Vendo-a mais claramente, pudemos observar que sua pele estava bastante pálida e havia manchas roxas esverdeadas em seu pescoço e em vários pontos em seu pulso esquerdo, cuja mão segurava um papel antes dobrado. Deixaria para comentar isto em momento oportuno. Como médico, a primeira atitude a tomar seria cuidar desses hematomas e procurar por outros, mas ela poderia sentir-se constrangida e até ofendida. Meu amigo a observava também, era possível notar que ele estava esforçando-se para manter o controle e falhando. - Viemos tirá-la deste lugar. Não trouxemos carruagem, mas isso não será problema, podemos carregá-la. - Sherlock disse apressadamente, sem dar-lhe chance de contrariá-lo mas foi isso mesmo que ela fez. - Não será necessário, Sherlock. Ele é bom comigo, deixa-me passear pelo jardim, deixa-me escrever... - Holmes levantou um pouco o punho da manga esquerda do vestido roxo de nossa amiga e apontou o hematoma da mesma cor. - Está esquecendo-se de dizer que ele a agride brutalmente. - Dobrando novamente o papel e abaixando os braços, sua postura tornou-se dura. - Foi um acidente que sofri, um choque, não havia a necessidade de mencionar isto.

— Não havia a necessidade? Por Deus, Emma. Não permitirei que se omita por mais tempo. Amanhã iremos a Yard. - Exaltou-se Holmes, com razão. Mais protestos da donzela foram ouvidos até que, por pouco seu corpo não chocou-se contra o cimento frio; sem mais nem menos, seus olhos fecharam-se e se nós não estivéssemos lá, ela poderia bater a cabeça. 

Mais do que depressa saímos de lá, juntamente com a moça. O papel que segurava com certeza caíra, pois não podia ser visto. Restavam poucos minutos de corrida até chegarmos na Rua Baker e praticamente atropelamos senhora Hudson, precisarei desculpar-nos mais tarde. A deitamos no sofá da sala de estar, consegui um pedaço de pano, o umedeci e delicadamente o ajustei em sua testa.