Glimmer

– Aqui é seguro, aqui é um abrigo, aqui as margaridas te protegem de todo o perigo ... – a menina loira murmurava enquanto arrumava seu cabelo em uma trança, em frente ao espelho de corpo inteiro de seu quarto.

– Glimmer, venha minha querida. – a mãe a chamou docemente.

– Aqui seus sonhos são doces e amanha serão lei... – ela continuava enquanto pegava suas quatro malas rosa de rodinhas.

– Aqui é o lugar em que sempre te amarei... – ela continuava enquanto descia com dificuldade as escadas de mármore branco.

Glimmer era uma pessoa muito doce. Talvez a mais doce do mundo. Mas também era bem, como posso dizer? Maluca.

– Mamãe? – ela perguntou assim que atravessou a grande porta de mogno que a deixou no grande quintal, onde um carro preto e comprido a esperava.

A mãe apareceu com sei colar de pérolas e o pai com sua camisa polo. A mãe ajeitou o vestido da filha na manga e lhe deu um beijo na testa. O pai um abraço.

Glimmer entrou feliz no carro:

–Sentirei saudades mamãe e papai! – ela disse de dentro do carro. Era uma dessas pessoas que achavam que todos eram bons e viam o lado bom de tudo, mesmo quando não existia um lado bom.

Glimmer amava seus pais e os tratava como se fossem os melhores do mundo, não dois adultos egoístas que não eram fiel ao seu casamento nem mesmo a única filha ( linda e desequilibrada ).

E estava feliz como se estivessem a levando para a Disney ( mesmo já tendo ido 8 vezes ) em vez de um internato para malucos.

Ela se ajeitou no banco traseiro do enorme e chique carro e o motorista deu partida.

Glimmer não era o que os outros viam. Ela sabia disso. Mas estava presa naquilo, e precisava desesperadamente que alguém notasse isso.

Pov s Clove

A menina morena estava amarrando os cadarços de seus coturnos, seu pai berrava do andar de baixo mas ela não ouvia, em seus ouvidos, só se escutava a música posta no volume máximo.

‘’ I want to break free

I want to break free

I want to break free from your lies

You're so self satisfied I don't need you

I've got to break free

God knows, God knows I want to break free

( Eu quero me libertar

Eu quero me libertar

Eu quero me libertar das suas mentiras

Você é tão autossuficiente, eu não preciso de você

Tenho que me libertar

Deus sabe, Deus sabe que eu quero me libertar)

A música parecia descrever perfeitamente o que ela sentia.

– Clove! Desce agora! – finalmente o grito do pai foi mais alto do que a música.

Clove revirou os olhos e tirou os fones, deixando – os pousados em seus ombros, colocou o IPOD no bolso de seu jeans rasgado e pegou suas malas.

Chegou no topo da escada olhou para baixo para ver se alguém estava passando, estava fazio então elas empurrou todas as suas malas escada a baixo:

– Clove! Pare de fazer isso, porra! – o pai a advertiu.

Um sorrso maldoso surgiu em seus lábios, não ligava para nada naquela mala, nada comprado com o dinheiro de seus país. Além do mais eles poderiam comprar tudo novamente, e era isso que mais a irritava.

Ela só se importava com três coisas:

– Seus coturnos

– Seu fone de ouvido

– Seu IPOD

Se aquilo quebrasse, não haveria outros no mundo que a fizessem sentir a mesma sensação. De estar em um lugar certo. De certa forma era seu conforto, seu lar, o que ela não tinha de verdade.

Desceu as escadas. Pegou as malas e saiu correndo para fora de casa, onde o táxi já a esperava.

– Não vai dizer tchau aos seus país? – o velho taxista perguntou quando ela entrou no carro.

Que cara intrometido! Do que importava o que ela fazia ou deixava de fazer?

– Eles não são meus país – ela disse grossa e o taxista se calou o resto da viagem.

Ela não tinha país. Tinha ‘’ turores ‘’ e esses ‘’ tutores’’ a jogaram em um internato para lunáticos.

Pois, achavam que ela era muito ‘’ agressiva’’, ‘’ fechada’’ e maníaca por aqueles fones de ouvido ‘’. Além problemas na escola, alunos e pessoas em geral.

Eu estou louca – pensou Clove – para me libertar deles, e de suas mentiras.

Colocou seus fones novamente e fechou os olhos.