Beyond Birthday lambeu a faca ensanguentada e a atirou no lixo.

Caminhava lenta e silenciosamente pelas ruas noturnas, gostando de ver por vezes pessoas assustadas com a cor de seus olhos.

Era engraçado, sempre fora.

O vento uivava em seus cabelos, folhas dançavam na escuridão. Havia um corpo cinco ruas atrás. E haveria outro duas adiante.

Ainda bem que trazia facas extras. Quem sabe quando a vontade voltaria?

E voltou.

Voltou novamente.

Mas precisava ir embora, pois o dia nasceria em breve, dourando seus cabelos e apaziguando as trevas.

Voltou ao lar. Voltou às correntes e inquietações.

Profunda e angelicamente, Raito dormia sem saber que estava acorrentado a cama. Também não sabia que isso acontecia frequentemente. Beyond livrou-se das roupas negras, queimando-as escondido.

Era nesse ponto que a blusa branca como nuvem retornava. E a escuridão dos olhos surgia.

O sol nascera na janela e ele já estava deitado e preso na linha tênue entre sonho e realidade.

Logo, o sono pesou-lhe, vencendo a batalha por sua consciência. Despertar não foi natural.

Havia sonhado com sangue. De novo.

Sentou-se de mal humor e L analisou seu pulso acorrentado ao suposto Kira, pensando em seus devaneios se a corrente ficara ali a noite toda. Só devaneios.

Yagami esfregava os olhos e perguntou por que L não gostava de dormir. Respondeu o que sempre respondia.

“Não sei”.

Não sabia. E por algum motivo, L gostava de não saber.