Um amor para amar escrita por Scarllot


Capítulo 1
Capítulo 1




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A minha vida sempre foi muita agitada, movida de grandes acontecimentos. Bons e ruins. Mais bons do que ruins, mais ruins do que bom. Em fim, essa é uma definição que eu ainda não sei fazer.

Minha infância foi boa, eu realmente pude ser criança, meu pai um homem da terra, um fazendeiro conhecido, vendia gado e plantava algumas coisas, como ele dizia era pra não ficar entediado. Minha mãe uma dona de casa que dedicou a vida a cuidar de mim (filha única) e do meu pai (que dava mais trabalho do que eu). Eu e minha mãe passávamos mais tempo na cidade, por causa dos meus estudos embora minha mãe adorasse a vida no campo. O meu pai já passava mais tempo na fazenda, mais estava sempre em casa na hora do jantar, mas antes do sol nascer ele já estava organizando o seu rebanho.

Tive muitos amigos, alguns que tenho até hoje como a Carol e o Carlos que nos dias de hoje trabalham comigo. E como todos também tive amigos que com o tempo foram se perdendo, porém, muitos não foram esquecidos como A Gabi, o Jonas, o Thiago, a Suzi, Joe e o Lucas.

Eu e Joe sempre fomos muito amigos, eu diria que irmãos até que por motivos da vida quando eu tinha 17 anos nos separamos, ele se mudou pra Argentina, seu tio que já morava lá levou ele para estudar e ele acabou criando raízes por lá mesmo, no começo mantivemos contado mais com o tempo se perderam, bem e eu fiquei aqui no Brasil, mas propriamente em São Paulo sempre gostei da vida daqui, essa correria do dia á dia, horas no transito e claro o final do dia em um barzinho tomando shop.

Posso dizer mais profundamente que o primeiro contato que lembro ter com Joe foi quando nós tínhamos 4 anos e meus pais nos filmaram tomando banho de bacia no quintal da casa da minha mãe, morávamos em uma cidadezinha do interior de São Paulo. Meio constrangedor mais ela guarda essas fitas cacetes muito bem guardadas e não corro o risco de ninguém além de eu vê-las novamente. Não preciso dizer que eu e Joe éramos amigos inseparáveis, estudamos sempre juntos, freqüentávamos as mesmas festas, mesmos amigos, e tudo mais que se possa imaginar, Joe sempre foi um irmão pra mim porque afinal eu sempre fui filha única, não sei exatamente o porquê meus pais não quiseram ter mais filhos, o que por um lado foi bom pra mim, nunca soube o que era ser filha única porque Joe também era um filho pros meus pais, coincidência ou não Joe também era filho único.

Eu trabalho com organização de festa, melhor dizendo de festa de casamento, e sem querer me gabar minha empresa é a mais procurada no país e fora também, e dizer isso aos vinte e nove anos é um orgulho. Eu já fiz alguns casamentos na França, um ou dois em Londres, Nova York, Paris, Canadá, e o bom é que são as pessoas que me procuram o que me fez ter que aprender novos idiomas é bom saber que as pessoas gostam do seu trabalho e procuram por ele.

Mas não foi fácil começar, posso dizer que tive muita sorte pude contar com o apoio de muitas pessoas, e também consegui pessoas que investissem no meu plano, que por sinal deu certo, por isso já começo dizendo que temos sempre que acreditar no que queremos, pois é quando acreditamos que conseguimos realizar o que queremos.

Já fiz milhares de casamentos que não dá pra acreditar, na praia, no Hotel Palace, já fiz na igreja que é o mais comum, casamentos indianos, japoneses, judaicos, com pouca e com muita comida. Casamento onde os padrinhos encheram a cara, e outros que não teve bebida, que noivas choraram na hora do sim e aquelas que na hora disseram não, o que pra mim foi surpresa mais a sorte que já estava tudo pago e eu não tive prejuízo, teve o casamento que eu jamais pensei que poderia fazer só que fiz na praia de nudismo e bem acho que eu não preciso dizer que a noiva economizou não tento que usar vestido, mais as luvas e o véu ficaram muito bem nela o cabelo longo ruivo e encaracolado ajudou a tampar algumas partes, o mais legal é que os convidados economizaram nas roupas de gala.

Teve um casamento aonde os noivos não pediram presentes e sim envelopes com quantias em dinheiro e no final fizeram uma doação a um orfanato, detalhe o noivo tinha sido adotado os seus dezesseis anos, isso acabou me sensibilizando o que me fez dar um bom desconto pra eles.

Com tantos casamentos feitos eu achava tudo possível, cada ideia maluca que uma noiva me trazia eu sempre fiz questão de realizar, mesmo sendo o mas estranho possível. E em meio a tantos casamentos eu já tinha feito e que eu ainda ia fazer eu só não imaginava que eu ia acabar com um casamento.

Sexta – feira 23 de julho

- Stela você hoje tem que ir encontrar a noiva do dia 25 ela quer mudar a cor das flores da entrada. – essa é Carol hoje ela trabalha comigo, mas já foi a minha sócia mais isso eu explico mais tarde, ela se tornou a minha melhor amiga, só tem um defeito ela gosta de mais de homem só que no sentido cama e que não consegue repetir mais de duas vezes, mas isso não interfere o caráter dela na verdade isso até a deixa animada pro trabalho.

- faltando menos de seis dias para o casamento ela me decidi mudar, detesto isso.

- você sabe que é sempre assim.

- o que tem mais?

- tem que levar a noiva aquela ruiva que veio com o marido que é um gato.

- aquele que é a cara do Henri Casteli.

- esse mesmo. Ela tem a prova dos docinhos às quatro e meia.

- quatro e meia pra mim não dá tenho ginecologista quebra essa pra mim e vai no meu lugar.

- eu até vou, mas as noivas preferem a sua companhia.

- liga e pergunta pra ela se da pra ser com você se ela falar que não, liga no meu ginecologista e marca outro horário.

- você vai mesmo fazer inseminação artificial.

- vou sim Carol e nem tenta me dizer de novo que isso é loucura, no mundo de hoje temos que ter um pai para nos ajudar, só que eu já estou decidida.

- mais isso é loucura , e aquela parte do amor, de fazer gostoso, depois do jantar romântico levar ele pra sua casa e depois de uma taça de vinho transar no sofá da sala.

- não, depois o cara fica no seu pé e quando ficar sabendo que estou grávida vai ficar marcando em cima não quero isso.

- um casamento não é tão ruim assim.

- olha só quem está dizendo. Casar nem pensar e eu nem tenho mais idade pra isso e eu gosto muito da minha independência e não quero ninguém abrindo a minha geladeira.

- então contrata um garotão eles são ótimos.

- sei bem como você sabe disso e da mesma forma não. Não quero ter que ficar pensando em como ele vai ser. Eu já fiz a lista de como quero que seja o doador do esperma e ele é muito parecido comigo.

- oi meninas do que estão falando?

- da inseminação que a Stela insiste em fazer.

- eu já me ofereci.

- não mesmo Carlos, eu quero que meu filho tenha um único irmão, sabe lá quantas grávidas suas tem espalhadas por esse Brasil.

- olha eu já fiz exame de DNA e deu negativo e eu estava bêbado de mais, mas mesmo assim eu tinha certeza que tinha me prevenido.

- só que da próxima não fica com a madrinha da noiva dentro do carro em que os noivos vão para o hotel.

- estava todo mundo na festa e ela que me levou lá pra dentro.

- só que vocês esqueceram que o motorista estava dentro do carro.

- não tenho culpa.

- é só que eu tinha um ótimo desconto com eles.

- voltando ao nosso assunto você vai mesmo fazer a inseminação.

- vou, eu vou fazer trinta anos e antes do dia cinco de dezembro eu vou estar grávida, esse vai ser o meu presente de aniversário que eu vou dar pra mim mesma. Eu tenho uma ótima empresa um apartamento ótimo, carro e uma casa na praia, acho que tenho condições de ter um filho e tem que ser agora porque eu não vou mais ficar esperando.

- tudo bem, mas não esquece que eu ainda estou aqui.

- Carlos você é lindo, gostoso, só que não é o meu tipo.

- mais eu posso ser, posso me vestir de bombeiro ou surfista.

- vai conferir os garçons do casamento de amanha.

- estou indo, mas não esquece que eu estou aqui.

- me faz um favor, bate a porta da minha sala quando você sair só pra mim ter certeza de que você foi.

- estou aqui. – ele saiu batendo a porta da sala.

- agora chega desse assunto, que papeis são esses aqui na minha mesa?

- correspondência que chegou pra você, essas são as listas de casamento das noivas irmãs, e essa caixa é a lembrancinha do casamento de amanha, agora vieram às certas, pediram desculpas e com isso ganhamos um desconto nas próximas encomendas.

- isso é bom.

- parece que temos um casamento pra fazer fora do Brasil, não sei bem ainda, falei com a secretaria do noivo que não me deu muitos detalhes, disse que prefere falar com você, então ela vai te ligar depois de amanha bem cedo acredito que às nove o nome dela está marcado no dia do casamento, ela nem quis saber preço nem nada, pediu pra reservar a data e que queria decidir as coisas com você.

- que dia é o casamento?

- dia dez de novembro. Ela já fez o deposito do primeiro sinal pra deixar a data reservada.

- menos de quatro meses isso vai ser corrido, mais alguma coisa?

- acho que só.

- pede pra Paula vir aqui, e diz pro Carlos se ele ainda estiver por aqui que hoje tem a despedida de solteiro do noivo e que não é pra contratar aquela dançarina da ultima despedida, ela dormiu com o irmão do noivo e cobrou de nós a noite.

- os dançarinos da despedida da noiva estão prontos.

- nada exagerado.

- nunca exagero.

Minha manhã era basicamente essa, resolvendo problemas, flores, docinhos, bolo, decoração, já fiz tantos casamentos que acho que se um dia eu me casar quero que só esteja eu o noivo e o juiz de paz e já tem gente de mais.

Me divirto muito com meu trabalho, as vezes pegamos uma festa de debutante ou outra pra tirar um pouco a rotina, mais prefiro mesmo os casamentos, saber que eu que fiz o momento em que a noiva jamais vai se esquecer e que muitas dizem ser o melhor dia se suas vidas é muito bom.

O que eu sempre tinha que tomar cuidado era com as despedidas de solteiro o noivo sempre enche a cara além da conta e depois no outro dia é um saco para acordar e curar a ressaca, já as noivas depois que bebem querem beijar todos os dançarinos da festa, é difícil controlá-las.

Esses noivos até que não deram trabalhos, foi bem tranquilo. Breno conheceu Cristina na faculdade ambos são advogados muito bem formados, o pai dela também é advogado o que levou Cristina optar por essa profissão, até que ela combina bem com advocacia. Convenci os dois a passarem a lua de mel na Itália, consegui um pacote econômico os dois vão passar quinze dias visitando os vinhedos, e comendo queijo e massa.

Desta viagem eu tenho quase total certeza de que Cristina vai voltar grávida, eles estão noivos á seis anos, é ela vai voltar grávida. O que para o pai dela vai ser uma alegria só, ele precisa de um neto.

Sábado, 21 de Julho

Hoje o dia do casamento é que é a grande loucura, a noiva está com os nervos à flor da pele e meu trabalho é fazer com que nada de errado e que ela não tenha nenhum tipo de preocupação, por isso sempre coloco elas em um dia de spar e ela só sai de lá quando está na hora de ir pra a igreja.

O problema é a mãe dela a senhora Brava, exatamente ela é a pessoa que tem o nome que realmente merece, ela é totalmente brava, chata e eu diria fala mais alto que um megafone.

- Stela.

- sim senhora Brava?

- onde está o padre?

- ele está ali dentro senhora Brava fique tranquila está tudo certo.

- e a minha filha?

- estou indo buscá-la nesse momento.

A voz dela era bem insuportável, mas eu não podia fazer nada isso faz parte do meu oficio.

- eu vou com você.

- senhora Brava, a mãe da noiva deve estar aqui para os convidados se sentirem bem – não sei de onde eu tirei essa.

- traga a minha filha e logo porque as bebidas vão esquentar.

- senhora Brava as bebidas estão muito bem refrigeradas e vão continuar assim até o final da festa não se preocupe.

- vá buscar minha filha.

- estou indo dona Brava. – que mulher insuportável.

- quanta falta de organização.

Como muitas festas que eu faço o Breno e a Cristina optarão por fazer a festa e o casamento no mesmo local, fizemos um pequeno altar no salão de festa com um arco coberto de rosas, o que deixou um tanto romântico e depois poderia ser aproveitado nas fotos.

- vamos Cristina está tudo pronto, você está linda.

- obrigada, o Breno já está lá?

- ele foi o primeiro a chegar.

- vamos?

- vamos.

Estava tudo perfeito, tapete vermelho, rosas brancas pelo corredor, daminha, florista, o noivo com os olhos brilhando, o pai conduzindo a noiva, a marcha nupcial e varias mulheres chorando. Chorar por causa de casamento nunca foi comigo, essa emoção nunca tive, nem quando eu era mais nova e ia a casamentos com minha mãe, já ela sempre se derramava em lagrimas, por que será que isso acontece?

Nossa olha a forma que eu estou falando, acho que isso é o que o trabalho faz com a gente.

Como eu disse esse casamento foi um sucesso, pena que o pai da noiva acabou dando um soco na cara do noivo, isso quase sempre acontece, mais fique tranquilos, eu já aprendi a reverter essa situação e bem eles já estão todos bem e o pai da noiva já pediu desculpas.

- Stela os noivos já estão indo, estão se despedindo dos convidados.

- entregue a todos os saquinhos com as pétalas, o motorista já está esperando eles.

- estou indo ver isso agora.

- não se esquece de falar para ele abrir a porta para os noivos.

Sempre que está quase na hora dos noivos irem embora da festa, aquela famosa fugidinha que eles dão deixando os convidados na festa, o pai da noiva soca o noivo ou a mãe se acaba em lagrimas não querendo deixar a filha ir, e bem eu já tinha avisado isso a Cristina e ao Breno, ambos sabiam que poderia acontecer pena que o Breno que foi o felizardo de levar um soco no olho, ainda bem que tudo terminou tem risos.

- Mais um casamento.

- é bom vê-los feliz.

- o que vai fazer amanha?

- Não sei Carol, acho que só descansar.

- acho que você vai ter que mudar os seus planos, hoje de manha a secretaria me ligou, ela disse que os noivos estão ansiosos eles chegam hoje no Brasil, pediram pra você os encontrarem no restaurante do shopping, eu marquei na hora do almoço.

- sério? Porque não me falou antes.

- eu me esqueci, com a correria dos preparativos, mas se quiser eu posso ir.

- não eu vou.

- a noiva se chama Soraia, a mesa já está reservada no seu nome.

- ok.

Sempre era assim, a única coisa que os noivos, ou melhor, as noivas queriam eram decidir as coisas comigo, Carol sempre me acompanhava assim a noiva pegava um pouco de confiança nela e eu podia ir passar outro dia com outra noiva, eu fazia em trono de vinte casamentos por mês, já fiz quatro casamentos em um único dia, se não estou organizando o salão de festa, estou organizando os preparativos, vendo estilista, ajudando a noiva escolher o vestido das madrinhas, elas me consideravam a patrona delas, muitas tinham melhores amigas que eram convidadas para serem patronas mais era só fachada, eu que dava a ultima opinião a noiva.

- a mesa dos pais dos noivos está sem bebida, daqui a pouco os convidados começaram ir embora, leve as cestas com as lembrancinhas até a recepcionista para ela entregar quando eles saírem, diga a ela que é um por casal.

- sim senhora.

- ei aonde vocês vão com esses docinhos, já aqui.

- vamos levá-los para as mesas.

O que os noivos nunca sabem é que só depois que eles vão embora é que a festa fica realmente boaa bebida está mais gelada, todos já jantarem e a pista de dança está livre.

- pensei que os convidados não iam embora nunca mais. – Carol disse bebendo o resto do champanhe no bica da garrafa.

- toda vez é como se fosse o primeiro.

- meus pés estão me matando, a sorte é que não cometemos mais erros.

- você lembra aquele casamento que o noivo tinha um irmão gêmeo.

- Vitor e Victor.

- esses mesmos.

- não me esqueço, a noiva tropeçou no vestido e caiu de cara no bolo.

- o que eu me lembro é que o outro gêmeo que te levou pra casa.

- pena que o namorado dele também foi junto, passei a festa toda flertando pra descobrir que era gay. Você lembra daquele casamento que acabou a luz, as bebidas não gelaram, a sobremesa acabou derretendo.

- nem me lembra, acho que foi o terceiro casamento que fizemos.

- e aquele que viramos a noite enrolando docinho.

- fala sério. Eu vou indo nessa, quer carona?

- não, eu vou daqui a pouco.

- eu vi você e o garçom.

- eu tenho culpa se ele é um gatinho.

- não esquece dese prevenir.

- quem quer filho aqui é você querida, eu vi um dos padrinhos flertando você, e eu descobri que ele nem é daqui ou seja nunca mais ai ver ele, ótima oportunidade.

- não obrigada.

- mas ele pediu pra mim aonde você tinha estacionado seu carro, aposto que ele vai dar aquela desculpa de estacionar perto do seu.

- eu não acredito que você fez isso.

- estou te ajudando amiga, vem cá você não me contou como foi hoje.

- ela disse que estou ótima, e que tenho todas as condições para fazer a inseminação.

- e quando vai ser?

- no meu próximo período fértil que é mais ou menos daqui três semanas.

- não esquece que eu vou com você.

- pode deixar.

Carol estava certa, ao lado do meu carro tinha outro estacionado, eu só não sabia muito bem se era a do tal padrinho, mas como Carol nunca era.

- precisa de ajuda?

- Não! Quer dizer, claro você poderia segurar. – eu abri o porta- malas.

- os docinhos estavam muito bons.

- sempre sobram alguns e acabo levando pra casa. – eu peguei as caixas da mão dele e coloquei no carro.

- que sorte.

- obrigada.

- imagina, meu nome é Otávio você é a Stela.

- sou, prazer. – eu segurei a mão dele que estava estendida.

- eu fiquei reparando em você. O casamento foi lindo.

- obrigada. Bom eu tenho que ir.

- você não gostaria de tomar um vinho, eu conheço um lugar ótimo.

- obrigada pelo convite Otávio, mas eu estou muito cansada. – eu disse abrindo a porta do carro.

- por favor?

- que horas são?

- dez para meia noite.

- acho que uma taça de vinho não vai demorar muito.

- que bom.

-vamos fazer assim você me segue até em casa e de lá vamos pro tal lugar.

- perfeito.

Eu sei, eu estava louca de entrar na pilha da Carol, mas ela poderia ter razão, uma conversa no bar e bem poderia dar em alguma coisa como também não poderia dar em nada, acho que eu merecia uma noite.

- pra onde estamos indo?

- acho que você vai gostar.

- estou ficando com medo.

- pode ficar tranquila eu sou um serial killer só durante a semana nos sábado e domingos eu sou normal.

- pode ter certeza que eu fico bem mais tranquila.

- chegamos.

- está fechado.

- está mesmo.

- acho que vamos ter que achar outro lugar.

- aqui é um bom lugar.

- mais como vamos entrar?

- eu tenho a chave.

- tem certeza que podemos.

- tenho sim. Primeiro as damas.

- obrigada.

- e se deu a luz. – ele acendeu a luz.

- nossa, que lindo, eu nunca vi esse bar aqui.

- na verdade ele ainda não esta aberto ao publico, acredito que até mês que vem estará aberto.

- é seu?

- é sim.

- vamos ali no bar.

- então você pretende se instalar aqui em São Paulo.

- sim e não.

- complicado.

- eu pretendo, mas não agora, eu tenho mais três bares, ou boates como queira chamar, e estou abrindo essa aqui em São Paulo, um investimento que eu relutei a fazer.

- por quê? São Paulo não é tão ruim assim.

- não por São Paulo, mas é por mim, eu morei aqui na infância e na adolescência e...

- e teve um amor que não foi correspondido e daí você resolveu ir embora e agora esta voltando, mas ela ainda mora aqui e você ainda gosta dela.

- nossa, está tão na cara assim?

- espera deixa eu ver, a sim claro, ela te deixou no altar.

- teria sido mais fácil, eu fui viajar e deixei minha caminhonete pra ela e bem peguei o voomais cedo e quando cheguei ela estava transando com um cara dentro da caminhonete em frente a republica que eu morava.

- caramba essa caprichou.- ele retorceu o rosto - Ai me desculpa.

- tudo bem, mas vamos parar de falar de mim e me fale sobre você.

- bem, eu faço casamentos isso a mais de oito anos, moro em São Paulo a uns seis anos, também tive uma ilusão amorosa na adolescência o que nos deixa quites só que ele se mudou eu não peguei ele com ninguém em nenhum carro, porem depois disso entro no carro de todo cara que me chama pra tomar um vinho e me levar pro que ele pretende abrir.

- poxa achei que eu era o primeiro.

- sinto te decepcionar, você é o deixa eu ver, três, com aqueles dá oito, é você é o primeiro.

-você é a primeira pessoa que eu trago aqui.

- agora eu me sinto honrada. Mas o que exatamente você vai fazer aqui, porque parece um bar e uma boate ao mesmo tempo.

- são dois ambientes, essa parte que estamos é o bar pra quem está esperando alguém, quer conversar sem muito barulho, e aqui, vem cá. – estranho alguém pegar na minha mão como ele estava pegando – aqui é a boate, os camarotes ali em cima, dois bares dos dois lados assim os drinques e bebidas sai mais rápido, o DJ fica ali, mas tem deste lado também, gosto de fazer festas com torneios e tal, e aqui é a pista de dança, mas ela ainda não foi montada, bem aqui vai ter um globo daqueles dos anos oitenta, alguns discos de vinis decorando.

- pode ter certeza que vou frequentar aqui, apesar de ter quase trinta anos, segredo não conta pra ninguém tá, eu curto balada.

- você está ótima. Não tirei os olhos de você o casamento inteiro, desde que te vi antes da cerimônia começar.

- eu não tinha percebido.

- a sua amiga Carol me ajudou.

- eu sei, ela me disse que você ia aparecer no estacionamento.

- poxa pedi pra ela guarda segredo, agora eu estou envergonhado.

- tudo bem.

Já era mais de três da manha quando ele me levou em casa, conversamos sobre muitas coisas, e pena que o plano da Carol tinha dado errado, ele ia se mudar para São Paulo, poderia levar um tempo mais ele ia se mudar me disse que estava programando para no máximo quatro ou cinco meses, e já queria pelo menos ter comprado um apartamento, ele me disse sobre outras coisas que pretendia fazer na Boate bar, rimos de algumas coisas, e nisso algumas taças de vinho tinham ido embora, não muitas a garrafa ainda estava na metade, até eu perceber a hora.

Por educação e um pouco não vou negar de vontade de algo mais o convidei para entrar.

- está um pouco bagunçado o meu apartamento.

- você tem certeza? – ter eu não tinha, mas também não ia perder muita coisa.

- tenho sim.

- um belo prédio.

- eu amo esse lugar, tem alguns apartamentos vazios dois ou três e são ótimos, já que você quer comprar algo, não que eu esteja te forçando a ser meu vizinho, talvez nem tenha gostado tanto assim de mim.

- acho que ser seu vizinho – ele se aproximou de mim no elevador - seria uma boa. – ele tocou o meu rosto e sim, ele me beijo ali mesmo no elevador. E que beijo, dois anos na seca, acho que até beijar um sapo seria incrível, tudo bem exagerei.

- nossa.

- me desculpa, acho que não devia.

- está tudo bem, eu disse nossa porque você beija muito bem. Eu disse isso, que vergonha.

- não fique envergonhada, você também beija muito bem.

Eu não soube muito bem como responder, na verdade fiquei em silencio até o plimdo elevador ecoar pelo meu ouvido avisando que tínhamos chegado no andar.

- meu apartamento é aquele ali. – eu ainda estava sem graça, ele só sorrio.

Entramos, eu acendia a luz e ele colocou o terno sobre o sofá, eu tirei os sapatos que estavam acabando com o meu pé.

- você tinha razão o apartamento é muito bonito.

- obrigada, acho que tenho algum vinho perdido por aqui.

- pode ser qualquer coisa.

- misturar não é bom, estraga o paladar.

- acho que encontrei uma apreciadora.

- nem tanto, aprendemos algumas coisas encomendando muitas bebidas. Eu disse que tinha algo por aqui, não tão bom como aquele.

- muito bom.

- eu disse que o apartamento era bom, espaço e eu amo a vista, vem ver. – eu estava forçando um pouco talvez.

- da pra ver quase a cidade inteira.

- sim.

- muito linda, o que me da uma ideia.

- qual? – ele pegou a minha taça de vinho.

- continuando uma coisa que eu não devia ter parado.

Nos beijamos e nos beijamos e nos beijamos, até que eu tive a grande ideai de me afastar.

- desculpa, mas não posso.

- eu fiz alguma coisa.

- não eu que sou burra de mais, Otávio, faz tempo que não faço isso e não quero assim, eu mal te conheço.

- está tudo bem Stela.

- que vergonha.

- não fique, por que não tem razão pra isso. Olha pra mim. Você está certa, não se encontra pessoas como você.E eu também fui rápido de mais, só que você é linda e chamou muito a minha atenção, ninguém me atraia tanto assim.

- desculpa.

- não peça desculpa, nós vamos fazer assim, vamos nos sentar ali no sofá, tomar o vinho que está muito bom, continuar conversando, e vamos deixar as coisas irem acontecendo.

- obrigada.

- onde estávamos, me lembrei, a vista aqui é muito bonita mesmo, vou ver sobre os apartamentos que você me falou.

- você é um fofo sabia.

- esse é meu segundo apelido, mas só as mulheres sabem.

Conversamos por mais um bom tempo, ele acabou dormindo no sofá, estava tarde de mais e havíamos bebido de mais para ele ir dirigindo. Quando me deitei acabei me arrependendo de não ter deixado continuar, mas depois pensei bem e eu tinha uma meta e ia seguir.

Eu pensei que fosse estar feliz, eu vou ser mãe, daqui três semanas farei a primeira tentativa e as chances de dar certo são muitas. Eu pedi que o doador fosse alto, moreno, olhos claros, parecido comigo, eu tinha que estar feliz, por que eu não estava.

Talvez por Carol ficar no meu ouvido que eu tinha que ter um pai de verdade e não um doador, o que eu ia falar pro meu filho quando ele pergunta-se pelo pai, eu já sabia bem o que dizer, vou falar a verdade, que sou uma mãe diferente, talvez eu me case mais pra frente e o cara o assuma como filho, se bem que eu não estou pensando muito nisso, melhor tentar viver um dia de cada vez.

Lógico que eu fico babando quando eu passo em frente de uma loja de coisas para bebe, minha vontade e comprar tudo, e sim é loucura mais eu já arrumei o quarto que será dele ou dela.

Me sinto sozinha, um apartamento enorme só pra mim, estava na hora sim de eu ter um filho, trocar frauda, levar no parque, na escola, viajar, ter um amigo, alguém para ficar comigo e ter toda a minha atenção.

Um dia vai e outro começa, assim é a nossa vida, estamos aqui só de passagem, ou talvez estamos aqui para ficar, eu sei que tento viver isso muito bem vivido e não é porque Otavio apareceu bem agora que isso vai mudar, me apaixonar as 45 do segundo tempo não ia rolar, não mesmo.

Minha cabeça estava estourando mais que trombone em dia de quermesse, mas o cheiro do café que vinha lá de baixo me fez levantar bem rápido da cama. Ainda de roupa de dormir desci me esquecendo totalmente que Otávio tinha dormido em casa.

- Bom dia, bela adormecida.

- Ah! Que susto.

- esqueceu que eu estava aqui.

- esqueci pensei que fosse a Carol, ela tem a chave reserva e as vezes ela costuma aparecer de surpresa.

- dormiu bem?

- acho que eu que devia perguntar isso, esse sofá não é nada confortável.

- já dormi em piores.

- você já conheceu alguma outra mulher maluca que em vez de te deixar dormir na cama dela te colocou no sofá?

- posso dizer que sim, minha mãe, mas resolvi isso dando um sofá cama pra ela de presente.

- esperto você, o café está ótimo.

- eu meio que sai mexendo na sua cozinha, mas eu tenho o pequeno habito de levantar cedo.

- eu devia ter feito o café.

- eu estava esperando você acordar para ir embora.

- acho que vou voltar a dormir então.

-não senhora, eu tenho que ir lá no bar e depois eu tenho que pegar um vôo para o Rio.

- você não me disse que já ia embora.

- vou, eu ontem deixei tudo ajeitado com os pedreiros e um amigo meu que trabalha comigo vai ficar por aqui tomando conta do acabamento da obra, acho que eu volto daqui umas duas ou três semanas só pra acertar os detalhes e claro a abertura.

- então só te vejo daqui duas ou três semanas.

- parece que sim, mas eu tenho telefone, email, da pra mandar mensagem, você pode me ligar.

- posso?

- pode sim, e todos os meus contatos estão bem aqui na sua geladeira.

- acho que não vou conseguir escapar de você.

- não mesmo.

O acompanhei até a porta, estranho o que aconteceu, talvez um pequeno príncipe tinha chegado até a minha porta, repensar seria uma hipótese, mas como ele disse podíamos apenas deixar rolar, só uma paquera como qualquer outro, dei um pequeno beijo nele e essa foi a ultima vez que eu o encontraria pelo menos até as próximas três semanas.

Detesto esperar, talvez porque tudo que faço tem ser pontual sem erro ou sem falha, por isso detesto atrasos, eu já estava a mais de meia hora no restaurante a espera dos noivos, porque eles sempre atrasam? O primeiro encontro é o inicio do nosso curto relacionamento é assim que imponho o meu trabalho, cada casal e um relacionamento, a noiva vai querer toda a minha atenção e o noivo ficar o menos envolvido nisso possível, nos veremos e nos falaremos quase todos os dias, cinco ou seis vezes por dia, provaremos vestido, escolheremos terno, o pior é que eu tinha que ser paciente, muito paciente, eles não era os primeiros noivos que se atrasam para o almoço, mais os primeiros que atrasam por mais de meia hora.

- Carol, que hora você marcou com eles?

- meio dia.

- eu estou aqui desde o meio dia e ainda eles não chegaram. Tá eu vou ficar esperando mais dez minutos se não aparecer vou embora e depois você resolve com eles.

- o que vai fazer a tarde?

-Não sei acho que pegar um cinema ou ficar em casa mesmo por quê?

- nada, achei que fosse sair com o Otavio, eu vi vocês dois conversando no estacionamento.

- Sabia que você ia me perguntar dele, faz assim eu te ligo mais tarde e combinamos alguma coisa e eu te conto tudo, ai tá bom ...eu preciso desligar tem um buque de flores na minha frente tchau.

Uma mão vendou meus olhos, detesto surpresa.- Otávio!

- não.

-quem é?

- Oi. – um rapaz se sentou na minha frente.

-oi, desculpa mais eu te conheço?

- conhece.

- desculpa, mas acho que o senhor deve estar enganado.

- jamais me enganaria Stella.

- não pode ser quem eu estou pensando.

- talvez possa.

- Joe. – era estranho isso.

- acho que sou eu.

- eu não acredito o que está fazendo aqui?

- estava passando e te vi sentada aqui dentro então pensei “não acredito que é ela” então comprei essas flores e entrei na esperança de você me reconhecer.

- não acredito.

- vai ficar com essa cara achei que ia gostar de me ver.

- é claro que gostei, só não esperava.

- você esperava o Otávio, deve ser seu marido.

- Não. Nossa já faz dez anos.

- treze na verdade, não que eu tenha contado.

- e como você está? O que faz aqui no Brasil?

- eu estou bem, estou passeando e a trabalho e você?

- eu moro aqui em São Paulo, estou esperando um casal de noivos mais acho que eles não vêm, estava indo embora.

- ainda impaciente?

- sempre.

- você continua a mesma.

- você também. Você já almoçou?

- na verdade não.

- almoça comigo.

- claro que almoço. Você vai ser madrinha de casamento?

- não, eu organizo festa.

- então você é promotora de eventos.

- de casamentos, propriamente dizendo.

- jamais imaginei você organizando casamentos.

- as coisas mudam e é uma longa historia.

- E você se casou?


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