– Você acha que vai dar tudo certo? – pergunto receosa enquanto eu e Peeta paramos na porta do orfanato que eu vi na página da internet.

– Vai dar tudo certo amor. – responde passando os braços pela minha cintura.

Ele aperta a campainha, que faz um som alto, e depois de alguns minutos a porta se abre revelando uma mulher, não diria senhora, com os cabelos totalmente grisalhos e presos em um coque firme. Ela vestia uma roupa social perfeitamente passada e seu rosto tinha traços de cansaço, ela também era meio assustadora.

– Pois não? – pergunta educadamente.

– Oi, eu sou Peeta Mellark e essa é Katniss Mellark, nós marcamos hora aqui porque queremos adotar uma criança. – diz Peeta com seu jeito educado e a mulher parece nos reconhecer.

– Ah, claro, eu falei com você por telefone. Sou Coin, a diretora do orfanato Sunshine. – ela estende a mão para nós e nos cumprimenta – Entrem. – ela abre espaço e eu e Peeta entramos de mãos dadas – Vamos conhecer as crianças.

Ela abre uma porta enorme depois de seguimos por um corredor largo, atrás dessa porta eu vejo um quarto grande com várias camas e com vários acessórios cor-de-rosa.

– Acho que esqueci de falar que esse orfanato é só de meninas. – diz Coin enquanto entramos no quarto e posso sentir culpa na sua voz.

– Tudo bem. – fala Peeta, eu estou um pouco chateada mas, acho que essa informação não é tão relevante.

– Bom... – começa e eu vejo as meninas cada uma em sua própria cama – Essa é a Lindsey ela tem 5 anos... – Lindsey é loirinha, tem lindos olhos cor de mel e seu rosto mostra delicadeza.

Depois ela nos apresenta Brooke, de 4 anos, que tem cabelos castanhos e lindos olhos verdes, ela é bem sorridente. Depois conhecemos Emma, de 6 anos, com seus cabelos negros e olhos castanhos muito lindos, ela é bem inteligente pra uma garota de 6 anos e Coin nos contou que ela é a melhor de sua turma na escola. Conhecemos também a Emilly, a Abigail, a Elizabeth, a Alexis e a Alyssa. Todas tinham me conquistado mas, não era aquela coisa de ter uma ligação forte logo de cara, e eu não imaginava nenhuma delas em minha casa, sendo minha filha, mesmo que eu tenha amado conhece-las.

Então, eu vi uma garotinha desenhando em uma mesa daquelas que as crianças usam na sala de aula do jardim de infância, percebi que ainda não tínhamos conhecido ela, por enquanto, eu só via seu cabelo castanho preso com uma presilha de florzinha em um rabo porque ela estava de costas para mim.

– Ainda não conhecemos aquela menina. – digo para Coin e ela olha na direção em que aponto, Peeta também olha.

– Ah... – ela parece meio desconfortável – Aquela é Isabelle, mais conhecida como Belle, ela tem 3 anos e é bem inteligente e esperta. Deixaram ela aqui na porta do orfanato dentro de uma caixa quando tinha apenas 5 meses, nunca descobrimos quem a deixou aqui e a pessoa não a procurou, mas sua história é cruel. Aqui no orfanato e na escola ela é bem fechada, não conversa muito nem comigo nem com as meninas, por isso é uma menina meio complicada. Mas, ela sempre nos surpreende com seus desenhos, eles são ótimos. – Coin termina a história de Belle e eu me surpreendo porque, mesmo não vendo seu rosto eu me emocionei com sua história e já senti uma meia ligação com ela.

– Nós podemos conhecer ela? – pergunto e Peeta me olha como se fosse falar a mesma coisa.

– Claro. – ela diz e nos aproximamos da, “misteriosa”, garotinha – Belle? – chama Coin quando estamos bem próximos, a garotinha a olha e eu vejo seu rosto delicado, ainda mais com seus olhos azuis que a fazem parecer um anjo, ela também tem uma franjinha linda que a deixa mais fofa – Belle, esse é o casal que veio nos visitar, eles querem te conhecer.

– Oi... – começa Peeta – Eu sou o Peeta e essa é a Katniss. – diz e a menina continua nos olhando, bem que Coin falou que ela é complicada.

– Com licença, Alyssa está chorando. – nos assentimos e Coin se afasta de nós.

– O que você está fazendo? – pergunta Peeta para ela, eu deixo que ele tente se comunicar com ela já que ele é ótimo com crianças.

– Desenhando. – responde baixinho depois de Peeta se agachar ao lado de sua cadeira.

– Coin nos contou que você desenha muito bem, o que está desenhando agora? – tento me comunicar também.

– Um copo de millk-shake. – responde e suas bochechas ficam vermelhas, ela é tão fofa.

– Você gosta de milk-shake? – pergunta Peeta.

– Na verdade, eu nunca tomei um. – responde voltando a desenhar tranquilamente e eu e Peeta nos olhamos, acho que ela está começando a ficar tranquila em relação a “comunicação”.

– Nós poderíamos te levar para tomar um, aposto que íamos nos divertir. – sugiro e ela me olha num misto de curiosidade e surpresa.

– Sério? – vejo um brilho nos seus olhinhos azuis.

– Uhum. – Peeta responde por mim.

Eles se prendem em uma conversa só deles e eu fico um pouco de fora, mas não fico chateada com isso e sim feliz, quer dizer que eles estão se dando muito bem. Bom, enquanto eles conversam eu vejo o desenho dela e me surpreendo, quero dizer, é um desenho de criança mas os traços são firmes e é muito bem pintado. Acho que parte da boa comunicação de Belle e Peeta é porque os dois desenham bem.

– Não é Kat? – fala Peeta e eu saio dos meus pensamentos.

– O que? – pergunto perdida e os dois trocam risinhos. É, eles estão se dando bem até demais.

– Eu disse que você ama pão de queijo e que um dia poderíamos fazer alguns para a Bells. – Bells? Eu fiquei tanto tempo por fora da conversa assim? – penso, mas ao contrário do que você pensa, não estou com raiva e sim feliz por eles estarem conversando tão facilmente assim.

– Claro! – respondo animada.

– Desculpem a demora. – ouvimos a voz de Coin e olhamos para trás.

– Tudo bem, estamos amando conversar com a Bells. – fala Peeta e Coin nos olha surpresa.

– Então, desculpem interromper mas, agora eu preciso conversar com vocês.

– O tempo passou rápido... – digo.

– Nós vamos mas voltamos, ok Bells? – diz Peeta e Belle concorda com a cabeça, nós a abraçamos, damos um beijinho em sua bochecha e levantamos para seguir Coin.

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Coin nos olha de um jeito que não consigo entender e ninguém se pronuncia. Agora estamos em sua sala, nós estamos em frente a sua mesa e Peeta segura minha mão, as vezes eu a aperto um pouquinho e vice-versa.

– Belle nunca ficou tão à vontade com um casal visitante. – Coin finalmente se pronuncia e eu quase suspiro de alivio, mas por outro lado penso no que ela disse.

– Bem...nós adoramos conhecer ela. – Peeta se pronuncia sentindo minha falta de palavras.

– Ela é um doce de menina. – completo sua fala.

– Sim, ela é um doce mesmo. Mas, agora eu preciso fazer algumas perguntas pra vocês, tudo bem? – nós concordamos com a cabeça – Bem, primeiro eu preciso saber por que vocês querem adotar uma criança?

Aperto a mão de Peeta porque sei que ele é ótimo com palavras.

– Nós recebemos a triste notícia de que não podemos ter filhos, mas esse sempre foi o nosso sonho então não desistimos. – meus olhos chegam a pinicar mas eu forço para as lagrimas não saírem, sei que Peeta também se emociona quando falamos sobre esse assunto mas ele sabe controlar suas emoções.

– Certo... – ela anota alguma coisa em sua prancheta.

– Qual a experiência de vocês com crianças?

– Eu tenho um irmão mais novo e sempre cuidei dele, claro que ele está mais velho agora. Eu também tenho vários primos pequenos e quando precisa eu e Katniss cuidamos deles. – responde Peeta.

– Pelo que eu percebi, vocês gostaram bastante da Isabelle. – observa e nós assentimos sorrindo – Vocês gostariam de ver a ficha dela? – ela nos estende a ficha e eu a pego, mas o que eu estranho é que, na parte em que está escrito nome completo só está escrito Isabelle – Como vocês perceberam, Isabelle não tem sobrenome porque, como eu disse, ela foi abandonada na porta do orfanato e a pessoa também não deixou nenhum nome. Eu só estou mostrando isso para vocês porque eu quero que vocês vejam que ela é meio complicada e vai dar trabalho, vocês vão ter que colocar os seus sobrenomes nela e também não temos a data exata do seu aniversário, por isso, colocamos o dia em que ela chegou aqui. Eu também não sei como ela foi tão aberta com vocês já que ela sempre se esconde no sótão quando temos visitantes dispostos a adotar uma criança.

– Mas... – tento falar.

– E eu sei que vocês querem adotar ela, dá para ver em seus olhos. – me interrompe e eu percebo que isso não dá para negar.

A sala fica em silencio, fico perdida em minha mente por algum tempo e sou eu quem interrompe o silencio.

– Nós estamos dispostos a enfrentar todos os obstáculos.