I'm forever yours escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 27
Capítulo 26




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Logo após sair da casa de João, Pedro foi direto para o Perfeitão. Não encarava os pais desde a tarde anterior e queria esclarecer toda a situação. Queria entender porque eles haviam agido como agiram.

Quando chegou ao restaurante, Marcelo havia acabado de chegar da rodoviária, onde havia ido buscar Tomtom. Assim que a família deu conta da presença do primogênito, engoliu em seco.

"Vamos conversar em casa, por favor." Pediu Delma, deixando o avental e o bloquinho no balcão e conversando rapidamente com as duas garçonetes. Enquanto isso, Pedro marchava rumo à porta dos fundos, seguido pelo pai e a irmã.

Já na sala de estar, o guitarrista parou no ponto mais distante, enquanto sua família se deteve ao lado da escada.

"Vocês não tinham o direito de fazer o que fizeram." Com Karina ele precisava se conter, mas não com os pais e a irmã. Até porque, a traição deles doía mais que a dela. "Vocês, mais do que ninguém, viram o quanto eu sofri. Vocês me mandavam deixar para lá. Vocês sabiam que minha filha estava viva, faziam parte da vida dela, e não me contaram nada."

"Filho, a escolha não era nossa..." Delma deu um passo à frente, mas parou ao ver o olhar dele.

"Era, era sim. Vocês puderam escolher entre apoiar a Karina ou me contar a verdade." Ele gritou, sentindo novamente os olhos marejados.

"E correr o risco de perder a Clarinha?" A declaração de Tomtom foi como uma granada.

"Ah, então vocês não podiam ficar longe da minha filha, mas eu sim? Eu pude passar quase sete anos da vida dela sem sequer saber da existência dela, mas vocês... Ah, vocês não podiam." Ele rosnou, gesticulando nervosamente.

"Porque a Clarinha precisava de alguma coisa do pai dela."

"Ela precisava do pai dela, pai. Ela precisava de mim, não das histórias que vocês contaram." Pedro rebateu. "Não de fotos velhas e desculpas, de mim. Vocês tinham que ter lutado por mim, quando eu não pude."

"Está aí, filho, a primeira lição que você tem que aprender como pai." Fungou Delma, limpando os olhos. "Por mais que doa, doa muito, nós temos que fazer o que é melhor para os nossos filhos. E você sabe, Pedro, por mais que te doa admitir, que o melhor foi isso."

"Nunca, nunca que o melhor para mim ou para a minha filha foi termos ficado separados." Não importa que ele reconhecesse a verdade, ele jamais a admitiria para ninguém.

"E o que você pretende fazer agora, hein Pedro? Você vai tirar a Ana Clara da Karina?" No fundo, o medo de todos era que, quando descobrisse a verdade, Pedro resolvesse levar a filha embora.

"Eu já disse para a Karina que nunca manteria minha filha longe dela, ou de qualquer um que ela goste. Não vou fazer o mesmo que vocês fizeram." Os três suspiraram aliviados. "Mas isso não quer dizer que eu vou ficar."

"Do que você está falando, filho?" Questionou Marcelo.

"Vocês não confiaram em mim, agora sou eu que não confio em vocês." Ele começou a se encaminhar para a porta de saída. "Eu preciso de um tempo."

"Nós somos sua família." Protestou Tomtom.

"Minha filha é a Ana Clara. Ou pelo menos vai ser, quando nós contarmos a verdade para ela." Sentenciou ele, batendo a porta ao sair.

~P&K~

João estava sentado na beirada da cama de Karina, local de onde não havia saído desde que ela lhe contara que não perdera o bebê. A irmã estava sofrendo, sabia disso, e não queria deixá-la por nenhum momento.

A manhã chegou sem que eles se dessem conta, e com ela, Delma e Marcelo voltaram, a fim de ver como a ex-nora estava. Não foi difícil para o médico liberar a entrada do casal, Gael e Dandara, já que o acordo que tinha com Karina envolvia ela contando a verdade aos familiares.

"Minha filha." Gael correu até a caçula, a abraçando apertado. Ela chorava há horas e, ao abraçar o pai, chorou mais um pouco. "Como você está?"

"Bem, na medida do possível." Ela garantiu, sentindo o carinho dele em seu rosto.

"Ah, querida..." Delma se aproximou da cama, muito emocionada. "Nós sentimos tanto, por tudo. Apesar das atitudes do Pedro, nós estávamos muito ansiosos com o nosso netinho."

"Hã, gente, era sobre isso que eu queria falar com vocês." A loira encarou João, em busca de apoio. Ele sorriu, encorajando-a. "Eu não perdi o bebê."

"Mas o médico..." Dandara reagiu na hora, enquanto os demais pareciam muito surpresos.

E então Karina repetiu novamente o que já explicara ao médico e a João, desde tudo que vinha acontecendo, até sua decisão.

"Eu preciso dar a melhor chance para nós duas passarmos por isso. E com o Pedro do jeito que está, vai ser impossível." Ela encarava os pais do ex, preocupada com as reações deles. "Eu sei que não é justo com ele, nem com a minha filha. Mas é o melhor."

A lutadora ficou encarando o casal, esperando uma reação deles. A primeira coisa que Delma fez foi se aproximar e abraçá-la, apertando a grávida com força.

"Um pai tem que fazer o que é melhor por seu filho, não importando o quanto vá doer. Eu e o Marcelo faremos o que é melhor pelo nosso filho, enquanto você fará o que é melhor para sua filha. E por mais que vá doer nele, e depois nela, vai ser o melhor..."

"Pelo menos, assim esperamos." O Ramos mais velho se pronunciou. "Só terei que te pedir que não nos afaste do nosso neto. Ou neta, como você prefere dizer."

"Quanto a isso não precisam se preocupar, Marcelo. Vocês sempre estarão na vida dela." Prometeu a grávida, acariciando o ventre. "Mas temos outro assunto a conversar, pai."

"O quê?" Gael se pronunciou pela primeira vez, ainda em estado de choque.

"Eu não posso continuar aqui no Rio, perto do Pedro. Se for assim, ele vai descobrir tudo em poucas semanas. Eu vou ter que ir embora do Rio de Janeiro."

~P&K~

Na casa de Gael, todos se preparavam para o jantar. Ana Clara estava no chão, desenhando na companhia da avó, enquanto a mãe e o avô finalizavam a comida e arrumação da mesa.

"E como foi com o Pedro?" Perguntou o mestre, em voz baixa.

"Complicado." Suspirou a filha, colocando os pratos na mesa. "Ele prometeu ter paciência e esperar, mas a Clarinha não facilita nada com os comentários dela. Nós todos acabamos ficando mexidos. E agora ele invocou que quer que eu volte para o Rio. Como se fosse fácil."

"Apartamento e emprego você já tem, só falta a escola pra Clarinha, que não é tão difícil." Comentou o homem.

"Pai, eu não vou morar aqui com vocês."

"Não mesmo. Você vai morar do outro lado da rua, no apartamento que eu aluguei para você." Ela arregalou os olhos para o mais velho. "E nem comece a protestar."

Realmente ela não protestou, mas porque não houve tempo. A campainha tocou, anunciando uma visita. Todos se olharam confusos, enquanto Gael se encaminhava para a porta e a abria, dando com a figura de Pedro.

"Você?"

"Boa noite, Gael." Pedro era firme. "Vim visitar a Clarinha."

"Pedro, as coisas não são bem assim..." Karina começou a protestar, se encaminhando para a porta, mas o pai a impediu.

"Pode entrar." O ex-casal pareceu confuso, mas o rapaz se recuperou depressa.

"Obrigado." Ele passou por pai e filha, se dirigindo para a sala com um sorriso no rosto. "Grãozinho?"

"Pedro." A criança levantou correndo, indo em sua direção e o abraçando.

"Estava com saudade."

"Mas você me viu hoje." A pequena riu da cara dele.

"Ué, isso não quer dizer nada." Ele garantiu, beijando o rosto dela. "Enfim, passei em uma loja e vi uma coisa que me lembrou de você. Quis te trazer de presente."

"Presente." Ela pegou o embrulho, sentando no sofá e começando a rasgar.

"Como é que se diz, Ana Clara?" Repreendeu Karina.

"Obrigada, Pedro." Agradeceu Clarinha, logo voltando as atenções para o embrulho. Rasgou o papel depressa, revelando uma pelúcia de sapo. "Um sapinho."

"Achei que você iria gostar. Ele é muito fofo." Comentou o guitarrista, dando aquele sorriso que fechava seus olhos.

"Ele pode ser amigo dos meus ursinhos. Vem, Pedro, eu vou te apresentar eles." E sem esperar resposta, começou a arrastar o homem em direção ao quarto que dividia com a mãe, deixando ela e os avós plantados na sala.

"Por que você deixou ele entrar?" Questionou Karina, se virando para o pai.

"Eu gosto disso tanto quanto você, filha, mas precisamos entender as circunstâncias. O Pedro é o pai dela e tem direitos. É melhor para nós que ele os tenha com nosso consentimento, do que com a força da Justiça." Explicou Gael, segurando a jovem pelos ombros.

"Seu pai está certo." Suspirou Dandara. "Vamos tentar resolver isso sem brigas ou intervenção de terceiros."

Já no quarto, Clarinha mostrava uma infinidade de pelúcias à Pedro. Porém uma lhe chamou a atenção.

"Esse aqui é o Flux. Ele é velhinho, mas é porque foi meu papai que deu para a minha mamãe. E ela deu ele para mim quando eu era pequetitiquinha, e eu gosto de dormir só com ele." Explicou Clarinha, apresentando o macaquinho verde que Pedro já conhecia tão bem.

"Seu papai tem muito bom gosto, viu grãozinho?" Pedro tentou disfarçar a emoção de ver sua garotinha com o primeiro presente que dera à Karina, tantos anos antes.

"Eu amo o Flux muitão, daqui até a lua. Porque eu amo muitão o papai." Ela sorriu, fechando os olhinhos. "Às vezes a mamãe faz ele falar. Mas é estranho."

"Acho que ela não sabe. Deixa eu tentar..." Ele pegou o macaquinho, repetindo o gesto de tantas vezes. "Oi Clarinha, tudo bem?"

"Oi Flux... Você fala." Os olhinhos dela brilhavam. "Você gosta de mim?"

"Claro que eu gosto de você, Clarinha. Porque o seu papai te ama muito e, mesmo não estando perto, ele sempre pensa em você. Então ele me pede para ficar de olho em você."

"Fala para o papai que eu to com muita saudade dele, fala, Flux?"

"Falo sim, Clarinha. E ele volta logo, pode ficar tranquila. Agora o Pedro quem vai falar, está bem?" Ela assentiu, enquanto o rapaz baixava o macaquinho. "Vem aqui me dar um abraço, vem, grãozinho."

"Você tá triste, Pedro?" Ela perguntou preocupada, vendo os olhos dele cheios de lágrimas.

"Não, tampinha, só muito feliz por estar aqui com você." Ele suspirou, a abraçando apertado.

"Nós seremos sempre amigos, tá bem, Pedro? E então estaremos sempre juntos." Ela prometeu, deitando a cabeça no ombro dele.

"Isso é tudo que eu poderia pedir, minha criança."


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Notas finais do capítulo

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