I wish escrita por liice, Isa Poke Shugo


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Nova fic, pessoal! E dessa vez com a participação especial de IsaPokeShugo! Eu (liice) vou postar os capítulos ímpares e a Isa vai postar os pares! Espero que gostem.



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Drew’s POV

Toquei o sininho pela terceira vez, irritado. Estava sentado na cama, ainda de pijama e com um mau humor aparente. Esse imbecil além de imprestável é surdo? Pensei comigo mesmo, tocando o sino vigorosamente. Dessa vez não parei. Só iria parar quando o meu café da manhã chegasse.

Longos segundos depois, vejo a maçaneta girar e a porta do meu quarto se abrir rapidamente. Geraldo, meu mordomo aparentemente surdo, entrou com uma bandeja e veio em minha direção, quase correndo.

— Me desculpe a demora, senhor. — ele entregou meu café da manhã.

Não respondi. Apenas o fuzilei com o olhar e fiz um gesto com a mão para que ele saísse, o que ele fez tão rápido quanto tinha entrado.

Coloquei a bandeja no meu colo. Quando ia beber meu primeiro gole de café, ouvi a porta sendo aberta de novo. Já comecei a ficar irritado. Tomara que não seja aquele imbecil outra vez, pensei. Para o meu alívio, não era.

Um homem alto, de cabelos e olhos pretos, usando um roupão vermelho de seda por cima do pijama entrou no quarto sem dizer uma palavra e veio andando em minha direção. Meu tio Edward. Estava com a expressão séria de sempre no rosto juvenil; ele aparentava ter uma idade muito menor do que a que realmente tinha. Juro que o ouvi dizer bom dia antes de parar ao lado da minha cama.

— Andrew, já são dez e meia da manhã. Você não costuma acordar tão tarde. — ele ajeitou o roupão enquanto falava.

— Acordei às dez — disse, impaciente. — Desconte o tempo que aquele imbecil do Geraldo demorou para trazer meu café.

— Claro. Vou diminuir o salário dele. — Seu rosto continuava inexpressivo. — Mesmo assim acordou tarde.

— Você sabe muito bem que fui dormir tarde ontem. Estava em uma festa, não lembra?

— Que seja. — ele disse, à parte. Tive a impressão de que aquele assunto todo de eu ter acordado tarde foi só uma desculpa para ele não perder o hábito de me dar “a repreensão do dia” — Estou te esperando lá em baixo. Termine de comer e vá direto para lá. — saiu sem dizer mais nada.

Alguns segundos de paz reinaram no meu quarto depois que meu tio saiu. Consegui dar um gole no café e ele estava um pouco frio. Parece que o salário do Geraldo vai abaixar ainda mais. Ouvi alguém batendo na porta quando fui comer meu croissant. Suspirei.

— Entre. — eu disse, aborrecido.

Uma garota loira de olhos verdes claros, um ano mais velha que eu veio correndo e se sentou na cama, do meu lado, com uma expressão animada no rosto, diferente de mim. Era Stella. Minha prima e ex-namorada. Algum problema? E não, ela não é filha do tio Ed. Não sou tão louco assim.

— Adivinha quem está fazendo aniversário hoje? — ela olhava para mim com os olhos arregalados e um amplo sorriso no rosto.

— Você? — tentei adivinhar, apático.

O sorriso dela desapareceu na hora e pareceu que ela estava prestes a me dar um soco. Eu sabia quando era o aniversário dela; e não era hoje, mas ela ficava irritada com o simples fato de eu demonstrar que não sabia.

— Claro que não, seu idiota! É do Bernardo. — ela voltou a sorrir e olhou para o chão.

Levantei meu tronco um pouco e vi um pequeno Pokémon no chão, do lado da cama. Esse era o Bernardo, o Lillipup da Stella. Não o vi entrando junto. Ele era muito pequeno.

— Não acredito que esse filhotinho está fazendo um ano. — eu disse e depois finalmente comecei a comer meu croissant.

— Ele não está fazendo um ano. É aniversário de um mês. — ela pareceu exaltada. Pegou Bernardo no colo. — Quem é o Pokémon mais lindo de Hoenn? É você, Bernardinho! — ela envolveu o pobre coitado em um abraço esmagador e depois o botou no meu colo.

— O que está fazendo, sua doida?! Não vê que eu estou comendo?

— O Bernardo está limpinho. Acabei de dar um banho nele. E você ainda não deu parabéns.

— Parabéns. — eu disse, contrariado e o empurrei para o lado. — Só veio aqui pra dizer isso?

— Não. O tio Ed pediu pra falar que ele está te esperando lá em baixo.

— Mas é claro! — exibi um sorriso falso. — sempre me lembrando das coisas que ele já disse. Eu já estaria lá se me deixassem em paz para tomar meu café da manhã.

Ela pegou o Lillipup no colo e me fuzilou com o olhar. “Grosso”, ela falou, antes de virar as costas e sair. Paz.

Terminei meu café o mais rápido possível, antes de alguém chegar para me importunar. Felizmente isso não aconteceu. Consegui terminar de comer e fui me trocar para sair do quarto.

Coloquei uma blusa cinza xadrez de manga comprida e uma calça jeans. Não estava frio mas fresco o suficiente para eu usar a blusa de manga comprida com as mangas arregaçadas. Saí do quarto depois de alguns longos minutos ajeitando meu cabelo. Cabelo perfeito, vida perfeita.

O corredor estava vazio, ainda bem. Depois daquelas invasões ao meu quarto eu não ficaria surpreso se tivesse uma comitiva inteira só me esperando sair.

Desci as largas escadas de mármore e ouro da mansão. Um imenso hall se estendia no andar de baixo. O piso era de mármore também e as janelas imensas se estendiam por todo o comprimento das paredes, com cortinas de seda; estavam entreabertas, para deixar a claridade do dia iluminar o vestíbulo.

Meu tio não estava aqui, aparentemente. Devia estar no jardim. Atravessei o largo salão no qual me encontrava em direção à porta alta que levava para o lado de fora da mansão. Quando estava prestes a abrí-la, fui abordado por alguém.

— Bom dia, Drew. — um homem de cabelos loiros e olhos verde claros sorria descontraidamente. — Ed disse que está lá fora no jardim.

— Bom dia, tio. E obrigado. Estou indo lá agora mesmo.

Aquele era meu tio Alex, o pai da Stella. Por incrível que pareça, ele gostava bastante da ideia da gente namorar e ficou triste quando terminamos. Acho que mais triste que nós dois, se quer saber minha opinião.

— Eu vou com você. — ele abriu a porta e a luz intensa do sol me fez fechar os olhos por alguns segundos.

Um grande pátio com um enorme chafariz se estendia à nossa frente. O portão da frente ficava a uns 500 metros da porta da mansão. Era uma propriedade grande.

Caminhos de pedra ladeados por uma grama verdinha iam para várias direções. O cheiro de grama e das pedras molhadas encheram meu nariz naquela manhã agradável. Fomos andando por um caminho que levava para trás da mansão, onde ficava o jardim.

Andamos por alguns minutos até chegarmos lá. A uns 50 metros já conseguia ver o tio Ed sentado em um dos bancos com a expressão séria de sempre no rosto, perdido em pensamentos. Apertamos o passo até chegar bem perto de lá.

— Ed! — tio Alex chamou a atenção dele, que olhou em nossa direção e se levantou do banco na hora.

— Alex, podia nos deixar sozinhos por alguns momentos? — Ed falava isso olhando apenas para mim. Um olhar atravessado, mas ainda era para mim.

— Claro. — tio Alex deu um sorrisinho sem graça e saiu de lá a passos largos.

Me aproximei do meu tio antes que ele tivesse a chance de dizer para eu fazer isso. Parei na frente dele, a meio metro de distância. Podia ver o enorme jardim atrás dele e parei para escutar o canto dos pássaros. Voltei a atenção para ele.

— E ai? — perguntei. — Qual é o problema?

— Nenhum. — ele me entregou um envelope, que estava em seu bolso. — Essa carta chegou hoje para você.

Peguei o envelope com um pouco de hesitação. Era do Comitê nacional de Coordenadores e Top Coordenadores. Olhei para o meu tio e ele acenou com a cabeça para o envelope, querendo que eu o abrisse.

Tinha um papel lá dentro que eu peguei e comecei a ler em silêncio.

Excelentíssimo Senhor Andrew John David Crawford,

Pelo honorável título de Top Coordenador, recém adquirido pelo senhor no último Grande Festival, e por suas habilidades exímias na arte da coordenação, nós do Comitê Nacional de Coordenadores e Tops, te convidamos para participar do Grande Encontro de Coordenadores e Top Coordenadores que acontecerá na cidade de Sootopolis no dia 21/09.

O senhor e outros Coordenadores e Tops notáveis passarão o mês em um resort onde receberão um treinamento intensivo sobre apresentações e técnicas de batalha. O lazer no resort e sua reserva no hotel 5 estrelas de Sootopolis já estão confirmados e tudo será pago pelo próprio comitê.

Devemos lembrá-lo que poucos Coordenadores e Tops receberão essa carta e terão essa maravilhosa oportunidade de melhorar suas perícias e avançar ainda mais no ramo das apresentações.

Contamos com sua confirmação e presença no evento. Sua resposta deve ser enviada em até 2 dias após o recebimento dessa carta.

Atenciosamente,

Comitê Nacional de Coordenadores e Top Coordenadores.

Dobrei a carta com cuidado e a coloquei de volta no envelope quando terminei de ler.

— E ai? — meu tio perguntou.

— Era do comitê de coordenadores. Dizia que me destaquei e eles me convidaram para participar de um encontro junto com os outros que também receberam esse convite para melhorar minhas habilidades. Vai ser em Sootopolis. — disse, como se fosse algo não muito importante.

— E você vai?

— Claro. — tentei não parecer muito animado. Eu estava. Não tanto quanto alguém poderia querer que eu estivesse, mas talvez isso seja porque eu não achava o fato de ter me destacado tão surpreendente assim. Eu já esperava por aquilo.

— Ótimo. Era sobre isso que eu queria falar com você. Sente-se. — ele indicou o banco em que estava sentado a pouco tempo atrás. Sentei, seguido dele.

— Fico feliz por ter conseguido ir tão longe nisso — ele começou a falar e eu pude ver um pequeno sorriso em seu rosto, que logo desapareceu. — mas devo te lembrar que você vai fazer 18 anos em pouco tempo e em breve, vai herdar essa propriedade e todo o poder que ela trás. Não estou dizendo para dimnuir sua dedicação ao que você gosta de fazer; só quero que saiba das suas responsabilidades. Entende?

— Sim. Você já conversou comigo sobre isso antes, tio. Não é uma coisa difícil de se lembrar. Sabe que sou responsável.

— Sim, eu sei. — outro pequeno sorriso. Voltou a ficar sério no mesmo instante. — eu só não quero que você fuja disso como o seu irmão fez.

— Não vou fugir. Não vejo razão para isso. Sabe que sempre quis ter essas terras.

— Fico feliz em ouvir isso. O seu pai ficaria também. — ele se levantou, sorrindo e foi embora, me deixando sozinho lá.

Refleti um pouco sobre o que ele tinha me dito. Nunca fora contra eu ser Coordenador, muito pelo contrário; sempre me apoiou. Mas tinha medo que essa ideia subisse à minha cabeça e eu desistisse de tudo por causa disso. Tinha medo que eu viesse a dedicar minha vida inteira à apresentações. Fazer o que? Ele era meio paranoico.

Guardei a carta no bolso. Iria respondê-la hoje mesmo. Decidi andar um pouco pelo jardim antes de voltar para o meu quarto. Ele estava deslumbrante como sempre. Todas os tipos de flores que você podia imaginar estavam ali, com alguma óbvias exceções devido ao clima quente de Hoenn. Tulipas, por exemplo. Infelizmente não tínhamos pois eram de clima frio.

As flores mais abundantes eram as rosas. De todas as cores possíveis. A maioria delas eu mesmo havia cultivado, com a ajuda de meu Roserade. Quando ele era apenas um Budew e eu apenas um garotinho de seis anos, costumávamos vir aqui com a minha mãe. Um sorriso involuntário se formou em meu rosto com aquelas lembranças. Acordei dos meus devaneios e continuei caminhando pelo jardim.

Além de flores por todos os lados, muitos chafarizes e pequenas árvores também enfeitavam o lindo jardim, que parecia estar deserto a não ser por mim. Bem, só parecia mesmo. Vi Stella a poucos metros de mim, sentada em um banco com o Bernardo no colo. Tentei sair de fininho mas ela me viu antes.

— Drew! — ela gritou, levantando-se de súbito do banco e acenando para mim. — Vem aqui!

Não tive escolha senão ir até ela. Com um suspiro, comecei a caminhar em sua direção.

— Fiquei sabendo que vai participar de um torneio ou sei lá o que de coordenadores. — ela falou quase gritando depois de eu dar dois passos.

— Não é um torneio — respondi depois de chegar perto o suficiente. — É um encontro de Coordenadores. Para treinar.

— Dá no mesmo, não? Com certeza vai ter algum prêmio.

— A carta não falava de prêmio nenhum... Mas como você sabe que eu vou participar disso? Por acaso ouviu minha conversa com o tio Ed?

— Claro que não! — ela franziu a testa. — Que tipo de pessoa você acha que eu sou? Ele me falou, sabe. Antes de você chegar aqui. Eu estava pensando em ir também. Será que eu posso? Ou é só para coordenadores?

Demorei um pouco para processar a informação. Depois me dei conta de que ela estava querendo ir junto comigo ao Encontro. De jeito nenhum! Pra quê? O que ela queria fazer lá?

— Claro. — respondi, de um jeito sem graça. — Acho que você pode sim, mas a reserva no hotel é cortesia para quem vai participar do torneio e como você não vai...

— Hahaha — ela simulou, sarcasticamente, uma risada. — Até parece que isso é problema pra mim! Se eu quiser, posso comprar aquele hotel. E você pode comprar a cidade inteira!

— Sim. — não pude evitar um sorriso irônico no rosto. Como é bom ser rico e fabuloso. — Mas por que você quer ir, em primeiro lugar?

— Robert me chamou.

O que? Robert? Não consegui achar lógica nenhuma naquilo. Por que Robert a chamaria para ir em um encontro de coordenadores? Não fazia sentido na minha cabeça.

— Robert? — foi tudo que eu consegui perguntar com a minha mente atordoada.

— É. — ela afirmou, como se fosse a coisa mais óbvia do universo. — Foi o que eu disse.

— Por que ele te chamou?

— Está com ciúmes? — ela me olhou com um sorriso convencido no rosto.

— O que? — tentei disfarçar o rubor que se formou em minhas bochechas — Claro que não!

— Não pareceu. — ela sorriu satisfatoriamente.

♪ First thing, first, I'm the realest (Realest)

Drop this and let the whole world feel it

(Let them feel it)

And I'm still in the Murda Bizness

I can hold you down, like I'm givin' lessons in physics

(Right, right?) ♪

A música começou baixa mas depois foi aumentando progressivamente. Demorei alguns segundos para perceber que vinha do meu próprio celular. Stella começou a rir histericamente quando percebeu. Bernardinho, coitado, teve que pular do colo dela senão cairia sozinho.

Eu nunca achei que minhas bochechas poderiam ficar tão vermelhas quanto estavam naquela hora. Tirei o celular do bolso violentamente e o atendi o mais rápido possível. Uma voz feminina falou do outro lado da linha e eu ainda podia ouvir a risada da Stella, que agora estava quase caindo no chão.

— Drew? Drew? Alô? — Solidad tentava iniciar uma conversa mas tudo que eu conseguia fazer era ficar encarando, irado, a garota na minha frente que já estava no chão, ainda rindo. — Que barulho é esse?

— Oi, Solidad. Tudo bem? — Virei as costas e me afastei da Stella.

— Tudo ótimo. Só queria te perguntar se também foi convidado para o encontro de coordenadores.

— Você tem dúvidas? — respondi, arrogantemente. Ela pareceu não se importar com meu tom.

— Não. Só queria confirmar mesmo. E ai? Vamos juntos? Podemos nos encontrar em Slateport e daí pegamos um cruzeiro para Sootopolis. O Robin vai também. — ela se referiu ao Robert pelo apelido. — E o Harley! Quase me esqueci dele.

— O Harley?! — perguntei, incrédulo. — Por favor, me diga que ele vai de acompanhante. Senão vou perder minhas esperanças sobre a Coordenação de Hoenn!

— Drew! O Harley melhorou bastante nos últimos meses. Eu ficaria surpresa se ele não entrasse! — Solidad costumava me repreender bastante. Lembrava o meu tio às vezes. — Mas então, — ela normalizou o tom de voz. — Você vai com a gente?

— Vou, sim. A Stella também vai. — me lembrei que ela também iria. — Aliás, foi o Robert quem chamou ela.

— Sério? Ele não me falou disso... Mas acho que não tem problema. Pouca gente vai de cruzeiro. Especialmente no que nós vamos. — ela fez uma pausa, depois continuou — Falando nela, é impressão minha ou era ela quem estava rindo loucamente quando você atendeu o celular?

— Er... Sim. Por que?

— Não me diga que você ignorou os meus conselhos e não trocou seu toque de celular...

— Olha. — comecei a falar, apressado. — eu tenho que ir agora. Tenho que almoçar.

— Drew. Troque esse toque, pelo amor de Arceus.

— Tá. Tchau, Solidad, até daqui a suas semanas. — desliguei.

Voltei para a mansão a passos largos. A essa altura, Stella já deveria ter se recuperado da crise de risos e podia vir atrás de mim a qualquer momento.

Enquanto caminhava, decidi seguir o conselho da Solidad e trocar meu toque. Adeus Iggy. Ainda te acho diva.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do primeiro capítulo. Ainda tem muita coisa para acontecer e muitas novidades! Espero vocês no próximo capítulo.Comentem e digam o que acharam, o que precisa ser melhorado, etc.Sua opnião é importante e pode nos ajudar a escrever mais rápido e melhorar algumas coisas. Bjos.