Amizade... Ou Não? - É só o começo. escrita por Alessa Beckett Castle


Capítulo 23
Acerto de Contas


Notas iniciais do capítulo

Como prometido meus amores... O capítulo final.
Apreciem e leiam as notas finais.



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      - Eu juro que jamais esperava acabar atrás das grades. – Anne comentava consigo mesma. – É meio deprimente aqui. E agora eu posso dar adeus à Colorado State.

      - O que você pretende fazer em Colorado State? – Esposito questionou, entrando na área das celas.

      - Bom... Eu pretendia cursar Veterinária para trabalhar com a unidade K-9 da NYPD. – A garota confessou. – Eu sempre quis trabalhar com animais E com a polícia. Graças a esse caso, eu posso esquecer.

      - Você não tinha sido presa em L.A., não é? – Espo suspirou analisando a expressão da adolescente.

      - Não. Nunca puderam vincular nenhum crime à mim. E nunca tentaram também. – Anne relatou. – É a primeira vez que sou suspeita de algo. E eu nem cometi o ato. Agora eu estou fichada, e nenhuma universidade vai permitir que eu entre tendo antecedente criminal. Parece até que conspiraram contra mim.

      - Espera. – Espo chamou a atenção dela. – Repete isso.

      - Agora eu estou fichada? – Anne indagou confusa.

      - Não. A última parte. – O detetive pediu.

      - Parece até que conspir... Vadia! – Anne bateu contra a grade enfurecida. – Era óbvio que ia bater.

      - Ok, devagar. – Espo proferiu calmamente. – Bater o quê?

      - A amostra de DNA que Lanie encontrou e bateu com o meu. – Anne esclareceu. – Nunca ia coincidir com o dela, ela nunca foi fichada e o Sistema só tem digitais dela. Ela nunca permitiu outra forma de identificação. E agora eu sei o porquê.

      - Você está falando da sua mãe? – Espo questionou. – Por que ela faria isso?

      - Porque ela culpa Anne por ter tido múltiplos fracassos. – Kate completou. – Eu quero conversar com ela.

      - Certo. Eu vou trabalhar nessa parte pestinha. – Espo implicou antes de deixar o ambiente.

      - Diga. – Anne solicitou, recebendo um olhar perdido como resposta. – Você disse que queria falar comigo.

      - Ah sim. – Kate assentiu, sentando no banco do lado de fora da cela. – A carta que eu recebi era de Sarah. Ela exigiu que eu e Castle fizéssemos você desistir da sua herança e ceder tudo para ela. E pediu que eu a encontrasse no local onde você achou o corpo do seu pai.

      - Por quê lá? – Anne ponderou. – Só pode ser uma piada de muito mau gosto. E eu jamais vou dar nada para ela. Eu dou minha herança para qualquer um, menos ela. Ela não fez nada com você, não é?

      - Não. – Kate garantiu. – Só me ameaçou verbalmente. Algo sobre estarmos no fogo cruzado e que devíamos sair antes que “você nos prejudicasse”, como ela disse.

      - Ela tem razão. – Anne murmurou sem olhar para a detetive. – Doeu muito concordar, mas é verdade. Eu trago certo azar para as pessoas ao meu redor. Inclusive para ela. Ela perdeu tudo ao me ter.

      - Explica isso melhor. – Kate pediu gentilmente.

      - Claro. – Anne se acomodou para encarar Kate. – Antes de conhecer meu pai, Sarah era estudante de direito. O objetivo dela era ser desembargadora. Meu pai era oficial na época. Eles se conheceram quando Sarah foi assaltada. O ladrão esbarrou em meu pai, o que permitiu que ele o prendesse e devolvesse a bolsa para ela. Eles trocaram telefone e foram se falando. Eles namoraram por dois anos antes de eu aparecer. Ela trancou a faculdade para lidar com a depressão pós-parto. Aparentemente ela não soube lidar. Como ela manteve o curso trancado por muito tempo, ela perdeu a vaga. Então, ela me culpa por ter acabado com o futuro dela.

      - Nossa. Eu... Nem sei o que dizer. – Kate tentava refletir sobre a súbita revelação.

      - Eu sei. – Anne suspirou. – Você sabe que eu não tenho culpa, mas, ao mesmo tempo, percebe que Sarah precisa de ajuda. Entretanto, ela nunca vai aceitar. É mais fácil apontar o dedo para mim e descontar suas frustrações em agressões físicas.

      - Não se preocupe. Você não vai ficar aqui por muito tempo. – Kate garantiu. – Enquanto a gente conversa, Lanie está analisando o fio de cabelo que eu arranquei de Sarah.

      - Voc... O quê? – A adolescente questionou atordoada. – Conta como foi isso.

      - Está bem. – Beckett assentiu.

      Flashback On

      - Eu fiz minha parte. – Sarah ergueu os braços em rendição. – Vocês foram avisados. Não reclamem se um de seus anjinhos se ferir.

      - Escuta aqui. – Kate a segurou pelo cabelo quando ela fez menção de se afastar. – Você não vai encostar em nenhum de nossos filhos. E essa conversa nunca aconteceu. Eu fui clara?

      - Eu não tenho medo de você. – Sarah retorquiu, se desvencilhando da detetive.

      - Pois deveria ter. – Castle aconselhou.

      Flashback Off

      - Vocês se arriscaram muito. – Anne comentou. – Mas obrigada.

      - Imagina. Você é muito importante para nós. – Kate respondeu com um sorriso carinhoso.

      - Escuta, eu queria perguntar algo. – Anne chamou novamente a atenção da detetive. – Sobre ontem... Se fosse eu no lugar de Diana...

      - Eu teria reagido da mesma forma que os pais dela. – Kate assegurou. – Mas nunca vai acontecer. Eu vou tirar você daí e vamos provar que Sarah é a verdadeira culpada.

      - Está certo. – Anne concordou aliviada. – Obrigada.

      ----- // -----

      - Lanie! – Johnny chamou a legista. – Conseguiu o resultado?

      - Jonathan, pela centésima vez! – Lanie bradou. – Quando eu conseguir algo, eu vou avisar. – Ela reforçou em um tom mais calmo. – Eu sei que você quer provar a inocência de Annelise tanto quanto qualquer um de nós. Mas não podemos passar por cima de tudo só por ser ela. Ela ia arrancar sua pele se você fizesse isso.

      - Eu sei. – Johnny suspirou. – É só que... Isso é injusto. Nos últimos tempos ela vem sido uma boa pessoa para o mundo. Ela não merece passar por esta situação.

      - E é por isso que estamos trab... – Lanie se interrompeu, fitando atentamente a amostra em que trabalhava. – Johnny... Eu tenho uma boa notícia.

      ----- // -----

      - A nossa suspeita é Sarah Parker. – Kate anunciou para os oficiais e detetives presentes. – Depois de uma análise mais profunda, encontramos evidências que comprovam que ela é a verdadeira responsável pela morte de Diana.

      - Quem a ver pela rua, eu aconselho a ter cuidado. – Anne alertou. – Ela possui traços de psicopatia, e pode cometer atentados contra a vida de vocês. Não invistam em uma abordagem direta a menos que possuam total ciência de que podem sair ilesos.

      A equipe da 12ª delegacia se dispersou, todos voltando às suas respectivas tarefas.

      - Hey garota. – Espo chamou a adolescente. – Pronta para acabar com seu pesadelo?

      - Como eu nunca estive antes. – Anne assegurou. – Eu não sei como eu posso agradecer vocês.

      - Pode se dedicar aos estudos para entrar em Colorado State. – Ryan sugeriu. – Espo comentou sobre seu sonho. E para a sua sorte, eu perdi a sua ficha de prisão. – Ele acrescentou piscando para a garota.

      - Sério? – Anne sorriu com a ideia. Suas chances ainda existiam. – Vamos acabar com isso.

      Eles se dividiram em duplas, cada carro indo para uma região da cidade. Espo e Johnny rumaram para o oeste. Ryan e um oficial foram para o sul. Kate e Anne pegaram o norte. Eles seguiram as buscas até o anoitecer, sem sucesso.

      - Procuramos em todos os lugares que ela poderia estar. – Anne bufou frustrada. – Eu não acredito que não a encontramos.

      - E se for esse o problema? – Kate pontuou. – Procuramos onde ela PODERIA estar. Você sabe de algum lugar que ela evitaria o máximo possível?

      - No lugar dela, eu só evitaria passar perto do... – Anne parou seu raciocíno, subitamente caindo a ficha. – Green Wood. Ela só pode estar lá.

      Sem hesitar, Kate dirigiu até o cemitério de Green Wood, parando o carro a uma quadra do local. Elas entraram cautelosamente, se separando para cobrir uma área maior. Anne procurou pelos arredores do túmulo de seu pai e em todo o perímetro do lado onde ele estava enterrado. Novamente frustrada, ela caminhou até o meio do local, sentindo seu sangue gelar ao testemunhar seu maior medo.

      - Aparentemente eu sei ser sorrateira. – Sarah desdenhava com uma espingarda apontada para a cabeça de Kate. – Eu avisei detetive. Não devia ter ficado no meu caminho.

      - Sarah! – Anne chamou a atenção da mulher. – Deixe ela ir. É de mim que você quer se vingar.

      - Exatamente praga! – Sarah bradou. – E que jeito melhor de se vingar do que acabando com tudo que você ama e almeja. Você deu adeus a sua faculdade dos sonhos. O governo resolveu por mim o problema do seu pai. Você apanhou até ficar com ódio no coração. Agora, para completar... Acabar com a única figura materna que você já teve.

      A cena se passou em câmera lenta para as três ali presentes. Um disparo pode ser ouvido, acabando com o silêncio do cemitério. Anne tremia as mãos enquanto segurava a pistola e assistia Sarah caindo ao chão com um buraco no peito. Kate não hesitou em tentar conter o sangramento, para ser impedida pela própria vítima do tiro.

      - Você está bem? – Anne indagou, abraçando Kate, que retribuiu e assentiu.

      - Quem diria... – Elas ouviram Sarah sussurrar. – Você finalmente fez algo certo.

      - O quê? – Anne parecia confusa com a afirmação.

      - Eu finalmente vou ter paz. – Sarah reforçou. – Graças à você.

      Nem Anne e nem Kate tiveram tempo de dizer nada sobre a afirmação. Elas somente puderam testemunhar os olhos azuis de Sarah perdendo a vida.

      - A-Acabou? – Anne gaguejou em um tom baixo.

      - Sim. – Kate alegou, abraçando a garota. – Obrigada por salvar a minha vida.

      - Eu faria mil vezes se necessário. – Anne garantiu. – Precisamos avisar o pessoal sobre isso.

      Kate repassou a última conversa que tivera com Sarah em sua mente, se lembrando de um tópico importante, mas debateu consigo mesma se devia trazê-lo agora.

      - O que está pensando? – Anne questionou. – E eu sei que está pensando em algo. Diga.

      - Eu treinei você muito bem. – Kate murmurou com um sorriso de canto. – Eu quero ver seus braços.

      - Eu sabia. – Anne suspirou, erguendo as mangas de seu casaco para exibir uma única cicatriz antiga. – Ela contou, não é? – Ela inquiriu, vendo a detetive afirmar. – Eu fiz isso uma vez. Foi um dia sombrio para mim. Depois de cortar o meu braço e ver todo aquele sangue, eu respirei e pensei em um mundo sem mim. Seria um mundo onde ela venceria. – Ela indicou a mulher morta mais adiante. – Eu não poderia deixar isso acontecer. E eu não vou mentir, eu pensei em fazer isso mais de uma vez. Desistir de tudo... Ir para onde meu pai está. Uma vez eu fiquei dois dias inconsciente. E ele veio falar comigo. Ele disse que eu podia ir com ele e acabar com meu sofrimento, ou eu podia voltar, batalhar como a guerreira que ele sempre disse que eu sou, e me superar. Para ajudar, ele me mostrou muitas pessoas que sofreriam com a minha partida. Foi quando eu decidi planejar minha fuga para Nova York. Porque vocês estão aqui. Todas as pessoas que eu amo estão aqui, quer estejam vivas ou não. E desistir não faz parte de mim. Eu queria que todos pudessem ter essa chance, sabe... Eu costumava desdenhar da depressão, até ela me atingir.

      - Você não está sozinha. – Kate assegurou. – E caso você se sinta mal, fale com a gente.

      - Eu te amo. – Anne declarou, abraçada na mãe que sempre desejou ter.

      - Eu te amo também. – Kate respondeu com um sorriso doce.

      ----- // -----

      Três Meses Depois...

      - Então, Srta. Castle. – A mulher chamou a atenção de sua paciente. – Conte-me mais um pouco sobre seu período pós-traumático.

      - Certo. – Anne assentiu. – Depois de matar Sarah para salvar minha mãe, as coisas começaram a melhorar de certo modo. Eu deixei a NYPD para focar no meu futuro. Meus pais tornaram todo aquele processo burocrático oficial e agora eu sou a filha do meio dos Castle. Eu ainda interajo com todos da delegacia. Eu decidi dar um enterro para Sarah, apesar de todo o mal que ela me fez. Eu prefiro acreditar que, bem no fundo, ela ainda amava meu pai e me amava. Mas o ódio a consumiu por dentro.

      - Srta. Castle. – A psicóloga a interrompeu gentilmente. – Você me fala de sua história em um modo geral. Eu preciso saber como VOCÊ se sente.

      - Honestamente? Eu me sinto em paz. Ninguém mais sofre ao meu redor, e eu não sinto mais medo. Eu vivia com receio de perder tudo a todo o momento. Minha família, meus amigos, minha vida. Hoje, eu consigo caminhar de cabeça erguida. Nunca vou me orgulhar de ter puxado o gatilho, mas também nunca vou me arrepender. Eu sei que fiz o certo. – Anne completou.

      - Está bem. – A doutora assentiu. – Nos vemos na próxima sessão daqui a um mês.

      Anne saiu do consultório tranquila, como sempre fazia após cada sessão. Ao deixar o prédio, ela abriu um sorriso ao ver Rick e Jamie esperando por ela.

      - E como está a minha guerreira? – Rick questionou abraçando a garota.

      - Cada vez melhor pai. – Anne sorriu ao retribuir o gesto. Embora tivesse sido fácil para ela chamar Kate de mãe, ela ainda achava um pouco estranho chamar Rick de pai. Mas ela sabia que ia se acostumar. Ele era para ela o que Derek sempre foi. Carinhoso, protetor, amigo. Tudo o que um pai deve ser.

      - Nana. – Jamie proferiu, chamando a atenção da irmã.

      - Jamie! – Ela rodopiou o garoto nos braços. – Você está chegando lá campeão.

      - Vamos para casa? – Rick chamou seus filhos. – A mãe de vocês está fazendo lasanha. E Alexis está vindo da faculdade.

      - Lexi! – Jamie bateu palmas arrancando risadas de seu pai e sua irmã.

      Eles tiveram um retorno divertido para casa, com muitas conversas e risadas. Ao chegar no loft, eles puderam sentir um cheiro extraordinário, como eles descreviam.

      - Parece que a mamãe fez a nossa lasanha favorita Jamie. – Anne murmurou para o pequeno que bateu palmas.

      - E como estão meus orgulhos? – Kate indagou da cozinha. – Como foi a sessão?

      - Terapêutica. – Anne brincou, recebendo um olhar cético de sua mãe. – Brincadeira mãe. Foi boa. A psicóloga me lembra você. Não me deixa falar meias palavras.

      - Então escolhemos certo. – Rick assentiu. – Como vai o dever de casa?

      - Trabalhos feitos, quarto arrumado, moto limpa, séries em dia. Tudo certo. – Anne listou contente. – Agora Johnny pode passar o fim de semana aqui?

      - O que acha Kate? – Rick perguntou.

      - Luzes apagadas as 22h, porta aberta e ele dorme no quarto de hóspedes. – Kate declarou, sabendo que pelo menos uma destas coisas não ia acontecer.

      - Isso! – Anne comemorou. – Quer ajuda com a mesa?

      - Eu aceito. – Kate concordou.

      - Olá família. – Alexis entrou, parando por um momento na porta. – Lasanha! Perfeito!

      - Lexi! – Jamie vibrou ao ver a irmã.

      Rick observava tudo ao seu redor e como sua família estava feliz. Aquilo encheu seu coração de alegria. Sua atenção foi desviada para uma mensagem no seu telefone.

      - Mamãe acabou de me avisar que está no aeroporto. – Rick avisou. – Alguém me acompanha?

      - Eu vou! – Anne se ofereceu. – Eu terminei de arrumar a mesa. – Ela avisou beijando a mãe e os irmãos.

      A felicidade erradiando no loft era contagiante, ao ponto de alegrar qualquer um que adentrasse o ambiente. Tudo estava como deveria ser.


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Notas finais do capítulo

Esse foi maior do que o de costume, pois o último merece.

Duas coisas. Primeiro: Eu estou trabalhando em um epílogo que eu vou postar aqui e ele pode ser bem extenso, então vai demorar mais um pouco.
Segundo: Galera, depressão não é brincadeira, nem vitimismo e muito menos frescura. Se algum conhecido está mais distante, ou não aparenta estar muito legal, ofereça um ombro amigo. Se a pessoa está mais contente e afetuosa, faça o mesmo. A depressão não tem cara e nem avisa quando vai atacar. Eu deixei traços no decorrer da história de que Anne pudesse estar com depressão. Muitas vezes, a pessoa com essa doença vai se sentir um fardo. Nunca deixe ela pensar isso. Ninguém solta a mão de ninguém tá galera?

Beijos de luz e até a próxima.



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