Black Lotus Opera House escrita por Ally


Capítulo 1
London


Notas iniciais do capítulo

Oi!!!!
Gente, a fic é universo alternativo, Ciel já em 17 anos e Sebby não é demônio...mas ele tem vários mistérios que só vão ser revelados depois haha...eu já fiz umas short deles e sempre que posto apago. Primeira long assim...então me ajudem, qualquer crítica construtiva também é bem vinda ;D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/541939/chapter/1

A luz do sol que penetrava pela fresta da janela me fez resmungar alto, e então amaldiçoei o verão e toda a sua condição de fazer com que o dia fique claro mais cedo. Olhei para o lado e meu colega de quarto se encontrava sentado desconfortavelmente na cadeira de sua escrivaninha, amarrando o cadarço de sua bota preta recém lustrada.

- Alois, estamos em pleno verão e não devem passar das 5 da manhã. Posso saber por que diabos você ta aí todo pronto para um baile ou algo assim? – perguntei ao loiro que agora se levantava sorridente.

- Adoro como você consegue ter pensamentos coerentes a essa hora ainda que reclamando, Ciel. E bom dia para você também, são exatamente 6 da manhã. – respondeu colocando agora um longo casaco roxo.

- Você tem exatamente três segundos para sair do quarto sem risco de morrer de uma morte rápida, pois meu sono não me deixa ser mais cruel. – disse cobrindo meu rosto com o lençol, no intuito de fazer com que a luz não alcançasse completamente meus olhos.

- Phantomhive!!! – gritou o loiro dessa vez pulando em minha cama.

- Você está louco, Trancy, vou arrancar sua cabeça com o lençol e acredite que tornarei isso possível. – me sentei em posição de defesa.

- Os cursos de verão logo começarão, Ciel!! As atividades extras de música e literatura sempre começam mais cedo. Acho bom você se levantar e escolher logo um instrumento para comprar na cidade, pois esse ano dois tipos de atividade são obrigatórias no seu currículo! – gritou o loiro desesperado em cima de mim.

- Por que inferno tenho que cursar dois tipos de atividade extra? As aulas de literatura por si só devem cobrir pelo menos metade disso, já que poesia não é grade oficial.

- NÃO!! Você não fez parte de nenhuma delas em nenhum dos anos anteriores! Agora que está no penúltimo tem que fazer as duas, ao menos se quiser focar na conclusão de curso ano que vem, sem extras.

Olhei para meu colega com uma expressão derrotada. Ele estava certo. Eu nunca me fixava em nenhuma atividade fora das aparentes na grade de horários, e sem no mínimo duas delas, eu nem poderia passar para o último ano. Essa política escolar sempre me chateou. Entre arco, dança, música, defesa pessoal, poesia, e desenho, nada me chamava atenção. Não tenho a mínima coordenação nem criatividade, talvez eles pudessem criar uma atividade extra, fora essas, que não tivesse a parte insuportável do ambiente escolar participando, e que não exigisse alguma habilidade inexistente no meu ser.

- De quais você vai participar esse ano? – perguntei já me levantando, sabendo que teria que ir para a cidade acompanhando Alois.

- Para a sua sorte, já nos inscrevi em duas, nas mesmas, obviamente. – disse o menino com o casaco roxo cobrindo metade das minhas cobertas.

- MAS O QUÊ??????

- Música e arco. Acho bom levantar. Se eu não tivesse te inscrito já estaria fora e teria que fazer depois. De nada, sou um ótimo amigo. Agora levanta dessa cama e vamos às compras!!! – afirmou, levantando da minha cama e já abrindo a porta do quarto.

- Já te avisei que você fica péssimo de roxo?

- Já te falei como vai ser orgástico te observar tocando qualquer tipo de instrumento e sendo completamente ruim nisso...durante meses??

- Te odeio.

- Nem odeia. – respondeu convencido – se me odiasse não me agradeceria loucamente por ter reservado um lugar na ópera da cidade hoje a noite.

Com essa, o menino saiu do quarto, conseguindo de mim um pequeno sorriso torto. Alois era exagerado, muitas vezes irritante, mas um bom amigo. Sabia quando eu precisava dele, e muitas vezes fazia algo para me agradar, considerando que o meu humor anda sempre no negativo. Ele sabe que a ópera é uma das poucas coisas que realmente me agradam, e apesar de não demonstrar com facilidade, me sinto confortável e aprecio o tipo de atenção que ele demonstra por mim.

Levantei da cama me espreguiçando de maneira demorada, e passei pelas paredes brancas do quarto até o banheiro ao lado. A água estava fria, mas a minha paciência era zero para esquentar alguma coisa, o que me fez sair ainda mais chateado do banho. Enquanto Alois sempre opta por roxo ou vermelho, eu me fixo em cores mais fechadas, que variam do vinho ao preto. Hoje, uma roupa de gala azul marinho foi selecionada, com um chapéu de mesma cor que só seria utilizado mais tarde. A ópera era noturna, porém seria mais adequado se vestir para ela que para a compra de um arco e um provável violino.

***

O sol me deixava desconfortável, tendo em vista que Londres e seus arredores não costumavam ser nada menos que cinzentos na maior parte dos dias. Alois já me esperava na carruagem, conversando alegremente com o chofer da família Trancy.

- Por que simplesmente não pegamos um dos transportes da escola? Você fez Alfred sair da casa na cidade para cá.

- São só duas horas e meia de viagem, Ciel. E no final de tudo, com Alfred voltaremos a hora que quisermos. Odeio depender do transporte escolar. – resmungou o loiro entrando na carruagem, me fazendo lembrar que entre mimados, ele é o pior.

O caminho até Londres realmente não era tão longo, e o fato da escola se localizar em meio ao campo me dava uma sensação de paz, sem barulhos pela manhã e pessoas correndo através das grandes rodas de madeira das carruagens. As duas horas e meia, no entanto, eram entediantes em uma manhã de sono, e pela primeira vez em muito tempo, o barulho da proximidade das pessoas não me alarmou de uma maneira negativa.

- Espero que você tenha em mente um ótimo lugar de café-da-manhã, Alois.

O loiro apenas riu, antecipando minhas reclamações se um plano fora do perfeito fosse executado. A comida no restaurante próximo era boa, e meu chá favorito foi servido de maneira ao menos decente, fazendo com que minha inquietação fosse ao menos diminuída. Entre a hora que chegamos e o almoço, conseguimos materiais necessários para o período pós-verão, e dois arcos com flechas que eu mal conseguia segurar. O comentário de Alois era que ao menos eles tinham o tamanho certo, e tudo o que eu queria fazer era pegar uma daquelas fechas e com uma das minhas mãos enfiar numa das pernas saltitantes dele. Quando explicitei esse sentimento, ele apenas afirmou não mais estranhar meus pensamentos mórbidos e com um recheio de psicopatia.

- Ainda não acredito que levamos uma manhã para comprar cadernos, tintas de papel e dois arcos. - reclamei no meio da segunda refeição.

- Ciel, minhas compras precisam ser feitas com perfeição e ao menos você me deve isso por eu ser obrigado a assistir uma apresentação de no mínimo umas três horas pela noite.

Alois tinha um ponto, e sabia como se utilizar bem dele. Todas as minhas esperanças de pensar que ele tinha comprado os ingressos para me agradar foram por água abaixo. Ele apenas tinha consciência o suficiente de que eu seria um pé no saco o dia todo, me segurando apenas pelo momento da ópera.

Durante a tarde, fomos comprar nossos instrumentos para a aula de música. Alois ficou fixado por uma harmônica de cristal, que não seria fácil de transportar e que ele nunca, nem em mil séculos aprenderia a tocar. O som que a mulher fazia na demonstração do instrumento era magnífico, e eu tinha certeza que tudo que Alois poderia fazer com aquele belo instrumento seria quebrá-lo ao meio, assim como eu. Depois de passar por um piano e um saxofone, consegui convencer meu amigo de que a flauta era algo delicado e totalmente válido de ser explorado, e enquanto ele emitia sons horríveis de sua recém escolha, eu fazia ainda pior com o violino. Ainda não sei bem porque escolhi o violino, talvez porque me lembrasse da época em que tudo era normal, em que meu pai ainda sorria durante o jantar e algum criado tocava ao fundo.

O resto do dia foi de algumas compras sem importância e mais reclamação da minha parte, até que finalmente a noite chegou. As pessoas se reuniam bem vestidas junto ao Teatro Black Lotus, e finalmente, pelas próximas horas, Alois não escutaria nenhuma reclamação de minha parte. Alfred havia reservado os melhores lugares do camarote para nós dois, e ainda que já cansado, eu conseguiria ver perfeitamente a orquestra e o espetáculo.

Alois me entregou um de seus binóculos, e além de conseguir olhar os rostos dos atores, conseguia observar cada participante da orquestra e seu instrumento. Todos esses últimos usavam máscaras, elas variavam entre brancas com vermelho e vermelho com preto, chamando atenção da pouca parte da audiência que realmente conseguia observar a orquestra. E foi esse o meu erro.

Em nenhum momento do show eu consegui me focar nos atores, nem nas letras cantadas por cada um. Na realidade, eu só saberia dizer a história apresentada por ter lido a peça anteriormente. Durante todo o espetáculo, minha atenção se fixava em apenas um ponto, um violinista em específico. Tocava com uma paixão fora do comum, e apesar de não ver detalhes de seu rosto escondidos pela máscara, eu conseguia ver seus olhos, marrom avermelhados, ligeiramente abertos, apaixonados e ao mesmo tempo tão atentos.

Foi quando o vi pela primeira vez, e nunca imaginaria que qualquer tipo de sentimento vindo daqueles olhos, me atingiria de uma maneira inexplicável por tanto tempo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

comentar ajuda!!! :**



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Black Lotus Opera House" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.