–Muito bom meninos,e você Esteban,seu solo está ótimo
–Eu ando praticando-Ele deixou a guitarra no lugar e se afastou de todos
–E vocês meninas gostaram?
–Vocês são de mais!-Nick como sempre animada
Isso me fez rir por um segundo
–Parabéns Lucas
–Obrigado
Nós nos levantamos e fomos para a cozinha fazer um lanche.Comemos,conversamos,rimos e brincamos,foi bem divertido
–Lucas o que aconteceu com o Esteban?-Nick perguntou e olhou para minha cara disfarçadamente
–Ele é assim mesmo,depois dos ensaios ele se tranca no quarto e fica o dia todo
–Sophia vai chamar ele
–Eu? pra que?
–Todos estamos nos divertindo aqui,chama ele também
–Só que a dona da casa não sou eu Nick,esqueceu disso?
–Não tem problema,fica à vontade,suba as escadas o quarto dele é no final do corredor a direita-Lucas falou com o mesmo sorriso que estava no rosto de Nick
–Sério mesmo?
–Sim,agora vai
Revirei meus olhos e fui explorar aquela casa,ela era linda como eu esperava,subi as escadas e dei de cara com um corredor enorme e escuro
–Tantas portas...
Falei comigo mesma e caminhei até a última porta a direita e dei leves batidas nela
–Esteban?
Nada,a porta estava encostada e eu fiquei curiosa em ver como era o quarto dele,abri a porta devagar e olhei em volta.
Seu quarto era escuro,organizado e cheirava bem,a cama estava feita,cortinas fechadas,pilhas de CDs nas prateleiras,em uma das paredes tinha um poster do Pink Floyd e na outra tinha um bando de papéis pregados em um quadro,era um quarto simples e confortável
–O que faz aqui?-Aquela voz de novo atrás de mim
Meus olhos quase saltaram e eu pulei para dentro do quarto ofegando de susto
–Desculpa,o pessoal estava te chamando e...
–Você invadiu meu quarto?
–Não!Isso nunca!
–Então o que faz aqui?
–É que a porta estava encostada e eu fiquei curiosa
–Então invadiu meu quarto
–Mas...-Pensando bem,eu meio que invadi sim-Tem razão,me desculpa,não deveria invadir sua privacidade assim
–Tudo bem,senta
Ele entrou e encostou a porta,eu me sentei na cama,ele se sentou no chão,pegou um caderno e começou a escrever
–O que é isso?
–São as coisas que eu escrevo,lembra?
–Lembro....
Ele voltou a escrever e ficamos em silêncio como sempre
–Lê para mim?
–Não sei
–Como não sabe?
–Você pode achar estranho de mais
–Confia em mim,não vou julgar
–Tudo bem-Ele largou a caneta-Linhas bonitas compõem meu rosto,bonitas até demais para mim,sou a dor não sentida,o choro não chorado,eu sou o sentimento reprimido
Ele parou e me olhou,seu olhar era de medo eu acho
–Pode continuar
–Está gostando?
–Estou
–Tudo bem-Ele sorriu de lado-Um sorriso falso e colado,um abraço forte e verdadeiro.Perdi minha noção de tempo...Os meus olhos brilham de esperança,mas não são as minhas,e muito menos roubadas,são as esperanças perdidas,esperanças que um dia fizeram alguém sorrir,mas foram esquecidas-Ele suspirou e olhou para baixo-Eu sou tudo o que as pessoas não querem ou esqueceram.Uma coisa ruim querendo ser amada
Agora eu posso entender um pouco,aquele garotinho abandonado pelos pais que só queria ser amado....Aaah Esteban,esses olhos,esse jeito arrogante,esse charme de menino mau,tudo por um pouco de amor
–Esteban isso foi...
Ele me olhou e seus olhos expressavam uma ansiedade,cai de joelhos em sua frente e o abracei,um abraço apertado e quente,ele ficou surpreso mas me abraçou,minha mão se afundou em seu cabelo,meu rosto se escondia em seu pescoço
Céus,ele cheirava tão bem....
–Eu sou um garoto perdido Sophia
Ele tinha a mim agora,meu garoto perdido, meu doce menino perdido
–Você não é o único que está perdido-Sussurrei,retirando meu rosto de seu pescoço
Ele beijou minha bochecha,seus lábios eram quentes
–Estou com frio
–Você está sempre gelado-Eu ri-Deixa eu ver suas mãos
Nos soltamos e ele me deu suas mãos,como sempre geladas,reparei em suas tatuagens,eram vários desenhos bem legais,números,letras gregas e assim seguiam,para mim não fazia sentido algum mas para ele cada uma tinha um significado
–Quando eu era pequena minha mãe sempre esquentava minhas mãos quando eu sentia frio-Eu envolvi suas mãos nas minhas e as esfreguei-Ela dizia que eu vivia gelada-Levei suas mãos até meus lábios e soprei quente nelas-Assim está melhor?
Ele soltou minhas mãos e segurou meu rosto
–Me diga você
Suas mãos estavam bem mais quentes,seu toque não me estremecia mais
–Estão bem melhores
–Melhor...
Seu rosto se aproximou e nossos lábios se tocaram.
Meus olhos se arregalaram e minhas bochechas ficaram vermelhas,meus dedos se afundaram no pequeno tapete em que estávamos sentados e meu estômago se revirou.Não foi um beijo,mas nos nós tocamos,foi apenas um selinho rápido,mas para mim pareceram minutos,quando finalmente consegui fechar os olhos nossos lábios já estavam separados.Respirei fundo e contei até dez tentando recuperar a coragem para abrir os olhos,e quando os abri Esteban não estava mais no quarto,eu olhei em volta e nada dele
–O que foi isso?
Meu corpo se estremeceu de novo,senti um frio na espinha e o ar estava pesado,Esteban estava por perto,eu podia sentir, e ele estava ficando gelado de novo,e eu não estava me referindo as suas mãos.