I'm forever yours escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 9
Capítulo 8




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Dois dias. Dois dias haviam se passado desde o acidente, e nesse meio tempo, Pedro sequer havia se mexido da cama. Não havia ido ao banheiro. Não havia se alimentado. Não havia falado.

Os pais e Tomtom não se dirigiram à ele, os três sem conseguir disfarçar a dor e raiva que sentiam. Ele não estava nem aí. Parecia que seu mundo todo havia sido arrancado de seus braços, de seu peito, de seu corpo.

Se arrependia amargamente de ter resolvido ir àquela maldita festa. Se arrependia de ter tratado Karina tão mal. Se arrependia de não ter dado bola para todas às vezes que ela pedira que ele acariciasse sua barriga e conversasse com o bebê, irritado demais por estar sem aquelas malditas drogas.

O que era a porra da abstinência comparada a dor de perder o filho?

"Levanta." Moveu os olhos, encarando o pai. "Levanta agora, e pega suas coisas. Eu quero você fora dessa casa."

"O quê?" Ele sentou, surpreso.

"É isso mesmo que você ouviu, Pedro. Eu juro que tentei ser compreensível, acreditar que era só uma fase. Tentei encobrir da sua mãe, assim como ela tentou encobrir de mim e da sua irmã. Sua irmã mentiu e sofreu por meses, vendo você se afundar nessa desgraça que você transformou a sua vida. E nenhum de nós merece passar por isso."

"Você tá me expulsando de casa? Da vida de vocês?" Se ele pensava que já sentira toda a dor possível, o pai vinha lhe provar que era possível sentir mais.

"Eu não sei o que eu to fazendo." Marcelo tinha os olhos marejados. "Eu não sei o que fazer com você, meu filho. Mas ficar te protegendo e aceitando essas atitudes, não dá. Se quer se destruir, que o faça sozinho, bem longe daqui."

"Pai..."

"Eu não quero te encontrar aqui quando eu voltar do Perfeitão." O homem saiu com a voz embargada, deixando Pedro para trás.

O rapaz ficou sem saber o que pensar ou fazer, completamente perdido. Levantou, pegando suas mochilas e enchendo de roupas. Pegou os documentos e a carteira, colocou a guitarra no ombro e pegou a chave da van.

Pelo visto ela seria sua nova morada.

Não sabia o que os integrantes da banda pensavam sobre o ocorrido, não havia falado com nenhum deles desde que enviara a notícia do patrocinador, ainda na festa. Eles com certeza iriam encontrá-lo naquele dia, já que tinham o show em uma boate grande. Mas se a banda continuaria, isso era uma história que ele não sabia prever.

Colocou as mochilas no interior, junto com a guitarra. Suspirou profundamente, se preparando para assumir o banco do motorista e dirigir ruma à casa de Sol, para ter o primeiro embate sobre o assunto, quando olhou para cima.

Encontrou o par de olhos azuis na sacada da casa dela, o encarando. Seu rosto estava magro e pálido, os olhos fundos. Ele suspirou, começando a caminhar naquela direção. Ela sumiu para o interior do quarto, e ele soube que ela iria abrir a porta.

Se fosse para repeli-lo, o teria feito aos berros e da sacada.

A porta estava aberta e ela estava no meio da sala, de costas para ele. O guitarrista parou, sem saber o que fazer. Suspirou, pigarreando.

"Como você tá?"

"Como você acha?" Ela respondeu com a voz gélida.

"Eu sinto muito." Ele disse sincero.

"Sente nada."

"Era o meu filho." Ele tentou não ficar indignado, mas era impossível. Ela se virou, os olhos cheios de água.

"Era, Pedro? Em algum momento você amou aquela criança, achou que ela era seu filho?" Ela perguntou com a voz cheia de dor.

"Eu amava nosso filho, Karina, não me acuse do contrário." Ele gritou, as lágrimas começando a verter. "Eu amei aquela criança desde o momento em que assimilei a chegada dela. Pode não ter sido no momento que você me contou, mas eu a amei desde aquele mesmo dia."

"A única coisa que você fez, desde aquele dia, foi ser um maldito filho da puta rabugento, irritado demais por ficar longe do seu verdadeiro amor: as festas e as drogas." Ela acusou, a garganta fechada. "Parabéns, pode voltar para os braços deles."

"E você acha que eu to ligando para a porra de uma festa ou de um cigarro de maconha?" Ele gritou. "Eu sofri com a abstinência, eu não vou negar. Mas perder o nosso filho tá doendo tanto, que aquilo parece uma pedrinha que bateu na minha perna enquanto eu andava. Porque eu amava sim o nosso filho, Karina. Eu ainda amo e vou amar para sempre."

Ela chorava sem vergonha ou barreiras. Ele fazia o mesmo, sentindo toda a dor se apoderar dele.

"Se eu pudesse voltar no tempo, para aquele maldito shopping, eu me daria um soco na cara e mandaria eu ir direto para a academia te entregar aquele presente, não ir para a festa conversar com os investidores. Eu devia saber que não iria ter conversa nenhum, eu sabia..." Ele soluçou. "Eu te juro que não vai passar um dia na minha vida sem que eu carregue essa culpa e me lembre que, por minha causa, isso aconteceu."

A lutadora não respondeu nada, apenas continuou a chorar, parada no lugar. Pedro suspirou, secando os olhos e tentando se recompor.

"Eu fui expulso da casa dos meus pais e não sei para onde eu vou, o que vai acontecer com a banda e nem nada assim... Eu vou ficar afastado por um tempo, e isso vai ser bom para nós dois. Quando tudo se acalmar, a gente conversa."

"Eu to indo embora do Rio, hoje à noite." Ela disse simplesmente, sem encará-lo.

"Você o quê?"

"Eu to indo embora. Eu não vou aguentar ficar aqui, lembrando de tudo que aconteceu." Ela repetiu, o encarando. "E não existe mais nós, Pedro. Nem agora, nem nunca."

"Esquentadinha..."

"Cala a boca e não me chama assim." Ela se afastou dele, nervosa. "Acabou, Pedro. Eu juro que eu lutei com tudo que eu pude, mas não dá. Você destruiu a nossa família, e talvez tenha sido até bom... Você acha que eu quero ter uma família desse jeito? Morando em uma van?" Ela negou com a cabeça. "Eu mereço mais do que isso."

"Se você diz, Karina, eu não vou tentar te convencer do contrário, até porque eu não tenho esse direito." Ele sussurrou, a voz embargada. "Mas saiba que não vai se passar um dia sem que eu pense em você, ou no nosso filho, e imagine a família que nós poderíamos ter sido." Pedro caminhou para a porta, jogando o chaveiro no sofá. "São as chaves daqui e da casa dos meus pais. Eu não preciso mais delas."

Karina não respondeu nada, novamente lhe dando as costas em silêncio.

"Eu te amo, viu esquentadinha? Para sempre."

~P&K~

A banda toda estava reunida na sala da casa de Sol, já avisados por Marcelo que Pedro havia saído com a van tempos antes. Esperavam que ele fosse à casa da garota, que era sua melhor amiga afinal de contas.

Como esperado, ele chegou lá algum tempo depois, o rosto marcado de choro, os ombros mais curvos do que um velho. Entrou mudo, parando no meio da sala.

"Eu perdi minha namorada, meu filho e minha família. Nada mais que digam ou me tirem vai poder me machucar, então digam logo." Ele avisou, os encarando.

"Nenhum de nós gostou do que você fez, Pedro." Garantiu Sol. "Mas nem por isso vamos te expulsar ou acabar com a banda. Não vamos passar a mão na sua cabeça e dizer que você é um pobre coitado, mas vamos ficar do seu lado enquanto tu se reergue. Até porque, é de coisas assim que o sucesso surge."

"Sol." Wallace repreendeu a namorada.

"Ai negão, me deixa." Ela reclamou, se levantando e indo até o guitarrista. "Você está pronto para cair na estrada e deixar tudo isso para trás, Pedro? Pra transformar essa dor em garra e lutar, da maneira certa, com a gente?"

"Pode ter certeza..." Ele garantiu, com a voz embargada. "Mas ainda não posso deixar tudo para trás. Depois de hoje à noite, com certeza. Mas hoje, tem algo que eu preciso fazer durante o show."


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Notas finais do capítulo

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