–Colin Portman concordou em vir responder nossas perguntas.

–E já trouxe o advogado?

–Os culpados geralmente preferem ter seus advogados desde o começo. – fora Bell quem respondera à pergunta de Joan.

O Sr. Portman parecia-se muito com um mauricinho do ensino médio, e não um membro de uma grande empresa publicitária de Chigaco. Tinha por volta de trinta anos, cabelos claros e olhos castanho-escuros. Seus olhos transmitiam um tanto de impaciência, indiferença e algo que poderia ser revolta.

–Sr. Portman! – cumprimentou o Capitão, entrando na sala com Bell e Watson – Sinto muito em fazê-lo esperar.

–Não há problema. – mas Joan pôde notar que ele não dizia isso de bom grado.

–Gostaríamos de falar com o senhor sobre o assassinato de Sofia Meirelles.

–Claro. Só não sei por que vocês acham que eu seria um suspeito em potencial.

Bell, Gregson e Joan se entreolharam.

–O Sr., pelo que sabemos, conhecia Sofia de um estágio na empresa Dennis & Adams.

Ele apenas concordou com a cabeça.

–Como era seu relacionamento com ela?

–Não havia um relacionamento. Nós éramos concorrentes, não amigos.

–Ficamos sabendo por meio de uma amiga da Srta. Meirelles que a sua relação com ela realmente não era amigável.

Colin não respondeu ao comentário. Uma decisão inteligente, já que se concordasse, ele apenas confirmaria que tinha um motivo para o assassinato de Sofia.

–O Sr. nega ter enviado estes e-mails a Sofia Meirelles, poucas semanas antes dela ser morta?

Seu suspeito limitou-se a olhar de relance para a cópia dos e-mails que Bell lhe mostrava.

–Não nego. – ele respondeu finalmente, sem demonstrar qualquer emoção.

–Entende agora, Sr. Portman, porque o senhor se tornou um suspeito em potencial para nós?

Colin crispou os lábios, em uma atitude que misturava ansiedade e raiva.

–Não gostava de Sofia. Nem um pouco. E não me importo com a morte dela.

–Colin! – repreendeu o velho advogado – O que meu cliente quis dizer...

–Eu quis dizer exatamente isso, Henry. Por que está aqui mesmo?

–A sua mãe...

–Pelo amor de Deus, Henry, foi uma pergunta retórica! Por favor, saia.

O advogado parecia atordoado.

–Senhor...

–Já pedi que saia, Henry.

Com o orgulho um tanto ferido, o advogado humilhado de Colin Portman levantou-se e saiu da sala de interrogatório.

–Desculpem-me o incômodo. – disse Colin, suspirando – Ele me segue como um cachorrinho para onde quer que eu vá.

‘‘Mas é exatamente isso que vocês ouviram. Não gostava de Sofia e a morte dela não muda isso em nada. ’’ – ele concluiu.

–Você tem inveja – disse Joan – Ela era quase dez anos mais nova que você. Era inteligente e tinha um futuro brilhante. Você, senhor Portman, é um garoto mimado que tem trinta anos e ainda depende da mãe. Não é de se admirar que quisesse tanto que o futuro dela fosse o seu.

Colin Portman sorriu.

–É sempre tão direta com as pessoas, detetive Watson? Ter inveja de Sofia não me torna seu assassino. Não é porque gostaria de me casar com a Angelina Jolie que mataria o Brad Pitt. Eu já tenho um bom emprego, sabia? Trabalho em Chicago há três semanas. E estava lá nesta manhã. Pode perguntar ao meu chefe e aos meus colegas. Ou talvez à minha mãe, se preferir. Agora, se já acabaram de me acusar, eu gostaria de ir.

Joan o seguiu pelo corredor, tomada por uma fúria que não conhecia.

–Você é desprezível.

–Como disse? – ele virou-se para encará-la, mas não demonstrava raiva.

–Uma garota morreu, senhor Portman. Uma menina boa , que não terá futuro. E o senhor acha que ela merecia isso.

–Não acho nada, senhorita Watson. Não cabe a nós decidir quem merece morrer ou viver. E também não devemos julgar as pessoas como sendo boas ou más. Você deveria saber mais que todos, detetive, que há luz e trevas dentro de todos nós. Lembre-se disso.