Na manhã seguinte, acordei e me dirigi a entrada da toca dos aprendizes. Lá fora, Manto de Gelo já me esperava para começarmos o treinamento.

– Está animada para começar seu treinamento?

– Sim! - respondi - O que vamos fazer hoje?

– Eu estava pensando em te ensinar a caçar... Vai ser muito útil no seu futuro.

– Então vamos!

– Mas antes deve saber de um fato importante, já que iremos caçar camundongos: Um camundongo sentirá seus passos no chão, antes de farejá-la. Nesse caso, o que devemos fazer? - Ele disse, testando-me.

– Pisar de leve?

– Muito bem, Pata Dourada! É preciso concentrar todo o peso nos quadris, para que as patas não causem impacto no chão da floresta. Vamos!

Andamos um pouco e paramos quando Manto de Gelo farejou um camundongo. Ele ficou em posição de tocaia, se aproximou lentamente do camundongo, pulou nele e o pegou com apenas uma mordida.

– Sua vez! - ele disse, me observando com seus olhos azuis.

Farejei um outro camundongo e comecei a rastejar lentamente, como tinha visto meu mentor fazer. Quando estava próxima o suficiente, pulei nele e o abocanhei com apenas uma mordida. Voltei para Manto de Gelo com o camundongo na boca.

– Muito bem! Se continuar assim, ninguém nunca mais debochará de você por ter nascido gatinha de gente! - ele falou.

Ao ouvir essas palavras, senti uma pontada de orgulho. Senti que estava me integrando ao clã, porém aos poucos.

– Vamos levá-los a pilha de presas frescas…

Concordei com a cabeça. Meu pai já me ensinara muita coisa sobre o clã e essa era uma delas. Voltamos para o acampamento e deixamos nossas presas junto as outras. Meu mentor foi conversar com outros guerreiros. De repente, dois aprendizes foram falar comigo. Um deles era uma gata com a pelagem azul - acizentada e o outro tinha era prateado, com manchas azuis.

– Bem vinda ao clã, Pata Dourada, espero que goste daqui - miou a gata azul.

– Eu não diria o mesmo a uma gatinha de gente - disse o gato de pelo prateado, com um tom de deboche.

– Eu sou a Pata Azul, e esse é meu irmão, Pata de Prata - Pata Azul fez uma pausa, encarou o irmão, e sussurrou para mim - Ele não gosta muito de gatinhos de gente… Mas, talvez, nós duas conseguiremos fazer com que ele mude de ideia…

– Obrigada… - sussurrei em resposta.

Finalmente, eu tinha a minha primeira amiga no clã.