More Than This escrita por Ray


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Então... Resolveram aparecer, hein?
Bem... Hoje é feriado aqui na cidade (aniversario da cidade) e o prefeito morreu (irônico, não?), o que me deixa com o resto da semana livre para postar. Eu estava pensando em postar diariamente por aqui, mas depende de vocês... Tipo, se tiver poucos comentários me desanima e eu não posto, mas se tiver pelo menos alguma alma viva por aqui eu posto todos os dias até domingo.
O que acham?
Atenção: pensamentos da Quinn em itálico e da Rachel em negrito.
Boa leitura babys *-*



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#LEIAM AS NOTAS INICIAIS#

–Deborah... – sussurrou Santana de frente para a porta. – Abre a porta.

–Você estava me evitando – ouviu uma voz dengosa.

–Eu nunca conseguiria me afastar de você, D. – disse a latina. – Abre a porta, eu trouxe roupa limpa, bom, só uma calça. Mas se quiser eu te empresto minha blusa...

–S... – Santana parou de falar ao ouvir a voz dela. – Quem está com você?

–Sua irmã e a Berry – disse Santana se escorando na porta e apoiando sua testa nela. – Me deixa entrar. Deixa-me cuidar de você.

–Manda elas embora – disse Deborah baixo e com a mão na maçaneta. – Fica só você comigo. Não quero ouvir bronca, não quero que me ajudem... Eu só quero que você cuide de mim.

–Quinn, Rachel... – Deborah do outro lado da porta sorriu quando ouviu a namorada chamar Rachel pelo primeiro nome. – Vocês poderiam nos deixar a sós...? – Quinn hesitou. – Eu cuido dela. Eu prometo. Nada mais vai acontecer com ela, okay? Andem por ai, mas cuidado... Ainda estamos matando aula.

–Tudo bem – disse Quinn, mas continuava estática no lugar. Rachel a puxou delicadamente pela mão para longe dali e a loira se deixou guiar pela baixinha.

A porta se abriu e Santana viu a imagem que nunca mais queria ver em sua vida. Ali estava sua namorada, completamente ensopada, com os lábios roxos e tremendo, uma expressão de quem estava segurando o choro e totalmente melada.

A morena menor abraçou a namorada fortemente como se fosse ela que a prendesse no mundo, como se ela fosse seu porto seguro, e começou a derramar suas lágrimas que tentava conter. Santana afagou seus cabelos e as empurrou banheiro adentro.

Click.

E a porta foi fechada de novo.

[...]

Quinn não sabia o que falar e como começar qualquer tipo de conversa. Estava muda, andando ao lado de Rachel sem saber o que fazer. A morena por sua vez não conseguia falar. Meu Deus, estava andando ao lado de Quinn Fabray (a garota por qual mantinha uma forte paixonite desde o primário) sozinha pelos corredores do colégio e as duas podiam ser consideradas “amigas” agora. Não havia xingamentos. Só havia duas adolescentes com um nó na garganta. Rachel estava simplesmente sem reação.

Quinn engoliu em seco escutando seu coração batendo forte no peito e com medo de Rachel escutar também. De repente seus lábios estavam secos e ela tentava formar uma frase coerente.

Abriu a boca.

Não saía som.

Fechou a boca.

As duas garotas tinham as cabeças baixas, ambas um pouco envergonhadas. Rachel agradecia a Deus por sua pele ser um pouco mais escura e ela conseguir esconder bem o rubor que se espalhava por sua face.

Quinn não tinha tanta sorte.

A única merda de Fabray que era moreno era Deborah e ela gostava de sair e manter a pele bronzeada. Quinn mal saia do seu quarto para a sala (geralmente era o do quarto para a cozinha). Então a vermelhidão nas bochechas de Quinn eram bem visíveis.

Rachel percebeu isso quando Quinn finalmente encontrou voz e conseguiu dizer algo coerente.

–Como... Como aconteceu? – sua voz saiu tão baixa que Rachel quase não a escutou.

A diva achava a loira tão fofa quando estava toda vermelha daquele jeito.

–Estávamos indo para a aula de Geografia, ela falando que Santana parecia estar a evitando e criando suposições sem sentido, depois ela parou e disse que algo não fazia sentido, eu tentei a acalmar, claro... E de repente... Dois jogadores apareceram... Ela me empurrou para longe no último segundo e no outro eu via minha melhor amiga ensopada e mordendo o lábio tentando segurar o choro. Eles disseram “Entrega de Dave Karofsky” – Quinn fechou os olhos se amaldiçoando por não se deixar levar aquela raspadinha no outro dia ou se defender, ao invés disso deixou a irmã fazer todo o trabalho e agora ela estava infortunada num banheiro tentando não chorar. – E Deborah fez o que ela faz de melhor. Ela fingiu. Ela atuou. Ela é perfeita para isso. – Rachel deu um mínimo sorriso. – Ela sorriu. Depois gargalhou e o corredor todo se calou com medo. E depois ela provou mais uma vez que é sua irmã. A garota ensopada me defendeu perante todo o corredor e ensinou aqueles jogadores que não se deve mexer com um Fabray ou com o que é dele – ou de sua família, completou Quinn mentalmente sabendo o porquê de a irmã defender Rachel (além claro, do porque de que elas são amigas desde o primário). – Santana é uma vadia muito sortuda por ter ela. – Quinn acenou com a cabeça em total concordância. – Depois ela saiu correndo seu perder a postura “Eu-sou-maior-que-você-mas- não-literalmente-porque-tenho-só-1,67”, ela é incrível, não é? Ela ainda fez piada com tudo e enquanto eu saia o corredor ria da cara de tapados dos jogadores.

–Ela vai fazer muita piada sobre isso ainda – disse Quinn já se sentindo mais confortável com tudo aquilo.

Não era o fim do mundo.

Ela só estava em um corredor vazio com a garota que ela era apaixonada...

Ah meu Deus, ela estava ferrada.

–Ela é Deborah Charlotte Fabray – disse Rachel divertida. – Não seria ela se ela não fizesse piada de algo.

Quinn riu e concordou.

Silêncio.

Dessa vez um silêncio agradável. Poderiam ficar daquele jeito para sempre.

Mas aquela pergunta não queria deixar Quinn em paz.

–E você e o... Finn... Como estão? – perguntou temendo a resposta que poderia receber.

–Sendo franca... – começou a morena suspirando pesadamente. – Estamos indo de mal à pior. Não é a mesma coisa de antes – Quinn segurou o sorriso, não seria nada educado começar a rir quando ela estivesse contando sobre aquilo. – Eu andei me questionando se eu realmente o amava... Quer dizer, o Finn é incrível e eu realmente gosto muito dele, mas... Não é do jeito que deveria gostar. Eu o amo, mas é amor fraternal – Quinn olhou para frente tentando conter o sorriso mordendo seu lábio inferior. – Não sei se foi à coisa certa ficar com ele, mas... – fim do sorriso, agora ela estava nervosa. Mas o que? Mas não vou deixa-lo? Mas ele é melhor que você? Mas...?

–Mas...? – Quinn a incentivou a continuar.

–Não acho certo ficar com ele me sentindo assim – respondeu a baixinha e Quinn soltou o ar que nem sabia que estava segurando.

–Assim como?

–Quinn... Consegue guardar segredo?

–Claro... Mas você não respondeu minha pergunta.

–O segredo é a resposta – Quinn engoliu em seco com a resposta e assentiu.

–Tudo bem – concordou.

–Jura?

–Juro?

–De dedinho mindinho?

A loira gargalhou assentindo.

–Juro de dedinho mindinho, de pé junto... Palavra de escoteiro.

–Você nunca foi escoteira.

–Fala logo Rachel.

–Tem uma pessoa – a falta de características quanto ao sexo fez o coração de Quinn palpitar, mas a loira maldou ele ficar quieto e se desiludir, afinal de contas... Rachel Berry nunca olharia para ela. E isso soa tão clichê, porque os protagonistas de um filme de romance água com açúcar sempre são assim, eles não acreditam que seu amor pode olhar para eles. E no final ambos dizem que tinham medo e acabam juntos com dois filhos, mas claro... No filme eles não têm o mesmo sexo. – Que eu sou meio que... Apaixonada desde o primário.

–E ela sabe disso?

–Não.

–E por que não?

–A gente meio que... Não tinha uma relação muito, digamos... Amigável.

–Hm... – ela usara os pronomes no passado. – Espera... Tinha?

–É... Somos meio que amigas agora – Rachel olhou para Quinn em expectativa, mas a loira continuava olhando para frente. A baixinha bufou, ao que parecia Quinn estava passando tempo demais com a irmã e acabara pegando sua lerdeza. – Bom... Eu nos considero amigas – ela falava diretamente com a loira agora, mas a maior simplesmente franziu o cenho e continuou olhando para frente evitando ao máximo encarar Rachel com medo de que sua expressão lhe denunciasse. Ela tinha um pouco de esperança que aquela pessoa fosse ela, mas também sentia algo incomodo em seu peito e repassava a lista de amigos da pequena diva na cabeça para fazer uma ligação a fim de socar a cara do desgraçado que estava tomando Rachel de si (bom, não tinha nada para tomar, mas mesmo assim). – Ela meio que nunca reparou em mim antes, não que eu sabia pelo menos... Ela tem uma irmã incrivelmente chata que eu não consigo imaginar minha vida sem que vive me iludido e dizendo que eu tenho chance. Eu sempre a admirei, sabe? Mas ela nunca ligava e vivia, bem... Me tratado de uma maneira não tão boa – Nada muito especifico até agora, pensou Quinn, afinal de contas, muita gente não tratava Rachel exatamente de uma maneira muito amigável.– Era tipo Santana e Deborah...

Quinn assentiu lembrando que antes ela e as amigas não tratavam sua irmã de uma maneira muito boa em público. Certo, elas evitavam que raspadinhas voassem em direção ao rosto da garota... Mas isso porque Quinn teria que se explicar se sua irmã chegasse melada e suja em casa. Ao contrario, a Trindade Profana tratava a menina com quem dividiam o carro no final do dia como se ela fosse uma estranha e uma perdedora qualquer do colégio McKinley. Era como tratavam Rachel afinal de contas, mas sem as raspadinhas.

–Depois de tudo que eu fiz com você, isso é a coisa que mais me arrependo – resmungou Quinn. Elas se olharam diretamente pela primeira vez. Os olhos verdes pingando arrependimento e os castanhos em compreensão.

–Eu e sua irmã temos uma coisa em comum – disse a baixinha.

–Além da paixão notável pela Broadway, talento visível e saindo pelas orelhas, amor pelo teatro e alguns parafusos a menos? – perguntou Quinn divertida e Rachel lhe deu um leve empurrão com o ombro rindo.

–Além disso – sorriu a morena. Ela ficou nas pontas dos pés e encostou a boca na orelha da loira que paralisou e se arrepiou toda. Rachel gostou dessa reação. – Não guardamos rancor.

OH. MEU. DEUS.

Ela disse o que eu acho que disse? Meu Deus se isso não significar alguma coisa eu não sei o que pode ser então... Eu vou enlouquecer.

A cabeça da loira trabalhava a mil por segundo e ela não conseguia simplesmente se mover ou dizer uma palavra sequer.

–Mmmmmhmmm – sério Fabray? Só por curiosidade, o que exatamente isso significa? Você é uma idiota, fale algo que faça sentido. – Isso quer dizer que eu não preciso me ajoelhar e implorar por perdão?

Oh meu Deus? Você disse mesmo isso? Um recém-nascido é mais inteligente que você!

–O que? Acho que não – Rachel riu. Deus, ela é tão fofa, será que ela tem noção do quanto é linda? Rachel, pare de encará-la, ela vai perceber. – Apesar da ideia ser até que bem legal. Enfim, nós temos algo diferente do... Como devo chamar sua irmã e Santana?

–O casal mais estranho, confuso e inimaginável do WMHS? – perguntou Quinn divertida e Rachel riu.

–Isso... Nós somos diferente do casal mais estranho, confuso e inimaginável do WMHS... Nós nunca nos assumimos – Quinn paralisou naquele momento e Rachel parou também. As duas se encaravam e Rachel lembrou a diferença desses olhos verdes dos olhos de sua melhor amiga. Esses faziam um calor estranho subir pelo seu corpo, esse acordava as borboletas em seu estomago, esses pareciam enxergar uma parte dela que ela mal conseguia ver... Aqueles olhos verdes a encantavam. Aqueles olhos acendiam algo que nunca sentira antes dentro dela.

–C-como? – Quinn Fabray, você acabou de gaguejar? Rachel Berry te fez realmente gaguejar?

Quinn Fabray, você acabou de gaguejar? Eu realmente conseguir te fazer gaguejar? Isso deve valer algo, certo?

–Não nos assumimos como elas antes do relacionamento – disse Rachel calmamente como se explicasse para uma criança.

Meu Deus Fabray, você tem que parar de andar com Deborah, a lerdice da sua irmã é contagiosa.

Relacionamento? Que relacionamento?

–Você tem algo com ela? – perguntou a loira.

–Okay, você realmente pegou a lerdice da sua irmã – Rachel pensou alto e depois a morena gargalhou com a cara de indignação de Quinn. – Não Fabray, não temos nada – Ainda pelo menos, pensou a morena. E lá estava ela, falando diretamente com Quinn novamente. – Como disse, não somos amigas há muito tempo e ela não me tratava exatamente bem... Não. Lembra, ela não sabe que tenho um precipício por ela.

–É uma garota? – perguntou novamente.

Fabray, eu vou te bater. Meu Deus, você é tão lerda assim? Será que terei que fazer como sua irmã e colocar seu nome no inicio de cada frase? Tenha paciência.

–Não Fabray, um papagaio.

Ela está passando tempo demais com Santana.

–Faria sentido, vocês meio que combinam... AI!

Rachel acertara um pequeno murro no braço da loira que esfregava o braço direito com um pequeno sorriso brincando nos lábios finos. A morena tinha a expressão emburrada que logo virou um sorriso e as duas garotas começaram a rir no corredor.

–Sua idiota – disse Rachel entre risos. Quinn adorava o som da sua risada.

Disseram-me uma vez que antes de sair do armário (leia-se Nárnia) as pessoas geralmente sabem disfarçar muito bem quando estão perto da pessoa amada (que na maioria das vezes é a razão da fuga de Nárnia), que ninguém nunca desconfiava de nada, que parecia que estava no manual de todo gay saber disfarçar muito bem.

Quinn não tivera acesso a esse manual de gays.

Essas pessoas com certeza não conheceram Quinn Fabray.

Fabray, se você estiver pensando em ser atriz já vá planejar outra profissão, porque se não vai passar fome.

–O que foi? – perguntou Rachel confusa e parando de rir. – Tem algo no meu rosto?

–Não, você está perfeita.

Como eu disse... Quinn Fabray e “disfarçar” não são sinônimos.

–O que disse? – perguntou a morena baixinha.

–Tem alguém ai? – uma voz desconhecida perguntou.

Oh... Quinn Fabray é uma vadia muito sortuda.

Salva pelo gongo, Fabray.

A loira empurrou Rachel para a primeira porta aberta que achou (o que, diga-se de passagem, não foi lá tão fácil). Era uma sala pequena e com baixa iluminação que não fosse pela pequena janela aperta acima de suas cabeças estaria completamente escura. Os passos se aproximaram e Rachel se apressou em trancar a porta.

Era uma saleta bem pequena e apertada, lotada de vassouras, fazendo com que as duas garotas estivessem praticamente coladas. Ambas estavam vermelhas e para a sorte da Fabray, a pouca iluminação ajudava a esconder sua vermelhidão (e essa autora aqui acha que tem alguma chance em ser poeta).

Ofegantes. De rostos vermelhos. Corpos colados. Corações acelerados.

Rachel se sentia como se tivesse corrido uma maratona em volta de Jerusalém.

Quinn se sentia como se tivesse acabado de sair do treino das Cheerios, o que por si só, já provava que ela estava com escassez de ar nos pulmões e precisava urgentemente de uma bombinha de asma.

Os corpos das duas pareciam ter o encaixe perfeito.

Rachel estava adorando tudo aquilo.

Quinn estava pirando.

A loira simplesmente não sabia como agir. Devia falar algo, certo... Mas por que não conseguia dizer nada? Ela abria e fechava a boca seguidas vezes tentando dizer algo, mas não encontrando palavras e muito menos voz para tal ato.

Tentou pensar em algo que fizesse sentido que não fosse o corpo quente de Rachel tão próximo a si. Tentou formar pensamentos coerentes. Ela estava falhando miseravelmente.

Vamos lá Quinn, não pode ser tão difícil, certo? É só abrir a boca e, de preferencia, dizer algo com sentido. Do que ela estava falando mesmo? Meu Deus Fabray, você seria uma péssima namorada se continuar esquecer até como se respira perto dela.

–Você não deveria continuar com o Finn se sente assim – murmurou Quinn rente ao rosto da morena.

Rachel achou que ia desfalecer ali mesmo. A respiração de Quinn fazia cócegas em seu rosto e um arrepio gostoso percorrer todo o seu corpo. Ela jurava que se não fosse pela parede em suas costas ela não aguentaria seu próprio peso.

–O que?

–Você disse que se gosta muito dessa garota, Rach. Você disse que está apaixonada por ela. Rachel, você a ama. E apesar deu não gostar nem um pouco do Finn, ele é um bom garoto e merece a verdade, Rach.

–Você... Você está sugerindo que eu termine com o Finn?

–Rachel, eu estou dizendo o que acho certo. O Finn pode ser um imbecil, um idiota, um babaca, uma orca... – engoliu em seco quando Rachel lhe fuzilou pelos “lindos” adjetivos que colocava no (ainda) namorado dela. – Enfim... Nada que você não sabia. Mas ele não merece isso. Se você ama essa garota, conte isso para ela, talvez...

–Talvez...?

Engoliu em seco. Agora ou nunca? Vamos lá Fabray, você consegue. As palavras garraram na garganta.

–Essa garota, Rach. Ela pode te amar mais do que isso – jogou suas cartas. Sim, ela estava usando a música da sua irmã. Sim, aquela era uma pista. Sim, ela estava apavorada. E sim, ela quase vomitou.

O mantra dela passou de “Eu não estou apaixonada por Rachel Berry” (que ela ironicamente mantém desde os catorzes anos) para “Foda-se, eu estou apaixonada por Rachel Berry”.

Aceitação Fabray. Aceitação é o grande primeiro passo.

Mas tão rápido quanto o mantra se metamorfoseou ele mudou novamente.

“Oh meu Deus, eu estou ferrada. Você e sua boca grande Fabray!”

–Talvez ela só esteja esperando por você – continuou Quinn, baixinho, percebendo que o dono da voz que as levara para aquela saleta estava se aproximando. Ela não tinha absolutamente nada a perder e tinha tudo a ganhar. – Você pode ter sentindo algo extremamente forte por Finn Hudson um dia, mas passou. E de alguma forma esse sentimento por essa garota, esse sentimento tão antigo e recluso dentro de você, sobreviveu. E você e ela nunca tiveram algo realmente, Berry. Vocês são “meio que amigas” agora, ela deve gostar de você... Que tipo de idiota não gosta de Rachel Berry? Você é incrível, ela seria uma idiota em não ficar com você.

Ela é você, Rachel sentiu vontade de dizer, mas continuou com esse pensamento para si mesma.

–E o que eu faço? – perguntou esperançosa.

Estavam ali, envoltas na própria bolha invisível, que não perceberam que os sons lá fora daquele cômodo cessaram. Elas não tinham necessidade de continuar ali, apertadas e ofegantes (apesar da segunda coisa não ser exatamente por causa da pobre alma que vagava pelos corredores do WMHS solitária). Mas continuaram.

–Conte para ela – sussurrou Quinn. – Conte da melhor forma que conseguir, não se preocupe em embolar as palavras. Só não a deixe sem saber o que se passa no seu coração, Rachel. Ela... – Quinn sorriu se familiarizando com as palavras que estava preste a dizer e que repetiria no ultimo período do dia, clube do coral.– Ela pode te amar mais do que isso. Mais do que tudo que você já sentiu por outra pessoa ou Finn por você. Ela pode simplesmente te amar. Da forma que você merece ser amada.

Agora os corpos estavam praticamente grudados, com a proximidade além do necessário. Os rostos estavam muito próximos e as respirações se misturavam.

Silêncio.

Tudo estava quieto, a não ser pelo som das respirações ofegantes das duas.

Se encararam na escuridão... Desde quando estavam tão perto assim uma da outras?

Oh, ela está tão perto de mim... Eu posso sentir o coração dela bater tão acelerado quando o meu... Hm... Eu poderia beijá-la agora. Seria errado beijá-la agora?

Quinn se aproximou mais de Rachel, suas respirações se misturavam, os lábios quase se tocando... Era tentador. Por que não poderia beijá-la? Estavam ali, tão perto e queriam tanto isso... Por que não deveria?

Não!, a consciência de Quinn berrou e ela estacou no lugar, seu nariz se tocando com Rachel que parecia incapaz de fazer alguma coisa. Não! Não, não faça isso!

E por que não deveria? Ela está aqui tão perto de mim... Por que não? O que temos a perder!?, questionou Quinn a sua consciência exasperada e exaltada.

Tudo! Se fizer algo agora acha que essa amizade maravilhosa que conseguiu com ela vai sobreviver? Ela ainda está com Finn! E ele pode ser um imbecil, mas acho que não deveríamos começar assim! Isso é traição!, berrou sua consciência.

Eu estou com uma Rachel Berry ofegante, com olhos semicerrados e a boca entreaberta aqui, acha que Finn sequer passou pela cabeça dela agora?, perguntou novamente a loira a sua consciência maluca e que queria impedi-la de beijar a sua garota.

E acha que Rachel ficará feliz com isso depois? Ela vai surtar! Não deveríamos nos precipitar agora. Temos que esperar o Glee Club.

E por que?

A música, sua idiota! Esqueceu que ainda temos que conquista-la?

Não, mas tem que lembrar agora?

Tem. Você ainda vai cantar aquela música da gayband favorita da sua irmã e conquistar a morena a sua frente do modo certo, ok?

Mas... Nem um misero beijo? E se nunca tivermos outra chance?

Teremos outra e se não tivermos não fará importância...

Fará sim.

Daremos um jeito, Fabray. Agora se afaste dela.

Mas...

Sem ‘mas’! Se afaste dela, nada de beijo!

Argh! Tudo bem. Você é uma idiota.

Eu sou você, baby. Agora faça o que eu te mandei logo.

Urgh!

A loira sorriu sem graça para a morena e deu um beijo em sua bochecha, se demorando mais que o comum para se afastar.

–Pense nisso, Rach – pediu a loira rente a orelha da menor. – Mas pense com carinho e com cuidado. Você merece mais e alguém... Pode te amar mais do que isso.

Aquilo agora tinha virado lema?

Quinn se afastou e abriu a porta saindo pela mesma e deixando uma morena ofegante, confusa e indignada para trás.

O que? Ela realmente teve a chance e não fez nada?, questionou Rachel furiosa.

Esperava o que, querida? Ela estava falando sobre que você deveria pensar em terminar com seu namorado porque não “sentia mais a mesma coisa” por ele e estava de quatro por uma garota, disse a consciência da diva calmamente.

Oh meu Deus, estávamos tão perto e ela me deu um beijo na bochecha?

Bom senso, lembra? Ela provavelmente lembrou que você é comprometida diferente de você e se afastou. Finn é um idiota, mas você não deveria traí-lo agarrando a ex-namorada dele num armário de vassouras.

Oh céus, você está certa, temos que resolver isso com o Finn logo.

Eu sempre estou certa, querida.

Urgh! Convencida!

Mas ela realmente poderia ter nos beijado, seria... proveitoso.

Proveitoso? Seria maravilhoso! Provavelmente sairíamos pulando pelos corredores como se a Britt tivesse visto unicórnios ou como se Deborah tivesse acabado de ganhar o ultimo livro da coleção de “Os Heróis do Olimpo”.

Oh... Totalmente. Mas aquele beijo...

É, eu sei... Ela poderia ter nos beijado.

Rachel saiu do armário de vassouras dando de cara com sua melhor amiga sorridente e saltitante, com a blusa completamente roxa por causa da raspadinha e os cabelos molhados e com Santana, emburrada e com os braços cruzados.

–Uh Rach... Alguém resolveu sair do armário – disse Deborah ainda sorridente.

–Literalmente – resmungou Santana.

Rachel revirou os olhos.

–Urgh! – resmungou. – Por que está toda felizinha assim, Fabray Júnior? Acabou de ganhar na loteria? – Rachel estreitou os olhos e olhou de Deborah para Santana, depois soltou um sorriso malicioso. – Oh... O que vocês fizeram naquele banheiro? Posso saber?

–Oh não, Berry – disse Santana um pouco corada, mas Rachel mal notou. – Você é muito inocente para essas coisas, não podemos falar.

E novamente a pequena diva revirou os olhos, achava que se continuasse andando com aquelas duas seus olhos iriam ficar eternamente revirados.

–Cadê a Quinn? – perguntou Deborah confusa quando começaram a andar pelo corredor. A morena menor (em tamanho!) deu de ombros.

–Ela saiu antes de mim – disse Rachel.

–Realmente, a Fabray saiu de Nárnia antes de você – disse Santana com uma cara pensativa. Deborah mordeu o lábio contendo o riso e Rachel emburrou.

–Uma de vocês viu o Finn em algum lugar? Preciso falar com ele – disse Rachel séria depois de dois minutos de silêncio entre as três.

–O namorado é seu, Man... – Santana engoliu em seco com o olhar ameaçador da namorada em sua direção. – Rachel.

–Não vimos ele, R. Esqueceu que estamos matando aula? – perguntou Deborah gentilmente. – Uh... Essa expressão não está boa... Pelo visto a coisa é séria mesmo! Posso saber o que pode estar acontecendo entre o casal Finchel?

–Casal... O que? – perguntou Rachel e Deborah riu dando de ombros.

–Mania de juntar palavras – respondeu simplesmente.

–Eu preciso falar com ele e é realmente sério mesmo – disse Rachel.

–Problemas no paraíso? – perguntou Santana sarcástica e recebeu uma cotovelada da namorada na barriga, a latina arfou. – Ouch! O que eu fiz agora?

A Fabray morena claramente a ignorou e olhou para Rachel em busca de algum tipo de resposta.

–Nunca houve paraíso – resmungou a Berry. – Resolvi que vou fazer a coisa certa agora e parar de agir por impulso do meu orgulho ou para aproveitar de algo... Tudo com Finn foi por algo maior e ele realmente não me ajudou a esquecer e só piorou a situação. Isso é errado, eu estou o usando.

–Mas não houve um sentimento? – Deborah franziu o cenho, extremamente confusa. – Por que se não tiver tido sentimento algum eu juro que eu te torturo por todas aquelas noites que tive que te consolar por algo que o Finnútil fez e que te feriu, sobre o Finn e a Quinn, sobre como o Finn nunca te defendeu perante a Quinn, por todas aquelas ligações para dizer sobre o Finn e a... OH. MEU. DEUS! A Quinn!

–A ficha demorou a cair, hein? – perguntou Rachel divertida para Santana que ria da situação concordando com a cabeça.

–Sim D... Houve um sentimento, você mais que tudo sabe que houve um sentimento sufocante... E eu a principio achei que fosse pela pessoa errada... Mas está na hora de concertar isso, certo? – perguntou sorrindo gentil. Deborah estacou no meio do corredor e as duas outras garotas a olharam apreensivas. Um sorriso gigante surgiu no rosto da garota e ela deu um salto contente enquanto erguia os braços.

–Eu sempre estive certa! – exclamou contente fazendo a latina e a pequena judia se entreolharem e caírem na gargalhada. – Riam o quanto quiserem, mas eu estava certa o tempo todo! E finalmente a segunda pessoa assumiu isso.

–Segunda? – perguntou Rachel confusa. Santana deu um tapa na própria testa e olhou para Deborah mortalmente.

–Oh... Foi mal – resmungou. – Eu esqueci – olhou para a namorada pedindo desculpas. – Rach, o primeiro período acaba em cinco minutos, por que não vai até o armário do Finn e o espera para vocês resolverem isso? A gente se encontra no terceiro horário já que provavelmente perderá o segundo.

–Mas... – Rachel se calou, sabia que não obteria respostas. – Tudo bem, até mais.

–Até... – resmungou a Fabray. – E Rach...

–Sim?

–Vai me contar tudo depois, certo?

–Claro que ela vai, Deborah! Você é a primeira a saber de tudo nessa merda! – exclamou Santana puxando a namorada para longe dali.

–Claro, Deborah – Rachel disse um pouco mais alto para a amiga escutar, a mesma sorriu e acenou se virando e indo para a namorada sabe-se lá onde fazer sabe-se lá o que.

Rachel se virou e foi até o armário de seu namorado que ela pretendia que dali a alguns minutos virasse ex-namorado e eterno amigo.

Bom, ela esperava isso pelo menos.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam?
Mereço um tapa na cara? Um parabéns? Devo desistir de viver e me jogar pela janela? Comentem e eu saberei!
Bom, até mais.
Beijos amores *-*



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