Órfãos escrita por Lady Vérity


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Mais uma vez por aqui, dessa vez dando uma espiadinha nos pensamentos de um outro personagem, espero que gostem, a verdade é que simpatizei com esse... Quer dizer são todos meus filhos então é difícil dizer de quem gosto mais, mas gosto bastante desse. Desculpem a demora em postar este capítulo. Aproveitem a leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/541959/chapter/5

Joana conseguiu sair de debaixo dos escombros, estava ferida, mas havia se protegido com as asas impedindo que os machucados fossem piores. Escapou através do fogo pela porta da frente e fugiu da casa antes que pegasse fogo por completo, escondida entre arbustos de flores, observou Lara e os outros olhando a casa completamente em chamas e depois indo embora.

O braço direito de Joana estava quebrado, pendia inútil ao lado de seu corpo numa dor escruciante, a perna esquerda fora perfurada na coxa quando o garoto derrubou parte da parede sobre ela, se não fossem suas asas certamente teria quebrado costelas e perfurados órgãos vitais, machucado a cabeça gravemente, ao invés disso tinha escoriações pelo corpo, onde as asas não alcançaram e uma forte dor de cabeça. Mais uma vez suas asas salvaram sua vida, mesmo sem conseguir usá- las para voar.

Percebendo que não haviam sinais de seus amigos por perto, Joana foi invadida pela fúria, sentindo-se traída, sabia que eles nunca se importaram muito uns com os outros, mas nunca acreditou que eles realmente a deixariam para trás para morrer. Como seus criadores, seus amigos apenas queriam usá-la para propósitos próprios, eles não eram seus amigos de verdade, não conheciam esse tipo de sentimento, ela fora ingênua por acreditar em algo assim, por pensar que eram sua família, nenhum deles compartilhava dessa ideia de família, amigos, companheiros, ela entendera isso mais claramente agora, eles apenas queriam encontrar a forma mais vantajosa para sobreviver naquele mundo e ficar juntos parecia a maneira mais fácil e lógica. Até mesmo Benjamin não se importava com ela e, lá no fundo, ela sempre soube disso, sempre soube que tratava-se apenas de sexo, de trabalharem bem juntos.

A verdade era que Joana era a única que ainda estava apegada ao motivo pelo qual fora criada, ela era a única que tinha desejo sedento por matar as criaturas poderosas, que alguns acreditavam ser um novo passo da evolução humana, ela era a única que ainda perseguia aqueles a partir de quem fora criada, como se fosse o único propósito de sua vida, os outros se contentavam em apenas estar vivos e usar seus poderes para o que lhes fosse conveniente, no momento era conveniente caçar os Órfãos e todos os que eram como eles, porque havia uma empresa pagando muito para tê-los vivos.

Independente do motivo pelo qual fora criada, Joana escolhera caçar os Órfãos, ela odiava Joshua, odiava aqueles como ele e o desejo incessante em matá-los estava gravado em sua cabeça, não deixando-a esquecer, não permitindo a ela mudar de ideia, Joshua era uma criatura abominável que se importava apenas com seus semelhantes, não se importava com a humanidade e nem mesmo com ela, com aqueles que foram construídos a partir de seu DNA. Joshua era o DNA original que deu vida aos Outros, Joana fora a primeira criada, ela deveria ser um clone, mas assim era o DNA desses seres poderosos, não podia ser moldado, não podia ser copiado ou multiplicado, cada amostra de DNA tornou-se uma nova vida, com características distintas, herdando a super resistência, velocidade e regeneração do DNA original, mas incapaz de desenvolver qualquer habilidade especial, qualquer poder sobre-humano.

Joana arrastou- se até sua moto, mas sabia que seria impossível pilotá- la com apenas uma mão, recostou-se nela e respirou profundamente, tentando suportar a dor sem gritar, para esperar até que o braço e a perna estivessem em um estágio mais avançado da regeneração. Do bolso da calça jeans esfarrapada ela tirou o aparelho que usava para se comunicar com os Outros e atirou-o ao chão, estilhaçando- o, ao perceber que não haviam ligações ou mensagens, ninguém estava preocupado com seu paradeiro ou sua vida. Afastando do rosto alguns fios de cabelo, ela olhou para o céu e fechou os olhos sentindo o vento gelado soprar suavemente. Começou a pensar para onde iria e o que faria dali em diante, não voltaria para os Outros, não possuía um lugar só seu, decidiu então que deveria encontrar Joshua, apenas depois que o matasse poderia pensar mais claramente em que rumo poderia escolher para sua vida.

Assim que a perna parara de sangrar, o braço já possuía um pouco de firmeza e a dor era mais suportável, Joana montou sua moto e acelerou, queria chegar a uma farmácia, um mercado, qualquer lugar que pudesse encontrar algo para aliviar sua dor até que seu corpo se curasse sozinho por completo, ou ao menos água, estava com muita sede, mas estava em um lugar que parecia ser o fim do mundo, havia muita natureza e as casas eram bem afastadas umas das outras, a civilização estava longe com seus remédios e suprimentos.

Quando finalmente avistara um mercado aberto, Joana quase sorriu aliviada, o braço direito estava doendo ainda mais do que antes e a perna voltara a sangrar pelo esforço da viagem, ela estava cansada e sentia que os minutos até ali foram horas intermináveis e torturantes, não estava suportando manter-se em cima da moto, acelerou mais na tentativa de alcançar o mercado mais rápido e como se fosse uma misteriosa manobra do destino, viu os Órfãos, estavam entrando em um carro parado na frente do mercado. No segundo em que o carro começou a se afastar, Joana desesperou-se para alcançá-lo, deixando para trás suas necessidades, ignorando suas dores acelerou ainda mais a moto e foi quando seu corpo não mais suportou, ela caiu da moto, rolando para fora da pista, a moto tombou e derrapou pelo asfalto.

O carro dos Órfãos parou, com a visão embaçada Joana enxergou Oliver e Aylla saírem e olharem para ela por um momento que pareceu prolongar-se demais, ela queria se mexer, queria expor suas asas e ter em mãos suas penas espadas para lutar, mas nem mesmo conseguia mexer um músculo, sua visão apagou-se completamente enquanto Oliver se aproximava.

***

Haviam grilos e cigarras fazendo barulho em algum lugar próximo, a chama de uma vela dançava suavemente iluminando parte do rosto do homem que Joana demorou a reconhecer enquanto seus olhos o focalizavam. O quarto estava escuro, exceto pela limitada iluminação alaranjada da vela, era muito pequeno e não havia nada lá alem da cadeira onde Oliver estava sentado de olhos fechados com fones de ouvido e a cama em que Joana estava deitada. Suas dores haviam amenizado, ela mexeu o braço com suavidade para testar o quanto havia recuperado de firmeza e movimentos e então notou que estava presa, seus braços e pernas estavam envoltos por grossas correntes nas barras de ferro da cama.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bem, espero que tenham gostado e que tenham ficado curiosos para saber o que bem a seguir. ;*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Órfãos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.