Até a Lua escrita por A Garota Dos Livros


Capítulo 5
Caleb, Caleb Harrison




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Eu não sei quanto tempo eu aguentei, queria que fosse menos. Fui esfolada, estapiada, socada, maltratada, cortada... No final, eu desmaiei. Quando acordei, eles quebraram todos os meus dedos das mãos um por um. Cicero estava desacordado em um canto da cela num estado tão ruim quanto o meu, depois o tiraram de perto de mim. Fui torturada por cerca de uma hora e meia seguida, Jared entrou na sala gritando, disse que não hesitaria em me matar se não dissesse onde estava o projeto. Mas eu não sabia, não sei.

Não vi o que aconteceu porque desmaiei. Quando acordei eu não sabia onde estava, meus olhos se negavam a abrir por causa da dor, senti meu corpo em uma posição esquisita. Eles haviam me jogado em algum lugar no meio da estrada.

– Ela ainda não está morta – ouço alguém dizer.

– Vai estar em pouco tempo – Jared diz.

Com isso eles vão embora e me deixam. Eu fico apenas esperando esse pouco tempo.

...

Eu tinha dificuldade para respirar, estava apenas esperando que algum animal chegasse e me comece, algo assim. Mas não foi isso o que aconteceu.

– É ela! – ouço uma voz gritar.

– Ana! – essa eu conheço.

Cicero.

– Está viva – ouço sua voz meio embargada – meu Deus!

Sinto meu corpo ser removido e colocado em uma maca, eu falaria se conseguisse, mas não dá. Então apenas deixo levarem meu corpo, cada centímetro dele doida, sem exceção.

– Os dedos dela... – Cicero diz meio sufocado.

Perdi a consciência em seguida.

...

2 meses depois

Eu tinha acabado de acordar, disseram que fiquei em coma por quase dois meses. Não sinto isso, a não ser que a dor não estava mais aqui e agora meus dedos quebrados estavam quase curados, ia demorar um tempo para eles voltarem ao normal ainda.

Estava deitada em uma cama, parecia um quarto de hospital, mas não era, pessoas passavam pela porta o tempo todo, todas levavam tiros ou estavam na beira da morte, sempre eram coisas graves.

– Oi – Cicero aparece na porta.

– Oi – sorrio.

Ele entra no quarto e puxa uma cadeira para o meu lado.

– Como você está ?

– Melhor e você ?

– Estou bem.

– Como você me achou ?

– Meio complicado de explicar...

– Hum. Onde estamos ?

– Ainda mais complicado, mas você está segura.

– Mas meus pais ... ?

– Estamos tentando achá-los.

– Estamos? Quem, estamos ?

Cicero respira fundo e abre a boca para falar, mas nesse momento entra uma mulher no quarto, ela usa uma bota de salto alto, uniforme apertado preto, estilo viúva negra. Então reparo nas roupas de Cícero, ele usa calça estilo militar pretas, camiseta preta e coturnos, era um uniforme.

– Harrison – ela chama – precisam de você... Bom vê-la acordada, Ana.

A mulher sai pelo corredor, fico apenas olhando para onde ela estava.

– Harrison ? – olho o rosto de Cicero, ele está sério e seus lábios formam uma linha fina – Por que ela te chamou de Harrison ?

– Por que é meu nome.

– Cicero... Harrison ?

– Não... Calleb, Calleb Harrison.

– Você... se... chama, Calleb ?

– Sim.

– Harrison – agora um homem aparece na porta – vamos!

– Eu... – ele começa – tenho que ir.

Então eu fico sozinha.

Todos haviam mentido para mim. Meus pais. Ci... Caleb Harrison.

Como ele pôde ? Confiei nele! Achei que era a única pessoa que tinha me contado a verdade, mas não era, ninguém contou.

– Ana – alguém me chama e eu olho, um médico de mais ou menos uns trinta anos entra no quarto, ele é bonito, até.

– Sim?!

– Ah, sou Brad, cuidei de você – assinto – agora que está melhor vamos te levar pra um lugar mais confortável e mais... seu. Será seu quarto pelos próximos tempos.

Assinto – Agora ?

– Jájá.

Com isso ele sai.

...

Ganho roupas novas, estou usando uma calça jeans, um all stars preto e uma camiseta branca, nada demais, mas bem mais confortável que aquela roupa-de-hospital-que-mostra-sua-bunda. Fui colocada em outro quarto, esse eles disseram que seria meu. Tem uma cama de casal encostada na parede, um criado mudo, uma escrivaninha e uma cadeira, há alguns livros em cima da escrivaninha e há também uma cômoda, uma porta que leva ao banheiro e só.

Sento na cama e puxo as pernas para cima abraçando-as.

O que eu ia fazer agora ? Estava mais perdida do que tudo.

A porta, que eu esqueci de trancar, é aberta e Ci... Caleb Harrison entro no quarto. Ele fecha a porta e fica me olhando.

– Você está bem ?

– Você trabalha aqui, não é ?! Seja lá onde aqui for...

– Trabalho. Não respondeu minha pergunta...

Sou tomada por uma fúria súbita me levanto rapidamente voando para cima dele, soco seu peito repetidas vezes descontando toda minhas frustração e para minha surpresa, ele não me afasta, apenas deixa que eu bata.

– Seu mentiroso de uma figa! Mentiu pra mim! Mentiu na cara dura! Confiei em você!

Com isso eu paro e fico encarando seu rosto.

– Acabou ?

Como resposta dou um ultimo soco em seu peito.

– Acabei.

– O que queria que eu fizesse ? Confiaria em mim se dissesse que era o agente resignado para te proteger ?

– Agente resignado ? – digo com deboche – Nem parece mais você... Talvez não seja. E respondendo sua pergunta, não, não confiaria.

– Então ?

– Podia ter me contado depois. Eu confiei em você, Ci... Caleb!

– Teria me deixado ajudá-la depois que eu contasse ?

– Teria, porque eu confiava em você!

– Confiava? Não confia mais.

– Como confiaria ? Mentiu pra mim!

– Foi para o seu bem!

– Não! Não foi! Foi para o SEU próprio bem!

– Meu ? O que eu ganhei com isso ?

– Minha confiança! Facilitou seu trabalho em 200%

– Ana, presta atenção. Precisava ficar perto de você pra te proteger, precisava que confiasse em mim! É tão difícil de entender ?

– É tão difícil alguém não mentir pra mim? – digo cansada e me sento na cama – Por que ninguém nunca me conta a verdade? Primeiro meus pais, com toda aquela... coisa do projeto, e agora você...

– Ana... – ele se ajoelha na minha frente com as mãos em cima das minhas – Não queria mentir pra você, mas eu precisei, prometo te contar toda verdade de agora em diante...

Assinto.

– Posso ficar sozinha ?

Ci... Caleb parece magoado, mas ele assente e sai. Fico sozinha abraçando meus joelhos e chorando.


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