Narrador pov

Rachel pediu que repetisse a pergunta novamente, não que ela não tivesse ouvido dá primeira vez, mas para ter certeza que não tinha nada obscuro ali, foram alguns minutos de silêncio, a diva abriu a boca algumas vezes e fechou em seguida, ela tinha muito o que falar e ao mesmo tempo não conseguia formular nada coerente. Rachel pensou e nada vinha a mente com clareza, apenas borrões de algum momento.

R: eu não sei por onde começar, talvez pelo início

Ela mexia nas mãos sem olhar para cima

R: eu não sei se em algum momento eu pensei nela, ou no pai dela, ou nos meus pais, a gravidez foi algo completamente indejado, eu não queria, eu nunca quis, eu escondi a gravidez e nunca mencionei um bebê, e eu acho que isso nunca veio a tona na minha mente, o porquê que eu escondia ela, ou coisa assim... No início talvez porque eu precisasse fazer um nome e existe um caminho árduo quando se é mulher, quando se é mulher e não tem um padrão de beleza, quando se é mulher e tem dois pais gays... Eu sei que isso Não soa como justificativa, mas tudo isso soava na minha cabeça como algo completamente plausível, eu era uma estudante de NYADA que engravidou do namorado graças a brincadeira de péssimo gosto, com um sonho enorme, nos primeiros meses eu recusei alguns testes, mas quando eu estava já quase no final da gravidez, surgiu um teste para Fanny e eu fui, se eu passasse eu conseguiria ter Harmony antes dos ensaios começarem e foi o que aconteceu, ela tinha por volta de um mês, meu corpo ainda estava todo desregulado e eu simplesmente peguei um bolsa, arrumei as coisas e a deixei com o pai.

Santana tinha a boca entreaberta sem saber muito bem o que falar.

M: e você acha que foi difícil?
Rachel deu um sorriso triste e apertou os dedos novamente.

R: no início? Não. Eu chegava dos ensaios e tudo o que eu tinha era a casa livre e sem choros, eu dormi uma noite inteira e isso era único. Mas depois foi sufocante, eu estava sozinha, o que era pior eu tinha deixado ela sozinha, eu sabia que Brody iria fazer o impossível por ela, o que eu não faria, mas saber que ele era capaz de lidar com isso e não eu, foi horrível.

Megan se mexeu novamente na cadeira esperando Rachel respirar um pouco e beber água.

M: aonde seus pais entram nisso?

R: eu tenho dois pais gays, fui fruto de barriga de aluguel, meu irmão mais velho foi adotado e eu fui barriga de aluguel, eu conheci minha mãe aos 16 anos e foi uma experiência péssima, para ambas, eu não posso te dizer que isso contribuiu para minha falta de instinto materno ou coisa assim, eu só posso te dizer que eu nunca soube o que é ser mãe e ter mãe. Meus pais forma incrivelmente amorosos, nunca me faltou nada nem emocionalmente nem fisicamente, eu aprendi tive tudo e eu acho que a pior coisa que eu poderia ter feito para eles foi ter rejeitado Harmony, eles tentaram várias e várias vezes conversar comigo, pegaram a menina a vieram para cá e ficaram comigo, mas simplesmente não fluía. Aquela não era eu.

M: e quando você sente que é você?

R: agora ou antes?

M: ambos

R: antes eu precisava estar com muito trabalho, o palco era minha casa, hoje eu realmente me sinto bem aqui, com o silêncio e tudo mais.

M: podemos falar como é a sua relação com os envolvidos?

R: por onde quer começar?

M: sua mãe.

R: isso está mais eficiente que a minha terapia, não tenho mais mágoas de Shelby, não que estejam expostas, eu de certa entendo ela, maternidade é algo assustador, então temos um relação amigável.

M: seus pais

R: minha relação em vista do que era, é péssima hoje, eles já ameaçaram me interditar por insanidade, tentaram tirar a guarda de Harmony de mim, dentre outras coisas.

M; com o pai da criança

R: intensa.

Rachel resume lembrando da noite na Disney, ela não ama Brody, já amou muito, foi o primeiro cara a mostrar para ela o quão sexy e incrível ela poderia ser, ele tinha dado Harmony, quase destruído o sonho dela, mas ainda assim apertava o coração de uma forma que ela não entendia. Uma vez Kurt, disse que ela tinha Tesão reprimido devido a coisas mal resolvidas entre eles, ela não discordava totalmente.

M: poderia explicar?

R: acho que isso seja o suficiente.

Megan concordou e passou o dedo pelos dedos relacionados

M: recente foi soltado uma nota que você tinha despedido seu antigo empresário e também amigo de longa data.

R: o que você quer saber a respeito?

M: você o demitiu por ele não apoiar as suas atitudes? Ou?
Rachel pensa um pouco

R: eu sinceramente estou pensando o porquê eu o contratei, para começar. Eu não era uma pessoa popular no ensino médio, mas eu sempre soube aonde eu queria chegar, a diferença que eu era inocente, muitas pessoas tiravam sarro de mim, e Kurt foi meu único “amigo”..

M: porque as aspas com a mão quando disse amigo?

R: porque ele era invejoso, e eu não conseguia ver isso, ele sempre estava com uma crítica na ponta da língua por mais que eu achasse que não era construtiva, quando eu entrei para NYADA e ele não, acho que aí foi o divisor de águas, ele mudou, e passou a dar apoio as coisas erradas que eu fazia, criticava as certas, chegou num ponto que ele entrou em um terreno perigoso e eu fui obrigada a tomar medidas drásticas.

M: qual seria esse ponto?

R: Harmony.

M: isso soa um pouco contraditório, você não acha?

Megan olha para Santana esperando a permissão de continuar, a advogada acena com a cabeça e Megan volta os olhos para a diva sentada a sua frente.

M: você citou pontos no qual não quis a sua filha, motivos que a levaram a isso e algumas coisas que tenha feito para evitar que descobrissem, qual seria o pivor de ter um amigo que acompanhasse isso?
Rachel respirou fundo e pensou duas vezes antes de soltar algum tipo de resposta debochada.

R: você tem filhos?

Megan olha confusa

M: não

R: eu não me considero se quer mãe dá minha filha, mas por mais que você não queira a criança, que você rejeite a idéia de ser mãe, durante alguns meses você vive para manter seu filho vivo, isso consome seu corpo e sua mente de uma tal forma que um dia você vai entender, eu sempre fui clara o suficiente para dizer que não estava para ser mãe, eu estava pronta para o palco, que me dessem qualquer papel eu iria fazer com êxito, mas eu não estava preparada para o papel mãe e por mais que eu não estivesse pronta para isso eu sempre quis o melhor para minha filha, e sempre vou querer, não importa se ela me odeie ou não, ou escolha o pai dela a mim, eu sempre vou querer o bem dela e não vou deixar ninguém diga ao contrário.

Megan concorda com a cabeça e olha Rachel

M: você quer uma pausa? Eu preciso separar algumas coisas..

R: sem problemas..

Rachel levanta e vai em direção a cozinha, puxa uma cadeira afundando o rosto nas mãos, Quinn percebe o movimento e olha para trás.

Q: hey... Está tudo bem?

Quinn tira um pouco dos fios escuros do rosto de Rachel, a diva só balança a cabeça concordando e depois olha de lado para Quinn com um sorriso cansado.

Q: você não parece bem

R: eu acho que eu esteja tudo bem, eu ainda não joguei nada em ninguém, então..

Q: Rachel!Rachel riu um pouco e olhou Quinn

R: minha cabeça vai explodir

Quinn massageia as costas da morena

Q: seria muito eu pedir para você relaxar?
Rachel acena que sim

Q: quer algo para comer?

R: não... Só que isso acabe logo..
Rachel tinha fechado os olhos sentindo as mãos de Quinn nos ombros tensos, a loira estava com o semblante preocupado, ela gostava muito de Rachel e cortava o coração ver a pequena assim, mas duas coisas ela sabia Rachel tinha muita bagagem e não era tão insensível quanto fazia questão de mostrar.