Admirável Mundo Cão escrita por JuaneVaillant


Capítulo 3
2 - lhes apresento: Katherine Snaler


Notas iniciais do capítulo

Personagem importante chegando na área!

Vou tentar postar toda segunda, acho que vai dar certo! :)



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O meu plano continuava. Caminhando lenta e amargamente na cela fria de Azkaban.
Minha forma de cachorro estava bem magra. Depois de uma semana de pouca comida e voltas e voltas pela cela, eu tinha passado metade do meu tronco pelas grades. Quase entalei ao tentar voltar. Se eu ficasse entalado, esse seria um problema bem grande. Resolvi só tentar novamente quando tivesse certeza. desenhei com um pedaço de reboco solto, duas linhas no chão. era a largura das grades. Quando eu conseguisse ficar dentro delas perfeitamente, tentaria de novo. Estava me acostumando a ficar na pele de "almofadinhas". E estava gostando.




Meus pensamentos foram, pela primeira vez em muitos anos, para ela. Kate. Ela me chamou de “Pet” desde a primeira vez que me conheceu. Bizarro, não? Quando você souber a história inteira, você vai entender.

Eu estava no primeiro ano do meu curso de treinamento de Aurores. Muito empolgado com tudo, e mais ainda por continuar perto dos meus amigos. Estávamos bebendo do Cabeça de Javali depois do expediente, como de costume.

James estava bêbado. Mas que de costume. Mas do que eu, e isso não era nada costumeiro.

– Sirius, eu vou pedir ela em casamento. - Disse ele dando um generoso gole em sua caneca de cerveja amanteigada. - Vou sim.

– Sério? Eu disse, me surpreendendo mais do que o esperado com a notícia.

– Sabe… Eu tava pensando almofadinhas… Esperar pra quê? Esperar por quê? Essa vida é muito doida! E se eu morrer sem casar com a Lily? Eu ia ser um idiota…

Ia mesmo. Que bom que ele sempre foi um precipitado cabeça dura.

– Pontas! Que papo mais louco esse de morte e casamento. Quer pedir pede, mas não fala essas coisas que é agoro… Credo. Eu fiquei pensativo, e ao mesmo tempo minha cabeça começou a rodar. Estava bêbado também, devo admitir.

– Ta, mas o que você acha?

– O que eu acho? - Não me contive e dei uma gargalhada enorme! - O que você acha que eu acho?

Aqui vem uma coisa que eu faço muito: Uma lembrança dentro da outra. Coisa de gente doida. Coisa de gente que passou mais de dez anos em uma prisão de segurança maxima em uma solitária cercado por criaturas malignas e tal. Se você nunca passou por essa experiência, ou nada parecido, desculpe o embaraço.

Nós estavamos no segundo ano, bem perto das provas finais. Não que isso me deixasse preocupado. E ao James muito menos. Quanto a Remo, ele tinha uma preocupação: queria sempre mostrar que era um bom aluno e merecia estar em Hogwarts. Até então eu não sabia que ele fazia isso devido ao fato de ser um lobisomem. Se eu soubesse ia entender melhor, e zoar menos dele, por assim dizer. Peter… Bom, eu sei que Peter faz parte dessa história, sim, eu sei. Mas já que quem está contando sou eu, vou fingir que ele não existia, a não ser que seja estritamente necessário incluir. o.k? Estamos combinados. Massa.

Fazíamos os deveres da aula de Poções, preparando um antidoto contra sarampo de verão. Famosa doença bruxa que fazia com que a pessoa ficasse com manchas horríveis e febres - durante o verão. Horrível porque era justo a época que você não queria uma desculpa para ficar na ala hospitalar.

– Sirius, você não sabe o que aconteceu!

– O que? O que? Eu perguntei já empolgado.

– Fui chamado para ser o novo batedor na Grifinória! Acredita?? James falou pulando e eu dei um “hi-fi” vibrando com a notícia.

– Sério? Não acredito! Agora sim a Sonserina vai se dar muito mal… Eu falei passando a mão em um bigode que eu ainda não tinha.

E em meio a essa confusão, lá estava ela, Lily. Ouvindo de canto. Seus cabelos eram tão vermelhos nessa época, que era difícil não notá-la, onde quer que ela estivesse. Ela deu um sorrisinho com a noticia. Embora ela nutrisse um odio profundo por James, ela sabia que ele era um bom apanhador. E é claro que ela queria o melhor para a sua casa.

– Lily, você ouviu? James começou. Ele era um louco. Sempre foi. - Vou ser o novo apanhador!

– Parabéns Potter. Ela disse seca, porém deu um sorriso.

– Se eu ganhar a taça de quadribol para a Grifinoria, você podia me dar um beijinho, né? Eu bati com a mão da testa e comecei a puxar James pelas vestes.

– Olha, que eu saiba, existem sete pessoas na equipe. Você não vai ganhar sozinho. Se for assim, terei que dar um “beijinho” em cada um. Ela falou, terminando com um sorrisinho.

– Tudo bem, não tenho ciumes. Ele disse levantando propositalmente as sobrancelhas.

– Ai, por Merlin… Ela disse, saindo e indo em direção a Slug entregar alguma coisa.

– Sabe Sirius, eu vou casa com ela um dia. James disse olhando para Lily que se afastava com os cabelos balançando freneticamente.

– Jay, você é um pouco novo, né? Sabia que você pode conhecer zilhões de garotas até estar a hora de "casar"? E sabia que ela pode não querer? É uma possibilidade.

– É, você tem razão. Se ela não quiser, esse um zilhão de garotas ai terão um bom tempo para me convencer. Ele disse e começou a se concentrar no preparo do seu antidoto.

E agora, seis anos depois, vinha ele me falando que realmente ia se casar com ela. Esse mundo é muito doido.

– Sim, quero saber o que você acha!

– Acho perfeito! Acho que temos que comemorar pedindo uma dose de Whisky de fogo! Onde está o Remo? Precisamos todos comemorar! Eu falei levantando minha caneca. Thiago contou a Remo e a Longbotton e os dois pareceram igualmente felizes. Ficou por minha conta ir pedir uma garrafa de Whisky. Até porque eu praticamente morava naquele bar. Então eu sempre era atendido rapidamente. Lei de marcado.

Fui até o balcão e pedi. Jonnhy, o atendente, foi até os fundos do bar pegar uma garrafa envelhecida, como eu havia solicitado. Aquelas que são para clientes cativos. Fiquei ali, destraido, olhando para lugar nenhum enquanto ele não voltava.

Estranho, mas o noticia que James ia se casar bateu pesado em mim. Não sei explicar. Era como se uma cola fosse se romper. Um pensamento que me atordoou até o momento seguinte.

Pois, por acaso, olhei para a porta, no momento em que ela se abria. Por ela vinha entrando uma mulher. Uma mulher que vou te contar… Ela tinha esse tipo de corpo Pin-up, que como todos sabem é um tipo que nunca cai de moda. Estava usando um vestido vinho curto, com esses bordados típicos de bruxas estilosas. Sua bota de cano longo vinha acima do joelho. Tinha cabelos castanhos ondulados e uma franja displicente e lisa pegando pouco acima da sobrancelha. Não sei se foi só ela ou a bebida junto, mas eu fiquei meio hipnotizado.

Ela parou no balcão ao meu lado. Acho que esperava o barman, que eu tinha enviado para os fundos do bar. A mulher tirou um livro de dentro da bolsa, e abriu em uma página que estava marcada. Parecia concentrada.

– Ei! Eu disse sem mais nem menos. Ela me olhou de canto. Aquele olhar das mulheres que quer dizer “sai pra lá babaca”. E eu era um bêbado chato, admito.

– Ei. Ela disse a contragosto. Pelo visto só para não parecer mau educada, e voltou os olhos para o seu livro.

– Sabe, o barman vai demorar. Eu pedi para ele ir nos fundos da loja pegar uma garrafa de Whisky de fogo. É uma ocasião especial.

– Hum. Ela respondeu sem muito interesse. Droga.

– Não quer saber qual ocasião? Eu perguntei apoiando meu cotovelo na mesa.

– Na verdade… - Ela começou meio incerta. - Não, porque eu não te conheço. Mas se isso te fizer bem, pode falar. Eu ri de canto.

– Eu queria comemorar o dia do nosso primeiro encontro. Ela riu com um certo deboche e olhou fundo nos meus olhos. Os olhos dela eram mel-esverdiados. Não consegui não olhar de volta.

– Olha, quer saber de uma coisa, Sirius? Ela falou e só isso me chocou. Eu não tinha falado meu nome. - Você fica por ai pagando de cachorrão, mas no fim das contas é só um bichinho de estimação rebelde e pseudo-incompreendido. Um pet. Desculpa, eu não estou para esse tipo de coisa hoje. Disse isso e foi para outro canto levando o livro.

Só nessa frase ela meio que falou tudo sobre mim. Como ela chegou a palavra cachorro? Como sabia meu nome? Porque achava que eu era rebelde? Fiquei tão atordoado que nem respondi nada. Apenas esperei meu Whisky e voltei para a mesa.

Voltei para minha cela também, depois desse pensamento. O que quer dizer que eu sai da minha zona de pensamentos soltos e malucos. É um começo meio atordoado e sem nexo. Mas eu disse que minha mente é louca e embaralhada. Então já tenho uma justificativa.

Minha comida veio, ruim como sempre. Eu comi pouco, e a contragosto como sempre. Eu precisava sobreviver. Embora estivesse reduzindo bastante a quantidade de comida. Precisava imagracer também. Meu plano estava começando a tomar forma dentro da minha cabeça.

Me transformei em cachorro. Precisava liberar um pouco as energias, e pretendia me acostumar com essa forma. Sabe uma das melhores coisas pra se fazer quando você é um cachorro? Se espreguiçar. O seu corpo se contorce de se estica de forma inimagináveis. E o fato de que eu não tinha nada para fazer também ajudava muito a tornar essa tarefa magnifica.

Lembrei-me, enquanto rolava e esticava as patas, da primeira vez que me transformei. Foram dois longos anos aqueles. Pense que eramos três crianças. Sim, crianças. Tinhamos treze anos quando começamos e pesquisar o processo que transformação em animago. Tudo que não podia nós fizemos. De entrar na área restrita da biblioteca, até colocar uma pequena dose de veriteratum dentro do chá da McGonnagal para que ela pudesse nos dar mais informações.

Muitas veses pensamos em desistir. Porque era muito complicado. Mas sempre nos davamos forças para continuar. Teve um dia que o James chorou. E ele não era o tipo de cara chorão. Isso ele tinha em comum com Lily. Dois escudos de carvalho. Mas ai nesse dia ele sentou no canto do dormitório e chorou.

– Que foi Jay? Eu perguntei, depois de ver ele lá, abraçando os próprios pés. Eram três na manhã. Eu tinha acordado por acaso, depois de um sonho bizarro onde eu estava em uma espécie de câmera, sem portas nem janelas e vultos pretos passavam ao meu redor. James estava lá também, só que estava diferente e tinha uma cicatriz bizarra em forma de raio. Hoje penso que aquele do sonho poderia ser Harry. Mas como nunca o vi pessoalmente depois de grande, não posso garantir.
James não respondia ao meu chamado, continuava chorando, embora tivesse dado um riso fraco quando me viu. Só para dizer “Oi”.

Depois de muito tempo ele disse:

– Sirius, acho que não vai dar certo. Não vamos conseguir ajudar o Remo. Não vamos. É um erro. Eu sou burro. Um mimado e burro. Como bem diz o Filch! A última fraze saiu como um escarnio. Ele parecia estar falando sério. Como se realmente pensasse isso. Mas era uma loucura total, claro!

– James, você ‘ta louco? Você, burro? Você é um dos caras mais inteligentes que eu conheço! E a gente tem 14 anos! Se não conseguirmos é porque ainda não temos as informações totas e tal. O Remo vai entender, eu tenho certeza.

– Eu sei que ele vai, eu sei. Eu que não vou Sirius! Vou achar pra sempre, sempre, que eu poderia ter feito melhor. Que eu abandonei meu amigo.

Esse era o James senhoras e senhores. Por trás dessa marra toda, ele era um grande, grande amigo. E nunca deixava os seus amigos na mão. E sempre pensava neles, antes de si mesmo. Triste pensar que ser tão amigo de alguém o levou ao seu destino trágico. Destino que até prefiro, se eu for parar para pensar direitinho.

Mas, acho que esse capitulo também merece outra apresentação.
Voltando para o dia em que James decidiu pedir Lily em casamento, eu não dormi direito. Tipo todos os dias hoje em dia. Mas eu pensava nas mudanças da minha vida com essa noticia, e pensava na garota do bar. Nunca tinha visto um sorriso tão debochado quanto o dela, exceto quando me olhada no espelho. Essa era a parte mais louca.
É claro que me atrasei para o curso de aurou no outro dia. Iamos começar um módulo novo, e eu já ia causar essa ótima primeira impressão, chegando tarde e de ressaca.

Abri a porta da sala com tudo, me esquecendo de que a aula já devia ter começado. Lily me olhou com aqueles olhos de "Ai, ai, Sirius." Remo e James riram. A professora anotava alguma coisa no quadro. Eu não a conhecia. Mas ela tinha um corpão, há se tinha.

– Sirius Black, acho muito bom que tenha reoslvido vir a aula.

– Desculpe profes…. Eu não pude continuar. Quando ela se virou de frente para a turma, meu queixo caiu. Era a garota do bar. Mas ela devia ter a minha idade! Como dava aula em um curso difícil e renomado como esse? Será que não era tão nova assim? Que sabia ótimas poções de rejuvenecimento e por isso parecia tão nova? Parei de pesar para responder. - Desculpa. Eu tive um… Contratempo. Era inutil dizer isso, pois ela tinha me visto no bar. Mas eu tinha que tentar.

– O.k. - Ela disse sem dar muita importancia. - Como eu ia dizendo, nesse módulo vamos estudar os perfis de comensais da morte e demais bruxos das trevas, como identificar, como se misturar para executar melhor a espionagem.


Li no quadro o seu nome.

Katherine Snaler. Um nome que muito tempo depois eu jurei não pronunciar nunca mais, por hipotese nenhuma. Eu cumpri minha promessa, embora eu não quisesse nenhum pouco cumpri-la. Mas estou apenas pensando, e não falando. Enfim, sinta-se apresentado(a).

Eu esperei que todos saissem da sala. Demorei uma infinidade, fingindo estar procurando uma coisa na bolsa. Tudo bem, eu sou um Bruxo, poderia usar um feitiço convocatório, entáo isso me fez parecer ainda mais idiota. O.k.

– Com licença, p-professora Snaler?

– Diga Black. Ela respondeu, enquanto colocava tudo na bolsa com maestria usando um feitiço de organização.

– Eu… Eu queria pedir desculpas por ontem.

– Tudo bem. Está desculpado. - Ela fechou a bolsa e foi sainda da sala, me deixando lá com cara de bobo. Parou um pouco antes da porta e virou-se para mim. - Mas as desculpas tem que ser por abordar uma mulher que deu sinais claros de não querer ser abordada, e não por eu ser sua professora. Tenha um bom dia. Katherine deu um meio sorriso e passou pela porta.

É claro que eu tinha sido meio babaca. Mas na época eu não sabia disso. Katherine poreria não ter dito nada, mas disse. E só essa reflexão já me fez uma pessoa um pouquinho melhor aquele dia.

Eu estava sempre ocupado demais sendo o coitadinho, incompreendido e oprimido para enxergar a opressão e os problemas da maioria das pessoas. Eu tinha que estender para o mundo, a compreensão que eu dedicava aos meus amigos. E começou mais ou menos ali.
Mas tem muito mais pela frente.




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Notas finais do capítulo

A atriz na foto é Claudia Cardinale. A personagem Kate é muito antiga na minha mente, mas conheci o trabalho da atriz há muito tempo também. Não sei qual veio primeiro, mas é isso ai.
Espero que tenho gostado, até mais!