[...] Said not to repeat yesterday’s mistakes
What I tend to do when it comes to you
I see only the good, selective memory[...]

~Can't remember to forget you

Eu sei que pode ser estranho de acompanhar uma história que vai para trás ao invés de ir para frente, mas peço que tenha paciência de me acompanhar em mais uma viagem. Vamos para a Segunda, uma semana antes da Segunda do início da história.

Dessa vez o foco não começa em Leone, muito menos em Bianca. Estamos na casa de Jade às 19:47. Quem é Jade? Jade é a amiga-irmã de Bianca. Elas se conheceram na infância e criaram um forte vínculo de amizade. Uma conta tudo para outra. E é por isso que estamos aqui. Estamos esperando uma ligação.

TRIMM!!!

Bem na hora.

— Alô? — Jade tira o telefone do bolso e atende.

— Jade? — Do outro lado, fala Bianca. Sua voz está embargada por causa do choro. — Jade dá para você vir aqui em casa.

— Agora?

— Sim, por favor. É importante.

— Mas o que foi que aconteceu?

— Não quero falar por telefone.

— Tá certo. Em alguns minutos eu chego ai. — Jade desliga e se prepara para ir à casa da amiga.

Durante o caminho, sua mente não para de pensar nas possíveis razões do choro da amiga. Chegando lá, Bianca abre a porta e dá um grande abraço nela. Segundos atrás Bianca tinha se acalmado um pouco, mas ao ver a sua amiga desabou novamente.

— E-eu... Vi. — Gaguejou Bianca. — Se alguém tivesse contado eu não teria acreditado, mas... mas... Eu os vi.

— Calma. Me conta o que aconte... Espera, não me diga que... — As poucas informações que Bianca deu durante o choro foram o suficiente, tanto que, não foi necessário resposta nenhuma.

— Como aquele cafajeste teve coragem de fazer isso? — Disse Bianca.

Para dar uma ideia geral do ocorrido: Bianca namorava há cinco meses um jovem advogado. A relação deles parecia bem sólida no começo, mas dois meses atrás começou a declinar. Os encontros, antes constantes, começaram a ser cada vez menos frequentes com o passar do tempo. E isso não poderia ter um desfecho mais trágico do que teve. Flagrar o namorado em meio a beijos com uma colega de trabalho causou um dano fatal no coração de Bianca.

Já que não quero me prolongar muito em um único momento, irei resumir o acontecido. Jade, como toda boa amiga tentou ao máximo trazer o sorriso de volta ao rosto de Bianca. Ela tentou de todas a formas tirar a amiga daquele poço de amargura. Talvez levá-la para sair tivesse melhorado seu ânimo, mas é de conhecimento geral que, em tempos de tristeza o que mais se repetem são as músicas de mais deprimentes possível esperando que elas acelerem o afogamento nas próprias lágrimas.

Felizmente, conversar com Jade sempre melhorava o humor de Bianca, não importava a situação. Muitas horas depois Jade voltou para a sua casa depois de se certificar que Bianca finalmente caíra no sono. O que ela não sabia é que o corpo podia parecer adormecido, mas a mente de Bianca ainda vagava por inúmeras lembranças do agora ex-namorado antes de realmente ter um descanso.

Ao acordar, ainda atordoada pelos acontecimentos passados, limitou-se apenas a passar um tempo sentada na cama, até que algo perto da cabeceira de sua cama lhe chamou atenção.

“Espero que essas lágrimas tenham servido para lavar a sua alma. Sei que ainda não é fácil, mas lembre-se que, quando os outros se forem, eu sempre estarei aqui para te levantar.”

Mais algumas lágrimas caíram do rosto dela, ao ler o bilhete deixado pela amiga. Com a autoestima levemente acentuada Bianca começou a recolher as rosas espalhadas pela casa, que a lembrava do passado, e coloca-las numa cesta. As rosas poderiam lhe trazer más lembranças, mas elas geralmente significavam bons sentimentos para algumas pessoas. E isso lhe fez decidir distribui-las pela cidade ao invés de sentencia-las à morte.

Mesmo com o acontecido, com o fatídico flagra, mesmo com as desculpas estúpidas que ele deu, Thomas, o ex, ainda abalava Bianca emocionalmente. Entretanto, com a entrega de cada uma daquelas rosas ia também cada uma das memórias do passado de Bianca. Passado esse, que mesmo sem conseguir apagá-lo, iria ser substituído por novas lembranças muito melhores. Principalmente a lembrança de um beijo, à luz do luar, com um novo portado de uma daquelas rosas.