I'm forever yours escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 24
Capítulo 23




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"Hey Pedro, posso entrar?" João estava apoiado no batente da porta, extremamente pálido.

"Na boa, cara, eu não to com a menor vontade de olhar para a sua fuça." O guitarrista queria bater a porta e voltar ao seu ataque de raiva, mas o estado do amigo não permitia isso.

"Bom, a Fabi me deixou aqui na portaria. Você vai precisar pelo menos ligar para ela vir me buscar, porque olha o estado da pessoa." Pedro bufou, dando passagem. João sorriu vitorioso, se arrastando e caindo no sofá, cansado. "Me empresta o celular?"

"Relaxa." O rapaz andava de um lado para o outro. "Por que, João? Por que você entrou nessa merda? Mentiu para mim esses anos todos? Me deixou acreditar que era culpado pela morte da minha filha?"

"Primeiro, para de andar de um lado para o outro, tá me deixando enjoado." Pedro se largou no outro sofá, encarando o amigo. "Eu sei que nada vai aliviar, Pedro, mas você precisa entender que nós fizemos o que achávamos melhor."

"E quem deu o direito de vocês decidirem?"

"Cara, tenta pensar de maneira desapaixonada... Sua filha acabou de nascer e a Karina tá envolvida com umas paradas tensas. Tá indo em festa errada, fumando coisa errada, bebendo demais. Por causa disso vocês sofrem um acidente e a bebê quase morre." O guitarrista se irritou.

"Eu nunca mentiria para a Karina."

"Nem se essa fosse a única maneira de proteger sua filha?" Pedro baixou os olhos. "Bro, você sabe que eu e a Karina fizemos de tudo, tudo que estava ao nosso alcance para você melhorar, largar aquela bosta toda... Mas nada funcionou. A K quase perdeu o bebê, e tava muito doente mesmo. Ela não pensou no que ela queria, ou no que você queria: ela pensou na filha de vocês e no que era melhor para ela."

"E o melhor para a minha filha era ficar longe de mim?"

"Pedro, você está se esquecendo que eu sou filho de um ex-viciado, e que minha mãe passou pelo mesmo que a Karina. Você diria que o melhor para ela era ficar perto de você, no estado que você estava?"

"Mas eu larguei, larguei tudo, depois que a Karina perdeu o bebê."

"Porque você achou que ela havia perdido o bebê." João sorriu compreensivo. "Pedro, você precisava de um tapa bem dado na cara para ver a bosta que estava fazendo. E foi o que aconteceu quando tu achou que tinha perdido sua filha: tomou jeito, rumo. Diga o que quiser, mas a Karina te fez um favor."

"Você tá de brincadeira, né?"

"Claro que não." João se inclinou para a frente, encarando Pedro, sério. "Sabe o que teria acontecido se você não tivesse tomado esse choque? Você ia continuar tendo crise de abstinência, até não aguentar mais. E então você ia voltar para a merda, ia se meter em encrencas cada vez maiores... Ia acabar que nem aquele imbecil que roubou a van de vocês. Aliás, pensando assim, a Karina não teria chegado nem ao quinto mês. Se só imaginando que você estava na van, ela entrou em trabalho de parto, imagina com a preocupação constante."

"Como assim? Ela entrou em trabalho de parto pensando que era eu na van?" A cada vez que o nascimento de Ana Clara era citado, Pedro gelava um pouco mais. Primeiro fora Karina dizendo quase ter morrido, e agora era essa bomba de João.

"No final da gravidez, a doença da Karina se agravou. Ela estava passando muito mal e viu a notícia. Assim como a sua mãe, ela pensou que poderia ser você, e a ideia de você ter morrido... Se quiser saber mais, pergunta pra minha mãe, quem viveu esse pesadelo foi ela. Ela diz que achou que a Karina iria morrer enquanto convulsionava, e eu juro que achei que ela nunca mais iria acordar depois que entrou em coma. Bro, aquela esquentadinha é mais durona do que a gente pensava, na boa mesmo."

"Quer dizer que eu quase matei as duas outra vez, mesmo sem ter culpa nessa?" Ele esfregou o rosto, nervoso.

"Ela sentiu sua falta todos os dias." João tentou aliviar o peso do amigo, que o encarou curioso. "Ela sentia sua falta por tudo. Doeu muito nela, não ter você por perto enquanto ela esperava a Clarinha. Você sabe o quanto ela queria que fosse diferente."

"Eu também queria que tivesse sido diferente, bem diferente."

~P&K~

Toda a família estava no quarto de hospital, espremida. Clarinha ressonava tranquila nos braços de Tomtom, que sorria maravilhada para a sobrinha.

"Ela é a cara do Pedro." Observou Delma, e Karina concordou.

"Só os olhos que são meus... Só servi pra carregar." Todos riram do comentário, fazendo o bebê se agitar. Em reflexo, Karina se esticou para pegá-la dos braços da tia, arrancando mais alguns risos.

"Esquentadinha e leoa, combinação fatal." João brincou, recebendo uma careta.

"Hã, K... O Pedro voltou para o Rio há três dias, querida." Dandara começou de maneira cautelosa, da maneira que haviam combinado.

"E daí?" A loira desceu os olhos para a filha, tentando ignorar os presentes.

"Bom, nós queremos saber se você vai continuar com a mentira." Bianca prosseguiu, sentada no pé da cama da irmã. "Digo, agora vocês estão fora de perigo, e o Pedro tá andando na linha..."

"Bi, gente... Não é por nada, mas eu não consigo pensar nisso agora. Eu acabei de acordar do coma; a Clarinha tá fora de perigo, mas ainda é prematura...Ter que lidar com tudo isso agora tá fora de cogitação." Ela explicou, ainda sem encarar ninguém. "Delma, Marcelo, eu sei que vocês devem..."

"Não precisa dizer nada, querida. Nós entendemos." A mulher sorriu compreensiva. "Nós prometemos que te apoiaríamos quando você decidiu isso, e é o que faremos. Quando você achar que é a hora certa, estaremos do seu lado."

"Todos nós, filha." Gael beijou o topo da cabeça dela. "Só esperamos que seja logo, ou você vai ter que aguentar muitas visitar aqui em São Paulo."

Karina concordou, encarando a filha, que tornara a dormir.

Só esperava estar fazendo o certo. Por si e por ela.

~P&K~

Karina estava deitada na cama, com Ana Clara aninhada à si. Gael e Dandara haviam ido para a casa de João, deixando mãe e filha sozinhas.

A pequena penou para dormir, assustada e curiosa com tudo que havia acontecido durante o dia. Seu herói era Pedro, como guitarrista da Believe, e tê-lo visto agir daquela maneira com sua mãe foi um choque. E mesmo após Karina explicar que ele estava chateado com o que estava acontecendo com João, Clarinha ainda estava sentida.

"Ah, princesa... O que a mamãe vai fazer?" Sussurrou, acarinhando os cabelos da criança adormecida.

O toque da campainha a tirou de seus pensamentos, deixando-a curiosa. Àquela hora da noite, só Bianca iria até lá, e ela tinha a chave do apartamento. Talvez fosse Delma ou Marcelo, para ver como a neta estava. A loira se levantou, calçando os chinelos e atravessando o apartamento depressa, para que o toque não continuasse e acordasse a filha.

"Já vai." Avisou, chegando até a porta. Destrancou, virando a maçaneta. Quase caiu para trás.

Pedro estava parado ali, de pé, as mãos enfiadas no bolso, os cabelos castanhos revoltos. Ele parecia sem jeito, um pouco tímido.

"Oi Karina... Posso entrar?"


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Notas finais do capítulo

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