Consequências do Medo escrita por Beatriz Quatorzevoltas


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Essa cena foi tão impactante quando o final do episódio, porém, como você pediram apenas Emison e eu não quero dar opiniões sobre o final em uma fic, escrevi apenas a cena em si... espero que gostem e apreciem o ponto de vista da Alison, dessa vez!
Boa leitura!



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Quando recebi sua mensagem de texto, não entendi nada do que aconteceu nas últimas semanas. Muito menos do que fiz nas últimas semanas.

Me afastei de propósito das outras mas Emily... nunca esteve no meu plano.

Desde sempre, conquistar Emily fazia parte da minha realidade e não do meu plano. Ela sempre foi mais do que um sonho, mais do que tudo que sempre tive ou quis! Eu demorei tanto a perceber, mas eu sei que no fundo, mesmo depois de tudo que fiz ela passar, eu a amo como nunca amei ninguém.

Depois do despertar brusco da sua personalidade, eu tive ainda mais medo de perdê-la, pois eu já tinha plena consciência de que Paige estava muito mais presente em seu coração, do que eu imaginava que pudesse um dia estar. Eu havia conquistado a inocente e doce menina que Emily sempre fora... porém Paige conquistou a mulher que sempre quis do meu lado. A mulher que me tornava uma pessoa melhor.

Eu só me arrependo de não ter percebido antes o quão importante ela é na minha vida... porque se tivesse descoberto tudo isso antes, eu jamais havia começado todo o plano. Jamais havia questionado minha realidade e personalidade, porém, agora preciso saber como ultrapassar as barreiras certas, para derrubar toda a muralha de mentiras que criei ao meu redor e ao redor das pessoas que sempre amei.

E com o propósito de escutar e explicar todo a problema que criei, deixei de lado toda essa situação que me cerca e me assombra, peguei carona com as gêmeas e com medo fui à casa da mulher de pele morena. Meu medo apenas aumentou quando vi o que minha voz agora causa no seu corpo.

– Desculpe, não quis assustar você. – Arrepios. Não no bom sentido, como foi na nossa noite, mas no sentido de... medo. E isso me deixou com medo do que aconteceria em breve.

– Você não... assustou. – Por mais que qualquer sorriso que ela dê seja digno de nomeá-lo perfeito, aquele sorriso foi tão forçado que senti um solavanco no lugar do meu coração.

– Eu juro que vi os pelos da sua nuca se arrepiando com a minha voz...

Gosto tanto da sinceridade em seus olhos. São os olhos mais penetrantes e verdadeiros que já vi! Não conseguem mentir, mesmo que queira... se não fosse o silêncio horrível que invadiu o quarto por meros segundos, poderia me dar o luxo de passar a noite inteira olhando-os.

– Fiquei surpresa com sua mensagem. Você deixou seus sentimentos bem claros da última vez.

Sua sinceridade, ás vezes, pode ferir também. E dói saber que ela não liga muito para o que me machuca agora...

– Desculpe, minha mãe foi ao mercado... compras de última hora. – Conferir o celular assim que ele apita enquanto fala com alguém sempre demonstrou desinteresse, indiferença. Por mais que se importe em dizer o “suposto” motivo por trás disso. E essa sinceridade toda em Emily me deixa intrigada de vez em quando... não sei se gosto da forma como sei quando ela mente ou se gostaria mais se ela soubesse me enganar pelo menos uma vez, para que eu possa ter meus sonhos de volta.

– Por que eu estou aqui, Emily?

– Isso me incomoda... Amanhã é Ação de Graças e não estamos nos falando. – Gostaria muito que seus olhos não brilhassem de medo. Ou de vergonha em mentir... gostaria de não estar nessa situação. Não com ela.

– Não fiquei surpresa quando elas viraram as costas, você sempre foi a única em que confiei.

E isso nunca foi mentira! Eu sempre estive preparada para ficar sem Hanna, Aria e Spencer, mas jamais planejei ficar sem a confiança de Emily. Meus planos sempre deram certo, e quando não deram, eu sempre tinha um modo para contornar a situação. Agora como reconquistar a confiança de Emily...?

E como um sussurro me respondendo que não irá ser fácil, veio a resposta: “A leal...”

– O que? – A perdi. Perdi minha única salvação, minha única cura... por quê?!

– Nada... – E sua expressão dizendo para mim que não é mais minha, quebrou meu coração.

– Perdão por tê-la desapontado. – Virei meu corpo, escutando os pedaços do meu coração caindo no chão. Suspirei fundo para não me deixar abater e escutei sua voz, melodiosa e suave, clamando pelo meu nome... eu não tinha a perdido por completo. Não ainda.

– Não quero que as coisas sejam assim. – Meu corpo respondeu sozinho a expectativa de um dia, tê-la de volta, de onde nunca deveria ter saído! Parei, suspirei, senti meus olhos brilharem e sorri. Foi inevitável sorrir com a imagem de um futuro com ela...

– Nem eu! – Finalmente a imagem de um futuro real. Estava ali, desenhado na linha dos lábios dela, que formavam uma única ruga no canto da boca, deixando seu sorriso puro e ao mesmo tempo misterioso!

Ali, naquele linha vermelha e carnuda, com gosto de pureza, estava minha chance, minha oportunidade... nunca quis esse carma! Se eu pudesse escolher um momento e pará-lo, não seria nenhum dos momentos em que me senti idolatrada por todos, tendo atenção e gentileza de todos a minha volta. Não... seria o momento em que seus lábios tocaram nos meus pela primeira vez. Eu ainda me pergunto quando foi que ela perdeu toda aquela inocência?!

Alguns dias antes dessa briga toda, estávamos vivendo como sempre quis. Eu estava tão leve e focada, pela primeira vez em anos... Tudo sobre essa vida de mentiras não importava mais quando seus olhos penetravam nos meus. Quando sua voz doce entrava suavemente como uma melodia nos meus ouvidos, cantarolando minha canção favorita. Meu nome, dita por sua voz, era como um dom designado apenas para mim.

Enquanto ouvia minha canção predileta me pedindo para deixar tudo de lado e agir normalmente pelo menos por um dia do ano, esquecendo tudo o que nos impede de ser o que sempre nos preparamos para ser, senti minha mão sendo puxada, fazendo meu corpo responder por si só e ir para perto da cama. Sentei na beirada macia da sua cama de cor areia sirena enquanto ela suavemente sentou em sua cadeira de estudos branca, cantando palavras de desculpas por seu grupo inteiro e dizendo a saudade que estava de antigamente, da nossa pura amizade.

- Sem chance delas deixarem você estar comigo. Se é isso que você quer... – Por mais que tenha sido um plano, essa vida de mentiras já estava me cansando. Queria terminar com tudo isso de uma única vez, para assim explicar tudo para todas elas. Contar realmente a verdade por trás do meu carma. Sei que, por mais que elas me odeiem agora, depois que eu explicar tudo, em detalhes, toda a verdade, sei que ela iram entender e me apoiarem.

– Eu tomo minhas próprias decisões. Não é uma votação em grupo! – Agora, desde quando a vi no galpão, senti a diferença. Todos esses anos longe dela e nem a vi crescer, florescer... nesse momento eu queria muito voltar para o nosso momento do beijo. Quero a garota pura de volta, não estou acostumada com a mulher decidida que ela se tornou.

– Tive calafrios o dia todo. Você tem... chá? – Preciso ficar longe dela, pelo menos por cinco segundos, para pensar direito no porque ela me chamou aqui, porque, depois do que ela descobriu, ela me quer tão perto dela e das outras!

– Camomila? – Ela ainda me conhece. Apenas assenti com a cabeça, quando a vi levantando e seu celular, jogado no estofado vinho da cadeira branca, reluzia e brilhava com a luz acesa por uma mensagem recebida. Escutei seus passos perto da porta, então minha mão curiosa se mexeu sozinha, pegando o celular e vendo a mensagem de Hanna Marin.

“Ainda está mantendo A ocupada? Ela ainda está com você?”

– Sua mãe nunca fez compras de última hora. – Percebi que ela parou na porta, virando assustada para me olhar. – Você recebeu uma mensagem da Hanna... querendo saber se ainda está me mantendo ocupada. – Seus olhos estavam com um brilho diferente. Não de medo nem paixão, era... determinação. Coisa que me assusta em Emily.

“Eu sou A, certo?”

Mona. Eu tenho certeza que Mona está por trás disso, querendo fazer com que eu perca tudo o que me restou, por ter tirado tudo dela. Vingança! Mas eu vou descobrir tudo que ela fez... eu vou conseguir.

– Eu não sei. Você é? – Cada palavra foi como uma facada em cada parte do meu corpo. Seu olhar de indignação e indiferença me assustou mais do que saber que ela desconfia de mim! Ela fez tudo piorar vindo até mim, olhando profundamente nos meus olhos, pegando o celular grosseiramente das minhas mãos, como se nada relacionado a mim tivesse importância.

- Eu realmente acreditei em você. – Nunca tinha visto aquele olhar em seu rosto. Olhar com um misto de ironia e cinismo...

– Deve doer quando a leal te trai.

Nunca, em todo esse tempo que planejei todas as mentiras minuciosamente, pensei nessa situação. Nunca me preparei para perder a confiança de Emily, pois sempre achei que mesmo com as mentiras, ela me entenderia até o fim dos tempos, mas... ela se cansou. Eu perdi sua lealdade, eu... a perdi! A lealdade que eu sempre agradecia internamente por ter, agora se despedaçou. E esses pedaços se misturaram com os cacos do meu coração, por todo o chão daquele quarto que um dia me acolheu como nenhum outro.

Tudo o que me restou fazer foi parar com o contato visual, pois me envergonhava não só por ter mentido para ela mas por ser descoberta, e forçar minhas pernas a se mexerem. Segurei as lágrimas do melhor jeito que sempre fiz e andei para a porta, esbarrando propositalmente no corpo que já fora meu cobertor.

– Essa foi uma ótima performance, Emily... Bravo!

Sentia raiva por não poder derrubar todas as lágrimas que eu queria e sentia ainda mais raiva por não poder abraçá-la e dizer para me perdoar, pois sem ela não vou conseguir ir até o fim! Mas como sempre, meu ego impediu tudo de acontecer, como sempre... E só me restavam as dúvidas.

Agora que eu não tinha mais a lealdade de Emily, será que eu também não tinha mais seu amor? Será que agora que sua personalidade mais aguçada se fez presente, ela tinha descoberto tudo? E o pior, será que tudo isso que ela descobriu de mim, que me fez perder sua lealdade deveras importante, ela compartilhou com todas as outras meninas?

Tudo o que me resta é agir como se nada disso tivesse acontecido, e é isso que dói mais do que todas as palavras proferidas pela boca que eu amo beijar... Eu não estou preparada para nada disso!

Apenas, ainda com ódio, me encaminhei para o carro com as gêmeas, que eram as últimas pessoas que eu gostaria de ver agora. Queria muito ficar sozinha, chorar as lágrimas quentes que faziam meus olhos arderem e gritar para isso tudo acabar de vez! Porém, mais uma vez, deixei meu alter ego comparecer e agir normalmente. Preciso terminar tudo isso, de vez. Preciso me vingar! Tenho certeza que Spencer vai ficar o tempo necessário fora de cena para o meu plano, mas se é verdade tudo que Cindy e Mindy disseram sobre o banheiro, também preciso tirar o outro cérebro de cena...

Mona Vanderwaal é uma nerd morta!


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Notas finais do capítulo

Eu disse que iria escrever mais se gostassem, então, me mostre o que acharam dessa também! Sei que a outro foi bem mais íntima e romântica, no ponto de vista da Emily, porém, este, no ponto de vista de Alison, está, no mínimo, intenso...
Ficou digno também? O que acharam de verdade?