Devoção escrita por Uru Take-hime


Capítulo 1
O Pássaro Cativo pela Gaiola Infernal


Notas iniciais do capítulo

Ehhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!! Uru Take-hime na área, postando uma nova oneshot para vocês: Devoção!

Cá estava eu reassistindo ao LC e, apesar de eu shippar muito Tenma x Alone, eu me vi shippando esses dois por causa da atitude do Kagaho em relação ao misero ferimento no braço do Alone. E depois ainda berrando aos 4 ventos que o único que importava era o seu Imperador Hades e tudo mais q Pra completar, eu e minha bebê estávamos brincando de fazer drabbles, eu desafiava ela e ela me desafiava. No fim acabei fazendo uma drabble dos dois e hoje decidi transformá-la em fic. Espero que gostem, afinal eu amo CDZ de paixão e sempre tive vontade de escrever muitas fics de N casais. Vamos ver se eu me inspiro mais, nee? ^^

Sem mais delongas: Boa Leitura!



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Os passos firmes de um espectro ecoavam pelos corredores do grandioso castelo em direção à sala onde o senhor do submundo se encontrava, concentrado em seu objetivo. O moreno possuía marcas de sua ultima batalha, mesmo que tivesse se recuperado um pouco. Nem mesmo sua sapuris saiu ilesa do confronto contra o Santo de Touro. Não se sentia no direito de encarar seu senhor depois de uma derrota tão deplorável, mas como fora chamado por ele, não tinha como recusar. Kagaho de Benu, a Estrela Celeste da Violência, seguia firme e de cabeça erguida até chegar ao local e quando as portas foram abertas, não demorou a encontrar o deus de pé perto da parede, pintando elegantemente a obra que colocaria um fim neste mundo.

Deu os primeiros passos para dentro da sala, vendo que Hades não se moveu um milímetro se quer. O Imperador do inferno não precisava olhar na direção para saber de quem se tratava, o cosmo ardente e impulsivo do servo denunciava completamente sua identidade. O maior se aproximou até parar a um metro de distancia de seu senhor, se colocou de joelhos com uma perna abaixada e a outra sustentava o corpo, fazendo a devida reverencia e esperava alguma ação ou fala por parte do menor. Soube que seu senhor havia adentrado no Santuário por conta própria e chegou a enfrentar Athena e o Cavaleiro de Pégaso que havia acabado de voltar à vida. Apesar do ato imprudente, Kagaho estava satisfeito ao ver o mestre sem nenhum ferimento.

Após seu reencontro com Sasha e Tenma, o Imperador se fechou em sua sala e dedicou sua atenção ao Lost Canvas, embora sua mente estivesse preenchida por diversos pensamentos diferentes. Seus olhos azuis seguiam o movimento do pincel, não deixando um mínimo detalhe escapar naquela pintura que lhe garantiria a vitória, sem dar nenhuma chance a deusa e seus cavaleiros. Sabia que eles estavam lutando e correndo contra o tempo para impedi-lo, chegando a criar um rosário que prendia a alma de seus espectros para que não pudessem voltar à vida e lutar por ele outra vez. Mas isso não parecia abalá-lo nem um pouco, continuava com a bela expressão calma e impassível de sempre enquanto pintava.

– Me chamou, Imperador? - Benu se pronunciou, já que o outro permanecia em silencio.

– Sim, o chamei Kagaho... - o tom melodioso da voz de Hades fez com que o espectro soltasse um suspiro, erguendo seu rosto para fitá-lo - Queria saber que explicação você tem para me dar.

– Explicação, meu senhor?

– Sim. Uma explicação sobre sua atitude egoísta e suicida. - o senhor do inferno deixou o pincel de lado sobre uma pequena mesinha, fitando o espectro nos olhos - Você simplesmente saiu do castelo e foi para o Santuário sem minha permissão e acabou sendo derrotado na luta contra o Cavaleiro de Touro. Espero que tenha uma explicação plausível para sua atitude impulsiva.

– Meu senhor... Peço vosso perdão. - Kagaho voltou a abaixar o rosto, mordendo o lábio inferior para conter a fúria em seu peito. Não se conformava por perder para um mero humano e ser repreendido pelo Imperador só o fazia se sentir pior - Tudo que fiz foi pensando no senhor.

– Em mim? Explique-se melhor, pois eu não ordenei que fizesse isso.

O espectro ergueu o rosto e fitou o menor, tão belo e talentoso... Lembrou-se de como se sentiu quando o viu na primeira vez, mesmo que ele ainda não tivesse despertado completamente no corpo do jovem que havia escolhido para ressuscitar. Os olhos azuis de infinita bondade que começavam a brilhar com sentimentos sombrios e seus cabelos dourados como o sol... Sem duvida o ser mais belo e puro daquela era e que merecia a alcunha de Imperador do submundo. Mesmo agora, que as longas mechas haviam se tornado tão negras quanto à escuridão e sua expressão já não carregava tanta gentileza, Kagaho ainda se sentia cativo ao soberano.

– Meu senhor... Poderia levantar vossa manga direita mais uma vez?

Hades permanecia em silencio, já sabendo o que o moreno queria ver. Lentamente ergueu o braço direito e com a mão livre fez com que o tecido deslizasse, mostrando a pele alva. Em seu braço encontrava-se um misero arranhão, quase imperceptível agora e que foi o motivo do espectro ter se deslocado por conta própria até o Santuário. Benu se levantou e se aproximou do menor, ousando a tocar na pele macia do seu senhor com delicadeza e se ajoelhou perante ele novamente. O moreno inclinou o rosto e deixou seus lábios tocarem a ferida em um ato de submissão e fidelidade eterna ao Imperador, que observava a tudo com muita atenção.

– Por minha culpa, ao enfrentar Dohko de Libra, este ferimento foi causado... - se explicava ao deus, lembrando-se que seu golpe e o do Cavaleiro de Ouro causaram um choque tão forte que provavelmente uma minúscula parte da Cólera dos Cem Dragões havia atingido o outro naquela parte - Eu não me perdoaria se não fosse até o Santuário pessoalmente e exterminasse aquele verme, Imperador.

– Kagaho... - o maior pode sentir um arrepio ao ser chamado por Hades, que levou a mão livre até os cabelos negros do espectro, tocando lentamente até que seus dedos se fecharam nos fios e os puxaram com certa força para trás, assim os olhares se chocaram num breve instante silencioso - Nunca mais faça algo sem a minha permissão. Eu não me importo que não se misture com os outros ou que nem ao menos obedeça Pandora, mas a mim você deve todo o respeito e nem pode questionar minhas ordens.

– Eu jamais pensei em fazer isso... apesar de estar concentrado em responder ao soberano, o espectro estava mais maravilhado por estar tão perto do outro como nunca esteve antes, podendo até ver o contorno dos cílios delicados do mesmo - Eu não me incomodo sobre onde me mandará ou quem devo destruir... Meu eterno senhor Hades é o mais importante para mim.

Os dois guardaram silencio novamente depois daquela declaração tão intensa e sincera do servo, este chegou a sentir os dedos afrouxarem o aperto em seus cabelos e ganhava um leve afago, como se fosse mais um cão adorável que o Imperador estimava. Não se incomodava de ser um cão ou apenas uma ferramenta para o outro, se pudesse realizar todas as ambições de seu deus e protege-lo com sua vida, Kagaho o faria sem pensar duas vezes. O menor conhecia e podia até sentir o tamanho da devoção do moreno, isso lhe agradava muito. Aquele espectro foi tão longe apenas para vingar um misero arranhão, chegando a ficar gravemente ferido. Até onde aquela devoção poderia leva-lo?

– Kagaho. - Hades o chamou com um meio sorriso, como se tivesse tido uma ideia - Sua sapuris está muito danificada... Retire-a.

– Como desejar. - o moreno estranhou o pedido, mas obedeceu imediatamente, elevando seu cosmo e assim as peças de sua sapuris se desprenderam de seu corpo, flutuando até um canto da sala onde se formou a imagem de Benu. Agora ele vestia apenas uma calça de malha colada ao corpo e seu peitoral ferido estava a mostra.

– Que lamentável! - o Imperador chegou a se abaixar, tocando em algumas marcas no corpo do espectro com a ponta dos dedos, provocando um arrepio no outro - Está tão machucado... Deve ter doído muito.

– Não precisa se preocupar, meu senhor. Logo estarei completamente curado e poderei exterminar qualquer um que ouse enfrenta-lo. - o maior sentia as mãos subindo de seu abdômen até os ombros, voltando a descer pelos braços e chegou a ter as costas envolvidas pelo deus ao ponto de sentir seu calor. Aqueles olhos azuis que o miravam pareciam querer alguma coisa - ...Deseja algo, Imperador?

– Sim... Estou bastante entediado. Pandora parece desconfiada de mim desde que voltamos do Santuário e o Lost Canvas me toma muito tempo. - o menor sibilou com certa sensualidade na voz, aproximando seu rosto do espectro - Estava pensando se não poderia me distrair.

– Desconfiada do senhor? - o moreno chegou a se surpreender, embora estivesse mais envolvido na proximidade com o Imperador - Não compreendo... Chegou a enfrentar a própria Athena frente a frente, de que forma ela desconfia de vossa soberania?

– Ela pensa que estou sendo contaminado pelas lembranças do jovem em quem reencarnei. - o deus se mostrava ciente da insegurança daquela que era seu braço direito desde a primeira Guerra Santa, mas contava isso apenas para o Benu - E você Kagaho? Acha que estou diferente? Acha que não sou Hades, mas sim o humano a quem chamam de Alone?

A pergunta veio em tom serio e parecia ter um particular interesse do menor ao dizer isso para o espectro. O moreno encarou o outro, ponderando sobre aquela questão. De fato tinha momentos que o Imperador parecia mais gentil do que normalmente seria e sua expressão não impunha tanta imponência quanto o esperado dele. Mas ainda assim era impossível não reconhecer aquele grandioso e obscuro cosmo que emanava dele, além de suas ações frias e calculistas. Kagaho não perdeu mais tempo pensando e apenas segurou um dos braços do deus, trazendo sua mão até seus lábios onde deixou um beijo suave enquanto cruzava olhares com ele.

– Eu realmente não me importo com isso, meu senhor. Seja quem for, seja o que fizer e o que decidir, eu juro pela minha estrela maligna que irei segui-lo, não importando as consequências disso.

– Realmente... Hades abriu um sorriso satisfeito, deixando seus dedos percorrerem a face máscula do moreno - Você é um precioso e leal servo que merece ser recompensado.

Sem dizer mais nada, o Imperador impulsionou seu corpo e tocou seus lábios nos do maior, sem se incomodar com o fato de serem homens ou qualquer outra coisa, afinal não era a primeira vez que fazia isso com o outro. Kagaho não perdeu tempo em retribuir os anseios de seu senhor, passando os braços ao redor dele e retribuiu o beijo com mais intensidade e desejo, como era de seu feitio. Desde que encontrou com Hades a primeira vez, sentiu uma forte atração por ele e isso cresceu ao ponto de se tornar infinitamente fiel ao outro, pensando nele e apenas nele. E qual não foi sua surpresa ao descobrir que essa atração era reciproca? Quando recebeu o primeiro beijo do Imperador, em uma das antigas Guerras Santas, teve a certeza de que não queria provar outros lábios a não serem os dele. Não importava em quem o deus reencarnava ou que aparência teria, o sabor e a sensação continuavam os mesmos.

As línguas se enroscavam em um encontro insano e sedutor, desfrutando ao máximo daquele beijo que raramente acontecia, mas era arrebatador para ambos. Mesmo sendo o soberano do inferno, Hades tinha consciência de que aquele sentimento que nutria por Kagaho desde eras antigas dificilmente poderia se apagar, mas jamais ousaria dizê-lo em voz alta. O espectro também não cobrava por nada, o que o deixava mais tranquilo e livre para fazer o que bem entendesse. Os dedos finos do Imperador se perdiam nos fios preto-azulados do maior e dava leves puxões enquanto seu lábio inferior era mordido e levemente puxado pelo outro. As mãos do moreno se mantinham respeitosamente sobre as costas do menor, parecendo se contentar apenas com o encontro dos lábios que logo se encerrava.

– Ainda não estou satisfeito... - o tom sensual de Hades voltou a aparecer, acariciando o rosto do espectro - Mas não posso me distrair mais do que isso. Provavelmente Pandora irá aparecer a qualquer momento para me vigiar e você deve se recuperar completamente.

– Sim senhor. - um pequeno sorriso surgiu no rosto de Kagaho, mas não pode ser visto por ter abaixado a cabeça e se posicionado novamente em uma reverencia - Continue com sua pintura, tenho certeza que será uma obra exuberante como o senhor, Imperador Hades. Mas não hesite em me chamar para o que desejar.

O deus fitou o servo por mais alguns instantes até que se virou na direção do Lost Canvas, esvoaçando seu longo manto negro e caminhou até pegar o pincel em mãos, voltando a sua ocupação inicial. O moreno não perdeu mais tempo e também se ergueu, indo para a porta e saindo dos aposentos em seguida. Em todo o inferno, ninguém poderia imaginar que os dois tivessem uma relação mais estreita que a de um criado e seu senhorio, porém era essa ligação oculta que Hades apreciava e mantinha para o seu bel prazer. Mesmo se Kagaho um dia se negasse a receber os seus beijos, iria impor a sua vontade e não o deixaria fugir, como um pássaro preso em uma gaiola. Mas isso nunca iria acontecer... Pois mesmo sendo tão impulsivo, aquele pássaro estava disposto a ter seu voo restrito atrás daquelas suaves e imponentes grades por toda vida se pudesse apreciar um mínimo toque do Imperador do Inferno.


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