O Estranho que Apareceu na Minha Vida escrita por Bloody Butterfly


Capítulo 10
Todos temos dias que queremos esquecer


Notas iniciais do capítulo

Voltei atrasada, eu sei! Foi mal mesmo! As coisas tem estado tão agitadas por aqui que mal tive tempo de escrever. Me desculpo por isso. Mas pelo menos estou chegando nas partes mais emocionantes da história *-*. Logo (talvez) começa o romance minha gente! E os mistérios também 0/



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POV. Will

Não acredito que vou conseguir me livrar daquela casa pelos próximos três dias. Essa viagem escolar era um alívio, pelo menos um momentâneo. Era o suficiente saber que poderia ficar longe daqueles dois, por mim nunca mais voltaria para lá. Mas não sou tão sortudo.

Assim que cheguei na escola percebi o quão rápido os rumores se espalhavam, divulgando a antecipação da excursão. Aparentemente decidiríamos nosso destino amanhã no sorteio. Bom, o lugar pouco me importa, qualquer canto está bom, desde que seja fora daqui.

Acho até que todos estavam no mesmo clima, já que queriam ficar sem aulas o mais rápido possível, e eu não os culpava. Essa escola é pra ser uma das melhores da região, uma das mais exigentes, e as aulas me dão tanto sono que acho que durmo mais na escola do que em casa.

Não sou exatamente o que se pode chamar de 'estudante modelo' afinal, até costumava ser, mas foi há tanto atrás que parece ter sido em outra vida. As coisas mudaram muito.

Não há muitas pessoas que eu não conheça por aqui. Tenho estudado nessa mesma escola desde o fundamental e, apesar de não ser do tipo que se socializa muito, acabei conhecendo muitas pessoas por aqui. Ah, é claro que a maioria seguia o maldito esteriótipo de playboys com pais bem afortunados. Sinceramente não consigo me enquadrar com esse tipo de gente, por isso acabei arrumando amigos que... hã, fogem do padrão.

No quesito de fugir do padrão eles são memso especialistas. Nunca vi gente arrumando tanta confusão quantos eles, o que me tranquilizava de um jeito estranho. Saber que há pessoas mais ou menos parecidas comigo, mesmo que em situações diferentes.

Distraído com meus próprios pensamentos não reparei que um vulto vermelho corria na minha direção. Só percebi a situação tarde demais para desviar, tanto que mal tive tempo de erguer as mãos para me proteger. O resultado? Me estalteei contra o piso. Literalmente.

–Aiii... -resmungou uma voz conhecida acima de mim- Will?!

Foi quando percebi que estava sob o corpo de uma ruiva, que pareceu assustada com a minha presença. Os olhos esmeraldados puros fitavam-me arregalados, as mãos apoiadas no chão e o rosto a centímetros do meu. Dei um sorriso meio dolorido, reconhecendo-a.

–Rebecca... pode sair de cima, por favor? -pedi, já sentindo dor nas pernas.

Suas bochechas ficaram tão vermelhas quanto seus cabelos e ela foi para o lado de imediato, os olhos se recusando a encontrar os meus.

Rebecca Barton fora uma das minhas colegas de classe no ano anterior, que era quando tínhamos mais contato, porém neste ano acabamos indo para salas diferentes e, consequentemente, não nos falamos tanto quanto antes.

Ela era membro do conselho estudantil, uma das melhores, e fora presidente antes. Também, pelo que eu soube, fazia parte de um grupo da igreja e de alguns grupos humanitários pela cidade. Era a típica boa menina que conseguia cativar a todos: comportada, sorridente e gentil.

Também era bonita, pelo menos na minha opinião. Tinha uma beleza simples. Cabelos ruivos alaranjados na altura da cintura, olhos verdes esmeralda e pele pálida, como natural para o tipo. Não era particularmente baixa, tinha estatura mediana e um corpo bem trabalhado. Poderia ser líder de torcida se quisesse, porém sua família, muito tradicional, não lhe permitiria.

Apesar de tudo o que aconteceu no ano passado, não evito a presença da garota. Não guardo dela nem uma opinião amarga sequer, muito pelo contrário. Apaguei de minha mente tudo o que estava relacionado a ela depois daquela tarde. Isso me fez bem, porém só Deus sabe o que ela pensava até agora. Ainda que suas opiniões não me digam respeito, creio que algo se quebrou entre nós naquele dia, algo que não pode ser concertado.

Desviando-me de devaneios, voltei ao presente, percebendo que a garota corria com uma pilha de livros nas mãos, que agora estavam espalhados pelo chão. Ajoelhei-me e a ajudei a juntá-los vagarosamente, percebendo que algumas pessoas nos olhavam. Rebecca estava vermelha como um tomate, suas mãos tremiam de leve à medida que arrumava os volumes sobre o braço.

–Isso é tudo? -perguntei, entregando-lhe o último, que deveria ser um dos vinte que ela carregava.

–Obrigada. -murmurou baixo, erguendo-se do piso com dificuldade.

–É muita coisa. -comentei, vendo-a fazendo força para arrumar o peso nos braços- Quer que eu te ajude a levar? É para a nova sala do conselho, não é?

–Hum... quero. Obrigada, Will. -sorriu-me quando tomei a maior parte dos livros de si.

Não sei se era apenas um rumor ou história, porém pelo que eu soube outro motivo pelo qual Rebecca não entrava para as líderes de torcida era sua saúde, que aparentava ser frágil. Isso se dizia apenas nas conversas paralelas no corredor, entretanto ela não era muito saudável e muitas vezes tinha de compensar suas notas em provas extras e exercícios fora de sala, sendo que não comparecia às aulas quando adoecia.

Ainda assim era uma das melhores alunas da escola. Deveria ser bem inteligente.

–Em qual corredor era mesmo? -indaguei a ela no meio do caminho, fazendo-a olhar para trás.

–Ah... no D-13. -informou-me, logo voltando-se novamente para frente.

Dei um sorriso de canto, pensando na personalidade aparentemente bipolar da garota. Assim que chegamos à nova sala depositei os livros em cima da mesa central, suspirando e endireitando-me.

–Nossa... essa é a sala de vocês? -questionei, impressionado- É enorme. E... cheia.

Rebecca sorriu timidamente, deixando sua parte dos livros ao lado da minha pilha.

–É mesmo. Passamos a maior parte da tarde aqui, então decidiram ampliar uma antiga sala que não usavam muito para nosso uso.

–Deve ser trabalhoso. -comentei, sorrindo para ela- Mas sem vocês esse colégio seria um caos.

–Não está tão ruim assim... -ela hesitou em continuar a frase, e tive a impressão que seus pensamentos desviavam do rumo da conversa- Hum, Will... sobre aquela conversa... eu queria...

–Agora não. -cortei-a, minha expressão endurecendo um pouco- Agora não, Rebecca. Sei que você lembra muito bem a minha opinião sobre isso.

Ela mordeu o lábio inferior, nervosa.

–E não vai mudar de opinião, certo?

–Sinto muito, mas não. -foi tudo o que consegui lhe oferecer, já rumando a porta de saída- Você deveria olhar mais ao seu redor, há muito mais a ver do que antigas perspectivas.

Um sorriso compreensivo brotou em seus lábios, débil.

–Foi o que pensei. Você consegue ser bem inflexível quando quer, sabia?

Dei de ombros, apoiando a mão levemente no batente de madeira.

–Eu sei. E é uma qualidade.

E a deixei sozinha na sala. Seu olhar não se desviou se mim até que eu saísse de seu campo de visão e ela, obviamente, do meu. Porém tive a leve impressão de que seu olhar ficou fixo no vazio e sua postura rígida depois que saí, como se o tempo houvesse parado e ela esperasse esperançosa meu retorno. A imagem era sombria. Portanto deixei-a se perder nos corredores pelos quais meus passos ecoavam no piso em sua trilha solitária. Como se deixasse uma parte do passado para trás.

*****

O clima na sala de aula pode ser descrito como caótico em 99,9% das situações em que adentro naquele ambiente.

Como eles têm tanta energia de manhã? Perguntei-me preguiçosamente, jogando minha bolsa sobre a mesa e caindo na cadeira com um suspiro.

Quem não estava fazendo graça estava dormindo e todo mundo, repito, absolutamente todo mundo, falava ao mesmo tempo. O que não era nada bom no meu estado de ressaca. Eu não sentia o peso da noite mal dormida até aquele momento, porém bastou o ato de entrar no ambiente de estudo de todos os dias que me veio a dor de cabeça. Ah, eu tenho tanta sorte!

Grunhi baixo, deslizando minha cabeça sobre a mesa e considerando tentar dormir mais um pouco antes do sinal. E assim que o pensamento cruzou minha mente o som estridente do sino fez ondas de dor percorrerem meu corpo fatigdo.

Maldição...

Como se não fosse o suficiente para acabar com minha boa vontade de estar ali ainda consegui ser atingido por um projétil não identificado no meio do caminho. A contragosto, levantei a cabeça dos braços encontrando o olhar interrogativo de Yury sobre mim.

–Ressaca? -indagou, arqueando a sobrancelha.

–O que acha? -resmunguei, meio ríspido.

Ele revirou os olhos e cruzou os braços.

–De novo, Will? Deveria parar com isso.

–Sim, mamãe. -devolvi em tom debochado, sem humor para aguentar suas repreensões.

Meu olhar vagou pela sala, mais atento agora que a conversa ia se extinguia aos poucos. Amber debatia animadamente com Bianca e Marcos sobre qualquer besteira. Isa apenas observava a conversa deles indignada com algum tema já Artie ria abertamente, levando as falas todas na brincadeira. Gabe era o único que destoava do grupo, estava quieto, taciturno, em sua mesa, a mão tamborilava ansiosamente por cima da mesa. Estranhei sua atitude, porém reconhecia aquele estado. Estava preocupado ou aborrecido com alguma coisa. Quando isso acontecia, e as vezes eram até raras, ele tinha o hábito de se apoiar ao cigarro.

Não era certo, é claro, mas quem sou eu para julgar? Fora que seu vício se fazia presente apenas quando estava muito tenso ou ansioso, como o mesmo me contara alguns meses atrás. Em seu estado normal não se atrevia a abrir um maço sequer, mas quando era algo que revolvia a seu passado ele mudava completamente. Eu sou bem pior do que ele pra falar a verdade, então o meio que o entendo.

Repassei rapidamente na mente as razões que poderiam desencadear tal reação, entretanto não consegui pensar em nada realmente plausível. Gabe pode não ser fácil de lidar às vezes, e sempre que arranja problemas os mesmos são do tipo que ele resolve na força, querendo ou não, ele era assim.

E foi quando o professor chegou na sala e cortou minha linha de raciocínio. Porém, apesar de tudo, isso atiçou ainda mais minha curiosidade.

*****

POV. Bianca

Comecei a me sentir mal ainda na segunda aula. Não sei o exato motivo, mas a sala parecia quente demais, abafada demais, e eu me senti como uma claustrofóbica num elevador por longos e tortuosos minutos. Engoli em seco, tentando afastar a sensação inoportuna. Mas sem sucesso.

Pedi a professora da matéria para sair, sem dar os reais motivos de querer me ausentar daquele maldito lugar. Ela pareceu acreditar em meu falso pretexto e permitiu-me a saída.

Assim que a porta foi aberta senti o ar puro amenizar meu estado. Apoiei o corpo na parede do corredor, minha visão ficando turva de repente, como se o chão estivesse se inclinando sob meus pés. Tombei escorregando pela superfície lisa até alcançar o chão, sem que eu percebesse minha respiração falhava miseravelmente.

O que diabos... ? Comecei mentalmente, aturdida.

Tomando fôlego consegui chegar ao banheiro no fim do corredor, deixando-me cair assim que me senti fora do alcance dos olhares alheios. Era como se toda a força houvesse abandonado meu corpo num súbito, isso nunca acontecera antes ou, pelo menos, não nessas proporções.

–O... o quê está acontecendo comigo...? -arquejei, sentindo a náusea me invadir com o nervosismo, fazendo com que uma fraqueza me invadisse e roubasse de mim a consciência.


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Notas finais do capítulo

E aí? Como ficou?
Eu sei que esse está menorzinho, mas faz parte da trama. Os caps. vão aumentar de tamanho daqui pra frente, então como esse era mais uma explicação geral dos fatos os próximos vão ser mais produtivos.
Ah, e eu acho que vou colocar POV's de outros personagens. O que acham da ideia? Quero saber a opinião de vocês.



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