Gritos no Silêncio escrita por Jessica Stall


Capítulo 1
Capítulo 1 - Balanço.




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Tudo estava quieto naquela noite de sexta. Na UTI do Hospital St. Bárbara Rose, Claire Daan deixava um copo de café tremer em suas mãos. Ao seu lado, seu irmão mais novo, Charlie, fingia dormir, com a cabeça encostada na poltrona. Alice estava sentada no colo de seu pai, os cabelos lisos e loiros batiam de leve no rosto de Robert Daan. Ouviu-se passos. Um homem alto de óculos saiu do quarto, com uma prancheta na mão. Abriu um sorriso.

- Boas notícias. A Sra. Daan está liberada! - todos se levantaram de uma vez só, Charlie deu um pulo da cadeira, as bochechas rosadas destacando-se na pele branca. Riram, sorriram, abraços e gritos de alegria ecoaram pelos corredores. Sally Daan estava curada.

- Podemos ver a mamãe? - perguntou Alice, olhando para o médico.

- Não hoje. Já contamos a boa notícia à ela, mas precisa dormir para se recuperar da estadia no hospital.

- Tem data para a liberação? - Robert Daan olhava para a porta e para o médico.

- Provavelmente, ainda esta semana. Ainda tenho que comunicar ao conselho médico que cuida do caso, mas não se preocupem, está tudo bem agora.

Assentiram. Claire jogou o resto do café no lixo e decidiu, pela primeira vez em 8 meses, voltar para o pequeno apartamento na Abley Street junto com os irmãos no carro do tio. Nunca percebera como estava exausta! Dormiu um sono pesado, e acordou no outro dia para ir à escola. Claire Daan não tinha muitos amigos na escola, então contou a sua nova-alegria para seus únicos e melhores amigos: Jenna Luckson e Leo Cass. Ambos vibraram com a notícia, Jenna mal parava de sorrir. O dia passou normal, foi ao hospital depois da escola e falou com a mãe, radiante. A rotina segiu-se assim durante 3 dias, até Sally Daan ser liberada. No 5 dia de sua estadia em casa, o pai chamou-os após a escola. Iriam mudar-se de lá para o vilarejo de New Steom, do outro lado do Condado. A mãe de Claire sempre desejara morar em uma bela e antiga casa rústica afastada do país, em um pequeno vilarejo, aonde poderia viver seguramente e explorar as montanhas e colinas, lagos e construções vitorianas. Charlie e Alice choraram um pouco, afinal tinham seus amigos e professores lá. Claire permaneceu calada. Teria de despedir-se de Leo, seu melhor amigo há 3 anos e pior: Despedir-se de Jenna, sua primeira e única amiga. Sentia que conseguia fazer tudo por Jenna, e vice-versa. Amigas desdo início do Jardim de Infância. Quando contou para Jenna no outro dia, ambas desmoronaram-se em lágrimas no tapete rosa do quarto da jovem Luckson. No jantar daquela noite, Claire descobriu que mudariam-se para "A Casa dos Sonhos" dalí a 4 dias.

- Promete que vai me ligar? - perguntou Jenna, abraçando a garota pálida e morena.

- Prometo. Todos os dias.

- Todos os dias?

- Sim. Uma quando eu acordar e outra quando eu for dormir! - respondeu Claire, e riram.

- E oque vou fazer durante todo esse tempo?

- Bem, você vai continuar morando em uma cidade. Eu vou para um vilarejo fim-de-mundo! - disse Claire. Riram, mas um peso caiu na mente da garota. Era verdade, não devia haver nada legal para fazer em New Steom.

Foram umas 5 horas de viajem percorridas logo depois do almoço. O vilarejo era situado em uma paisagem deprimente e cinzenta. Parecia que tudo lá havia pegado fogo e permanecido carbonizado. A casa ficava um pouco distante de lá, porém a paisagem era melhor: Folhas amareladas e troncos sólidos a cercavam, parecia que estavam no outono.

A casa era grande, o tripo do tamanho do apartamento ou maior. Havia vitrais que partiam no chão até o teto em algumas partes da casa, e Charlie achou aquilo bem legal. Dava para ver a floresta por eles.

Claire tinha um quarto só para si: Antigamente tinha de dividi-lo com Alice. As paredes eram brancas e uma cama enorme a esperava. Olhou pela janela: As árvores ou eram amarelas ou cinzas. Claire decidiu que de manhã as pintaria a parede com flores de cerejeiras.

Tirou as roupas da mala e as guardou no closet. Pelo chuveiro a água saia quente. Terminou o banho e jogou uma blusa vinho com calça por cima do corpo pálido. No andar de baixo o pai ainda organizava tudo, enquanto a mãe aprontava o jantar. Sopa de carne. Depois do jantar, Claire ficou na sala brincando com os irmãos. A TV mostrava o noticiário e tudo parecia estar bem. O telefone toca no andar de cima.Jenna. Pensou Claire, que subiu as escadas como um raio.

- Alô? Jenna? - silêncio.

- Alô, com quem gostaria de falar? - um ruídos de algo caindo repentinamente tomaram conta. Parecia uma risada no fundo e algo líquido começou a ser ouvido. Claire se irritou: - Tem alguém aí?

Um silêncio mortal tomou conta. Frio. Ligação finalizada.

Bateram o telefone. Claire Daan olhou pela janela na parede do telefone. O céu estava escuro, e as árvores mal apareciam. Mas havia estrelas. Pequenas e brilhosas estrelas. Contou para os pais, que foram para o lado de fora. Robert, Sally, Charlie, Alice e Claire olharam pelo céu sentados no gramado curto do lado de fora da casa. Chocolate quente estava nas mãos de cada um. Não dava para ver estrelas como aquelas na cidade.

Na casa tinha um parquinho de madeira, com balanço no lado da frente. Claire olhou para ele, pensando em como a mudança havia sido boa, no final de contas. O pai trabalharia em casa, resolvendo os casos e indo à cidade apenas em audiência. A escola era pequena, tudo era seguro. Um sorrisinho beirou nos lábios rosados da menina, que recostou-se no cobertor que a enrolava. Olhou para o balanço denovo: Um esboço passou atrás dele, entre as árvores.

Claire arregalou os olhos e e mexeu-se, assustada. Um pouco de chocolate-quente caiu na sua mão, fazendo-a arder. Olhou para a palma: Não havia sido nada. Recostou-se e olhou para as estrelas, mas algo a incomodava. Abaixou o olhar.

O esboço havia sumido.

Não havia muito vento naquela noite. Só umidade.

Mas o balanço se mexia forte, para frente e para trás.


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