Até a Lua escrita por A Garota Dos Livros


Capítulo 23
Volte a dormir




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Eu não devia estar com sono, mas dormir de novo porque estava cansada com toda aquela história de perder sangue.

Acordei no meio da noite com vontade de ir ao banheiro, Caleb estava dormindo de bruços, as costas subindo e descendo num ritmo lento, como se estivesse em um sono pesado, mas ele não estava, tinha o sono mais leve de todos, por isso fiz o mínimo de barulho que consegui, mesmo mancando como uma pata.

Quando sai do banheiro Caleb levantou a cabeça e olhou direto pra mim.

– Tudo bem?

– Sim, só fui ao banheiro.

– Se precisar, é só me chamar.

– Ok. Obrigada.

Ao contrário do que pensei, Caleb se levantou e me ajudou andar até a cama, o que com toda certeza, foi mais fácil com ele.

– Volte a dormir.

Ele sorriu, se levantou e beijou o alto da minha cabeça.

Era diferente esse tratamento que ele estava me dando, e não posso negar que estava gostando.

...

– Obrigado, Guevin.

– Não há de que. Se cuidem.

Voltamos para a estrada. Ainda não sabia agir com essa versão de Caleb, parte de mim gostava disso e outra parte achava que qualquer hora ele ia voltar a ser quem era antes, não que eu gostasse dele antes, só que prefiro ele agora.

Não fazia muito tempo que estávamos na estrada, mas ainda não tínhamos falado nada.

– Tem alguma coisa te incomodando? - ele perguntou depois de um tempo.

– Não é nada.

– Pode me falar.

– Não é nada - sorri.

Os lábios dele formaram uma linha fina.

– Se é pelo beijo, não...

– Não, não foi isso. Quer dizer, ainda não parece real.

Ele deu uma risada sem emoção.

– Tudo o que aconteceu e isso não parece real?

– Louco não é?

– Bastante.

Seu rosto ainda continuava tenso.

– Caleb. Eu gosto de você, só que é muita coisa.

– Eu sei, Ana.

Então ficamos em silêncio, a viagem durou mais umas três horas, quando paramos na frente de casa. Ela estava com uma fita amarela na frente, e no lugar da porta estava um plástico preto.

Sai do carro devagar, assimilando cada detalhe da cena e de como parecia ter sido a tanto tempo atrás. Caleb me segurou pela cintura, me apoiando. Olhei para seu rosto e ele olhou para mim também.

– Vamos - disse dando um passo a frente.

Passamos pelo saco preto e a casa estava destruída, exatamente igual a última vez que estive aqui.

– Onde está?

– Lá no fundo.

Cada detalhe da casa era como se fosse de um passado muito distante. Engraçado, não fazia tanto tempo.

– Você está bem?

– Estou sim - sorri - é que... parece que faz tanto tempo.

Ele apertou minha a mão na minha cintura levemente.

– O canteiro de flores.

Aponto para onde quebrei o vaso dez anos atrás. Lembro da minha mãe ter ficado brava comigo por isso, e eu ter sismado que ela não me amava mais, agora entendo porque ela ficou tão brava na época. Ela tinha medo que eu achasse o projeto. Depois daquilo nunca mais cheguei perto do canteiro.

Minha mão livre passou para o colar no meu pescoço.

– Onde está? - ele perguntou olhando o canteiro.

Não que o canteiro fosse grande, mas se não soubéssemos onde encontrar, ia demorar pra caramba pra achar.

– Ali. - apontei para o canto direito onde quebrei o vaso.

Ele assentiu e me ajudou ficar de joelhos depois se ajoelhou ao meu lado, não tínhamos nada pra ajudar a cavar, então usamos as mãos.

Ouvi um disparo, depois o corpo de Caleb me arremessou para o chão.

– Você está bem?

Não respondi. Ele se levantou e correu para Gail.

É claro. Ele sempre estava lá.

Caleb deu um soco no rosto de Gail que o lançou para dentro da casa. Olhei os dois se baterem entrando cada vez mais. Me coloquei de joelhos lentamente de novo.

Droga de tiro!

Minhas unhas estavam pretas e meu dedos doendo, mas alcancei uma superfície dura. Comecei cavar em volta pra tirar a caixa. Estava quase conseguindo quando me assustei com o barulho.

Um disparo, a janela do meu quarto sendo estilhaçada e depois o corpo de Caleb caindo e batendo com um baque de coisa quebrada no chão. Ele fez um barulho de engasgo.

Não. Não. Não.

Levantei num salto, ignorando a dor na minha coxa.

– Caleb.

Ele segurava o abdômen onde uma mancha vermelha crescia e seus olhos estavam se revirando.

– Caleb, olha pra mim.

Mas ele não conseguia.

– Caleb, por favor!

Meus olhos estavam ficando embaçados, e a minha calça estavam sendo manchada pelo sangue dos pontos estourados da minha coxa e o sangue de Caleb.

– Não morre.

Segurei os lados do seu rosto e encostei minha testa na sua.

– Por favor, fica comigo.

As lágrimas escorriam pelo meu rosto, molhando-o.

– Amo você, está ouvindo? Não morre!

Seus olhos focaram em mim, depois eu não sentia mais sua respiração no meu rosto. Mordi o lábio inferior e deixei as lágrimas escorrerem.

Ouvi um gatilho infernal de novo e um estouro, alguma coisa atingiu minha cabeça.

Depois não havia nada.

...

Levantei subitamente, os eletrodos sendo arrancados da minha cabeça com força. Senti vontade de vomitar e meu corpo estava fraco. Comecei tossir sangue. Meu corpo começou e escorregar e o senti cair no chão. Doeu. Minha cabeça doía muito. E eu parecia ter levado uma surra. Estava ficando difícil respirar.

Olhei para o lado e embora estivesse embaçado, vi Caleb se debatendo no chão no meio de espasmos involuntários.

Várias pessoas vestindo jalecos brancos o rodearam e o levaram para longe, enquanto outras pessoas me rodearam.

– Ana, consegue me ouvir? - eu conhecia aquela voz, e aqueles olhos.

Brad?

– Eles encerram o projeto - ele gritou -levem-os para a enfermaria. Agora.

Ai eu apaguei.


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