agnes, por favor” –tentei imitar a voz dele.
- Ah é? Eu lembro bem que foi você quem ficou “Matheus, meu amor. Por favor me leve daqui. Com você posso ir a qualquer lugar”.
- Claro que não! –dei um soco nele.
- Tão fofa... Vermelha assim.
- Não pense coisas embaraçosas assim. –abaixei a cabeça, com o rosto parecendo um pimentão.
- Então está tudo bem se eu falar? –segurou meu pulso e me puxou de forma que eu ficasse de joelhos entre suas pernas e com o meu braço livre apoiado em seu ombro direito.
- Claro que não. –fiquei mais vermelha ainda.
- Agnes. Olhe-me nos olhos. –pediu.
- Estou olhando.
- Não consegue ser sincera nem comigo? Céus, que amiga má. –riu.
- O que? –juntou as sobrancelhas.
- Ah... Nada não. –me levantei.
- Agnes...?
- Já vou. Vemo-nos amanhã então, afinal estou te devendo um encontro não é? –forcei um sorriso e sai dali.
Droga. Por que isso está acontecendo? –lágrimas teimosas escorriam pelo meu rosto.
- Agnes. Volte aqui, onde você está?
Deixe-me sozinha, por favor.
- Mas... Ok.
Não sei porque motivo ou causa, mas eu passei a tarde chorando. Meu peito estava apertado e isso era estranho... eu não entendo. Não entendo...
(...)
- Sábado. Está pronta? –ele me ligou às 17:00
- Aham. –respondi.
- Aconteceu alguma coisa? Sabe que pode me contar qualquer coisa, não é? Somos amigos.
- Não foi nada. Tchau.
- Chego já aí.
Vesti um vestido azul claro tomara que caia. Por ser velho, ele ficava um pouco apertado no busto –quase inexistente- e na cintura, a saia era um pouco rodada e ficava no meio de minha coxa. Uma sapatilha preta, meus óculos e cabelo lambido de sempre.
- Olá. –ele entrou sem bater.
- Oi... –o encarei.
- Arrume esse cabelo. –apontou para minhas madeixas.
- O que? Não está bom? –passei as mãos apressada e desleixadamente pelo cabelo.
Ele se aproximou de mim e começou a arrepiar meus cabelos, sorte que eles eram super lisos, então ficaram no máximo um pouco arrepiados.
- Melhor agora. –riu.
- Você assanhou minhas madeixas. –fiz bico.
- Tire esses óculos. –ele se aproximou novamente e puxou meus óculos.
- Agora eu não vejo nada. –me aproximei dele o bastante para sentir sua respiração descompassada.
- Ok. Melhor colocar. –me entregou os óculos e ficou de costas para mim.
- O que foi? –perguntei.
- N-Nada...
- Está envergonhado? Porque isso agora? –ri.
- Agnes... –se virou e segurou meu rosto com as mãos, me forçando a encará-lo- Eu...
Olhei minunciosamente para ele. Cabelos loiros –muito loiros-, olhos verdes, pele branca, rosto fino, nariz perfeito, sobrancelhas perfeitas...
- O que? –ele corou.
- Oh. É a primeira vez que presencio isso. –ri.
- Isso... Não ria. –colocou a mão no rosto, tentando esconder a vermelhidão.
- Pra você ver o que eu sofro. Vamos?
- Ok. –segurou minha mão direita.
Fomos ao parque, brincamos em diversos brinquedos, comemos muitas besteiras diferentes e jogamos muita conversa fora. Quando estávamos indo para a sorveteria eu resolvi andar pela calçada, em certo momento me desequilibrei e cai –literalmente- de cabeça. No Matheus.
De novo não.
- Você está bem? –ele massageou a cabeça enquanto se levantava e depois me ajudava a levantar.
Estou sim.
- Está ou não? –perguntou preocupado.
- Você não me ouviu? –perguntei espantada.
- Não... –arregalou os olhos.
- Estamos... curados. –ri involuntariamente.
- Isso é algo para se comemorar? –fez bico.
- Claro que...
- Matt? –nos viramos para encarar a pessoa que chamava o loiro.
- Lizzie? –ele riu abertamente e abraçou a garota.
- Que saudades. –eles passaram alguns poucos minutos se abraçando e me ignorando.
- Matt? –perguntei.
- Agnes, esta é Elizabeth. Elizabeth está é Agnes. –nos apresentou.
- Pode me chamar de Lizzie. –a garota riu.
- Olá. –me limitei a falar.
Ela era fofa. Cabelos negros ondulados que caiam nas costas, olhos cor de mel, corpo com curvas no lugar, feminina e normal. E... parecia ficar bem perto do loiro.
- O que é isso? –levei minha mão ao peito, do lado do coração.
- Agnes? Não está se sentindo bem? –levantou meu queixo e me fez encará-lo.
- Não chegue perto. Preciso ficar sozinha. –afastei sua mão e saí correndo dali, sem rumo.
- Ei! Agnes! –ele corria atrás de mim.
Eu queria que ele pudesse me ouvir agora.
- Eu... falei... pra... esperar... –ele falou ofegante.
- Como conseguiu me alcançar? –o encarei, mas as lentes de meus óculos estavam embaçadas.
- Você é lenta. –riu.
- Me deixe ir, idiota. –funguei.
- Ei... porque está assim?
- Eu... não sei. –comecei a chorar mais e a soluçar.
- Shh. Pode chorar, ficarei aqui o tempo necessário para que você possa se acalmar. –me abraçou e eu afundei meu rosto na curva de seu pescoço.
- Eu... acho que... gosto de você... –o encarei.
Ele estava com os olhos arregalados. Depois de algum tempo ele tirou meus óculos e os colocou no minúsculo decote de minha blusa, posteriormente foi se aproximando cada vez mais de mim até colar seus lábios aos meus.
- Eu também. –me abraçou forte.
- E a Lizzie?
- Não acredito que isso tudo foi apenas ciúmes. –falou e eu corei.
- Não precisa ficar envergonhada. Afinal, sou seu namorado. –enlaçou seus dedos nos meus.
- Sério? Até quando? –funguei novamente.
- Hmm... Sempre é muito clichê?
- Sabe de uma coisa... adoro clichês. –e o beijei novamente.
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O que acharam?
Me digam, rápidoooo '-'
Beijão e até a proxima one-shot
P.S: Sim, postarei muitas outras u.u