A Lonely September -OneShot/SongFicDramione escrita por Ornitorrinca


Capítulo 1
Oneshot




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Observo atentamente os dedos do meu pé, sentada preguiçosamente no sofá de meu dormitório de monitora. Tentando analisar os mínimos detalhes de meu pé, me distanciando de pensar nele.

“Seus olhos acinzentados me observam com afinco, seu rosto está tão perto do meu que sua respiração é como uma leve brisa quente de verão em meu rosto. Meu coração dispara sem razão nenhuma.

– Não finja que não sente isso Granger. – sua voz é arrastada contra minha bochecha.

Seus lábios deixam uma trilha de formigamento por onde seus lábios me beijaram o rosto. É impossível deixar de sentir um tremor agradável ao sentir seus dedos deslizarem por minha coluna.

– Isso o que Malfoy? - mesmo sabendo do que se tratava eu nunca daria o braço a torcer.

– Pare de agir como se não sentisse nada. Como se não se importasse. – ele encosta seu corpo no meu me empurrando contra a parede próxima, sua boca voa até minha orelha e ali sussurra: - Eu posso sentir as batidas de seu coração. Seu olhar não me engana senhorita Granger.“

Um desconforto assola-me. Mesmo tentando, é impossível evitar que meus pensamentos voem nessa direção. E eu então eu escuto o bater suave na porta e meu peito dispara.

“I'm sittin' here all by myself

Just tryin' to think of something to do

Tryin' to think of something, anything

Just to keep me from thinking of you”

Ainda descalça ando lentamente até a porta, meu coração vindo a boca. Seria ele?

Lentamente destranco e seguro na maçaneta, contando até 3 comigo mesma e então a giro, puxando-a na minha direção. Meu olhar se matem na altura de meus olhos, enxergando assim só o peito de quem está a minha frente. Isso basta para que meu coração dispare. Eu reconheceria ele a quilômetros agora. Somente seu perfume era capaz de despertar a parte mais adormecida em meu peito.

– Granger. – disse ele baixinho. – A educação diz que deveria me convidar para entrar. – posso ouvir o tom de brincadeira em suas palavras.

– Malfoy. – sussurro. – Não acho que eu estou inclinada a deixa-lo entrar. – me impeço de fazer contato visual com ele. Seria minha ruina.

– Pelo menos poderia me olhar nos olhos quando for me negar algo? – diz ele em tom acido, me atingindo mais profundamente do que ele acha que está fazendo. Então o encaro. Seus olhos acinzentados queimando nos meus castanhos.

– Eu não vou deixar você entrar, Malfoy. – tento usar meu tom mais neutro possível, mostrar como se eu não estivesse nem aí.

E então ele revira os olhos e nega com a cabeça, seus olhos subitamente ganham vida e meu estomago despenca. Ele tem algo em mente, posso sentir. Rapidamente direciono meu olhar para o chão. Escondo minhas mãos no bolso da capa que ainda estou vestindo, com medo que meu tremor possa me denunciar.

– Não seria melhor entrarmos antes que alguém nos veja? – pergunta ele amargamente.

Ergo e abaixo nos ombros, sem saber o que fazer e simplesmente, com um suspiro, viro de lado e permito sua entrada. Após fechar a porta atrás de mim, sinto sua mão quente contra meu queixo, fazendo com que eu olhasse novamente para ele.

– Olhe para mim. Eu sei o porquê faz isso e simplesmente não quero que o faça. – sua voz agora é cálida.

– Malfoy. – suspiro cansada.

“But you know it's not working out

'cause you're all that's on my mind

One thought of you is all it takes

To leave the rest of the world behind”

Por mais que eu não quisesse que ele me tocasse, pois essa seria minha deixa, eu sabia que o momento estava pairando ali. E um segundo depois de meu pensamento seus dedos acariciam suavemente meu rosto. De uma maneira que eu nunca achei que um Malfoy seria capaz. Fecho meus olhos, meus pensamentos completando a lembrança que eu tivera anteriormente.

“- O que pensa que está fazendo? – pergunto alarmada ao vê-lo sentado sob a mureta da torre de astronomia, seus pés balançando para o lado aberto do castelo. – Desça dai Malfoy.

– O que ganho com isso? – ele segura com as mãos na mureta enquanto seu rosto vira em minha direção. Um sorriso malicioso típico dele se espalha por seu rosto.

– Nada além de seu pescoço intacto! – digo esganiçada. E ele ri alto, finalmente passando os pés para o lado do chão do castelo.

– Você me diverte Granger.

– Ó que graça, eu divirto um Malfoy. Uau, esse vai ser o ápice de minha vida. – soo sarcástica. – Quer dizer...

– Eu quero te beijar Granger. – diz ele agora próximo de mim, fazendo com que a linha de meus pensamentos se desfaçam rapidamente.

– Me desculpe. O que? – digo incrédula.

– Não é como se eu não soubesse que é o que quer também. – ele revira os olhos. E essa sua frase me fez corar.

Eu lembrava claramente do dia na semana anterior quando Draco me encontrou aqui neste mesmo lugar e veio em minha direção. E me beijou longamente. E antes que eu pudesse perceber eu correspondi. E antes que eu pudesse evitar minha mão estava espalmada em seu rosto deixando um vergão em sua pele clara. E então virei as costas e fui em direção ao meu dormitório, esquecendo-me completamente de que minha obrigação era fazer com que todos alunos estivessem em suas respectivas salas comunais.

Mas também lembrava o dia seguinte quando todos alunos da Sonserina olhavam para mim e cochichavam com sorrisos de deboche no rosto, lembro de ficar confusa e desconfiada, apesar de saber que isso era só a minha rotina. Aquilo não era anormal, no entanto a noite que antecedeu aquele dia fora. Então deixei meu olhar cair sob um Draco Malfoy que me olhava com o que me pareceu duvida. E a semana decorreu após isso tranquilamente. E então hoje.

– Eu não quero. – mas a verdade é que eu queria.

– Você correspondeu da primeira vez Granger.

– Eu não estava consciente de meus atos. Você me pegou... desprevenida. – tentei soar confiante.

– Me engana que eu gosto, Hermione. – ele sussurrou meu nome, como se testando o som da palavra em sua boca. Algo revirou-se em meu estomago.

Por mais que eu tenha evitado pensar nele a semana inteira, agora tudo que eu podia era lembrar de seu toque e seu perfume e desejar mais. E desejar saber o porque daquele ato repentino... Seu toque fora inebriante. Draco Malfoy sabia beijar, isso eu não poderia negar.

– Não seja estúpido Malfoy. – enfatizei seu nome, não querendo ter que ouvir meu nome novamente em sua boca e sentir aquele mesmo tremor anterior.

E antes que eu pudesse dizer qualquer outra coisa seu corpo estava demasiadamente perto para que eu pudesse dizer qualquer coisa racional, então apertei meus lábios e me mantive calada, sustentando aquele olhar que me trazia calafrios em sonho.

– Senhorita Granger. – sua voz arrastou-se. – Eu nunca pensei que diria isso, mas estou feliz por ter correspondido.

– O... o quê? – minha voz saiu mais aguda que o necessário, me fazendo corar outra vez.

– Sabe, eu não esperaria que somente um beijo poderia me manter acordado.

E ele então olhou para algum ponto atrás de mim, sorrindo de lado e ficando pensativo. O que diabos afinal ele queria dizer com isso?

– Não espera que eu acredite nisso, certo Malfoy?

– Não. – e então ele voltou a olhar para mim. – Porque nem mesmo eu acredito. – agora seu cenho se franziu e ele me olhou confuso. – Eu só quero mais um beijo para saber que não estou enlouquecendo Granger. Isso está me enlouquecendo.

– Um beijo. – disse eu depois de ponderar por um longo tempo. – Somente um beijo e depois me deixará em paz.

– Pode ser. – ele deu de ombros, tentando mostrar indiferença, mas olhando em seus olhos eu vi algo a mais, por mais que eu não entendesse o que fosse.

E eu fechei os olhos, esperando. Eu só aceitara aquilo para saber o que eu mesma vinha sentindo. Eu precisava me livrar do peso de seus olhos cinzas durante minhas noites.

E então um toque suave se passou por meu rosto, me fazendo quase sobressaltar. Eu não esperava aquilo. Eu esperava mais um daquele beijo urgente e decidido do Malfoy. Eu esperava suas mãos apertando forte minha cintura e então meu cabelo. Eu esperava tudo, menos aquilo. Esperava qualquer coisa ,mas não delicadeza.

Nosso beijo se estendeu. Se estendeu por mais tempo do que deveria. Se estendeu até eu perceber um gemido baixo sair entre os lábios deles. Aquele som finalmente me despertando.

Apoiei minhas mãos em seu peito e o empurrei, para então levar a mão a minha boca de forma surpresa. Meu coração parecia querer sair do peito. O que estava acontecendo?”

– Você lembra? – pergunta ele, me tirando da memória, o olho surpresa, pego-me pensando em quanto tempo me deixei levar.

Mas então olho seu olhar distante e sei que sua mente também estava longe daqui.

– O que? – minha voz estava rouca.

– Daquela noite em que toquei assim pela primeira vez. – diz ele me olhando atentamente. E então ele ri baixinho, de um jeito que me faz pensar o quão terrivelmente sexy ele fica agindo daquele jeito. – Eu nunca vou esquecer sua feição de surpresa.

– Hum. – resmunguei, não querendo concordar.

– Você acha que eu queria sentir isso? Você sabe o quanto isso é estranho para mim também. E não finja que não sente o mesmo. Eu sei que sente, Granger. – era tão errada como o som de meu sobrenome soava tão apelativa em seus lábios! – Eu posso sentir. – e então sua mão estava contra meu peito, e meu coração estupido bateu ainda mais forte e minha respiração parou.

“Well I didn't mean for this to go as far as it did

And I didn't mean to get so close and share what we did

And I didn't mean to fall in love, but I did

And you didn't mean to love me back

But I know you did”

– Você lembra de tudo que já me fez passar? – pergunto quase que implorando para que me entenda, mesmo mantendo meu tom de voz alto.

– Sim. – ele baixou a cabeça, quase parecendo envergonhado e então voltou a erguê-la. – Eu prometo recompensá-la por tudo aquilo. Você só tem que me dar uma chance. Uma única chance.

– Eu não sei se posso.

– Você pode. Nós podemos. De uma chance para nós.

– O que te faz pensar que eu realmente acredito nisso?

– Ora Granger, você realmente acha que um dia eu cogitaria beijar, e agora tente não surtar com o que vou dizer, - ele arqueou as sobrancelhas preocupado, o que me fez dar um passo para trás e cruzar os braços – bem, com uma sangue-ruim...

– Sim, eu vou surtar. – estreitei meus olhos de forma furiosa e não deixei ele terminar o raciocínio. Eu não acredito que ele teve a audácia de dizer aquilo em minha presença. – De já o fora daqui. – eu disse apontando para a porta que se abrira involuntariamente diante da minha fúria repentina.

– Pode me deixar pelo menos terminar? – ele revirou os olhos, parecendo tão irritado quanto eu. e então sacou a varinha e fechou a porta e veio em minha direção me puxando para perto dele, suas mãos envolveram meu rosto e me fizeram encará-lo. – Pare com essa birra toda Hermione e me deixe terminar. Você acha mesmo que eu, Draco Malfoy, cogitaria a possibilidade de correr atrás de você, Hermione Granger que tem... sangue trouxa – ele pareceu tomar cuidado com as palavras agora – se eu realmente não estivesse falando sério? Por favor, aja com a mesma racionalidade que sempre se provou ter. Você acha que eu estaria correndo atrás a toa? Eu tenho o mundo inteiro aos meus pés se eu quiser Granger. – ele deu de ombros quando eu bufei para ele com suas palavras.

– Você é extremamente convencido. – resmungo baixo.

– Aliás, eu não tenho o mundo inteiro. – ele sorriu de lado. – E eu acho que foi isso senhorita Granger. Eu acho que foi isso acima de tudo que me fez te beijar aquele dia. Foi isso que me fez procura-la desde então. E claro que o mel de seus lábios foi um bônus. Algo que eu sabia que eu não poderia ter. Quão tentador isso não foi?

Me limitei a estreitar meus olhos para ele, tentando ignorar as batidas estupidas de meu coração. Ele riu para mim e beijou minha testa, deixando ali um formigamento por minha pele. Então me soltou. Dessa vez não me movi

– Ótimo, agora sou um prêmio que será descartado assim que você conseguir. – revirei os olhos, tentando ignorar seriamente o meu lado que queria me desmanchar naquele olhar cinzento.

– Um prêmio que está valendo a pena lutar. Lutar com muita determinação. E eu prometo me esforçar. – ele sorriu brincalhão

Eu não podia acreditar no que eu estava vendo. Draco Malfoy vinha sozinho andando pela biblioteca. Vinha sozinho. E vinha sozinho andando diretamente para mim. O que diabos era isso?

Joguei meu cabelo para o lado, fazendo questão de me esconder atrás deles e tentei ignorar apontada frenética que meu coração recebeu ao vê-lo. Tentei voltar a leitura, mas quando percebi, já tinha lido umas pares de vezes a mesma linha.

– Olá, Granger. – disse aquela voz melodiosamente arrastada.

– Se não está vendo, estou ocupada. – eu disse sem tirar os olhos do livro.

– Então vai ser assim? Vai me ignorar para sempre?

– Não vejo qual é o problema se eu faço isso desde... hum, sempre? – olho com desdém para seu rosto imaculadamente branco. Ele ri baixo.

– Você me diverte Granger.

– É, eu notei. Agora se me dá licença... – aponto para o livro e determinada volto a leitura. Quase esquecendo que ele estava ali. Quase.

Quando terminei de ler a página, puxei a mochila do chão e o guardei, levantando. Eu não ficaria ali mais nenhum minuto. Mesmo não o olhando podia sentir seu olhar queimando sobre mim. Ergui meu rosto, direcionando meu olhar para frente. Seu olhar encontrou o meu. Ele parecia entediado, com o rosto sobre os braços que estavam sobre a mesa.

– Sério, me diga qual é o segredo para suportar ler por tanto tempo?

– Eu não li por tanto tempo. – revirei os olhos. – Mas se quer mesmo saber: Dedicação, já ouviu falar? Esforço também serve. E lógico, precisa se ter vontade. – respondo de forma cansada. Eu não queria mais jogar esse joguinho dele.

– Essa são boas dicas Granger. Dedicação e esforço, essas eu preciso me empenhar mais ao fundo. Vontade? Essa eu tenho de sobra. Agora basta saber se você realmente está determinada a continuar fugindo de mim?

– Fugindo de você? Ora essa Malfoy, me poupe.

– Você vai ter coragem de negar?

– Obviamente, me diga quando fugi de você?

– Quer mesmo uma lista? – agora ele parecia divertido.

– Shh! – uma Lufa-Lufa nos encarou de forma irritada.

Revirei os olhos para ela e botando a mochila sobre o ombro segui a passos firmes para fora da biblioteca.

– E então Malfoy? – disse, sabendo que ele estava me seguindo.

– Bem, vamos começar então. Anteontem, depois do nosso espetacular beijo...

– Shh Malfoy! – parei de supetão. – Você enlouqueceu de vez?

– Talvez, eu estou correndo atrás de você. – ele revirou os olhos para mim.

– Argh. – virei as costas e continuei andando, querendo ignorá-lo completamente, mas a fúria e curiosidade sempre tomavam conta de mim e eu acabava fazendo tudo que eu dizia não querer fazer.

– Lembra quando fugiu de mim quando eu fui em sua direção no salão principal, no dia seguinte ao nosso beijo? – eu lembrava e me encolhi a lembrança, mas não respondi. – Ou então no mesmo dia, só que mais tarde entre o intervalo entre aulas quando eu tive o prazer de encontra-la sozinha e você mais do que rapidamente entrou no banheiro feminino? Ou então...

– Tá Malfoy. Eu estou fugindo de você. Qual é a surpresa nisso? Desde quando nos falamos? Nos odiamos, nos odiamos profundamente.

– Eu não odeio você, você se superestima assim. Você não é importante o suficiente para eu te odiar.

– Vai pro inferno, Malfoy.”

– Por favor, me de um tempo ok. Me deixe em paz por um minuto. – suspirei cada vez mais frustrada. Essas lembranças não me ajudavam em nada. – Eu não sei se quero perdoá-lo por tudo que já fez pra mim. Se eu perdoasse eu estaria me traindo. É como se eu estivesse perdendo uma briga. Se eu me dar fácil assim para você...

– Fácil? – ele arqueou a sobrancelha, parecendo tentar esconder alguma coisa, com seu sorriso que não alcançava os olhos.

– ...você vai conseguir o que quer, para começar, e então vai se dar por satisfeito e me descartar. – completo meu pensamento.

– São esses seus medos? Porque eu entendo facilmente os primeiros. Eu mesmo batalhei uma luta intensa para chegar ao ponto de correr atrás de uma mulher. – ele me encarava com desespero.- E não digo de correr atrás de você, antes que pense que estou a menosprezando. Me refiro ao fato de que eu só precisaria estralar os dedos e eu teria quem eu quisesse. – ele da de ombros.

“Eu joguei meu orgulho para Merlim e vim aqui hoje Granger. Corri atrás de ti mais de uma vez. E isso também está me cansando. – e ele realmente me pareceu cansado, seus ombros se curvaram levemente por um momento, para então ele novamente retomar sua pose ereta de sempre - Eu te quero como nunca quis algo, mas eu não aguento mais correr atrás. Jogar meu orgulho eu joguei, para estar aqui, mas isso não significa que eu vou rastejar. E não, se eu a tiver eu não acho que eu vá jogar fora, afinal, do mesmo modo que eu sinto seu coração quando colo seu corpo no meu, sei que pode sentir a reação do meu. e você sabe que é a mesma sensação que sente que eu sinto. Eu volto amanhã Hermione, mas volto pela ultima vez. – ele era sempre mais sério que o normal quando me chamava pelo primeiro nome. Aquilo me arrepiava. - Cansei de brincar de gato e rato. Eu te quero e eu acho que muita gente além de você já percebeu isso.”

“- Malfoy! – eu disse, vendo-o ali mais uma vez.

– Parece que este lugar se tornou nosso lugar, hã?

– Vamos fazer com que não seja então. – bufo. – É só você parar de vir aqui depois do horário que sabe que deve ir para sua maldita cama.

– Você não deve estar tão interessada que eu fique na cama. Você nunca me dá detenção.

– Adiantaria? – bato pé.

– Não, eu voltaria toda noite, se isso significasse que eu teria a oportunidade de vê-la.

– E qual o motivo que te trazia aqui antes disso? – digo sarcástica.

– Eu gosto do céu. – ele dá de ombros. – É quase tão bonito quanto você. – ele pisca com sua cantada mal feita. Reviro os olhos, tentando esconder de mim mesma o quanto gostei daquilo.

– Conte outra agora.

– Bem, mais uma vez perdi o sono Granger. Mais uma vez perdi o sono, pois não pude parar de pensar nessa sua boca. Devo confessar que nunca pensei que você, sendo tão nerd, poderia ter um beijo daqueles. – ele pisca para mim.

– Não fale nerd como se quisesse me ofender, Malfoy. Isso não funciona.

– Eu sei que não, você se orgulha de ser assim. – ele vira as costas para mim, apoiando os braços na mureta.

– Ótimo. – digo, inconscientemente indo até o lado dele. E olhando na direção que ele olha tão atentamente. Vejo uma coruja preta e branca sobrevoando a floresta proibida.

– Tem mesmo que ser tão difícil?

– Não sou difícil, só não estou afim de você. – digo a mentira com a maior cara de pau.

– Granger, não pensa que me engana. Eu vejo como age comigo perto de você. Você está na minha, só é orgulhosa demais para admitir.

– Larga mão de ser ridículo. – viro de frente para ele, estreitando meus olhos.

– Mas eu não me importo. – diz ele sorrindo de canto, olhando para mim. – Eu gosto disso. E vou me esforçar para que admita o que sente.

– Você não existe. – reviro os olhos por fim, rindo.

– É, sou bonito demais, sei que posso parecer um deus as vezes.

Me limito a rir e por incrível que pareça, eu não retiro sua mão quando ele a põe sobre minha cintura. E passamos ali mais um bom tempo, conversando sobre nada de importante, e olhando aquela linda coruja caçar na noite.”

Eu não soube o que responder depois daquelas palavras, então deixo-o sair pela porta, sem esforços. Dentro de mim eu sabia que deveria gritar, pedir para que ele ficasse e então deixar que seus braços envolvessem meu corpo, mas eu não me deixei. Me mantive calada e sentei no sofá, minhas mãos voaram até meu rosto e antes que eu pudesse evitar um soluço escapa entre meus lábios. E uma lágrima de duvida escorreu solitária por meu rosto.

“- Ele não é homem para você, Mi. Você realmente acha que isso vai dar certo? Ele é Draco Malfoy e você é Hermione Granger... isso está tão errado... – Gina soa reprovativa.” E por mais que eu tentasse me fazer acreditar naquelas palavras (e eu acreditava até um tempo atrás), eu não consigo me convencer. Eu o queria, então por que ele não poderia me querer? Por mais absurdo que tudo fosse parecia se encaixar.

"I'm sittin' here tryin' to convince myself

That you're not the one for me

But the more I think, the less I believe it

And the more I want you here with me"

Olhei a pilha de presentes que eu tinha sob o pé de minha árvore particular de natal. Meu coração disparou. Eu ficara sozinha em Hogwarts, até mesmo longe de Ron e Harry por um único motivo. Draco. Eu queria ficar com ele, só não acreditava que isso ia chegar a essa proporção de problema.

"You know the holidays are coming up

I don't want to spend them alone

Memories of christmas time with you

Will just kill me if I'm on my own"

Eu subi as escadas que dariam para a torre desejando ardentemente em vê-lo, por mais que aquilo fosse errado.

– Olá. – disse ele ao me ver cruzar o portal de entrada.

– Oi. – eu disse quase sem folego, me apoiando na parede.

– Estamos com pressa hoje? – perguntou ele brincalhão.

– Sim. – eu ri baixo e fui até ele. Joguei os braços por cima de seu pescoço e o puxei em direção a mim.

Deixei que ele me envolvesse em seus braços longos e me beijasse profundamente. Meus dedos ficaram mexendo em seu cabelo com nenhum cuidado, bagunçando-o inteiramente.

– Assim você acaba com meu penteado. – diz ele, encostando sua testa na minha.

– Como se eu me importasse. – mostrei a língua para ele, fazendo-o rir de minha feição.

Eu mal podia acreditar que eu e Draco Malfoy estávamos saindo as escondidas já fazia um mês. Eu tentava me convencer todo dia que aquele seria o dia que eu não iria mais, que aquilo estava errado, que eu não deveria cair em sua lábia. Mas não. Eu não me escutava, estava mais uma vez lá.

Por mais que eu sentisse magoa por tudo que ele fez, eu me deixava esquecer por um só momento para poder sentir aquela adrenalina de estar em fuga. Aquele sentimento de estar fazendo algo errado. E algo errado que me era incrivelmente bom. Era extasiante a maneira como ele sabia me fazer incendiar, querê-lo mais do que tudo que eu já quis. Eu adorava a forma como eu o fazia querer mais do que dar alguns amassos, mas sim me levar para um lugar mais privado e eu nunca permitir, por simples vingança a tudo que ele me humilhou uma vez. E ele sabia disso e depois de eu jogar na sua cara o porque de que eu não faria aquilo com ele, ele simplesmente concordava e se contentava em somente me abraçar pelo o resto da noite. Me deixando emburrada e satisfeita com isso.

E então, foi nessa noite que ele estragou tudo.

– Senhorita Granger... – eu ri. Eu adorava que ele me chamasse assim e ao mesmo tempo achava curiosamente engraçado.

– Sim?

– Venha comigo. – fiz que sim, me deixando ser levada até um colchão que ali se encontrava, me deitei ali com ele, olhando o céu por um tempo.

Draco lentamente se deitou de lado, apoio o cotovelo no colchão e seu rosto na sua mão e me olhou profundamente. Olhei para ele de maneira tímida.

– Eu te quero só pra mim. – diz ele, me fazendo olhá-lo confusa. – Eu não aguento mais isso. Uma vez por semana, escondidos, fingir que te odeio. Isso é tão estupido. Eu quero que namore comigo.

– O que?

– Quer namorar comigo?

– Você pirou?

– Eu sei, pareço estar, mas não estou louco. Eu estou falando sério, Granger.”

Bufei com a lembrança. Estava tudo tão bom, mas ele tinha que ter estragado daquela forma. Ele precisava querer demonstrar seus sentimentos e querer que eu demonstrasse os meus. Eu não podia fazer aquilo, eu queria acreditar que tudo que eu fiz com ele até então era uma forma de vingança. Mas não foi, foi a forma mais estupida possível de me fazer ficar ainda mais apaixonada por ele.

– Eu digo o que eu disse e não retiro. – disse ele no dia seguinte, a porta do meu dormitório.

– Por que? – pergunto alarmada. – Por que você tinha que propor isso?

– Porque eu te quero para mim Hermione Granger. E quero que o mundo saiba.

– Eu acho que não devemos mais nos ver Malfoy. Porque eu não quero namorar contigo. – uma pontada de arrependimento surgiu em meu peito assim que eu terminei de falar as palavras e um olhar perdido surgiu nos olhos dele.

– Bem, eu não vou desistir. – e então ele virou as costas e foi embora.”

E eu fiquei feliz por suas palavras. Por mais que eu quisesse ele longe por saber que aquele romance era doente, eu sabia que eu deveria mantê-lo em distancia de mim. E foi o que tentei arduamente, até suas palavras rudes hoje a noite. Fazia muito tempo desde que ouvi ele ser rude pela ultima vez. Eu podia dizer que ele havia mudado desde que o vi pela primeira vez no primeiro ano, mas isso não diminuía o medo.

Mas ele não desistiu de mim. Levantei. Eu não queria me apaixonar, mas me apaixonei.

Ele não desistiu mesmo. Seria isso realmente... amor?

“And I didn't mean for this to go as far as it did

And I didn't mean to get so close and share what we did

And I didn't mean to fall in love, but I did

And you didn't mean to love me back”

Antes que eu mudasse de ideia corri até minha escrivaninha e risquei um bilhete simples. Olhei no relógio, faltavam 15 para meia noite e então seria oficialmente natal. Fiz meu bilhete levitar pelo lado de fora de meu dormitório até a janela do dele. Deixei o bilhete no parapeito da janela, e então conjurei uma lasca de pedra igual ao do parapeito cobrindo o bilhete. Era esse nosso pequeno e furtivo método de comunicação. Nenhum dos seus colegas era inteligente o suficiente para notar a pequena elevação na pedra. E eu sabia que ele ainda olhava toda noite ali para ver se tinha algo. Alias, eu só poderia torcer para que ele olhasse essa noite.

Eu queria terminar com isso hoje, eu queria que minha chance terminasse essa noite, não noite que vem, que fora a data que ele me dera.

"I know it's not the smartest thing to do

We just can't seem to get it right

But what I wouldn't give to have one more chance tonight

One more chance tonight"

Tentei seriamente pensar no que eu poderia dizer naquele bilhete/carta. Eu olhava pelo quarto buscando inspiração, mas ela não me vinha, apesar de tudo naquele ambiente me fazer lembrar dele. Querer ele, só ele. Eu não tinha tempo e muito menos palavras, então rabisquei:

Preciso de ajuda, agora. Corra, por favor.

HG

I'm sittin' here tryin' to entertain myself with this old guitar

But with all my inspiration gone

It's not getting me very far

I look around my room

And everything I see reminds me of you

Oh please, baby won't you take my hand

We've got nothing left to prove

– Hermione! – disse ele escancarando a porta, em exatos 14 minutos depois.

Seus olhos estavam arregalados em preocupação, seu corpo estava tenso, eu podia notar.

– O que aconteceu? – perguntou alarmado.

– Sim.

– Han? O que é isso Hermione?

– Sim. – repeti, minhas mãos na minha frente, uma apertada na outra por nervosismo.

– Sim? – disse ele confuso.

– Você me deu até amanhã a noite. Me deu como ultima chance. Mas eu quero mais uma chance para acertar isso ainda hoje. Então... sim. – eu disse uma ultima vez. – Sim, Draco Malfoy.

– Senhorita Granger? – perguntou ele, fechando a porta atrás de si e me olhando surpreso. – Isso é o que estou pensando.

– Harry e Rony vão me matar. – resmunguei baixo, mas ele ouviu e riu.

– O que te fez mudar de ideia?

Meu relógio cuco nos fez sobressaltar, apontou meia-noite.

– Eu queria ter você como meu presente de natal. – eu disse, sentindo meu rosto inteiro queimar. Eu podia sentir o quão vermelha eu deveria estar.

Os olhos de Draco suavizaram sobre os meus e então ele cobriu a distancia que havia entre nós e puxou minhas mãos e as segurou nas dele.

– Ó senhorita Granger, por que demorou tanto pra enxergar que fomos feitos um para o outro? – perguntou olhando em meus olhos. – Viu? – perguntou ele.

– O que? – eu disse confusa, ainda me sentindo vermelha.

– Você disse que sim e eu não estou correndo. Bem pelo contrario, eu nunca tive mais vontade de estar contigo. – ele puxou minhas mãos, colocando-as envoltas em sua cintura.

– Bem, eu ainda espero que saia correndo. Eu ainda não consigo entender tudo isso.

– Eu não vou sair correndo. – ele revira os olhos e beija o topo de minha cabeça. – É tão fácil de entender isso Hermione, eu entendi logo após aquele segundo beijo. Isso é amor.

E sem mais delongas eu me coloquei na ponta dos pés e reivindiquei sua boca. Eu não queria mais ouvi-lo, só gostaria de tocá-lo. E então, caminhando de costas eu o conduzi até minha cama, deitando e puxando-o comigo.

Minhas mãos deslizaram por sua camiseta, puxando-a para cima.

– Hey senhorita Granger! – disse ele surpreso, se afastando para me deixar tirar sua blusa. - Está me assediando?

– Sim, eu estou. – pisquei para ele. E então joguei sua camiseta longe.

– Você tem certeza que quer isso Hermione? – perguntou ele de forma séria agora.

– Este é meu presente de natal para você. – sorri docemente e então me ajoelhei ao seu lado.

Cruzei os braços na frente de meu corpo, segurando a barra de minha blusa e então a tirei, jogando-a na mesma direção que eu havia jogado a dele.

– Mi... – disse ele sério. – Eu não quero que pense que precise fazer isso para me agradar.

– Já ouviu falar que não se nega presentes? – perguntei ficando preocupada com aquilo. Será que no final das contas ele não me queria?

– Mi. É sério. Eu não quero que você pense que tem a obrigação de fazer isso. – disse ele. Eu pude perceber que ele cuidava para não olhar para meu corpo.

– Olha para mim.

– Eu estou olhando para você. – ele me olhou confuso agora.

– Olha para meu corpo.

– Não posso. – sua voz era uma suplica.

– Por que? – perguntei, agora me sentindo estupida e já me começando a me levantar, quando ele me segurou pelos braços. Ainda sem me olhar.

– Porque eu amo você o suficiente para querer que isso – aqui ele inclina o rosto em direção ao colchão, como explicação – somente se estiver preparada, não para me agradar.

– Repete. – minha voz estava embargada.

– O que? – perguntou ele confuso.

– Porque eu... – copiei o inicio de sua frase para que ele entendesse aonde eu queria chegar.

– Amo você. – sorriu ele ao entender. Ele se aproximou somente o suficiente para me beijar nos lábios suavemente.

– Eu nunca tive mais certeza do que eu quero antes. Agora, olhe para mim Draco.

E ele olhou. E eu não creio que eu tenha visto antes esse olhar. Seu olhar era devoção para meu corpo. Suas mãos lentamente correram de meus braços para minha cintura nua. Seu olhar caiu sobre meus seios que se encontravam expostos, uma vez que eu já estava com minha blusa de pijama, e dormia somente com esta.

“Well I didn't mean for this to go as far as it did

And I didn't mean to get so close and share what we did

And I didn't mean to fall in love, but I did

And you didn't mean to love me back

But I know you did”

– Faça amor comigo Draco. – sussurrei, encantada por causar aquele olhar nele.

– Eu vou fazer Hermione, eu vou fazer. – suas mãos deslizaram com suavidade por minhas costas, sua testa se encostou na minha. – Mas antes, preciso saber se me perdoa. Se me perdoa por eu tê-la feito sofrer quando nos conhecemos. Por deixar que esse maldito “sangue-puro” me fizesse te menosprezar.

“And I didn't mean to meet you then

We were just kid”

– Nós éramos apenas crianças. – sorri para ele. – Eu te perdoo, se me perdoar também.

– Não há mais o que ser perdoado, senhorita Granger.

– Eu também amo você. – deixei meu receio de lado e disse. E aquilo foi o suficiente.

Draco me empurrou contra os lençóis e empurrou meu cabelo para o lado, levando os lábios até meu pescoço. Ali beijou antes de dar uma leve mordida. Aquele simples gesto me fazendo arrepiar por inteira.

And I didn't mean to give you chills

The way that I kiss”

– Eu preciso tanto de você! – sussurrou ele contra minha pele. Seus lábios indo em direção a minha clavícula, contornando-a com beijos.

– Você me tem.

– Finalmente! Eu a tenho. – ele então posicionou os lábios entre meus seios e me olhou. Percebi seu sorriso maroto e não pude deixar de sorrir de volta.

“And I didn't mean to fall in love, but I did

And you didn't mean to love me back

But I know you did

Don't say you didn't love me back

'cause you know you did

No, you didn't mean to love me back

But you did”

– Feliz Natal Draco.

– Feliz Natal futura senhora Malfoy.

"Fim"

_______

Música: https://www.youtube.com/watch?v=d_QK-sXBPAA

Tradução: http://www.vagalume.com.br/plain-white-ts/a-lonely-september-traducao.html


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Notas finais do capítulo

Minhas outra fics Dramione:
ShortFiction: http://fanfiction.com.br/historia/477263/Stay_with_me_tonight_Dramione_-_Short_Fiction/
LongFiction: http://fanfiction.com.br/historia/425915/I_Bet_Ill_Get_You_Hermione/
Continuação LongFiction: http://fanfiction.com.br/historia/524152/Youll_love_me_again_Hermione/



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