I'm forever yours escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 15
Capítulo 14




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As semanas passavam voando, os dias pareciam flashes. Pedro passava todo o seu tempo no estúdio, ocupado com a gravação do novo álbum, enquanto em São Paulo, Karina se aproximava cada vez mais da chegada da sua manezinha.

Sua barriga parecia um balão prestes a explodir, seus pés estavam tão inchados que ela mal conseguia se suportar de pé, e sua pressão estava cada dia mais alta, apesar dos remédios e da alimentação. Foi impossível impedir a ida de Dandara para lá, tão logo a lutadora atingiu a 35ª semana.

Era ali que o real perigo começava.

Os enjoos haviam voltado, a cabeça doía o dia todo, o mal estar era constante. O médico havia alertado Dandara sobre os riscos que a bebê corria com o agravamento do estado de Karina, que definitivamente havia evoluído para eclampsia.

Uma cesárea foi marcada para dali três dias, na sexta-feira, dando assim tempo do restante da família ir para São Paulo, presenciar a chegada da criança.

"Como você está se sentindo, meu amor?" Dandara estava na beirada da cama, acariciando os cabelos de Karina. Os olhos estavam fundos e opacos, demonstrando exaustão.

"Eu quero o Pedro." Suspirou a loira, recebendo um sorriso compreensivo. "Só o que eu penso é naquele moleque, e no que vai acontecer com a manezinha depois do parto."

"Karina, querida, não pensa assim."

"Eu tenho que ser realista, Dandara. Minha mãe morreu assim, meu estado de saúde tá piorando... Me promete uma coisa? Se tiverem que escolher entre uma de nós, escolhe ela. Mesmo que meu pai brigue, escolhe ela."

"Karina..."

"Por favor, Dandara." Implorou, os olhos azuis cheios de água. "Me promete isso."

"Não vamos ter que escolher nada, meu amor. Vai dar tudo certo, você vai ver." A atriz beijou sua testa com carinho. "Agora descansa... Se você não melhorar até de noite, eu vou ligar para o Dr. Luiz, está bem?"

Karina assentiu, enquanto a morena se levantava e saia do quarto, já ligando para o médico e para a família no Rio. Levaria a enteada para o hospital naquela noite, antes que algo de mais ruim acontecesse.

~P&K~

Di Ferreiro estava no estúdio naquele dia. Ele e Pedro gravavam os últimos retoques da música que o guitarrista havia composto para a filha, que lançariam para o mundo no Brazilian Day. A parceria entre eles era uma verdadeira honra, e uma música em inglês era algo inédito para a Believe.

Haviam treinado ao máximo a voz de Pedro, que cantaria partes mais voltadas para algo próximo ao rap. Não era perfeito, mas bem melhor do que aquela gralha desafinada que entrou na Ribalta quando era ainda adolescente.

Faltava apenas um trecho da música, cantado por Pedro e com alguns ecos de Di. Cada um estava em uma cabine, com os fones nos ouvidos, repetindo o trecho pela 15ª vez, até que o restante da banda achasse que estava perfeito.

"Show, rapazes, tá ótimo." Elogiou Wallace, sorrindo.

"Finalmente, logo minha voz ia estar esganiçada de novo." Brincou Pedro, arrancando risos. "Valeu pela ajuda, Di."

"Cara, depois de uma música linda dessas, quem tem que agradecer sou eu." O vocalista do NX o cumprimentou com um abraço. "Que honra participar da gravação de uma faixa dessas."

"Realmente, essa música tem tudo para ser nosso maior sucesso." Garantiu Sol, sorridente.

Continuaram conversando, até que o celular de Pedro começou a tocar alto. Ele encarou o visor, vendo o nome da mãe e estranhando. Atendeu o celular, quase ficando surdo com o grito.

"Pedro, filho, você tá bem?"

"To, mãe, to aqui no estúdio, calma. O que aconteceu?" O rapaz se assustou, enquanto os demais presentes o encaravam com curiosidade.

"Sua irmã acabou de ver na internet uma notícia sobre o acidente, achamos que você estava na van." Pedro arregalou os olhos.

"Que acidente com a van?" Os rapazes levantaram correndo, saindo do estúdio. "Mãe, do que você está falando? A banda inteira está aqui."

"Pedro, está no G1, postaram na página da banda... A van de vocês capotou não muito longe do estúdio onde vocês estão."

"Roubaram a van e ainda capotaram? Isso é macumba? Que raio de ladrão burro é esse?"

"Algum drogado, filho. A chamada da notícia avisa que o motorista estava chapado. Seu pai entrou em desespero, pensando que era você... O cara não sobreviveu." Pedro engoliu em seco, lembrando do acidente de meses antes.

"Mãe, liga para a Bete e os pais do Wallace, avisa que os dois estão bem. Pede pra Tomtom encontrar o Nando e pedir para ele avisar o resto dos pais da galera da banda. Nós vamos ter que ir até o local do acidente e informar que não somos nós." O rapaz tentava pensar com clareza. "Qualquer coisa eu te ligo."

"Tá bom, meu filho, cuidado. Eu te amo."

"Também te amo, mãe." Ele desligou o aparelho, enquanto Wallace entrava correndo.

"Três ruas daqui, foi bem sério. O motorista..."

"Tá morto, a Delma avisou o Pedro." Sol completou o namorado, que assentiu. "Vamos lá ver isso, antes que comecem a organizar nosso funeral."

~P&K~

Karina acordou sentindo um desconforto terrível. De acordo com o relógio da cabeceira, mal passava das 16h, e ela não dormira mais que uma hora e meia. Suspirou, começando a acariciar a barriga.

"Vai ficar tudo bem, viu minha princesa?" Riu do apelido que havia usado. "Mamãe não vai deixar nada de ruim acontecer com você. E se algo de ruim acontecer com a mamãe, a tia Tomtom vai levar você para o papai. E vocês vão cuidar um do outro, não é?"

Esses pensamentos com Pedro a estavam deixando inquieta. Precisava de notícias, de fotos, ver a cara dele. Será que sua aparência continuava piorando, o rosto ficando macilento e doentio?

Pegou o celular na cabeceira, abrindo o aplicativo do Facebook e indo para a página da banda. Correu pelas postagens, observando as fotos e constatando que, na verdade, Pedro parecia muito mais saudável do que quando tudo havia acontecido. Estava corado, ganhara peso, e tinha uma alegria contagiante, pelo menos para ela.

Seu moleque estava bem, e talvez isso fosse um bom sinal.

Mais animada, correu pela página, indo até as publicações que os fãs faziam no mural. Travou ao ver várias notícias sobre um acidente, e sem pensar muito, abriu o link.

A história dava conta de um acidente gravíssimo com a van da banda, próximo ao estúdio da gravadora. O motorista estava bêbado, segundo relato de fontes, e havia falecido na hora. Não haviam conseguido identificar se era um dos membros da banda ou não.

Seu peito apertou e o ar começou a faltar. Não podia ser, não podia. Conhecia a banda, e o único que seria imbecil o bastante de ficar alto e pegar a van... Não, ele não podia estar morto. Não ele, não seu Pedro. Era isso que a incomodava? Por isso não parava de pensar nele? Ele havia morrido?

"Dandara!" Gritou o mais alto que pode, sentindo a consciência vacilar. As pernas começaram a tremer. "Dand..."

Quando a atriz e Bete chegaram no quarto, gelaram ao encontrar Karina convulsionando. A madrasta foi socorrer a grávida, enquanto a segunda corria chamar o resgate. As duas tremiam e choravam, sem conseguir se segurar.

A ambulância chegou após três minutos, vinda do hospital mais próximo. Karina não mais convulsionava, mas estava inconsciente. Foi colocada na maca e Dandara a acompanhou, enquanto Bete tentava falar com o pessoal do Rio, que já deveria estar indo para o aeroporto.

Já na rua, uma nova convulsão, mais forte e intensa que a anterior. Dandara se encolheu no canto do veículo, enquanto os médicos seguiam os procedimentos padrões.

Assim que chegaram ao hospital, ela foi levada. Perguntaram as informações pertinentes, que Dandara deu da melhor forma possível. Frequentemente lhe dava um branco, preenchida pelo nervosismo e ansiedade.

Nem sequer levaram Karina para uma sala de exames. Foram direto para o centro cirúrgico, onde o obstetra já esperava. Não houve tempo para sutilezas, esperar a família chegar ou nada assim. Não muito depois que sua maca entrou na sala, a primeira incisão era feita.

Os médicos trabalhavam com destreza e agilidade, atentos à pressão da mãe e aos batimentos do bebê. Era uma luta contra o relógio e pela vida das duas, e o resultado era completamente incerto.

"Preparem-se, o bebê vai sair." Anunciou o obstetra, com a voz grave. Poucos segundos depois, realmente, a criança foi puxada pelo vão da incisão. Suas vias aéreas foram limpas e seu choro preencheu o ambiente, tranquilizando os corações. O pediatra a levou para a sala anexa, onde seria cuidada. "Muito bem, vamos tirar a placenta e controlar o sangramento, e..."

"Parada cardíaca." O grito da enfermeira foi desnecessário, já que o monitor apitava descontroladamente. A massagem cardíaca começou e carregaram as pás, se preparando para o primeiro choque.

~P&K~

Dandara estava sentada sozinha na sala de espera, tremendo sem conseguir se conter. Quase duas horas haviam se passado e não havia sinal de Karina ou do bebê, e ela não levara o celular para conseguir ligar para ninguém.

Sabia que todos pegariam o voo às 16h15, após ela ligar e avisar que a saúde de Karina estava pior. Não esperava que chegasse àquele extremo.

"Dandara." Seu coração se aqueceu ao ouvir a voz do marido, levantando e sendo recebida por seus braços, enquanto soluçava.

"Cadê a Karina?" Bianca perguntou temerosa, sendo amparada por Duca.

"Eles a levaram para a cirurgia assim que chegamos, e até agora não tive notícias." Ela soluçou, enquanto o filho a abraçava com carinho. "Gael, foi horrível... Ela convulsionou duas vezes, e na segunda eu achei que ela iria morrer ali mesmo."

"Calma, mãe, respira." João aninhou a mãe a si, vendo que o padrasto não estava em condições de socorrê-la. Bianca largou o marido, indo amparar o pai, que estava mais branco que papel.

"Pai, senta aqui."

"É igual a sua mãe, Bianca, as mesmas coisas." Os olhos escuros estavam repletos de lágrimas. "As convulsões, a demora... Eu não posso perder a sua irmã também, não posso."

"A K vai ficar bem, a gente tem que ter fé." A atriz não conseguia conter as lágrimas, enquanto segurava as duas mãos do pai.

"E nenhum médico vem informar nada?" Marcelo parecia angustiado, olhando para todos os lados.

Como que respondendo a uma prece, um homem apareceu, sua roupa completamente suja de sangue, a touca pendendo na cabeça. Ele parecia exausto ao se aproximar da família, que se ajuntou aflita.

"Como tá a minha filha, doutor? E a minha neta?" Gael tremia, o que era assustador para um homem daquele tamanho.

"A criança está perfeitamente bem. Nasceu dentro do tamanho e peso esperados, mesmo que não os adequados. Já está no berçário, se quiserem vê-la."

"E a minha irmã?" O aperto no peito crescia, desesperador.

"Sua irmã convulsionou na mesa de cirurgia, e teve duas paradas cardiorrespiratórias, além de uma hemorragia." As lágrimas vieram com força, como que esvaziando seus seres. "É um milagre ela estar viva."

"Ela tá bem?" Tomtom quase gritou, abraçando a mãe.

"Controlamos a hemorragia e estamos monitorando a pressão de perto." Todos suspiraram aliviados. "Mas... Ela não acordou."

"Como ela não acordou?" Gael gritou, tremendo novamente.

"Nesse caso é comum, senhor, que a pessoa se coloque em coma." O médico era paciente e educado, mesmo diante de todo aquele clima. "O corpo da sua filha passou por traumas bem intensos, como a hemorragia e a parada. Agora, ele precisa se recuperar, e para isso, cria esse estado de coma."

"E quando ela vai acordar."

"Isso só a Karina pode dizer."


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Notas finais do capítulo

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